Ano: 1976 Vol. 42 Ed. 1 - Janeiro - Abril - (15º)
Seção: Notícias e Comentários
Páginas: 76 a 78
80 ANOS DO DR. PAULO MANGABEIRA ALBERNAZ - CURRICULUM VITAE
Autor(es): -
Descendendo de famílias bahianas, Paulo Mangabeira Albernaz nasceu em Bagé (Rio Cirande do Sul) em 25.1.1896, fixou residência, ainda criança, na Bahia, em Salvador. Ai fez o curso primário e o de humanidades, matriculando-se a seguir na Faculdade de Medícina, onde veio a colar grau, como dos melhores alunos da turma, em 1918. Defendeu original tese- "Estudos sobre o parasito da raiva" -que foi aprovada com distinção. Desde o terceiro ano, passou a frequentara Clínica Otorrinolaringológica, sob a chefia do eminente Prof. Dr. Eduardo de Moraes, da qual veio a ser interno e assistente. Foi auxiliar acadêmico do Instituto Oswaldo Cruz, da Bahia (1916-1918), e da cadeira de Anatomia Patológica (1916-1917).
Por questões políticas, deixou a Bahia, dirigindo-se para S. Paulo, onde começou sua vida profissional em Jaú. Trabalhou por cinco anos na Santa Casa local, e foi fundador da Sociedade de Medicina de Jaú, de âmbito regional, da qual foi presidente.
Transferindo-se em julho de 1926, a convite do Dr. Carlos Penteado Stevenson, ocu lista de renome, para Campinas fixou residência nesta cidade. Fundou a Clínica Otorrinolaringológica do Hospital da Santa Casa, a cuja frente permaneceu durante trinta anos, no último período já então auxiliado por seu filho Luiz Gastão.
Dedicando-se não só à clínica, como ao ensino, publicou inúmeros trabalhos e estudos, e vários livros. Em 1930, a pedido do "Brasil Médico", deu a lume a "Otorrinolaringologia Prática", já em 9a edição, o primeiro livro no gênero publicado em língua portuguesa.
Pouco depois, "Clínica Otorrinolaringológica (Observações e Estudos)", livro destinado ao especialista; Radio-semiologia do Osso Temporal", assunto de que foi pioneiro não só em S. Paulo, como no país.
Publicou ainda "Questões de Linguagem Médica" (la série), "Lições de Terminologia Médica", este editado em Lisboa; um ensaio médico-histórico, já em terceira edição, "De que morreu Napoleão". Ainda, "Questões de Linguagem Médica" (2a série) já em 2a edição; "Francisco Mangabeira, Sonho e Aventura", "Linguagem Médica. Contestação a Desacertos e Desconcertos".
Fazendo parte de um grupo de mais de trinta facultativos, entre eles os Profs. Álvaro Guimarães Filho, Pedro de Alcântara, Jairo Ramos, Marcos Lindenberg, Otto Bier, Afrãnio do Amaral, Alípio Corrêa Neto, Luiz Cintra do Prado, José Maria de Freitas, veio a ser um dos fundadores da Escola Paulista de Medicina, de que foi catedrático de Clínica Otorrinolaringológica durante trinta e três anos (vinte e oito de ensino). Dela publicou em 1968, indicado oficialmente para isso, a primeira notícia histórica da Escola, por ocasião de seu jubileu de prata.
Unido a outro grupo de médicos - Drs. Alfredo Gomes Júlio, Manuel Dias da Silva, Carlos P. Stevenson, Vicente B. da Silva, Januário Pardo Meo, Roberto Rocha Brito e outros, tomou parte na fundação, em 1943, do Hospital Vera Cruz, de Campinas, de que foi diretor-presidente durante vários anos.
Convidado a assumir a cátedra de Anatomia Descritiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Católica de Campinas, foi seu professor desde sua fundação (1950) até 1963, quando resignou o cargo.
Em 1958, como relator da Comissão de Nomenclatura Anatómica, apresentava, ao lado dos Profs. Froes da Fonseca e Renato Locchi, no Congresso da Sociedade Brasileira de Anatomia, de Porto Alegre, a nomenclatura brasileira oficial, em vigor até hoje no país, e que foi aceita por unânimidade.
Publicou mais de 400 trabalhos (estudos, observações, conferências, aulas, críticas, etc.) sobre otorrinolaringologia, linguagem médica, história, literatura geral, rotarismo, etc., entre eles trinta em língua francesa, três em inglesa e seis em língua espanhola.
Em 1966, por ocasião de seu jubileu como professor universitário, recebeu do Presidente Castelo Branco a comenda de Grande Oficial de Ordem do Mérito Médico. Já havia anteriormente sido distinguido pelo governo italiano com a da Ordem da Solidariedade Italiana. Foi ainda agraciado com as medalhas Rui Barbosa, Pirajá da Silva e Gaspar Viana.
Recebia, em 1969, o "Prêmio Elíseo Segura" (medalha de ouro) destinado ao especialista de maior projeção na América Latina. A entrega foi feita em 1973, em sessão solene da Associação Paulista de Medicina e do Departamento de Otorrinolaringologia, pelo Dr. Walter Benevides, secretário do exterior da Confederação Latino-Americana de Otorrinolaringologia.
Membro de várias associações científicas nacionais e estrangeiras, entre elas a Academia Nacional de Medicina, a Societé Française d'O. R. Laryngologie, a Sociedad de O. R. Laringologia def Uruguay, é colaborador de duas grandes obras, publicadas ambas na Espanha, o "Dicionário de Ciências Médicas" Salvat, em 2a edição, e o Tratado de O. R. Laringologia" do Professor Justo M. Alonso, já em 3a edição.
É membro titular da Academia Campinense de Letras e do Pen Clubé de São Paulo.
Pertence, desde 1946, ao Rotary Clube de Campinas, de que já foi diretor do protocolo e presidente. Em 1966, recebeu, conferido pelo Governador de Distrito Elíseo Zurita Fernandes, o título de "rotariano emérito". Em 1971-1972 foi governador do Distrito 459. Fundou em 1968 a Associação dos Rotarianos de Campinas, tendo sido seu presidente durante seis anos.
Foi presidente da Aliança Francesa de Campinas, quando em regime oficial do governo francês, e presidente da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos (1966-1968).
É membro honorário da Associação Bahiana de Medicina e da Federação Brasileira de Otorrinolaringologia.