Versão Inglês

Ano:  1959  Vol. 27   Ed. 3  - Maio - Junho - ()

Seção: Nota Prévia

Páginas: 64 a 65

 

ABORDAGEM COM FINALIDADE SEMIOLOGICA A LESÕES DO ESPAÇO MAXILO-FARINGICO, ATRAVÉS DO LEITO TONSILAR (1)

Autor(es): LAMARTINE PAIVA (2)

(1) Trabalho a ser apresentado na Sessão de 17-8-1959 do Departamento do O.R.L. da A.P.M.
(2) Assistente da Clínica O.R.L. da F.M.U.S.P. (Serviço do Prof. Raphael da Nova).

Evidentemente, as relações anatómicas entre a tonsila palatina e o prolongamento faríngico da glândula parótida, são à distância, por intermédio do espaço máxilo-faríngico ou pré-estiliano.

Este espaço em potencial, no dizer de Moscher e Goodyear pode se atualizar pela existência de secreção purulenta.

O nosso objetivo é chamar a atenção para o fato de que êsse espaço em potencial, constituído por uma malha muito delicada de tecido conjuntivo, pode se tornar real não só pelo aparecimento de secreção purulenta, porém também pela presença de uma formação tumoral.

O tumor ou metástase tumoral ocupando êsse espaço pré-estiliano, tende a crescer em todos os sentidos e a porção mais susceptível de sofrer a ação mecânica propulsiva da expansão tumoral, é a região faríngica encabeçada pela tonsila palatina.

Esta relação nos foi lembrada dessa forma, em um caso clínico atendido na Clínica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina (Hospital das Clínicas); M.C.L.M., de 47 anos, sexo feminino, atendida em 13 de novembro de 1958, com a história de um tumor profundamente situado na glândula parótida direita há 3 anos.

A doente foi examinada cuidadosamente revelando moderado desvio da tonsila palatina para a linha mediana. O estudo da paciente foi completado com a sialografia funcional de rotina.

Com referência à biópsia, acentuamos a possibilidade de se fazer a abordagem do tumor através da loja ou nicho tonsilar, o que nos dá também a oportunidade de um exame mais acurado da amígdala e dos seus limites.

Procedemos por conseguinte, a amigdalectomia sob anestesia local, tendo o cuidado de ligar todos os vasos que sangraram e a seguir examinar o tecido peri-tonsilar e a musculatura do constritor superior da faringe, neste caso íntegra.

Processamos então a divulsão vertical de suas fibras horizontais, para observar logo a seguir a aponevrose faríngica sob tensão.

Incisamo-la verticalmente com todo cuidado, dando-nos a impressão de uma verdadeira cápsula tumoral.



Esquema do espaço máxilo-faríngico com o prolongamento, parótideo (apud Tertut-Jacoh). A - via de abordagem à.

Após o afastamento das bordas dessa incisão, foi observado um tecido que retirado delicadamente apresentou o aspecto e consistência ao de um tumor misto de glândula salivar, o que foi depois confirmado histopatológicamente.

A paciente foi submetida à parotidectomia total por via externa, tendo obtido alta de enfermaria no dia 30 de dezembro de 1958, e no momento se encontra passando bem, sem recidivas.

CONCLUSÃO

Admitimos a hipótese da possibilidade de nos casos de projeção ou abaulamento da região tonsilar para a linha mediana, pela existência eventual de tumores ou metástases tumorais, na coexistência ou não de lesões de prolongamento faríngico da glândula parótida, procedermos a ressecção da tonsila palatina, permitindo uma via de acesso ao já real espaço máxilo-faríngico ou pré-estiliano, esperando dessa forma contribuir para os esclarecimentos de fundamento semiológico.

Para isso, estamos estudando o referido espaço no seu aspecto anatómico e clínico.

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