Versão Inglês

Ano:  1983  Vol. 49   Ed. 3  - Julho - Setembro - ()

Seção: Artigos Originais

Páginas: 14 a 16

 

UM MANÔMETRO DE ÁGUA PARA A AVALIAÇÃO DA PERMEABILIDADE DOS OSTIOS SINUSAIS

Autor(es): R M. NEVES-PINTO 1
W. PALIS 2

Resumo:
Os AA apresentam um manômetro de água, de sua concepção, para a avaliação da permeabilidade (competência) dos óstios sinusais. Seu modo de utilização é descrito. Por sua facilidade de aquisição e baixo custo será uma solução para aqueles que rufo possuem um rinomanômetro eletrônico de dois canais.

Seria supérfluo enfatizar a importância da permeabilidade (competência) dos óstios sinusais no prognóstico e tratamento das sinusites.

Também é sabido que, em indivíduos normais, a pressão ao nível dos seios paranasais é igual à pressão ao nível da fossa nasal homóloga (2, 3). Tal aferição poderá
ser feita.por meio de sofisticados rinomanômetros eletrônicos ou por simples manômetros de água (4).

O propósito desta comunicação é apresentar, e pôr ao alcance dos interessados, um manômetro de água especialmente concebido para tal fim, de fabricação nacional.

DESCRIÇÃO DO APARELHO E MODO DE UTILIZAÇÃO

O nosso aparelho (Fig. 1) consta de:

1 - Dois tubos de vidro neutro (A e B), recurvados em forma de "U", com uma luz interna de 5 mm, afixados por suportes de plástico a uma plataforma de madeira revestida de fórmica.

2 - Uma escala de alumínio milimetrada (C).

3 - Uma estante de madeira (D), simples ressalto fixado à plataforma supracitada, para a colocação da oliva quando não estiver sendo utilizada.

4 -Tubulações de plástico (E) com conexões para uma oliva metálica (F) e para um trocarte sinusal (G).

Os dois tubos de vidro (A e B) devem conter água nivelada à altura da marca "O" da escala milimetrada.

A avaliação da permeabilidade (competência) ostial será útil nas seguintes situações básicas:

1 - Punção dos seios maxilares e frontais (eventualmente do esfenóide).

2 - Tratamento das sinusites maxilares e frontais.

A punção do seio maxilar poderá ser feita via meato inferior, via fossa canina ou via meato médio (fontanela posterior) (1). Geralmente preferimos puncionar na fossa canina (5, 6).

Uma extremidade da tubulação plástica (G) é conectada ao trocarte, enquanto que a oliva nasal é ajustada à narina oposta.

Ao paciente será solicitado respirar naturalmente e depois profundamente. Estaremos então comparando a pressão no seio maxilar puncionado com a pressão na fossa nasal homóloga (apesar de a oliva estar colocada na narina oposta). Quando a permeabilidade do ostium (ou óstios) é normal, as colunas de água, contidas nos tubos A e B, oscilam igualmente (Fig. 2A). Quando houver incompetência do ostium, a coluna de água correspondente ao seio permanecerá imóvel ou oscilará menos amplamente (Fig. 2B). A marcação em milímetros dar-nos-á apenas uma medida comparativa das pressões.



Fig. 1 - O manômetro de água descrito no texto. The water manometer described in the text. The instrument has: (1) two tubos in neutral glass (A and B) curved in a "U" shape, (2) a milimitered aluminun scale (C), (3) a wooden shelf (D) for placing the nozzle when it is not in use, (4) plastic tubos (E) with connections for a nozzle (F) and sinus trochar (G).



Tais testes poderão ser feitos em diversas situações. Por exemplo: antes e depois da irrigação; antes e depois da utilização de vasoconstrictor nasal.

É importante saber que a presença de água ou secreção, no trocarte ou na tubulação, poderá falsear os resultados.

Nestes casos, a coluna de água não oscilará mas manter-se-á desnivelada. Os trocartes muito delgados como a agulha de Lischwitz e o trocarte introduzido por um de nós (2, 3), para punção sem sinuscopia, são muito sensíveis a este tipo de problema. São ideais trocartes como o ilustrado na Fig. 3, os quais são essenciais para sinuscopia e manobras intra-Sinusais, com telescópios de fibras ópticas e instrumentos cirúrgicos apropriados.



Fig. 2 - Quando a permeabilidade do ostium é normal, as colunas de água contidas nos tubos A e B oscilarão igualmente (A). Quando houver incompetência do ostium, a coluna de água correspondente ao seio puncionado permanecerá imóvel ou oscilará menos amplamente (B). When the permeability of the ostium (or ostia) is normal, the water levels will oscilate equally in both tubos (A), When there is incompetence of the ostium (MO.R.L), the water column relative to the sinus punctured will remain still or will oscillate slightly (B).



Fig. 3 - Trocarte de N.P., para punção e sinuscopia, disponível em dois calibres para os telescópios de 2. 7 e 4.0 mm. No diagrama, o mesmo trocarte, introduzido num seio maxilar (D), com um telescópio de 70º (E).



The NP. 's trochar for Puncture & sinuscopy available with bores for telescópos of 2. 7 and 4.0 mm. The diagram shows the same trochar introduced in a maxillary sinus (D) with a 70° telescope inside (E).

Todavia, ao utilizarmos um trocarte muito delgado, com alguma experiência, será possível avaliarmos a permeabilidade ostial pela simples observação da drenagem do liquido empregado na irrigação. Nos casos normais o gotejamento será franco (+ + + ou + +). Nos casos de incompetência ostial haverá gotejamento menor (+ ou ±) ou nenhum (-) (5, 6).

O seio frontal também pode ser puncionado. Achamos, entretanto, mais prudente abordá-lo através de incisão dos tegumentos, ao nível de seu assoalho, e abertura do mesmo com freza elétrica. Para irrigação e para a adaptação do manômetro utilizamos um dreno de polietileno, como o ilustrado na Fig. 4, o qual é conservado in situ quando tencionamos repetir estas manobras.



Fig. 4 -Dreno de polietileno para lavagem do seio frontal e manometria. O dreno mais delgado evitard a obstrução do dreno principal. Poliethylene drain for irrigation of the frontal sinus and manometry. The thinner drain inside will avoid the obstruction of the wider one.



Durante o tratamento das sinusites, seja através de punções repetidas ou conservando um dreno em posição, a avaliação da competência ostial nos fornecerá importante informação sobre a evolução da doença e o momento no qual as irrigações deverão ser interrompidas. Por outro lado, o manômetro de água também poderá ser útil a logopedistas e pediatra. Aos primeiros, revelando e(ou) controlando, de modo objetivo, a passagem de ar anormal através do palato mole. Aos segundos, mostrando de modo simples, objetivo e rápido a presença de uma fossa nasal não permeável.

Não cabe dúvida que os possuidores de rinomanómetros eletrônicos, de dois canais, poderão utilizá-los para as tarefas descritas acima. Todavia, os manómetros de água serão uma solução fácil e barata para aqueles que não dispõem destes custosos aparelhos.

SUMMARY AND CONCLUSIONS

The authors present a low cost (brazilian made) water manometer for evaluating the ostial permeability (competence) of the paranasal sinuses. They describe its use believing that it will be an easy solution for those that cannot afford the acquisition of a two channel electronic rhinomanometer.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BUITER, C.T. aná STRAATMÁN, N.J.A. - Endoscopic antrostomy in the nasal fontanelle. Internat. Rhinol., 19: 7, 1981.
2. COTTLE, M.H. - Rhino-sphygmo-manometry an aid in physical diagnosis.Internat- Rhinol., 6: 7, 1968.
3. COTTLE, M.H. - Rhinomanometric differential diagnosis of difficulty of breathing aná introduçing electroturbinolraphy. S.cientific Exhibit of the American Rhinologic Society (brochure), 1976.
4. NEVES PINTO, R.M. e PALIS, W. - Um manômetro de água para a avaliação da permeabilidade dos ostia sinusais (nota prévia). Acta Scientifica HFAG (no prelo).
5. NEVES PINTO, R.M.; MEDRADO, A.C.M.; SILVA, C.A.L.T. e PALIS, W. - Punção da fossa canina: técnica e prós e contras. Rev. Brasil Oto-iino4aring., 47: 144, 1981.
6. NEVES PINTO, R.M.; MEDRADO, A.CM.; SILVA, C.A.L.T. aná PALIS, W. - Puncture in the canine fossa: Technique aná pios aná cons. Internat. Rhinol, 2(}: 41, 1982.




O essencial deste trabalho foi apresentado ao XVIII Congresso Panamericano de ORL (S. Juan, Puerto Rico, 1982).

1 - Ten. Cel. Med. Aer. Chefe da CL ORL do Hospital da Força Aérea do Galeão ~A G), Rio de Janeiro. Docente-livre de Cl. ORL da FMPA (UFRGS).
2 - 2º Ten. Me d. Aer. Assistente da CL ORL do HFAG.

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