Versão Inglês

Ano:  1940  Vol. 8   Ed. 3  - Maio - Junho - ()

Seção: Associações Científicas

Páginas: 203 a 206

 

SECÇÃO DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA

Autor(es): -

Reunião de 17 de novembro de 1939

Presidida pelo dr. Ernesto Moreira, secretariada pelos drs. Rezende Barbosa e Gentil Miranda, realizou-se, no dia 1 7 de novembro de 1939, uma reunião da Secção de Oto-rino-laringologia, da Associação Paulista de Medicina.

Expediente

O dr. Mario Ottoni de Rezende pede a palavra, dizendo ter falecido em Nova York, o prof. Neumann, de Viena, o maior expoente da oto-rino-laringologia mundial, propondo que em ata seja lançado um voto de profundo pezar, para quem foi um dos fundadores da oto-rino-laringologia. A proposta foi aprovada por unanimidade.

Ordem do dia:

RELAÇÕES PATOLOGICAS ENTRE OS DENTES E OS ANTROS MAXILARES (*) - Dr. Mario Ottoni de Rezende.

Depois de esboçar, ao de leve, a anatomia do dente, referindo-se ao "Paradentium" (estrutura de ligação entre o proprio dente e as paredes do alveolo) e ao "Periodontium (membrana de revestimento da raiz dentaria), provou que o complexo tissular:

cimento-periodontium e parede ossea alveolar, com a orla gengival que a ,recobre, forma uma unidade biologica e funcional.

Referiu-se, ainda, ao desenvolvimento dos recessos alveolares no adulto, sobretudo após os 40 anos, podendo alcançar mesmo o soalho nasal e colocar, não só os dentes caninos, como tambem ás vezes, os incisivos laterais, em relação direta com os antros maxilares.

Acha, com a ausencia do periosteo no alveolo dentario que o termo errado de periostite alveolo-dentaria deva ser substituida pelo de paradentite, segundo Siegmund.

Deixou bem claro quando discorreu sobre o granuloma, o abcesso e os quistos de origem dentaria, são, de inicio, clinica e radiologicamente indiferenciaveis. São a mesma cousa em fase diversa de evolução.

Discorreu sobre o quistos foliculares e periodontais ou quistos da raiz, fazendo o diagnostico diferencial entre ambos, assim como falando sobre o desenvolvimento e origem de cada especie.

Referiu-se ás sinusites de origem dentaria e ao modo como se processam, pensando que a lesão tenha lugar atravez de uma osteite da parede ossea do alveolo dentario que o separa do antro maxilar.

Falou sobre o tratamento das afecções dentarias e maxilares desta especie, realçando a necessidade de cooperação mais estreita entre o rinologista e o odontologista.


Comentarios:

Dr. Ernesto Moreira: Pediu ao A. esclarecimentos, de como deva entender o conceito de sinusite latente.

Dr. Francisto Hartung: Si bem compreendeu toda a exposição do A., nela é insistida a violencia da dor nos casos de sinusite de origem dentaria: contudo pode-se conceber uma sinusite maxilar de causa dentaria sem dor dentro das possibilidades ou não, da formação da osteite.

Dr. Mario O. Rezende: A sinusite latente seria aquela que passa desapercebida ao especialista e uma radiografia vem nos mostrar claramente, uma sinusite cronica. Quanto á violencia da dor, referiu-se aos casos de evolução aguda, onde o momento da rutura do abcesso no antro maxilar é brutalmente doloroso.

COMPLICAÇÃO SINGULAR APÓS TONSILECTOMIA (**) - Dr. Friedrich Müller.

Relata o A. um caso de extirpação das tonsilas palatinas, praticada em uma moça de 15 anos, em que, 98 horas depois da operação, se instalou uma hemiplegia direita.
Em seguida descreve a técnica operatoria, excluindo-se quasi que por completo a possibilidade de uma complicação. Apoiado nos pareceres de dois colegas especialistas, um patologista e outro neurologista, chegou o A. á conclusão de que sobreveiu uma trombose da veia jugular, da qual se destacou provavelmente um embolo que, passando pelo foramen oval do coração e entrando na circulação arterial, ficou retido na altura da capsula interna, provocando a hemiplegia. Deve-se admitir tambem a possibilidade de uma trombose retrograda. No prazo de 3 anos esta hemiplegia cedeu quasi completamente. Entretanto, considerando as diversas possibilidades, o A., não consegue desvendar o misterio da etio-patogenia dessa trombose. A complicação é rarissima e conforme uma estatistica publicada no livro Tonsil Surgery, by Robert H. Fowler, New York, houve uma embolia mortal entre 250.000 operados de tonsilectomia. Precisa ainda o A., que o acidente observado não deve influenciar a resolução de praticar no futuro esta operação benefica; obriga, entretanto, uma indicação mais rigorosa pelo que o A., recomenda praticar em crianças unicamente a extirpação ex-capsula em narcose superficial, sem anestesia infiltrativa local, por ser esta talvez responsavel, como causa ultima, pela formação da trombose.

Comentarios:

Dr. Hartung: Perante a evolução do caso está pouco propenso a admitir um derrame ou embolia cerebral relacionado á intervenção da amigdala, pois o doente não apresentou febre e na hipotese de um embolo, este possivelmente estaria infectado.

AS AMIGDALAS E A FUNCÇÃO SEXUAL - Dr. Mario O. Rezende.

Este trabalho foi publicado na integra, na Revista da Associação Paulista de Medicina. Veja XV, 416, Dez. 1939, e na Revista Brasileira de O.R.L., Vol. VII - N.° 1 - 1940.

Comentarios:

Dr. Hartung: Considera um crime de lesa-humanidade ser-se contra uma cirurgia tão benefica. Felizmente a idéia do dr. Calderoli teve na Italia a necessaria repulsa

Dr. Oliva: Referiu-se que em 1936, fez uma palestra sobre as amigdalas pelo radio que teve repercussão no Rio de janeiro e no "Correio da Manhã", da Capital carioca, um articulista, comentando a despretenciosa palestra, insinuava que a tonsilectomia produzia amortecimento sexual.

Nada mais havendo a tratar foi encerrada a reunião.



(*) Trabalho publicado na Revista Brasileira de O.R.L. - vol. VII - n.º 6 - 1939.
(**) Trabalho publicado na Revista Brasileira de O.R.L. - vol. VIII - n.º - 1940.

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