Versão Inglês

Ano:  1979  Vol. 45   Ed. 2  - Maio - Agosto - ()

Seção: Trabalhos Originais

Páginas: 153 a 156

 

TOMOGRAFIA COMPUTORIZADA EM PESCOÇO E MEDIASTINO

Autor(es): *José Nelson Tucori
**Clemente Isnard Ribeiro de Almeida
*Perícles Barbato
*Lupercio Oliveira do Valle
*Edmir Américo Lourenço

Resumo:
Os autores estudaram as possibilidades do uso do "CT scanner" em pescoço e mediastino, concluindo que é um exame que pode fornecer informações em casos especiais e que o método de contraste usado para evidenciar lesões cerebrais parece não ser útil para o pescoço e mediastino.

INTRODUÇÃO

A tomografia computorizada, também chamada "CT scanner" não é propriamente uma radiografia e sim um estudo da densidade de pontos de uma estrutura pelos raios X. O resultado de cada "corte" tomográfico é uma série de informações que podem ser manipuladas, formando imagens numa tela de TV. As imagens obtidas por esse exame são de "cortes" de 6 a 12 mm. de espessura da estrutura examinada, obtidos em 7 a 15 segundos cada ''corte". As imagens obtidas não são estáticas, isto é, um mesmo exame em geral arquivado pelos radiologistas em fita magnética, pode a qualquer momento ser visto com mais ou menos contraste ou com ampliação maior ou menor, na medida em que houver interesse.

Tanto as imagens originais como as ampliações podem ser analisadas pelo computador no sentido de informar qual a densidade de cada ponto, e portanto, qual o tipo de material ou tecido existente no ponto analisado.

A extensão das lesões pode ser avaliada por "cortes" seriados, em que o computador mede a partir de um ponto conhecido, a localização e extensão das lesões de forma não evasiva e mais exata que a tomografia convencional.

PROPOSIÇÃO

Uma das grandes aplicações do "CT scanner" em neurologia é a possibilidade de contrastar tumores cerebrais benignos ou malignos por composto iodado introduzido por via endovenosa, portanto de modo simples e praticamente inócuo (fig. 1).

Uma vez que as estruturas do pescoço e mediastino podem ser individualizadas por este tipo de exame (fig. 2), é de se esperar que também os tumores dessas regiões possam ser limitados pelo mesmo contraste.

Com esta finalidade estudamos um paciente portador de carcinoma supraglótico com metástase cervical esperando contrastar os tecidos neoplásicos à semelhança do que é observado no sistema nervoso central.

RESULTADOS

A tomografia sem contraste mostrou a presença da neoplasia, desviando as estruturas, tendo sido possível inclusive evidenciar zonas de necrose do tumor, entretanto o contraste não ajudou a demonstrar os limites das lesões.



FIGURA 1: Tomografia computorizada cerebral. No lado esquerdo há imagens de alteração do parénquima cerebral no lado temporal direito e no lado direito, o mesmo paciente, após injeção de contraste, delimitando-se uma cápsula que evidencia um abscesso do lobo temporal direito.



FIGURA 2: Tomografia computorizada de pescoço evidenciando-se a cartilagem tireóide, cordas vocais, cartilagens arltenóides e vértebra.




COMENTÁRIOS

O exame radiológico tomográfico foi o grande progresso da radiologia nos últimos anos, tornando inúmeras estruturas visualizáveis pelos raios X de forma praticamente inócua.

O pescoço e o mediastino são regiões que apresentam métodos semiológicos bastante seguros, mas o "CT scanner" apresenta uma nova possibilidade de semiologia utilizável em casos especiais da mesma forma que a tomografia convencional.

O "CT scanner" tem suas indicações e limitações nas regiões que estamos enfocando. Em relação às limitações do exame, o paciente deve permanecer imóvel de 7 a 15 segundos em cada "corte" o que é mais fácil de ser conseguido em exames de crânio do que em pescoço ou tórax. Outra dificuldade é a visualização e estudo da natureza dos tecidos de estruturas estreitas como as cordas vocais ou pequenos tumores uma vez que os "cortes" do "CT scanner" têm espessura mínima de 6 mm. Formações com representação inferior a 6mm. na direção do "corte" fornecem imagens borradas e as densidades de cada ponto fornecidas pelo computador representam as médias das densidades dos elementos contidos na espessura do "corte" podendo levar a erro de idenificação de tecidos.
Em relação às indicações depreende-se no desenvolver desse trabalho que a tomografia computorizada permite caracterizar a natureza dos elementos que compõem a imagem possibilitando diferenciar tumorações císticas das formadas por tecidos compactos, bem como identificar regiões atingidas por necrose. A melhor visualização das partes moles, e a possibilidade de, no momento da análise da imagem variar a penetração, permitindo na mesma tomada de imagem a visualização de partes duras e moles, de tecidos pouco e muito densos. Essas características, adicionadas à possibilidade de em qualquer momento com uma simples solicitação ao computador permitir a ampliação de uma determinada região, permitem uma discriminação muito mais adequada dos detalhes da imagem obtida.


SUMMARY

The autores studied the possibilities of the "CT scanner"s use in neck and mediastinum, concluding that is an investigation which could give informations in special cases and that the usual contrast method used for investigation of cerebral lesions seems not useful for neck and mediastinum.

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ENDEREÇO DOS AUTORES:
Disciplina de Otorrinolaringologia Faculdade de Medicina Jundiaí/SP

*Professor assistente da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí.
**Professor titular da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí.

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