Ano: 1936 Vol. 4 Ed. 5 - Setembro - Outubro - (37º)
Seção: Trabalhos Originais
Páginas: 873 a 877
PROTESE NASAL
Autor(es): DR. ODILON ALVES
CONSIDERAÇÕES - A protese é o meio artistico que o cirurgião encontra para ocultar uma deformidade, dando ao paciente um aspeto agradavel.
Emprega-se tambem este processo em deformidades extensas da face e que não podem ser reparadas por processos cirurgicos.
Nos doentes de idade avançada, os enxertos autoplasticos encontram dificuldade para serem nutridos, devido ao precario estado de saude. E conhecido tampem o temor que certos pacientes manifestam pela substituição de seus defeitos por processos cirurgicos; outras vezes observa-se ainda relutancia para enfrentarem tais operações. Cabe pois ao especialista, ou cirurgião, o emprega das substancias aloplasticas, para modelar peçais que devam ocultar tais deformidades, fazendo uma verdadeira restauração da parte eliminada.
O material empregado para tal fim, tem sido: a celuloide, marfim, prata, cera, cautchú.
Hennig e Zinsser lembraram uma mistura de gelatina e cola que assemelhava ao toar desejado, mas que se alterava com facilidade. Um dos grandes inconvenientes, é que tais peças devem ser limpas diariamente, devido á secreção que se deposita sabre as mesmas, principalmente, nas partes justapostas.
As proteses são colocadas nas margens do defeito, justapostas e introduzidas por molas ou encaixe; outras vezes são firmadas por armações oculares que as sustentam, por fixação sobre as orelhas.
A experiencia ensina como obter um resultado satisfatorio, tendo-se o cuidado de imitar a natureza tanto quanto possível, não só pela modelagem na recomposição da fisionomia, como tambem pela côr que a protese deve possuir para aproximar-se da pele tanto quanto fôr possivel.
OBSERVAÇÃO - A doente cuja protese confeccionei, era uma senhora de 55 anos mais ou menos e que teve um epitelioma ulcerado da, aza do nariz.
Tratou-se com um colega que lhe aplicou os meios quimicos e galvano-cauterização.
Houve pois eliminação da aza nasal esquerda, lobulo e septo, ficando completamente cicatrizado.
Animado por alguns trabalhos que vi, resolvi preparar uma protese nasal a qual foi recebida com boa vontade pela paciente.
DESCRIÇÃO - Recorri a vulcanite, substancia muito empregada na arte dentaria e fiz a modelagem tanto quanto me foi possivel, auxiliado por um Cirurgião-Dentista.
Depois de polida, fixei a protese em uma armação ocular, convenientemente adaptada; e como a referida doente era presbita, inclui na armação, duas lentes bifocais que lhe proporcionassem uma visão adequada. Entreguei a uma artista para pintar a protese, afim de que lhe desse o tom da coloração da pele.
A protese tinha dessa fórma uma adaptação mais ou menos perfeita sobre a cavidade, dorso e raiz do nariz; apoiava-se ainda sobre as orelhas por meio da. armação ocular.
Esse pequeno trabalho teve como objetivo substituir o curativo diario de uma gaze fixada por esparadrapos sobre o nariz, por uma peça mais condigna e elegante.
CONCLUSOES - Em casos inoperaveis, pela relutancia do doente, ou por estados precarios, a protese nasal tem sua indicação relativa.
Quando bem feita não é irritante e nem inconveniente.
(Antes)
(Depois)