Current Clinical and Pathological Features of Round Window Diseases.
Autor(es): Dr. Roberto Martinho da Rocha
Paparella, M. M.; Goycoolea, M. V.; Schachern, P. A.; Sajjadi, H. Laryngoscope 97: 1151-1160, 1987.
Os autores destacam as alterações que podem ocorrer na membrana da janela redonda, assim como fistula perilinfática, acompanhada de surdez neurossensorial e/ou vertigem, bem como outras alterações no ouvido interno, sem fístula.
Trauma e esforço físico podem acarretar perfuração da membrana da janela redonda, conduzindo à surdez súbita, eventualmente acompanhada de fenômenos vertiginosos e formação de fístula perilinfática. Têm sido descritos casos crônicos de "flutuação auditiva" e surdez neurossensorial por fístula da janela redonda. São referidos sintomas semelhantes em crianças com otite média secretora. Fístula perilinfática pode manifestar-se com quadro clínico semelhante ao da doença de Menière. Alguns autores examinam de rotina o nicho da janela redonda, na cirurgia de descompressão do saco endofnfático, tamponando-o com Gelfoam ou com tecido conjuntivo.
A suspeita de fístula conduz à timpanotomia exploradora. Mesmo não sendo comprovada fístula, enxerto na janela redonda pode trazer benefícios auditivos, conforme já foi comprovado.
Otite média, colesteatoma, otosclerose, lesões congênitas, tumores, abaulamento da membrana, ao nível da janela redonda, são patologias capazes de provocar surdez neurossensorial.
A membrana da janela redonda é muito delgada e potencialmente permeável a toxinas de otites. Em pacientes com otite crônica, tem sido observado espessamento da membrana por fibrose.
Sabe-se que a aplicação de Gelfoam sobre a janela oval aberta se acompanha de formação de fina membrana. O Gelfoam adaptado sobre a membrana da janela redonda íntegra acarreta espessamento, pela proliferação de fribroblastos, tornando-a menos permeável.
Surdez súbita, que ocorre em ouvido normal, é causada sobretudo por virose e seu mecanismo é explicado por labirintite endolinfática. Alguns casos de surdez súbita, mesmo sem história de esforço físico ou trauma (barotrauma) podem ter fístula perilinfática, usualmente na janela redonda.
Os autores da publicação recomendam tratamento clínico para a surdez súbita, por 2 semanas, de forma empírica, com corticosteróides e outros medicamentos, obtendo recuperação em 50% dos casos. Indicam exploração por timpanotomia para os demais. Quando a fístula é evidente, é aplicado enxerto de tecido conjuntivo e Gelfoam; quando não, o nicho é tamponado com Gelfoam saturado de solução de antibiótico e corticosteróide.
O reflexo da janela redonda pode estar diminuído ou abolido quando há perda de perilínfatica ou presença de bolhas de ar na rampa timpânica; quando há hipertensão perilnfática; quando há hidropisia endolinfática (Menière); quando há otosclerose da janela redonda.
Hipertensão perilinfática, uma nova síndrome agora descrita, produz precipitação da audição por perda neurossensorial. É, por vezes, acompanhada de esforço físico ou trauma, precedendo a rotura da membrana. da janela redonda. Paracentese da membrana e enxerto de tecido conjuntivo podem preservar ou restaurar a audição. Tal condição resulta de anomalia do ducto endolinfático.
Os autores acham que fístula perilinfática pode não ser causa, mas conseqüência de eventos capazes de levar à surdez súbita. Observam que, assim como o rompimento da membrana timpânica na otite média aguda pode ser antecipado pela paracentese como meio de tratamento, na hipertensão perilinfática, pa¬racentese da membrana da janela redonda e enxerto devem ser oportunamente realizados.
Da Avaliação Funcional do Sistema Vestibular em Crianças Normais de Seis a Doze Anos de Idade.
Heloisa Helena Caovilla - São Paulo, 1987. 124 p. (Tese de Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico - Escola Paulista de Medicina)
Oitenta e quatro crianças normais de seis a doze anos de idade, subdivididas em sete grupos etários, com seis meninos e seis meninas em cada grupo, foram submetidas à avaliação funcional do sistema vestibular, com vecto-electronistagmografia. Não houve dificuldades para a realização dos diversos procedimentos da vestibulometria nestas crianças.
Com exceção de algumas diferenças significantes entre os valores da velocidade angular da componente lenta do nistagmo optocinético às rotações antihorária e horária, entre sexo masculino e feminino e entre grupos etários, e da diferença significante entre as médias dos valores desse parâmetro à avaliação do nistagmo per-rotatório do grupo de 6-7 anos e de 11-12 anos, nenhuma outra diferença relativa a grupos etários e sexos foi encontrada nos demais procedimentos analisados.
Concluiu-se que o exame normal da função vestibular em crianças de 6 a 12 anos de idade pode ser caracterizado pelos seguintes achados:
- inexistência de nistagmo de posição com os olhos abertos, à observação sem vecto-electronistagmografia;
à análise vecto-electronistagmográfica:
* traçado regular da calibração dos movimentos oculares;
* nistagmo espontâneo, que pode estar presente apenas com os olhos fechados, horizontal ou oblíquo, com velocidade de até 15,5 °/s; inexistência de nistagmo semi-espontâneo;
* nistagmo optocinético horizontal, com preponderância direcional de até 32,5%;
rastreio pendular tipos I ou II;
* nistagmo per-rotatório horizontal ou oblíquo, com velocidade entre 6, 9 e 57,8 °/s (para crianças de 7 a 12 anos), preponderância direcional de até 34,5%, sempre na direção do nistagmo espontâneo, quando este esteve presente;
* nistagmo pós-calórico oblíquo ou horizontal, com velocidade entre 6,9 e 56,1 °/s, preponderância direcional de até 33,8% ou predomínio labiríntico de até 8,4%; na presença de nistagmo espontâneo, pode ocorrer preponderância direcional (sempre na mesma direção) ou não.