Versão Inglês

Ano:  1956  Vol. 24   Ed. 1  - Janeiro - Abril - ()

Seção: -

Páginas: 40 a 55

 

CAPILARES DO SANGUE E OTORRINOLARINGOLOGIA - PARTE 3

Autor(es): Dr. JOSÉ GUILHERME WHITAKER

(VI)

COMER "ERRADO" E HIGIENE MAL COMPREENDIDA

Concluindo esta despretensiosas série de artigos referentes aos "Capilares do sangue e a Otorrinolaringologia", veremos, no presente capitulo, a influência nociva da alimentação habitual entre nós sôbre a permeabilidade das paredes dos capilares e a conseqüente repercussão sôbre os processos de defesa natural.

Os alimentos a que nosso povo dá preferência são aqueles em que predominam os hidratos de carbono: o açúcar de cana, que é hidrato de carbono puro, bem como o arroz e a farinha de trigo, dos quais é elemento predominante.

Não é pequena a quantidade de açúcar que adoça cada uma das várias xícaras de café, de café com leite ou de chá, que ingerimos durante o dia; é, naturalmente, maior a proporção nos confeitos, caramelos, ou nos inúmeros doces de nossa sobremesa habitual, no preparo de frutas, como o abacate e o mamão, e, também, na eclética salada de frutas.

O pão vem à frente dos produtos cuja base é a farinha de trigo. O chá das cinco horas é sempre acompanhado de bolos ou torradinhas; a criançada abarrota-se, quanto pode, de biscoitos e bolachas. Isto, sem falar nas macarronadas e nas massas de sopa ou de pastéis e de empadas.

O arroz nunca falta nas principais refeições, acompanhando quase todos os outros pratos, na confusão gostosa, mas pouco recomendável da nossa comida "misturada". Às vezes, sob a forma de arroz-doce, tem até lugar de honra em nossa sobremesa.

Esta preferência significa abuso de hidratos de carbono que, além disso, ainda consumimos, em quantidade às vezes grandes, em outros alimentos inclusive a carne.

Dai provém a carência em vitamina B1, a qual, diminuindo a defesa natural contra as infecções, enfraquece aos poucos o organismo todo, como passaremos a examinar.

A digestão dos hidratos de carbono exige a presença de vitamina B1 em quantidade proporcional (constante de Cowgill). Na quase totalidade dos alimentos mencionados ela não se encontra. No açúcar de cana não existe. Ocorre no trigo, mas a moagem priva-o dela, ao retirar-lhe o germe; isto se dá também com o arroz, quando, ao ser beneficiado, o despojam de sua cutícula. Quanto mais branca a farinha e quanto mais polido o arroz, tanto menor seu teor em vitamina B1.

Ora, sendo, exatamente nos trópicos, maior a necessidade de vitamina B1, torna-se explicável a freqüência, entre nós, das manifestações da carência B1. É útil, portanto, a divulgação de seus sintomas clínicos, que chegam a constituir um retrato do nosso povo:

Verificou Eppinger que na carência da vitamina B1 a permeabilidade é alterada de modo a permitir a passagem de albumina do plasma sanguíneo (1). Com isso adquire base a observação que fazemos freqüentemente de uma tendência a edema discreto, que se manifesta com mais freqüência nos pés. Raras vezes é percebido pelo próprio doente; é comum, porém, que se queixe de que lhe ardem as solas dos pés ou que lhe aperta o calçado, que, por isso, usa com tamanho um pouco maior. Nas mulheres, o estado edematoso atenuado revéla-se, na marcha, por tremores ligeiros na barriga da perna ou no rosto, mesmo quando magras. Torcem o pé ao andar, não por causa do salto alto, mas pela falta de B1, o que também explica as topadas freqüentes e a facilidade de lhes escaparem objetos das mãos.

São freqüentes as câimbras, sobretudo nos pés, durante o repouso no leito ou nos exercícios de natação, assim como a sensibilidade excessiva a beliscões nos músculos das panturrilhas (barriga da perna). Os músculos tornam-se flácidos, e, por isso, caem os ombros e encurva-se o busto; dificilmente é mantida a postura ereta, apoiando-se a maioria no primeiro encosto, mesmo em elevadores, onde a permanência é, necessariamente, curta. Nas cadeiras, antes se esparramam do que se sentam; até nas campainhas percebe-se, pelas auréolas de gordura que, às vezes, as circundam, a moleza com que apoiam-se na mão para apertar o botão. Prisão de ventre é sintoma que se encontra no adulto e, falta de apetite, na criança. O leve edema do rosto acentua os vincos labiais; se há também palidez, bem cedo desaparece a louçania de juventude, que se converte no que denominamos "cara amassada". São freqüentes os pesadelos, bem como sustos súbitos ao adormecer, com a sensação de cair da cama.
Tremores fibrilares, involuntários, manifestam-se nas pálpebras. Às vezes há abundância de caspa na cabeça e, embora a calvície não tenha dependência direta de vitaminas, fato é que seu aparecimento precoce, ou a simples rarefação de cabelos é mais freqüente quando a alimentação é deficiente em vitamina B1. Igualmente, verificasse maior freqüência de inflamações das mucosas da garganta e do nariz, as quais, aliás, determinaram êstes estudos. Finalmente, ao lado dessas manifestações orgânicas, aparecem, com igual freqüência e, talvez, com conseqüências mais sérias, as perturbações psíquicas. Consistem estas em inquietação, impaciência, depressão, que pode ir até a tendência ao suicídio e a deslises da ética ou fraqueza da vontade, fazendo com que trabalhos bem iniciados sejam arrematados de qualquer jeito, ou permaneçam no estado inacabado do "provisório-definitivo", tão comum nos nossos empreendimentos públicos ou particulares.

Vejamos, agora, como o abuso de hidratos de carbono diminui a capacidade que tem o organismo de se defender por si mesmo contra as infecções.

A base da defesa natural contra as infecções é a fagocitose. Por êste vocábulo, de origem grega (phagen - comer, e kutos - células), designa-se a faculdade que têm certas células do organismo de aprisionar e digerir os micróbios. Estas células, os fagócitos, são de diferentes espécies e localizam-se em pontos diversos, mas bom número está no sangue, constituindo 70% dos glóbulos brancos. A fagocitose efetua-se em todos os órgãos e regiões do corpo e é auxiliada por outras modalidades de defesa orgânica. Os maravilhosos medicamentos modernos, as sulfas e os antibióticos, agem, freqüentemente, por efeito bacteriostático, o que quer dizer que impedem a proliferação ou a movimentação das bactérias, facilitando, portanto, a fagocitose.

É, pois, evidente que todas as causas que dificultam a fagocitose, automaticamente diminuem as forcas naturais de resistência (2). Entre essas causas, está o abuso de hidratos de carbono na alimentação.

Os hidratos de carbono são desintegrados pela digestão, dando origem a substâncias que variam com o alimento ingerido, mas nas quais há, sempre, glicose.

A glicose é fonte de energia indispensável à vida, mas, quando em excesso, provoca o espessamento das paredes tênues dos capilares sanguíneos. Éstes vasos encontram-se por tôda parte, em número incalculável, dadas suas dimensões microscópicas.

Quando um micróbio consegue penetrar no organismo, sua própria presença atrái ao local grande número de fagócitos, que abandonam o sangue circulante, atravessando as tênues paredes dos capilares. Assim se inicia a defesa contra a infecção. O espessamento dos capilares, porém, provocado pelo excesso de glicose, proveniente do abuso de hidratos de carbono na alimentação (3), dificulta a passagem (migração) dos fagócitos. Êstes aparecem, quando o conseguem, em número insuficiente e é fácil, então, ao micróbio suplantar a pouca ou nenhuma resistência do organismo, provocando infecção, que terá tendência a se tornar crônica, ou, pelo menos, a voltar com freqüência, se persistir a causa apontada. Além da dificuldade oposta ao afluxo de fagócitos, os micróbios são favorecidos pela inflamação serosa resultante da passagem anormal de albumina, como vimos há pouco, que representa um verdadeiro caldo de cultura. É o que se dá, sobretudo com as conhecidas doenças de nariz e garganta, órgãos que, pela sua situação e função, estão sempre em contacto com toda espécie de micróbios e precisam dispor, portanto, de defesa eficiente, rápida e permanente. Estes requisitos, de vez que as outras modalidades da defesa natural entram em ação após algum tempo e são, afinal, auxiliares da fagocitose, só podem ser preenchidos pelos fagócitos, verdadeira tropa de choque do organismo.

Realmente, nas mucosas da bôca, nariz e tubo digestivo, há uma corrente contínua de fagócitos que emigram dos capilares, nelas sempre muito superficiais, esgueiram-se entre as células e dirigem-se para a superfície das cavidades, apreendendo e destruindo os micróbios que, porventura encontrem nesse seu curto trajeto. Tal estado de alerta permanente explica porque os ferimentos na bôca saram depressa e porque não há necessidade de desinfetar a bôca ou o nariz, nas operações cirúrgicas. Os cílios vibráteis da mucosa do nariz, o muco nasal, as lágrimas que se escoam para o nariz, e a saliva, ao contrário do que se supunha, dispõem de fraco poder bactericida, sendo totalmente insuficientes quando se trata de micróbios realmente perigosos. Contra estes, a única defesa é a fagocitose.

O enfraquecimento das defesas naturais, freqüentemente, tem origem em outros hábitos, muito generalizados, provindos de má compreensão da higiene.

A higiene, como se sabe, tem por fim a prevenção de doenças e a preservação da saúde. O significado, entretanto, que vulgarmente lhe dão é o de limpeza ou asseio; disto deriva a preocupação dos banhos, até ao exagero de três ou quatro, nos dias de calor forte, durante os quais muitos chegam a colocar a cabeça sob o jacto de água de uma torneira.

A água só seca no corpo com dispêndio de calor, em proporção já estabelecida. Foi calculado, por exemplo, que a quantidade necessaria para secar, nos pés, as meias molhadas daria para derreter meio quilo de gelo. Verificou-se, também, em pessoas sãs, que o contacto demorado com água fria de uma parte qualquer do corpo faz com que diminua consideravelmente, nessa região, a capacidade defensiva dos fagócitos (diminuição do "índice opsonico"). Em conseqüência, uma pessoa sã que deixe um dedo mergulhado em água fria pelo espaço de uma hora pode ficar com reumatismo nesse dedo.

O que se conclui destas observações, feitas há cêrca de trinta anos na Europa, é que se deve evitar o abuso de água com a suposição de praticar higiene. Vejamos mais alguns exemplos de hábitos condenáveis.

A extensão sempre limitada das piscinas faz com que se nade pouco e mergulhe muito. Com isso, ensopam-se os cabelos e penetra água pelo nariz, Depois, deixa-se que sequem no corpo as roupas de banho. Nas praias, o abuso maior é o dos banhos de sol, preferindo-se, justamente, as horas próximas do zênite, porque todos se levantam tarde e essa hora é a dos "encontros" da estação.

A diminuição local da resistência natural, por perda de calorias, explica as dores de cabeça e a volta (reincidência) de sinusites após lavagem abundante e demorada dos cabelos, como, por exemplo, a que se faz nas ondulações permanentes e "mise-en-plis", com secagem demorada em aparelhos em forma de capacete, abrigando tôda a cabeça. O calor, necessariamente desenvolvido nesses capacetes, é nocivo em si mesmo e muitas são as senhoras que se queixam, logo depois ou no dia seguinte, de dores de cabeça ou de resfriados; os homens, ao contrário, sobretudo os rapazes, embora façam maior abuso de água, não precisando seus cabelos de secagem artificial, com menor freqüência são vítimas de inflamações agudas do nariz ou garganta. Os malefícios não deixam de vir, é verdade, mas aos poucos, como sinusites que, todavia, se iniciam, às vezes, com caráter de cronicidade, bem como os chamados "focos de infecção".

A ondulação permanente, como o nome promete, mantem-se por meses, mas raras senhoras, em casa ou no cabeleireiro, deixam de lavar a cabeça, pelo menos uma vez na semana. Não tanto a moda, como o receio de parecerem "sujos" e sem bom cheiro são os motivos das lavagens freqüentes dos cabelos. Quase sempre não os querem oleosos mesmo moderadamente, ignorando tratar-se de apanágio de organismos jovens e sãos; lavando-os, empanam a juventude da cabeleira, tornando-a sêca e sem brilho, como nos velhos e nos doentes. Não há dúvida de que há casos em que os cabelos, de tão oleosos, tornam-se sem ondulações, "escorridos"; trata-se, porém, geralmente, de alterações de equilíbrio entre os hormônios ou de carência de certas vitaminas, anormalidades que não se resolvem com água.

Nos homens é a caspa que indús a lavar freqüentemente os cabelos, com resultados ilusórios, é claro, pois, em muitos casos, ela resulta de alimentação com insuficiência de vitaminas B1 e B2. Se não é a caspa é o abuso de brilhantina que torna necessária as lavagens amiudadas.

Bem cedo, as crianças, a exemplo dos pais adquirem o gosto das piscinas e das praias. Nas meninas de dois ou três anos, os cachinhos e os "chuca-chucas", de que tanto se envaidecem as mamães, exigem freqüente umedecimento dos cabelos; nos próprios recém-nascidos, o banho diário, com ensaboamento minuciosos de todo o corpo e abundante pulverização, com talco, remove da pele a gordura natural, na qual se encontra substância de grande importância, o colesterol, que, sob a ação dos raios ultravioletas do sol, dá origem à vitamina D, indispensável para o aproveitamento e fixação do cálcio e do fósforo. Os motivos dessa prática são os "cascões" na cabeça das crianças e as assaduras externas e dolorosas, muitas vezes atribuídas a micções freqüentes. Entretanto, o "cascão", as assaduras e a própria micção freqüente, assim como a falta de sôno, o suor nos pés e a prisão de ventre rebelde são manifestações de deficiência harmônica, que se curam com algumas gotas no nariz, como demonstramos em artigo publicado no número de julho-agôsto de 1952, da Revista Brasileira de Otorrinolaringologia.

Os hábitos a que acabamos de nos referir, diminuindo a resistência natural do organismo e facilitando, portanto, as doenças, devem ser considerados, não como favoráveis, mas como contrários à verdadeira Higiene.

ALIMENTAÇÃO CERTA E ASSEIO ADEQUADO

Maus hábitos devem ser combatidos desde a tenra infância. Do contrário, criam raízes, difíceis de extirpar.

As senhoras, por exemplo, raramente deixam-se convencer de que a limpeza dos cabelos deve ser feita com pente-fino e escova de cerda, não apenas por exigência da moda, mas, sobretudo, porque receiam a má aparência de cabelos "sujos". Entretanto, com escovação enérgica e pente-fino, duas vezes por dia, podem as lavagens ser espaçadas de quatro a seis meses, mantendo-se a beleza da cabeleira, sem o inconveniente de manifestações catarrais no nariz e na garganta. Nos banhos de mar, uma touca de borracha impede que os cabelos fiquem melosos, exigindo segunda lavagem com água doce.

Nos homens são normais os cabelos curtos, mas, ainda assim, alguns, "indomáveis", precisam de fixadores. Com a goma agravante é fácil preparar um fixador que molhe pouco os cabelos, dissolvendo em álcool determinada quantidade de goma e acrescentando, depois, um mínimo de água, de modo a se obter uma substância quase gelatinosa.

Nas piscinas, a permanência não deveria ultrapassar vinte minutos, devendo ser evitados mergulhos e "crawls" que ensopam os cabelos e fazem penetrar, no nariz, água que, evidentemente, não é esterilizada. Também não se deve deixar que seque no corpo a roupa de banho. O desperdício de calorias pelo contato com a água é considerável e faz baixar o índice opsônico.

Certamente, ninguém pensa em desaconselhar os banhos, os quais podem ser diários, de preferência frios e, se possível, com água corrente, de chuveiro, ou duchas. Quando fria e em movimento, a água atua melhor sôbre os capilares da pele, acentuando sua elasticidade natural e contribuindo para o enrijecimento do corpo. Razões semelhantes tornam recomendável andar descalço algumas horas no dia, sobretudo em gramados orvalhados. Banhos frios e andar descalço são hábitos que convém iniciar desde o terceiro ou quarto ano de vida, evitando-se banhos quentes, mesmo em caso de moléstia. Está claro que nos referimos a crianças normais.

Os banhos de sol são mais aproveitáveis de manhã, porque a direção obliqua dos raios abranda seus efeitos e porque as irradiações ultravioletas não são filtradas através das partículas de poeira e fumaça que saturam a atmosfera de uma cidade populosa. Essa filtração, agravada, provavelmente, com a remoção da gordura da pele, em virtude de banhos muito amiudados, pode explorar a freqüência do raquitismo numa cidade ensolarada, como o Rio de Janeiro. Entretanto, as horas escolhidas são outras e, então, seus efeitos são mais nocivos do que úteis, sobretudo pela duração, que chega a ser de horas, quando deveria ser, no máximo, de meia hora, à semelhança do que se faz, no tratamento de certas moléstias, com raios ultravioletas. Com o banho de sol, nas praias ou em casa, procura-se conseguir um tom bronzeado da pele, que reflita saúde e juventude. Na literatura médica alemã de muitos anos atrás encontravam-se estatísticas, demonstrando o contrário, isto é, que muitas moléstias dos órgãos internos, entre as quais o câncer, deviam ser consideradas como provenientes de exposições excessivas ao sol, feitas quinze e vinte anos antes, e, mais ainda, que os efeitos sôbre a pele, verificados no microscópio, são idênticos aos que se encontram na velhice. Aliás, tais efeitos notam-se na pele enrugada e murcha do pescoço de calceteiros e chacareiros. Os alemães observaram, nas colônias que possuíram na África, os efeitos maléficos do simples mormaço sôbre a nuca desprotegida.

Observações feitas entre nós atestam, por sua vez, que o sol forte, bem como o mormaço que reverbera das calçadas das cidades e da areia das praias, provoca dores de cabeça em pessoas
afetadas de determinada espécie de sinusite crônica, a sinusite posterior ou etmóido-esfenoidite.

Diante destas observações, é possível afirmar que o hábito de não usar chapéu é, também, condenável, por expor a cabeça ao sol, à garoa, ao sereno e à chuva. O uso de chapéu é, mesmo, importante na cura ou na prevenção das doenças inflamatórias do nariz e da garganta.

Quem não quiser comer errado deve evitar alimentos excessivamente ricos em hidratos de carbono arroz, milho e produtos derivados dêste e da farinha de trigo. A experiência mostra ser o arroz o mais prejudicial, não só por ser de uso mais generalizado, como, porque, ao decompor-se, pela digestão, dá origem a duas vezes mais glicose que os outros hidratos de carbono.

O trigo em grão substitui perfeitamente o arroz, podendo, mesmo, ser preparado com aquela forma de "arroz solto", que permite misturá-lo ao feijão e a todo e qualquer outro alimento. De preço igual ao do arroz, alguns anos atrás, custa, agora, de Cr$ 25,00 a Cr$ 30,00 por quilograma, mas a diferença é compensada pela melhoria de saúde e conseqüente economia de farmácia.

O trigo em grão, tão do agrado dos robustos sírios, é encontrado com casca e sem casca; o primeiro é um pouco mais barato, mas ambos contêm grande quantidade de vitamina B1, como foi verificado no Laboratório de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

O preparo difere um pouco. O trigo em grão, serra casca, é fervido com sal, em quantidade de água que se evapore em 40 minutos. Tempera-se, então, como o arroz; deixando-se no fogo por mais dois ou três minutos. O trigo em grão com casca deve "ficar de molho" durante 24 horas e exige cozimento de cêrca de duas horas antes de ser temperado. O trigo com casca, duro de mastigar, agrada aos que, tendo queixo "quadrado", exercem pressão equivalente a 100 kg, que permite triturarem facilmente o trigo com casca e até ossos de galinha e o couro de toucinho torrado. A casca do trigo, excitando mecanicamente as paredes do intestino, aumenta o estímulo que a vitamina B1, contida no germe do grão, exerce sôbre o peristaltismo, determinando maior número de defecações, o que leva às vezes, a suspender o uso do trigo, pela suposição errônea de que seja "muito quente". Não se deve, portanto, aconselhar o trigo com casca a quem tem maxilares menos fortes e não sofra de prisão de ventre. Para as crianças, é sempre melhor o trigo em grão, sem casca. Existem muitas outras maneiras de preparar o trigo em grão, por exemplo à moda do "rizzotto" (e seria, então, o "trigotto"), ou como mungunzá em substituição à gostosa canjica de milho.

O trigo pode ser moído como o que se usa no "Kibi" sírio, sendo preferível fazê-lo em casa, em moinho de café, a adquirí-lo pronto mas deturpado com impurezas.

O pão branco deverá ser substituído pelo pão integral, assim chamado porque a farinha empregada contém o germe do trigo. Também neste caso é preferível fazê-lo em casa a comprá-lo feito. O "pão preto" presta-se a fraudes ou confusões e o de centeio não tem o mesmo valor. Com farinha de trigo integral devem ser preparadas as gulodices que se fazem com a farinha branca ou a "farinha de rosca" - porque assim se assegura, em tôdas elas, a presença de vitamina B1. O germe de trigo obtem-se isoladamente; e, tendo a mesma concentração das vitaminas do trigo (B1 e E), pode ser adicionado cru e em quantidade pequena a qualquer outro alimento, sólido ou líquido. Menção especial, no comer certo, deve ser feita contra o chocolate, por ser grande ladrão de vitamina B1.

Várias objeções costumam ser feitas contra essas instruções para comer "certo". A mais freqüente refere-se aos japoneses, chineses, hindus e outros povos da Ásia Oriental, que se alimentariam quase só de arroz. Os japoneses, já em 1884, dez anos antes de se descobrir que o beribéri é causado pela carência em vitamina B1, tinham suprimido o arroz da alimentação em seus vasos de guerra, com o fim de prevenir a moléstia. O seu governo sempre se preocupou com a carência de vitaminas, não só entre os militares como entre os civis; aos próprios súditos radicados no Brasil, até pouco antes da II Guerra Mundial, remetia algas marinhas, contendo vitamina B1. Os chineses do sul, que se alimentavam de arroz, há séculos vêm sendo dominados pelos da Manduchúria, que têm outra alimentação. Os hindus, sempre em extrema miséria orgânica e moral, e outros povos do oriente e do sul da Ásia, todos até há pouco dominados por um punhado de europeus, vêm escapando ao aniquilamento, segundo afirmativas norte-americanas, pelo uso do feijão soja e de seus derivados.

O arroz não polido, socado no pilão, como se fazia há muitos anos, conserva a película que contém vitamina B1 em quantidade bastante para impedir o aparecimento do beribéri, mas, mesmo assim, nutricionistas norte-americanos o consideram alimento de segunda ordem. É natural, por essa razão, que tenham fracassado várias tentativas de se revitaminizar o arroz, forçando a vitamina a penetrar no grão, sob pressão de vapor, antes do "beneficiamento".

O milho contém pouca vitamina B1, exceto quando em germinação mas, neste estado, não pode ser utilizado como alimento. É, por isso, considerado, como o arroz, alimento de segunda ordem.

Os seguintes sintomas foram observados entre nós com o uso de milho verde, fubá (polenta), maizena, ou, simplesmente, pipoca e espigas de milho cozidas ou assadas: boqueiras (rachaduras discretas nos cantos da bôca, "queilose") ; vermelhidão, acompanhada de sensação de queimadura, na ponta da língua; impressão deixada pelos dentes nas beiradas (inchadas) da língua; dor de estômago ou de intestinos; intolerância pela luz forte (fotofobia); coceiras, sem causa aparente, por todo o corpo, mais especialmente nas virilhas e nas chamadas "partes pudendas"; nervosismo acentuado, traduzindo-se por impaciência ou por má criação; dificuldade em conciliar o sono, insonia às vezes; ulcerações doloridas nas amígdalas (angina de Vincent (4); secreção sebácea no dorso do nariz e nos cabelos. A administração de duas vitaminas do complexo B1 (ácido nicotínico e riboflavina) elimina em poucas horas êsses sintomas, que se acentuam (sobretudo a coceira e o mau humor), quando ocorre, ao mesmo tempo, deficiência em vitamina B1.

Para as criancinhas lactentes, privadas do leite materno, a alimentação artificial pode oferecer os mesmos inconvenientes do comer "errado" do adulto, dado o emprêgo de produtos derivados do arroz e do milho em associação com as várias formas de leite em pó. Interessante a observação de que, em 30% das mães sem leite, a alimentação com arroz foi a causa dessa deficiência.

Superior ao leite de mulher, em quantidade de calorias, em cálcio e em outros elementos, o leite de vaca não pode ser tido como apropriado para a alimentação de lactentes privados do leite materno, porque, no dia seguinte ao da sua ingestão, desaparece do intestino da criança o Bacillus bifidus, extremamente rico em vitaminas do grupo B, sobretudo em vitamina B1. Com o desaparecimento dêsse bacilo o leite de vaca, em lugar de fermentar, entra em putrefação, provocando manifestações de intolerância na maioria das crianças.
Muito trabalho e muita pesquisa levaram, afinal, à solução, aliás simples, de manter, nos intestinos, terreno favorável à proliferação do Bacillus bifidus, com a adição de fécula de batata ao leite de vaca. Em seis crianças, de três meses, em média, crises freqüentes na garganta e nos ouvidos, atribuídas à alimentação artificial de leite em pó, adicionado a produtos derivados de arroz e de milho, desapareceram rapidamente tais crises com o uso do leite de vaca com fécula. A tolerância perfeita do organismo e a satisfação das crianças demonstravam ser acertada a nova alimentação. Os pesquisadores alemães, autores da inovação, publicada em 1941, sem deixarem de notar que o leite materno é sempre o melhor, afirmam, contudo que, com aquela modificação o leite de vaca (leite R R R) pode ser dado sem receio aos recém-nascidos. Êste leite R R R é de preparo simples: dilui-se com água fervida, em proporção igual, o leite de vaca; ferve-se e adoça-se como de costume e engrossa-se com uma colherinha (das de café) de fécula para cada 100 g de leite. A fécula de batata é a encontrada comumente no comércio, da Companhia Lorenz, de Santa Catarina, distribuída, em pequenos pacotes, pela Casa Colombo, do Rio de Janeiro.

Outra objeção que se faz correntemente ao comer "certo" é a do grande consumo de massas, pelos italianos, sem inconveniente algum para a exuberância e vigor dêsse grande povo. Entretanto, os que têm viajado freqüentemente para a Itália ou lá permanecido com alguma demora, dão-se logo conta de que os italianos, em sua terra, consomem menos massa do que os radicados no Brasil; além disso, fazem bom uso de frutas e verduras cruas, sendo, mesmo, freqüente a adição de vegetais à massa de farinha integral com que é feito o macarrão. Quando do desembarque dos Aliados na Itália, em 1944, as fotografias então publicadas nos jornais ilustrados norte-americanos testemunhavam convincentemente que os italianos, apesar de vencidos e em ruína econômica, não denunciavam, no físico característicos de carência em vitamina B1. Na Inglaterra, pelo contrário, as dificuldades decorrentes da mesma guerra impuseram alimentação excessivamente rica em hidratos de carbono e desprovida de vitamina B1, a qual, em menos de seis anos, determinou grandes alterações em seu povo, que, pela capacidade e conduta demonstradas nos últimos dois séculos, fazia jus à denominação de "Povo Rei" - que somente pôde ser com justiça conferida aos Romanos, há quase 2.000 anos. Na Inglaterra tornaram-se comuns as pequenas infecções das mucosas e as perebas da pele, ao mesmo tempo que a eficiência no trabalho diminuiu, a ponto disso se queixar, no "Observer", o próprio marechal do ar Sir Philipp Joubert - como se lê num pequeno artigo com o título "Depressing Diet", do semanário norte-americano "Time", de 28-I-1946, pág. 19. Em outras palavras, o uso constante, durante seis anos apenas, de hidratos de carbono, prejudicou, na saúde e na produtividade, um povo de reconhecida energia física e moral.

No número de julho de 1951, o "Catholic Digest" ("Our Broken Staff of Life") insere o relatório interessante de uma freira missionária, Julie Bedier, que passou vários anos na China comunista do Norte e nas montanhas Himalaia, na fronteira entre a URSS e a Índia. Ela atribui o valor combativo dos chineses do norte a uma alimentação frugal, constante, porém, de cereais ricos em vitamina B1; a convivência, no Himalaia, em tríbus vizinhas mas com alimentação diferente, convenceu-a de que a alimentação constituída sobretudo por pão de trigo integral e cereais, com pouca carne, é mais importante para a saúde do que o clima. Observação idêntica, isto é, superioridade da alimentação sôbre o clima, fizemos em São Paulo, comparativamente com outras regiões do Brasil.

Alguns incrédulos mais comodistas objetam ainda terem sempre comido "errado" tanto êles, como seus pais, sem inconveniente para a saúde, lembrando, mesmo, que os mais robustos negros eram, na escravidão, alimentados com angu e feijão. É possível que os escravos encontrassem, na farinha ou no fubá do angu, as calorias de que precisavam para o duro trabalho, mas nunca se registraram as moléstias, que, por certo, os afligiam. Se há pessoas que, apesar da alimentação "errada", atingem idade avançada, demonstrando vigor físico e intelectual, é porque são privilegiadas, são exceções que não devem fazer esquecer nossa tremenda mortalidade infantil e a média baixa de nossa existência.

Ficam, assim, evidenciados claramente os inconvenientes e malefícios decorrentes do abuso de alimentos ricos em hidratos de carbono, sobressaindo o arroz como o mais prejudicial, pela quantidade e, sobretudo, pela freqüência com que é consumido. Entretanto, no tratamento da hipertensão arterial, o arroz é usado como medicamento eficiente, embora nunca por espaço de tempo superior a três meses.

Aos médicos cabe enfrentar e combater os maus hábitos alimentares, inspirando-se no exemplo do famoso Gaylord Hauser, dos Estados Unidos, o qual, não sendo médico, dedicou-se ao estudo da alimentação, granjeando fama universal com seus regimes de emagrecimento, contrários aos hidratos de carbono, que mais "incham" que engordam. O fato não nos tinha escapado, especialmente em relação ao arroz.

O arroz, os produtos derivados do milho e da farinha de trigo e os doces têm, no organismo, efeitos quase equivalentes, pois, todos, dão origem à glicose, a qual, sendo indispensável à vida, é nociva quando em excesso, como dissemos e como o prova a diabete. Há, todavia, pessoas que necessitam glicose mais do que outras, principalmente as que dependem muita atividade física. Provavelmente essa é a principal razão das crianças gostarem tanto de doces.

"Comer de tudo" é um chavão muito usado mas falso e perigoso porque, afinal de contas, justifica o velho hábito de comer "errado".

Precisamos comer de tudo, é verdade, mas de "tudo que contenha vitaminas", vitamina B1 ao menos, indispensável, nos países tropicais.

As pesquisas que serviram de base para êste trabalho visavam esclarecer as causas de freqüência das moléstias de ouvidos, nariz e garganta e da tendência a se repetirem, ou a se tornarem crônicas; visavam, também, estudar os meios de preveni-las, uma vez que o organismo não fica imunizado contra a maioria das infecções daqueles órgãos.

Sua aplicação, porém, para a saúde em geral, decorre do fato de serem sempre as mesmas as defesas naturais do organismo, sendo de pouca importância as variações causadas por necessidades da adaptação. Tentativas para compensar com vitaminas de farmácia a alimentação "errada" demonstraram-se inúteis, confirmando pesquisas anteriores que, em Viena, evidenciaram terem as vitaminas de farmácia, poder curativo, mas não poder preventivo, de que só dispõem as vitaminas da alimentação (5).

A prevenção de moléstias da bôca, da garganta, do nariz e do espaço entre o nariz e a garganta, tem alcance maior do que se possa imaginar. Entre os micróbios que proliferam naquelas cavidades, os cocos, como o estreptococo, o estafilococo e o pneumococo, quando encontram menor eficiência da defesa fagocitária, provocam, além de doenças comuns, como inflamações da bôca (estomatites), da garganta (anginas), do espaço entre o nariz e a garganta (rinofaringite) e do nariz (rinites e sinusites), podem tornar todo o organismo sensível a certos micróbios menores, peculiares à espécie humana e do gênero dos vírus, micróbios que são causas de gripe, sarampo, paralisia infantil e, possivelmente, até de cancro. Foi nos possível evitar um caso de sarampo em criança de quatro e meio anos de idade, extremamente sujeita a inflamações, de garganta e que estivera em contacto prolongado com outra criança, na qual forte traqueítes se revelou no dia seguinte como fase prodrômica daquela moléstia. Apesar do contágio extremamente fácil nessa fase catarral e a despeito da hipersensibilidade a tôda espécie de inflamações, a criança ficou imunizada pela aplicação, na bôca, na garganta é no nariz, de determinadas substâncias medicamentosas com o poder de atrair fagócitos.

Não são apenas os micróbios que abrem as portas do organismo para a invasão dos vírus; cansaço forte, roupas molhadas secando no corpo, traumatismos, são, às vêzes, responsáveis por aquêle efeito desastroso.

A paralisia infantil, por exemplo, freqüentemente aparece depois de folguedos excessivos, de apanhar chuva ou em seguida à operação das amígdalas (traumatismo cirúrgico), sendo esta a razão porque não se operam amígdalas durante surtos epidêmicos de tal moléstia.

Comer certo e higiene adequada podem fazer-nos o "corpo fechado" do velho sonho de nossos macumbeiros.

Como alergia já é palavra de uso corrente entre o povo, apesar de seu significado científico ainda pouco claro, é oportuno mencionar as novas tendências para explicar a cronicidade de 90% das sinusites pela alergia. Mesmo que assim fôsse, aos capilares é que se deveria atribuir a causa principal, e não será com o uso de antialérgicos que se poderá curar uma sinusite crônica. Esse assunto foi ventilado em trabalhos anteriores; uma razão a mais para "comer certo" é a de serem as vitaminas da alimentação estimulantes naturais das glândulas de secreção interna (ovário, testículo, hipófise etc.), isto é, das que produzem os hormônios, fatores essenciais do funcionamento normal dos capilares.

Finalmente, uma vantagem do comer certo, nada desprezível, sobretudo para o sexo feminino, é a do desaparecimento da gordura balofa, no rosto, ou no ventre. Para homens não pesam argumentos estéticos; muito, porém, lhes importam a diminuição de doenças de garganta e nariz, para si e para a família, bem como a redução conseqüente de despesas de tratamento.

Em conclusão, para comer certo é preciso que não nos sirvam de base alimentar substâncias ricas em hidratos de carbono, porém desprovidas de vitamina B1.

Eis uma lista de alimentos que o laboratório de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo verificou serem ricos em vitamina B1:

Nozes, Trigo em grão, Amendoim com cutícula, Castanhas do Pará, Côco, Pinhão, Cará, Inhame, Ervilha, Alface, Laranja Seleta do Rio, Laranja Pêra de S. Paulo, Chicória amarga (almeirão), Mandioca (variedades vassourinha paulista), Castanha de Caju, Banana (nanica), Levedura de Cerveja, Vísceras de animais, sobretudo fígado e rim, Carne de porco magra.

A goiaba, nas suas três variedades (branca, amarela e vermelha), contém as vitaminas B1, B2 e B6 em pequena quantidade, mas é rica em vitamina C.

A batata doce branca possui as vitaminas B1, B2 e B6 em teor reduzido mas é bem aquinhoada com ácido pantatênico e com niacina. A batata doce roxa nada contém de vitaminas.

As vitaminas do grupo B sofrem com o aquecimento necessário ao preparo dos alimentos, mas o remanescente é suficiente.

VITAMINA A

Óleo de dendê, óleo de buriti, óleo de piqui, óleo de fígado de cação e jaú (em geral os óleos de peixe).

VITAMINA B2 e B6

Cará, mandioca e inhame.

VITAMINA C

Caju amarelo e vermelho (muitos ricos), Uvaia, Morango, Mamão, Laranjas (caipira e pêra), Mangas (rosa e "Bourbon"), Abacate, Bananas (maçã e prata), Couve manteiga, Alface repolhuda, Escarola, Chicórea amarga, Sementes de rosa (usada como sopa, compotas ou bebida fermentada), Pimentão.

A vitamina C é destruída com facilidade pelo aquecimento (mais de 50%) e pela luz. Os alimentos com vitamina C devem ser consumidos crus preferivelmente.

A deliciosa jabuticaba contém muito pouca vitamina C e traços de Niacina e de Cálcio.

A saborosa Néspera (ameixa amarela) apenas encerra traços de vitamina C e B1 e quantidade um pouco maior de Niacina (ácido nicotínico), gorduras e proteínas, regular quantidade de hidratos de carbono e calorias e 80% de água. É rica, porém, em ferro.

O abacaxi contém um pouco de vitamina C e traços de outras vitaminas.

Outra fruta saborosa, a fruta do conde, possui quantidades mínimas de algumas vitaminas (A, B1 e B2) e, mesmo, da vitamina C; a "cabeça de negro", a "ata", que pertencem à mesma família das anonáceas, são igualmente pobres em vitaminas.

Mais pobres são as melancias, pêras e maças.

Maçãs, pêssegos e nespêras, contêm ferro muito assimilável. A uva branca encerra apenas traços de vitamina C e de ferro, mas contém muito hidrato de carbono e água (80%). A Uva preta está nas mesmas condições, com um pouco mais de vitamina C. O palmito cru ou cozido tem pouca vitamina A, apenas traços de vitamina B2 e pouco Cálcio.

Os produtos que têm por base leite em pó contêm bastante vitamina A, poucas do grupo B e quantidades regulares de vitamina C. Para julgar do conteúdo vitamínico de tais produtos, que são sempre muito anunciados, sería preciso examinar o leite em pó que lhes serve de base. Devem ser rejeitados os produtos que contêm chocolate, verdadeiro ladrão de vitamina B1, pela muita Glicose que se adiciona ao cacau, para encobrir o seu excessivo amargor (6).

A gema do ovo é rica em vitamina A e E e em ferro assimilável.

VITAMINA K

Folhas verdes das hortaliças, Sementes de Girassol (devem ser tostadas levemente ao forno), Broto de Bambu. Outros dados interessantes, encontrados pelo laboratório de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, são os seguintes:

CÁLCIO - contido em boa quantidade em: Castanha de Caju, Leite, Queijo, Couve Alface, Cenoura, Feijão vara.

IÔDO - no agrião.

O Soja recomenda-se muito por ser polivitaminado e conter grande quantidade de cálcio, ferro e proteínas.

Em geral, as folhas de fora dos vegetais folhudos são sempre mais ricas que as do miolo.

Berinjela, Chuchu e Alcachofra são alimentos pobres, bem como o Gergelim.

Mocotó C: alimento fraco, por ter uma proteína deficiente. Arroz (mesmo de pilão) e derivados de arroz, Milho e derivados de milho são alimentos de segunda categoria.

(1) Hans Eppinger " Die Permeabilitaetspathologie", 1949.
(2) Acerca do sistema retículo-endotelial e as outras modalidades da defesa natural, ver "Aspectos novos da Otorrinolaringologia", nossa Tese para Docência Livre da Cadeira de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 1947
(3) Nossa Tese de 1947, já citada.
(4) Há autores que negam possam esses sintomas ser provocados pelo consumo de milho. Dois cientistas, em São Paulo, por abuso de milho da estação do ano, apresentaram-se, com angina de Vincent e com outros sintomas, curando-se com as vitaminas B2. Seus nomes, acompanhados de autorização escrita acham-se nesta Redação, para os que tiveram motivos científicos para os solicitarem. Agora sabe-se que o milho contem uma antiniacina.
(5) Emil Starkenstein - Lehrbuch der Pharmakologie und Arzneiverodnung - 1938 (Deuticke).
(6) Randoin e Simmonet, fazendo experiências em animais de laboratório, verificaram que o cacau em pó, amargo, não produzi avitaminoses B1, mas que o chocolate causa avitarrminose B1 e beribéri.

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