Versão Inglês

Ano:  1952  Vol. 20   Ed. 3  - Maio - Junho - ()

Seção: Associações Científicas

Páginas: 88 a 89

 

Associações Científicas

Autor(es): Dr. Mauro Candido de Souza Dias

Sessão ordinária - 19 de fevereiro de 1952
Presidente: Dr. Mauro Candido de Souza Dias

LINFANGIOMA DA LINGUA. TRATAMENTO RADIOTERAPICO - Drs. Antonio Corrêa e Américo Rufino.

Resumo - Os autores tiveram a oportunidade de observar 3 casos de linfagionia da língua, tendo apresentado considerações clínicas sôbre a evolução do processo nos casos em particular. Discutiram as possibilidades de tratamento e esclareceram os resultados obtidos pelo método por êles empregado. Concluíram que a dose da ordem de 2.000 a 3.000 r, utilizada em tratamento dos hemangiomas, mostrou-se insuficiente nos seus casos. A dose que produziu regressões satisfatórias situou-se entre 4.500 a 5.500 r, obtida pela curiepuntura.

Comentários - Dr. J. de Arruela Botelho: Há documentação fotográfica dos casos ?

Dr. Antonio Corrêa: Não há fotografias, porém descrição completa dos casos.

SOBRE DOIS CASOS ATÍPICOS DE LEISHMANIOSE - Dr. Fabio Barreto Matheus e Jorge Fairhanks Barbosa.

Resumo - Os autores apresentam dois casos, um de ulceração da região retroauricular e outro de mucosa septal no rebordo de uma perfuração cirúrgica. Em ambos, a reação de Montenegro feita por duas vêzes foi negativa. O exame anátoino-patológico revelou zonas suspeitas de degeneração neoplásica. Apesar da radioterapia, feita no caso de localização nasal, as melhoras não apareceram. Foi então usado o Eparseno e a cicatrização da lesão se processou com 10 ampôlas. Na lesão retro-auricular, 10 ampôlas de Glucantime cicatrizaram completamente a lesão. São de interêsse no a negatividade da reação de Montenegro; a ausência de outras lesões cutâneas ou mucosas que pudessem lembrar a leshmaniose; a zona de origem dos pacientes, indene dessa parasitose; o exame anátomo-patológico lembrando câncer; a râpídez com que cicatrizaram as lesões, apesar da pequena quantidades de medicação usada.

Comentários - Dr. Rubeus Vuono de Britto: Quais foram as bases para o diagnóstico de leishmaniose? Exclusivamente pela prova terapêutica não satisfaz. Chamo a atenção para a disparidade dos resultados anátomo-patológicos. No primeiro caso, se foi feita a radioterapia, qual foi o resultado?

Dr. Antonio Corrêa: Pergunto se o segundo caso tem reação de Wassermann positiva. Poderia pensar-se em lues; se já houvesse lues, uma perfuração do septo no ato cirúrgico poderia entrar em evolução e a terapêutica pelo Eparseno poderia produzir a cicatrização.

Dr. José Mattos Barreto: Houve pesquisa de lesão cutânea ou mucosa?

Dr. José Augusto de Arruda Botelho: Qual foi o laudo do patologistal A palavra "provável" faz com que o diagnóstico fique em suspenso.

Dr. Mauro Candido de Souza Dias: Foi feita pesquisa de leishmaniose no primeiro caso? No segundo caso cabe a critica do Dr. Antonio Corrêa no sentido de ser a reação de Wassermann positiva e ainda insisto sôbre a pesquisa direta de leishmânias. Tive um caso de lesão cicatricial da região malar em que só depois de 40 anos apareceu lesão do septo com perfuração; a reação de Montenegro foi positiva. O tratamento com Glucantime deu resultado. Segundo o Dr. Pedreira de Freitas, apenas o achado de leishmânias pode fazer o diagnóstico de certeza.

Dr. Fabio Barreto Matheus: Quanto ao caso do Dr. Jorge Fairbanks Barbosa não posso responder, porque não constam na observação alguns exames que foram pedidos pelos comentaristas. Nos casos de ambulatório, de rotina, os fatos se desenvolvem de tal maneira que às vêzes deixam de ser encaminhados de maneira científica. De qualquer forma, fui o primeiro a perguntar se nos meus casos se tratava de leishmaniose. Creio que só a leishmaniose poderia responder tão bem à terapêutica empregada. Ao Dr. José Mattos Barreto, respondo que o doente não apresentava cicatrizes típicas de leishmaniose cutânea, no meu caso a lesão cutânea estava cicatrizada; portanto, aqui a primeira lesão teria sido mucosa, seguida pela cutânea. No caso do Dr. Fairbanks Barbosa o exame histopatológico revelou material necrótico e, em alguns pontos, suspeita de câncer. Diante disso, foi irradiado sem resultado. O Dr. José Mattos Barreto citou o caso de um paciente que se submeteu a uma antrotomia com retirada de tecidos moles e osso para exame histopatológico, por dar a impressão de se tratar de leishmaniose com propagação para o sinus; o relatório histopatológico revelou tratar-se de lesão leishmaniótica. O paciente desapareceu, mas ulteriormente soube-se que se internara no Hospital das Clínicas e nova biópsia revelou tratar-se de lesão cancerosa. O Dr. José Mattos Barreto citou autores argentinos e paraguaios que descrevem a leishmaniose dos seios paranasais. A afirmativa do Dr. Pedreira de Freitas não admite dúvidas, porém, na rotina, contentamo-nos com a reação de Montenegro, que, segundo Salles Gomes, dá 97,52% de positividade; assim, o aspecto clínico das lesões e a reação de Montenegro são suficientes para o diagnóstico.

RINOSPORIDIOSE; A PROPÓSITO DE UM CASO - Dr. Mauro Candido de Souza Dias.

Resumo - O autor inicia seu trabalho afirmando a extrema raridade da moléstia. A revisão da literatura nacional registra sete casos descritos, sendo o seu o oitavo. A literatura mundial registra perto de 450 casos. Após breves comentários sôbre a morfologia, ciclo evolutivo e classificação do Rinosporidium, apresenta o seu caso relativo a indivíduo de sexo masculino, adulto, oriundo de zona rural e verificado no Serviço ele Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Ao contrário do que sucedeu na maioria dos casos registrados, éste foi diagnosticado clínicamente pelo Dr. Mauro Ottoni de Rezende. A seguir, é exibida uma microfotografia do corte anátomo-patológico da lesão.

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