Ano: 1984 Vol. 50 Ed. 4 - Outubro - Dezembro - (2º)
Seção: Artigos Originais
Páginas: 10 a 26
ESTUDO MORFOLÓGICO DA CAVIDADE DO TÍMPANO DO MACACO PREGO (Cebus Apefia)
Autor(es):
GERALDO SEULLNER-1
NEIVO LUIZ ZORZEITO-2
VALENCIO JOSÉ DE MATTOS CAMPOS-3
Resumo:
O objetivo deste estudo é apresentar uma descrição da morfologia do ouvido médio do macaco Cebus apella com base em mictodssecções originais e cortes histológicos Os resultados apresentados foram comparados com as descrições realizadas no homem e em alguns primatas e mostram semelhanças anatómicas que sugerem esta espécie como modelo para investigações experimentais.
Introdução
O macaco prego (Cebos apella) é uma espécie de larga ocorrência no Brasil, que se adapta facilmente em cativeiro, e por isso de grande utilidade em pesquisas experimentais. A região anatômica que é o proposto deste trabalho não registra, na literatura, informações que possam servir de substrato para trabalhos experimentais.
Por isso decidimos, numa primeira etapa, descrevera morfologia da cavidade timpãnica.
De um modo geral, pouco se obtém na revisão bibliográfica e, segundo Kelemen (1966), a monografa de Van Kamper (1905) sobre o ouvido médio dos mamíferos serviu de base para estudos subseqüentes e é freqüentemente citada.
Para Van Kamper (1905), Pohl (1818) foi o primeiro autor a descrever a cavidade do tímpano nos animais, seguido por Hagenbach (1835), que descreveu a bula óssea em macacos.
Beattie (1927), citado por Hill (1955) e por Tumarkin (1957), descreveu a bula auditiva como estrutura cônica com ápice localizado na porção petrosa do osso temporal.
Conjuntamente, descreveu um septo ósseo separador dos compartimentos anterior e posterior da bula.
Doran (1878), citado por Hill (1962) e por Napier & Napier (1967), estudou os ossículos do ouvido médio de alguns macacos. Hill (1962), além de descrever os ossículos, informa que a membrana do tímpano é bastante inclinada e forma, com a horizontal, ângulos de 450 no Ateies, 470 nos prossímios e 600 nos macacos do velho mundo, como também referido por Forster (1925), segundo Hill (1962).
Werner (1960) encontrou, no Callitrix jacchus, um estribo semelhante ao humano, embora mais alongado. Napier & Napier (1967) citam que a bula timpânica ocorre em todas as famílias dos prossímios e é característica nas do velho mundo.
Hershkovitz (1971) descreveu a presença de um processo estapedial na cavidade do tímpano dos Cebus nigrivittatus, C. albifrons e C. capucinus, não encontrado no Cebus apella
Kelemen (1977) observou, em prossímios, um proeminente subículo na fóssula da janela da cóclea, bem como deiscência completa do canal facial com prolapso do nervo homônimo no Nycticebus. Kelemen (1968) não encontrou o subículo no rhesus, fato este que facilita o acesso cirúrgico ao nicho da janela da cóclea nesse animal.
Doyle & Rood (1979), estudando a tuba auditiva do rhesus, verificaram que ela é composta por cartilagem e membrana, bem como circunscrita pelo osso da bula na maior parte do seu percurso.
Zorzetto et alii (1978) e Toledo et alii (1978) descreveram, respectivamente, as relações do nervo facial com o músculo estapédio e aspectos anatômicos da parede labiríntica da cavidade timpãnica, no Cebus apella.
Mais recentemente, Saad et alii (1982) fizeram a descrição do ouvido. médio do rhesus (Macaca mulattal, com base em dissecções originais.
Material e métodos
Neste estudo foram utilizados 52 ossos temporais retirados de 26 macacos prego (Cebus apella), jovens e adultos, sendo 14 machos e 12 fêmeas, com peso variando entre 1.800 a 2.500 gramas.
Os temporais foram fixados em solução aquosa de formalina a 10%, exceto oito que foram preparados mediante técnica de maceração para estudo osteológico.
Assim, 28 temporais foram submetidos à dissecção do ouvido médio, com auxílio de broca odontológica, sob microscópio cirúrgico. Os 16 temporais restantes foram descalcificados em ácido nítrico a 10% (Beluner, 1976). Destes, oito foram seccionados em cortes seriados com espessura de 2 a 5 mm para observações sob microscópio cirúrgico e oito processados histologicamente com colorações por HE e tricrômico de Masson modificado por Van Grift (McManus, 1960).
Resultados
A cavidade do tímpano do Cebus apefa, à semelhança da dos demais primatas e do homem, é um espaço pneumatizado, de contornos irregulares, que mede de 8 a 10 mm do epi ao hipotímpano e de 0,3 a 0,5 mm do ponto mais saliente do promontório ao umbigo do tímpano.
A parede lateral é de constituição osteomembranácea, e dela participam o ãnulo timpânico, a membrana do tímpano e pequena parte da escama do osso temporal. 0 ânulo (Fig.l), embora incompleto superiormente, é bem característico, salientando-se da escama e da bula petrosa; apresenta um sulco raso e interno onde se insere a membrana do tímpano. O sulco interrompe-se entre os quadrantes póstero e ântero-superiores, e, aí, a membrana do tímpano não está encaixada, mas apenas aderente ao osso subjacente que se projeta como fina lâmina das paredes posterior e anterior. Esta lâmina limita a entrada do recesso epitimpânico.
Figura 1 - Osso temporal esquerdo. A seta indica o local onde o Bnulo timpânico (ATJ é interrompido. FE = forame estaomastóideo; FC = fóssula da fanela coclear, JV = fanela do vestíbulo; P = promontório.
Figura 2 - Vista lateral da membrana tbnpdnica esquerda
A membrana do tímpano (Fig. 2) corresponde, quase que totalmente, à parede lateral; é delgada (espessura inferior a 0,1 mm), translúcida, elíptica nos jovens e circular nos adultos. Compreende duas porções: a parte tensa, correspondendo aproximadamente a nove décimos da superfície total da membrana, e a parte flácida, triangular, correspondente ao décimo restante. A membrana é abaulada para dentro da cavidade, isto é, tem forma cônica, cujo ápice (umbigo do tímpano) se prende à extremidade do manúbrio do martelo (Fig.3).
A face externa da membrana está voltada lateral, anterior e inferiormente, além de apresentar uma inclinação de aproximadamente 300 em relação ao plano sagital.
A inserção da membrana no sulco do ânulo ósseo se faz através de um espessamento fibrocartilagíneo da sua orla. No pólo superior do ânulo, onde não existe sulco, a membrana apóia-se sobre o periósteo do meato acústico externo e se continua naturalmente sobre ele sem qualquer reflexão - esta, bastante nítida no restante da orla timpânica. A fixação da membrana ao martelo ocorre somente na extremidade do manúbrio; daí até o colo existe uma prega mucosa unindo a membrana ao manúbrio (Fig. 3).
Figura 3 - Vista medial da membrana do tímpano esquerda. PM= prega mucosa que une o manúbrio do martelo (M) d membrana do tímpano (MT); TT = tenddo do músculo tensor do tímpano seccionado.
A parede medial, em princípio, se caracteriza por apresentar uma elevação, o promontório, e duas depressões, as fóssulas das janelas do vestíbulo e da cóclea (FigsI, 4). O promontório, saliência arredondada, representa a maior parte da parede medial; seu ponto mais saliente dista cerca de 0,3 a 0,5 trim. do umbigo do tímpano. A fóssula da janela do vestíbulo se mostra como uma escavação de dimensões milimétricas delimitada pela porção timpânica, proeminente, do canal facial (superiormente); pelo promontório (inferiormente); pelo processo cocleariforme do semicanal do músculo tensor do tímpano e seu tendão (anteriormente), que se reflete para inserir no manúbrio do martelo; e pelo ângulo, arredondado, formado pela união do canal facial com o prolongamento posterior da orla superior do promontório (posteriormente). Ao nível do citado ângulo ocorre a emergência do tendão do músculo estapédio, cujo ventre ocupa parte do canal facial A fóssula da janela do vestíbulo mede cerca de 2,5 mm (eixo transversal) por 1,3 mm (eixo vertical), com profundidade variável de 0,5 a 1,0 mm. No seu fundo se localiza a janela do vestíbulo, de formato oval, medindo de 1,5 a 1,8 mm (eixo ântero-posterior) por 0,6 a 0,8 mm (eixo súpero-inferior). As bordas dessa janela, onde se articula a base do estribo (Figs. 1 e 5), se apresentam curva (superiormente) e retilínea (inferiormente).
Figura 4 - Parede medial da cavidade timpânica direita onde se observa a proeminência do canal facial (CF); E = estribo na fóssula da janela do vestíbulo; FC = fóssula da janela da cóclea; NT = nervo timpânico; RE = recesso epitimpânico; TE = tendão do músculo estapédio, P = promontório.
Quanto à fóssula da janela da cóclea (Figs. 4, 7 e 12), trata-se de uma depressão situada póstero-inferiormente à fóssula da janela do vestíbulo, circunscrita pela orla do promontório, bem como pela parede posterior. Esta parede, geralmente lisa, pode, às vezes, apresentar-se proeminente para o lado da fóssula - provocando seu estreitamento - ou, ainda, mostrar pequenas fóveas, semelhantes às células timpânicas. Superiormente, a fóssula se limita com a extensão superior da orla do promontório que alcança o canal facial na parede mastóidea. Direcionando-se ínfero-látero-posteriormente, a fóssula ainda se apresenta de forma e dimensões variáveis. Seu eixo maior (vertical) mede de 1,5 a 3,0 mm e o menor (ântero-posterior), de 0,6 a 1,6 mm. Internamente à fóssula se localiza a janela da cóclea, oval e obliterada pela membrana secundária do tímpano, cujo diâmetro varia entre 1,2 a 1,5 mm.
Figura 5 - Secção frontal da fóssula da janela do vestíbulo (FV); E = base do estriba L4 = ligamento anular do estribo; NT = nervo timpânico,- P = promontório, V = vestíbulo.
Figura 6 - Secção frontal do estribo (E) e canal facial (CF) onde se nota grande área de deiscência (D). B = bigorna; NF = nervo facial.
O canal facial (Fig.4) - proeminência óssea e tubular - mede aproximadamente 3,5 mm de extensão por 0,7 mm de diâmetro; comumente apresenta deiscências na face voltada para a fóssula vestibular (Fig. 6). Quando ocorrem pontos defectivos na sua parede, o nervo facial fica apenas protegido pelo mucoperiósteo da cavidade timpânica.
Na parem posterior, comumente desprovida de acidentes, se localiza o orifício de emergência do tendão do músculo estapédio - no ângulo formado pela união do canal facial com a orla superior do promontório. Na mesma parede se situam, ainda, o orifício e o sulco do nervo corda do tímpano que cruza, póstero-anteriormente, a cavidade timpânica (Fig. 7).
Figura 7 - Cavidade timpânica direita após a remoção da membrana do tímpano. Nota-se a cadeia ossicular. O nervo corda do tímpano (NCT) atravessando a cavidade.
B = bigorna; FC = fóssula da janela da cóclea; M = martelo; NT = nervo timpânico; P = promontório; TE = tendão do músculo estapédio.
Figura 8 - Cavidade timpânica direita e recesso epitimpânico (RE) exposto. M = martelo; NT = nervo timpânico, P=promontório; R = ramo curto da bigorna na fossa da bigorna a seta indica a comunicação da cavidade timpânica (recesso epitimpânico) com o antro mastóideo.
Figura 9 - Exposição da cavidade timpânica e do segmento mastóideo do canal facial contendo a nervo facial (NFj, a artéria estilomastóidea (A) e o músculo estapédio (ME); NCT = nervo corria do timpanoç P = promontório, TT = tendão do músculo tensor do tímpano.
A transição da parede posterior para a medial se faz, de modo contínuo, através de uma placa óssea que a une ao canal facial. Tal disposição delimita a fossa da bigorna que aloja o ramo curto da bigorna (Fig.8).
Iniciando-se ao nível do segundo joelho, o segmento mastóideo do canal facial se mostra nitidamente proeminente, principalmente quando visto pelo antro. Nesta porção o canal está cercado por células da mastóide, que facilitam, sobremaneira, sua identificação (Fig.9). O canal, com características peculiares, aloja um complexo neuromiovascular, ou seja: o nervo facial, o músculo estapédio e a artéria e veia estilomastóideas, unidas entre si por tecido conjuntivo frouxo (Figs. 9, 10 e 11).
Acima da fossa da bigorna (Fig. 8) encontra-se a passagem tímpano-mastóidea (ádito do antro) que conduz a um sistema de cavidades (células mastóideas); entre estas se localiza uma célula maior (antro mastóideo), de formato irregular, compreendida entre a escama e o rochedo do temporal e que estabelece continuação direta e imediata com o ádito do antro (Fig. 11).
A parede inferior, com concavidade voltada para a cavidade do tímpano, consiste de uma lâmina óssea, fina e lisa, que se estende transversalmente desde a parte mais baixa do promontório até o ãnulo timpânico e compreende o espaço existente entre a borda inferior da fóssula da janela da cóclea e o óstio timpânico da tuba auditiva, póstero-anteriormente.
Na sua metade anterior observa-se a bula petrosa, ou seja, uma elevação arredondada, lisa (externamente) e pneumatizada (internamente), que se localiza retroventralmente à região petrosa e à cavidade do tímpano, da qual está separada por uma delgada lâmina de osso compacto.
Figura 10 - Secção transversal do segmento mastóideo do canal facial contendo o nervo facial (NFj e o músculo estapédio (ME).
Figura 11 - Exposição da cavidade timpânica esquerda (bigorna retirada), do segmento mastóideo do canal facial e do antro mastóideo. Observa-se o nervo facial (NF) e o músculo estapédio (ME) ocupando o mesmo canal. A = antro mastóideo; E = estribo,, FC = fóssula da janela cóclea; M = martelo; P = promontório.
A bula se relaciona com a base do occipital (medialmente), com o ânulo timpânico ao qual adere (látero-superiormente), com a fossa jugular e forame carótico (posteriormente), bem como com o canal carótico - que corre no ângulo formado entre a parede inferior e o promontório (Fig. 12).
As células internas da bula apresentam comunicações entre si e com a cavidade do tímpano, através de um orifício que se abre próximo ao óstio timpânico da tuba auditiva (Fig. 13).
Figura 12 - Cavidade timpânica esquerda. Observa-se a proeminência provocada pelo canal carótico (CC). B = bigorna FC = fóssula da /anela da cóclea; M = martelo, P = promontório; SC= semicanal do músculo tensor do tímpano.
Figura 13 - Cavidade timpânica esquerda com a tuba auditiva (TA) aberta. Nota-se também o óstio de comunicação com a bula timpânica (BT). CC = canal carótico; M = martelo; NCT = nervo corda do tímpano; P = promontório; SC = semicanal do músculo tensor do tímpano.
A parede anterior apresenta o óstio da tuba auditiva, o semicanal do músculo tensor do tímpano e o nervo corda do tímpano.
O óstio tubário se relaciona com o semicanal do músculo tensor do tímpano (superiormente), com a bula petrosa (inferiormente), com o canal carótico (medialmente) e com a lâmina óssea que, projetando-se da parede anterior, une a bula petrosa ao ânulo timpânica (lateralmente). A tuba, cilíndrica e um tanto retilínea, intercomunica a nasofaringe à cavidade do tímpano; origina-se na porção látero-superior da faringe - através do óstio faríngeo da tuba - e, após percorrer súpero-lateralmente a base do crânio, penetra na parede superior da bula timpânica. A partir deste ponto a tuba aumenta de diâmetro para, finalmente, se abrir na parede anterior da cavidade timpânica.
Com estruturação condromembranácea (terço posterior circundado pelo osso bular), a tuba auditiva mostra uma angulação de cerca de 100 em relação ao plano transversal e desvia-se lateralmente de 300 em relação ao plano sagital.
Em animais adultos da espécie ora estudada, a bula mede aproximadamente 17 mm de comprimento, dos quais 10 num são pré-bulares e 7 mm intrabulares; sua espessura é de cerca de 1 nem no trecho extrabular, diminuindo gradativamente para formar o segmento intrabular.
A parede superior é a mais irregular das paredes que delimitam a cavidade do tímpano e separa esta cavidade da fossa média do crânio. Sua descrição é dificultada pela presença e disposição das células pneumáticas do epitímpano. Todavia, pode afirmar-se que essa parede (não raramente apresentando pequenos pertuitos) está formada por duas lâminas ósseas que, envolvendo ascélulas, mede cerca de 1,2 num de espessura.
Acima da cavidade geral do tímpano se situa o recesso epitimpânico ou ático; trata-se de um espaço amplo e de contorno irregular que, súpero-posteriormente, apresenta uma passagem (ádito do antro). Esta comunica o recesso com o antro mastóideo (Figs. 8 e 11).
Além disso, o recesso contém, imediatamente abaixo do ádito do antro, a fossa da bigorna; esta, uma expansão posterior onde se localiza o ramo curto do ossículo homônimo (Fig.8).
Sendo projeção da cavidade timpânica que alcança a parede superior (ou tegmentar), o recesso epitimpânico tem por limites o rochedo e o canal semicircular lateral (medialmente), a dupla lâmina óssea da porção escamosa do osso temporal, na qual se funde o ângulo timpânica (lateralmente).
Considerável área do recesso está ocupada pela articulação incudomalear que, de certo modo, restringe sua continuidade com a cavidade do tímpano propriamente dita.
A cadeia ossicular (Figs. 7 e 8) é constituída por três ossículos - a martelo, a bigorna e o estribo, que, em conjunto, pesam cerca de 10 mg.
Tais ossículos (Fig. 14) são sustentados na cavidade timpânica por meio de delgados ligamentos, bem como pelos músculos próprios, quais sejam: o músculo tensor do tímpano e o músculo estapédio.
Martelo: este ossículo mede cerca de 5 mm de comprimento e pesa aproximadamente 3-4 mg, apresentando nitidamente a cabeça, o colo, o manúbrio e o processo anterior. Seu processo lateral é pouco desenvolvido e, portanto, de difícil identificação.
A cabeça, porção dilatada, corresponde a aproximadamente 1/3 do comprimento total do ossículo e se situa acima do rebordo da membrana do tímpano, oculta no recesso epitimpânico (Figs. 8 e 12). Exibe ampla face articular, limitada por uma orla nitidamente de formato semilunar, voltada para trás e para dentro da cavidade do tímpano.
Figura 14 - Ossiculos isolados. E = estribo; B = bigorna; M = martelo.
O colo possui espessura menor do que a da cabeça; contudo, não mostra estrangulamento. Sua face externa corresponde, em projeção, à borda superior da membrana do tímpano, enquanto a face interna, na maioria dos casos, se avizinha do nervo corda do tímpano (Figs. 7 e 8). Na transição entre a cabeça e o colo, porém mais próximo da primeira, nasce o processo anterior do martelo. Este é longo, bem afilado, mede cerca de 1,5 mm de extensão e sobre ele se fixa o ligamento anterior do martelo.
O manúbrio representa a roxímadamente 2/3 da extensão total do martelo afilado, ligeiramente recurvo e de concavídade voltada para o lado do meato acústico externo. Sua extremidade de união com a membrana do tímpano é, quase sempre, em formato de espátula. A superfície de corte (secção transversal) o manúbrio apresenta formas diferentes, que passam de circular a elíptíca ou, ainda, irregular na extremidade. Sua face interna exibe uma diminuta rugosidade vertical, de difícil identificação, que representa o sítio de inserção do tendão do músculo tensor do tímpano.
A fixação da membrana do tímpano ao martelo se faz apenas na extremídade dilatada do manúbrio; o restante está unido, indiretamente, ao manúbrio, por uma ténue prega mucosa que se estende do umbigo do tímpano até o colo do martelo (Fig. 3).
Bigorna: situada posterior e internamente ao martelo apresenta corpo e dois ramos: um curto e outro longo. Pesa em média 4,8 mg
O corpo tem forma aproximadamente cúbica, com sensível achatamento transversal, exibindo, assim, duas faces: uma externa (quase plana) e outra interna (com certa depressão central). Na extremidade anterior, prolongando-se em parte da face externa, encontra-se uma área escavada semelhante a um dente bícúspide - para a articulação com a cabeça do martelo.
O ramo curto ocupa a fossa incudai, na qual está fixo por um débil ligamento; tem forma cônica com ponta afilada e mede 1 mm (Fig. 8). O ramo longo é mais fino do que o anterior e mede 1,8 mm; sua extremidade livre é curva, caracterizando o processo lentícular. Neste, observa-se a face articular para a cabeça do estribo.
Figura 15 - Parede medial da cavidade timpânica esquerda.
CF = canal facial; FC = fóssula da janela da cóclea; JV = janela do vestíbulo; P = promontório, TA = tuba auditiva; TT = músculo tensor do tímpano, canais semicirculares lateral (SL) e posterior (SP).
Estribo: pesa em média 0,7 mg, é frágil e exibe cabeça, dois ramos e a base. A cabeça apresenta um topo côncavo que constitui uma fóvea articular destinada ao ramo longo da bigorna. Os ramos partem diretamente da cabeça, como lâminas de espessura irregular e escavadas internamente. Não existe um colo típico. Na face posterior da cabeça do estribo se insere o tendão do músculo estapédio, ponto em que sua função muscular determina a formação de uma pequena área rugosa.
Os dois ramos se apresentam mais largos em ambas as extremidades, ou seja, junto à cabeça e à base. Nas porções centrais são mais estreitados e fracos e, comumente, o ramo posterior é mais fino do que o anterior.
O estribo mede cerca de 1,8 mm de altura, enquanto a base mede em média 1,6 mm e 0,7 mm nos seus eixos ántero-posterior e transversal, respectivamente.
De modo geral, a base é mais espessa do que os ramos. Suas extremidades (ou pólos) são arredondadas, a borda superior é arqueada e a inferior é, quase sempre, retílíneà. Os ramos e a base delimitam entre si um amplo orifício de formato irregular - o forame obturado. A base oclui a janela vestibular, em cuja periferia se fixa por meio do ligamento anular. Este é constituído por tecido conjuntivo de delgadas fibras colágenas, muito resistentes e que se dirigem da periferia da base até a margem da janela, de modo a constituir a síndesmose vestíbulo-estapédía (Fig. 5).
O músculo tensor do tímpano é pequeno, fusíforme, com cerca de 9 mm de comprimento e se situa, na sua maior extensão, em um semicanal ósseo localizado superiormente à tuba auditiva (Fig. 15). Origina-se na parede superior da porção cartilagínea da tuba (no ângulo dado peias porções petrosa e escamosa do osso temporal) e no segmento do esfenóíde próximo àquele ângulo. A partir dessa origem as fibras do músculo se dirigem obliquamente para cima, para fora e para trás, contornam a borda súpero-íntema da tuba e, já tendo constituído o seu tendão, este alcança a cavidade do tímpano após se refletir ao nível do processo cocleariforme (Fig. 9). Depois desta reflexão de 900, o tendão deixa o semícanal para inserir-se na face interna do terço médio do manúbrio do martelo.
0 músculo estapédio, associado ao estribo, conforme já exposto, ocupa o segmento mastóideo do canal facial juntamente com o nervo facíal, a artéria e a veia estilomastóideas (Figs. 9, 10 e 11). Mede cerca de 5 mm de comprimento, sendo que o tendão livre mede aproximadamente 1,8 mm e emerge na cavidade por um pequeno orifício situado no pólo posterior da fóssula da janela do vestíbulo. No C. apella não se forma a eminência piramidal, e a única separação entre o nervo e o músculo ocorre próximo à emergência do tendão, onde o septo ósseo estabelece a distinção entre dois compartimentos do canal facial: um neural e outro muscular.
Os ligamentos, que juntamente com os músculos próprios constituem os elementos de fixação e sustentação dos ossículos, estão associados à bigorna e ao martelo, sendo possível, pela microdíssecção, isolar dois deles relacionados à bigorna e três ao martelo.
Os ligamentos da bigorna são: um posterior e outro superior. 0 primeiro fixa o ramo curto desse ossículo à fossa da bigorna (localizada na transição do recesso epítimpânico para o antro, imediatamente acima do canal facial); o segundo é muito fino e prende o corpo da bigorna ao teto da cavidade do tímpano.
Com o martelo estão relacionados os ligamentos superior e anterior. 0 primeiro também é fino, formado de conjuntivo frouxo quase transparente, e fixa a porção mais alta da cabeça ao teto da cavidade; o segundo, mais resistente, põe em conexão o processo anterior do ossículo (que está totalmente envolvido pelas fibras conjuntivas) com a parede anterior da cavidade (logo acima do sulco timpânico). 0 terceiro, o ligamento lateral, de difícil identificação no C. apella, apresenta aspecto triangular, com seu ápice fixo ao colo do martelo e sua base à porção timpâníca do osso temporal.
O nervo corda ab tímpano, ramo do nervo facíal, usualmente deixa o canal antes do nervo facial ultrapassar o forame estilomastóídeo. Abandonando o canal, o nervo corda do tímpano - após percorrer um curto canalículo que lhe é próprio - ganha a cavidade do ouvido médio através de um diminuto orifício situado medíalmente ao ânulo timpânico e na parte ínfero-externa da fina lâmina que se projeta ma parede posterior (Figs. 7, 8 e 9). A partir desse ponto, este nervo transita por um sulco existente na superfície externa dessa lâmina, deixa o sulco ao nível de um plano que passa no terço superior do cabo do martelo, atravessa a cavidade - aplicando-se ao terço superior da face medial do martelo - e caminha, então, em direção à parede anterior (paralela e inferiormente ao ligamento anterior do martelo). Atinge, finalmente, a parede anterior da cavidade e, por um sulco nela existente, desce até alcançar o canalículo anterior, através do qual deixa a cavidade timpânica.
O nervo timpânico penetra na cavidade homônima através de um canalículo que se situa no assoalho, próximo à parede labiríntica; corre, a seguir, por um sulco que comumente contorna a orla da fossa da cóclea, assume direção paralela à borda do vestíbulo para, finalmente,se ramificar sobre o promontório (Figs.7 e 8).
Discussão
A cavidade timpâníca do Cebus apella, nos seus aspectos anatômicos gerais, é extremamente semelhante à do homem e dos demais antropóídes, entretanto, algumas características particulares foram observadas.
0 ânulo timpânico obedece à mesma construção descrita para os demais cebideos (Napier & Napier, 1967), sendo ainda quase idêntico ao do Cebus nigrfvittatus (Hershkovitz, 1971). É, porém, sensivelmente diferente da do homem, pois, no C. apella, o sulco timpânico é mais nitidamente acentuado.
Se para o Ateles a membrana do tímpano apresenta angulação de 470 em relação ao eixo longitudinal (Hill, 1962), tal inclinação no C. apella apresentou ligeiras oscilações em torno de 300 - idêntica, portanto, ao que ocorre no chimpanzé (House et alai, 1966).
A inserção da membrana do tímpano no sulco do ânulo timpânico se faz á expensas de tecido fibrocartilagíneo. Na porção superior do ânulo, onde este é interrompido, o conjuntivo é mais frouxo devido à parte flácida da membrana. Esta,'de difícil identificação, à simples inspeção, difere da do homem, no qual é possível distinguir-se, facilmente, a pars flacida da pars tensa.
No C. apella a fixação da membrana ao martelo se faz de maneira firme apenas na extremidade do manúbrio, sendo que, a partir deste ponto e até o colo, somente uma prega mucosa une o manúbrio à membrana, de modo similar ao que ocorre no homem (Graliam et alii, 1978).
A membrana do tímpano desta espécie mede cerca de 7,5 e 6,5 mm nos eixos súpero-inferior e ântero-posterior, respectivamente. É, portanto, menor do que a do rhesus, que mede aproximadamente 9 mm em ambos os diâmetros (Saad et alii, 1982) e menor do que a do chimpanzé, que, de acordo com House et alii (1966) mede 9 mm no eixo transversal e 8,5 nrrn no eixo vertical; é também menor do que a membrana humana.
Ainda no C. apella, podemos notar que a forma da membrana do tímpano se modifica com o evolver da idade, sendo elíptica nos animais jovens e aproximadamente circular nos adultos.
A parede medial apresenta duas depressões, a fóssula da janela do vestíbulo e a fóssula da janela coclear, o que já havia sido demonstrado por Toledo et alai (1978). Difere, pois, do Cebus nigrivittatus - como mostra Hershkovítz (1971) - que possui o seio do tímpano semelhante ao do homem. A janela do vestíbulo é similar à humana; tem os mesmos limites com exceção do pólo posterior, que, no C. apella, não apresenta eminência piramidal e cujo fechamento posterior da fóssula é dado pela extensão da orla superior do promontório, a qual separa completamente as duas fóssuas. As medidas da fóssula alcançaram em média 2,5 mm no eixo transversal, 1,3 mm no eixo vertical e 0,5 mm de profundidade. Estas dimensões correspondem ás fóssuas pequenas do homem, segundo classificação de Zorzetto (1970).
A fóssula da janela da cóclea é relativamente regular, delimitada pela orla do promontório e pela parede posterior. Nela não ocorrem acidentes como no homem, isto é, as projeções do complexo estiloldal descrito por Proctor (1969); também não ocorre o processo estapedial encontrado em outras espécies do gênero, conforme noticia Hershkovítz (1971).
No C. apella a porção timpinica do canal facial mede aproximadamente 3,5 mm de extensão e 0,7 mm de diâmetro e constitui o limite superior da fóssula da janela do vestíbulo. Este canal abriga o nervo facial e ramos da artéria e veia estilomastóideas. A parede óssea é fina e, freqüentemente, deiscente. Deiscências já foram relatadas nos prossímios (Kelemen, 1977) e são muito comuns no homem (Guild, 1949; Derlackí et alii, 1957; Cawthorne, 1957, a eb; Shea, 1958; Kaplan, 1960; Anson, 1961, e Zorzetto et alai, 1969); porém, não foram observadas no Mesus por.Saad et alü (1982).
A parede posterior difere da do Cebus nigrivittatus, como mostra Hershkovitz (1971), de vez que não possuí o processo estapedíal nem a eminência piramidal, assim como da do homem, pela ausência da eminência.
A porção mastóidea do canal facial, perfeitamente identificável quando visto pelo antro, aloja, além do nervo facial, também a artéria e veia estilomastóideas e o músculo estapédío, mantendo uma inter-relação estrutural já observada por Zorzetto et alii (1978).
Ó ventre do músculo estapédío ocupa inteiramente esse segmento do canal facíal, não havendo, no C. apelta, um compartimento específico como acontece no homem, fato este notavelmente estudado por Piatzer (1961).
A parede inferior é lisa e sem acidentes; relaciona-se, na metade rostral, com a bula petrosa de modo semelhante ao citado para todas as famílias dos prossímios - características também encontradas nas famílias do novo mundo (Napier & Napier, 1967). Esta bula se comunica com a cavidade do tímpano através de uma abertura localizada próximo ao óstio timpânico da tuba auditiva coincidindo com observações feitas no rhesus por Doyle & Rood (1979).
A parede anterior difere da do homem no que se refere ao canal carótíco. Este, no C. apella, se caracteriza como proeminência, enquanto no homem tal disposição só excepcionalmente ocorre. Na espécie em estudo o canal carótico está situado entre a cavidade do tímpano e a bula tímpâníca, além de a parede do canal ser constituída por uma tênue lâmina óssea relacionada com o primeiro giro da cóclea. Esta relação se faz de modo íntimo no babuíno (Kelemen, 1972), havendo casos em que a separação entre as duas estruturas é feita, apenas, pela` camada periostal. No sagüi (Kelemen, 1966) a artéria carótída interna se localiza no interior da conspícua parede óssea da cápsula coclear. No,G apela não ocorrem deiscências no canal carótico como as 'descritas no rhesus (Saad et alü, 1982).
A parede superior é regular e separa o recesso epitimpânico da fossa média do crânio. Mede cerca de 1,2 mm de espessura e comumente apresenta pontos defectivos que estabelecem comunicações entre as cavidades do tímpano e craniana, a exemplo do que ocorre no homem com relativa freqüência.
Embora a cadeia ossícular do ouvido médio do C. apela tenha disposição e aparência similares à humana, seus ossículos apresentam sensíveis diferenças anatômicas quando examinados isoladamente. Assim, o martelo do C. apella mede cerca de 5 mm de comprimento, enquanto o do rhesus mede 6 mm (Saad et alii, 1982) e o do homem varia de 8 a 12 mm (De Vincentíís & Cimino, 1957). A cabeça desse ossículo, bastante dilatada e com ampla face articular destinada à bigorna, exibe em oposição à face articular uma pronunciada tuberosidade. A cabeça é mais irregular do que a humana e o seu eixo está em continuação com o corpo, a exemplo do que acontece no Alouatta seniculus, conforme descrito por Doran (1982) e citado por Hill (1962).
A nível da transição colo-cabeça destaca-se o processo anterior ou longo, com cerca de 1,5 mm de extensão. O processo lateral ou curto praticamente inexiste no C. apella. O manúbrio correspondente a aproximadamente 213 do comprimento total do martelo; sua extremidade é espatuliforme e recurvada para o lado da membrana do tímpano.
A bigorna se assemelha à humana e à do rhesus, excluindo-se os aspectos ponderai e métrico. Seu corpo não permite uma delimitação precisa, e o ramo curto deste ossículo mais parece um apêndice do corpo do que uma formação em si.
A face articular do corpo se estende desde a parte anterior até a face lateral do ossículo e ocupa uma área proporcionalmente maior do que aquela que ocorre na bigorna humana (De Vincentiis & Cimino, 1957). Por outro lado, o ramo longo se destaca bem do corpo, é mais fino e mede 1,8 mm de comprimento. 0 ângulo interno, formado pela convergência dos ramos, é de aproximadamente 900, semelhante ao observado no rhesus (Saad et aíii, 1982) e, portanto, menor que o adulto humano cujo valor médio é de 95,10° (De Vincentlis & Cimino, 1957).
0 estribo do C. apella é uma estrutura débil e mede 1,8 mm de altura contra 2 mm do rhesus e 3,61 mm do estribo humano. No C. apella não existe um colo típico no estribo, em cuja face posterior se insere o tendão do músculo estapédio, ponto em que determina a formação de uma diminuta saliência rugosa semelhante ao que ocorre no rhesus (Saad et alii, 1982) e que é diferente do descrito no homem, onde se pode observar pequena depressão, embora sempre nitidamente identificável (De Vincentiis &Cimino, 1957).
A medida da base do estribo é em média 1,6 mm e 0,7 mm nos eixos ântero-posterior e transversal, respectivamente, sendo aproximadamente igual à observada no rhesus (Saad et alii, 1982).
Quanto aos ligamentos, poucas são as diferenças morfológicas presentes, quando em comparação com as do ouvido humano e do rhesus.
0 mais consistente dos ligamentos - o anterior do martelo - tem, no C. apella, disposição e consistência semelhantes aos descritos para o homem, por Bossy & GaWard (1962/63), Burch (1966), Couly & Hureau (1976), e para o rhesus (Saad et alii, 1982).
Os ligamentos lateral e superior do martelo, assim como o superior e o posterior da bigorna, se assemelham ao descrito para o homem e para o rhesus.
O músculo tensor do tímpano é pequeno, fusiforme, com cerca de 9 mm de comprimento; aproxima-se do do rhesus, que é de 9,5 mm (Saad et alii, 1982), e se situa, na sua maior extensão, em um semicanal ósseo localizado superiormente à tuba auditiva. 0 semicanal termina próximo ao pólo anterior da fóssula da janela do vestíbulo, aí formándo o processo cocleariforme. Neste ponto, o tendão do músculo se reflete em direção ao manúbrio do martelo, onde se insere. 0 sítio de reflexão do tendão é reforçado por uma concentração de tecido conjuntivo, à semelhança do que é descrito para o rhesus, que possui, na mesma área, uma polia de reflexão (Bast, 1961, e Saad et alii, 1982).
0 músculo estapédio do C. apella ocupa o canal facial juntamente com o nervo facial e os vasos estilomastóideos - característica relatada por Zorzetto et alii (1978). Difere, porém, da descrição feita para o homem no qual, segundo Platzer (1961), o canal e a eminência constituem dois compartimentos intercomunicantes. No C. apella, entretanto, não se forma a eminência piramidal descrita no rhesus (Saadet alii, 1982) e, conseqüentemente, o músculo estapédio, juntamente com o nervo facial, dividem o segmento mastóideo do canal facial.
A porção ocupada pelo nervo corda do tímpano é bastante semelhante à observada para o homem. Todavia, há casos em que o nervo ao atravessar a cavidade, desde o "iter chordae posterios até o iter chordae anterius" (Anson et alii, 1972), situa-se em posição mais baixa no C. apella, ou seja, mais próximo ao umbigo do tímpano. Por seu turno, o nervo timpânico é sempre bem visível no C. apella, principalmente seu ramo posterior que transita sobre a fóssula da janela da cóclea ou, ainda, sobre o septo que separa as duas fbssulas, coclear e vestibular.
Summary
Microdissections and histological techniques were adopted to study the general morphology of the midcge ear of tufted capuchin monkey Cebus apella The results were correlated with those described in man and in some primates. Several anatomical similarities were observed and so those findings suggest that this animal is an excelent mo del for experimental investigations.
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1 - Professor Asslstente Doutor de Anatomia e Exterior dos Animais Domésticos. IBBMA/UNESP/Campus de Botucatu.
2 - Professor Titular de Anatomia Humana. IBBMA1UNESP/Compus de Botucaiu.
3 - Professor Titular de Anatomia Comparada. IBBMAJUNESPI Campus de Botucatu.