Versão Inglês

Ano:  1984  Vol. 50   Ed. 1  - Janeiro - Março - ()

Seção: Síntese

Páginas: 38 a 38

 

Symposium an Encblynphafc Hydrops

Autor(es): Roberto Martinho da Rocha.

Symposium an Encblynphafc Hydrops. Spector, G. J. (Moderator). Laryngoscope, 93: 1408, 1983.

O Simpósio, realizado em janeiro de 1983, no Meeting da American Laryngological, Rhinological and Otological Society, é a atualização do controvertido capítulo da hidropisia labiríntica ou Doença de Ménière.

A causa determinante da doença e o tratamento mais adequado permanecem como assunto em debate.

O simpósio foi coberto por trabalho de Míchael Paparella, sobre a relação do Ménière com otite média crônica, tendo mais quatro trabalhos versando sobre o tratamento cirúrgico para controle dos sintomas da hidropisia endolinfática.

Síndrome de Ménière pode evoluir como conseqüência de otite média. Hipropisia endolinfática pode suceder a labirintite e casos patológicos são apresentados, relacionados com mastoidite na infância. A doença pode propagar-se através da janela redonda e pode também produzir alterações no saco e dueto endolinfáticos. Enzimas e outros produtos derivados de otítes médias modificam a composição da endolinfa e influenciam no mecanismo de equilíbrio da produção e absorção endolinfáticas.

Em todos os casos de Ménière há que ser feita diferenciação entre síndrome de Ménière, onde a causa pode ser identificada, e doença de Ménière, de etiologia ignorada (Paparella, M. M. et. aL : Ménière's Syndrome and Otitis Media) Thane Cody, criador da Operação da Tacha (Tack Operation), analisa pacientes submetidos à sua intervenção para tratamento de vertigem incontrolável clinicamente, produzida por hidropisia endolinfátíca idiopática. Seus pacientes, atendidos na Clínica Mayo, foram acompanhados, com índice de 79% de vertigem controlada e com audição melhorada em 66% dos casos. Surdez nervo-sensorial foi observada em 34% dos operados. Para Cody, sua intervenção deve ser escolhida para a doença. Relata mínimas complicações pós-operatórias e ausência de complicação grave. Segundo ele a cirurgia não produz depressão na função labiríntica. Os resultados que obteve com o shunt endolinfático foram. maus: nulos ou com piora dos sintomas. A longo prazo apenas 35% dos casos tiveram alívio da vertigem. Só 23% ficaram inteiramente livres de vertigens e esses eram casos de vertigem discreta antes da intervenção. Quanto à audição, os resultados do shunt e da tack se equivalem:
46% sem alteração, 20% com alguma melhora e 34% com piora da audição. Na tack a perda auditiva é observada logo após a operação, por trauma, mas lembra que no shunt também há o mesmo tipo de prejuízo. Nas intervenções do saco endolinfático há perda complementar da audição alongo termo, de forma progressiva. (Cody, D. T. R.: Tack Operation for ldiopathic Endolynphatíc Hydrops: An Update).

James Brown lembra que a Doença de Ménière é de etíologia ignorada e a terapia, tanto empírica como controvertida. Os objetivos do tratamento são a preservação auditiva e a supressão da vertigem. Na sua apreciação de cerca de 5.000 casos, o tratamento clínico foi eficiente em cerca de 85% dos doentes, sendo 15% operados.

Resume a eficácia de cada tipo de atendimento. 0 tratamento clínico foi dirigido para a dieta sem sal, diuréticos, vasodilatadores, anfeméticos, sedativos, tranqüilizantes e psícoterapia de apoio.

Cirurgia do saco endolinfático e labirintectomia foram aplicados nos casos incontroláveis. Quando a cirurgia do saco não controla a vertigem, em pacientes com boa audição, está indicada a secção do nervo vestibular pela via da fossa média.

Na operação do saco o melhor resultado estatístico foi em favor da descompressão, sem abertura do saco. 0 saco não foi aberto em razão da dificuldade de localizá-lo em mastóides ebúrneas.

A operação do saco se destina a casos com audição útil e flutuante. A labírintectomía é para Ménière sem audição ou com surdez profunda. A intervenção melhor não é a realizada pela janela oval, mas pela mastóide, com remoção de todo conteúdo labiríntico. Se a vertigem persiste, o recurso é a secção do nervo vestibular pela fossa média (Brown, J. S.: A tem Year Statistical Follow-up of 245 Consecutive Cases of Endolynphatíc Shunt and Decompressíon wíth 328 Consecutive Cases of Labyrinthectomy).

Robert Goldenberg observa que o shunt endolinfático pela via da mastóide parece o melhor método de tratamento para Méniére refratário às medidas clínicas. Obteve alívio da vertigem em 81%Q de seus operados, com baixo índice de complicações e ausência de perda da audição. O momento cirúrgico depende de séria incapacidade do paciente, mas deve ser aplicada intervenção antes que se instale surdez acentuada. Sua técnica é da abertura do saco com a colocação de fragmento de "Süastic" comunicando o saco com a cavidade da mastóide. Nos fracassos, indica a labirintectomia e, menos freqüentemente, a secção do nervo vestibular pela fossa média.

Os resultados da simples descompressão do shunt subaracnóídeo e do shunt mastóideo são semelhantes (Goldenberg, R. A. et al.: Endolynphatic Mastoid Shunt for Treatment of Ménière's Disease: A Five Year Study).

Na discussão, Paparella menciona a possibilidade da atuação nociva do médico pelo pouco que se conhece da doença de Ménière. Por isso recomenda tratamento clínico prolongado, não só porque costumam ocorrer longos períodos de remissão dos sintomas, mas também porque não é raro a doença evoluir para bilateralidade.

Recorda que um terço dos casos de síndrome de Ménière têm como causas mais comuns o trauma, a otite média, a sífilis e a otosclerose.

Ainda nos comentários, Eugene Derlacki fala da peculiar coincidência de índices de sucesso de 87% dos casos apontados pelos mais diversos otologistas, a propósito de todos os tipos de tratamento.

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