Versão Inglês

Ano:  1985  Vol. 51   Ed. 1  - Janeiro - Março - ()

Seção: Artigos Originais

Páginas: 39 a 41

 

HISTOPATOLOGIA DO OSSO TEMPORAL

Autor(es): ZENSHI HESHIKI-1

Palavras-chave: Histopatologia do temporal; patologia de temporal; ossos temporais patologia de ouvido

Keywords:

Resumo:
Estudaram-se 592 temporais humanos de 306 pessoas de ambos os sexos e idades variáveis de zero a 92 anos Os temporais removidos foram fixados em formol e preparados para estudo histopatológico pelo método da eeloidina e corados com hematoxilina e eosina. Somente 18% dos temporais foram considerados normais Grande número deles apresentavam múltiplos processos patológicos, destacando-se o SOM, COM e hemorragia. Estudou-se também a distribuição desses processos patológicos de acordo com a faixa etária.

Introdução

O primeiro banco de osso temporal dos EUA foi criado por H.P.House em 1957 (8). Em 1959 foi criada a Deafness Research Foundation, dirigida por Lindsay (9), que procurou estimular a instalação de outros centros com as seguintes finalidades:
a. instalar laboratórios integrados para preparar temporais;
b. implantar um centro para coordenar todos os laboratórios regionais;
e. desenvolver centro unificado para possibilitar a coleta e coleção de material patológico.

Foram instalados os centros regionais nas seguintes localidades: Johns Hopkins University (Baltimore), University of Chicago, Baylor College of Medicine (Houston) e na University of California (Los Angeles). Estes bancos regionais tinham como objetivos:

1. aprimorar conhecimentos sobre a patologia dos sistemas auditivo e vestibular;

2. estimular a instalação de laboratórios com condições de preparar ossos temporais e cérebros humanos acometidos de processos patológicos;

3. criar centro para coleção de temporais patológicos para ser utilizado no ensino de residentes e no preparo de candidatos à especialidade;

4. criar núcleos de aprendizagem da técnica de remoção de ossos temporais para a prática cirúrgica e preparo de material para histopatologia.

Em 1972 foi criado o centro para coordenar os laboratórios regionais, conhecido por The National Temporal Bone Bank Center. Atualmente existem quatro centros regionais e os seus respectivos responsáveis são The Massachusetts Eye & Ear Infirmary, em Boston (H. Schuknecht); The University of Minnesota, em Minneapolis (M. Paparella); The Baylor University School of Medicine, em Houston (B. Alford) e The University of California, em Los Angeles (P. Ward).

No Canadá (4, 5, 6, 7), o primeiro laboratório de osso temporal foi criado em 1969 e instalado na Universidade de Toronto com o auxílio da Province of Ontario Health Resources Development (Secretaria da Saúde). Outro laboratório canadense foi instalado em 1974, na British Columbia University (Vancouver). Estes dois laboratórios canadenses tinham objetivos similares aos dos EUA. Laboratórios com características e objetivos iguais a estes devem existir em outros países, mas não temos conhecimento deles. Também desconhecemos a existência de serviço similar aqui no Brasil, o que seria desejável para ensino e pesquisa.

O presente estudo foi realizado com material da coleção da Universidade de Minnesota (Serviço do Prof. M. Paparella).

Material e método

Os temporais foram fixados em formol, descalcificados, preparados pelo método de celoidina e corados com hematoxilina e eosina (4,10,13). Da coleção disponível, retiramos a série de 1 a 200 e de 400 a 556, totalizando 306 casos.

Destes, em 286 casos foram preparados os dois temporais e em 20 casos somente de um lado, o que totaliza 592 temporais. Detalhes de técnica laboratorial podem ser vistos nas referências 10 e 13.

O diagnóstico foi baseado. em dados clínicos disponíveis, na leitura das lâminas (10 lâminas para cada caso em média) e em alguns casos pelo confronto de relatórios de outros pesquisadores.

Resultados

O diagnóstico histológico de 306 casos (592 temporais) foi o seguinte:


Tabela I

Nota: O número total de temporais examinados foi 592, mas a soma total dos processos patológicos é de 834. Esta aparente discrepância deve-se à presença de múltiplos processos em vários casos.


Tabela II - Distribuição dos achados histopatológicos de 592 temporais humanos de acordo com as faixas estárias



Discussão e conclusões

O estudo histológico de 592 temporais humanos removidos de pessoas com idades variáveis de zero a 92 anos nos permitiu identificar processos patológicos que estão relacionados na tabela 1. A identificação de múltiplos processos num mesmo temporal foi freqüente.

Verificamos pela tabela que em apenas 1/5 dos casos (18,34010) o aspecto histológico foi considerado normal. Conforme a tabela 11, os casos normais foram mais freqüentes nas faixas etárias baixas, atingindo 60010 no grupo de um a 30 dias de vida.


Tabela III - Distribuição de acordo com as faixas etárias (continuação)



Os processos patológicos mais freqüentes foram SOM, COM, hemorragia, presbiacusia, otosclerose, POM, granuloma de colesterol, labirintite e hipertensão do saco endolinfático.

Considerando os vários grupos etários, nota-se que o SOM constitui apenas 10010 na faixa de um a 30 dias, aumentando para 30010 nos grupos acima de um ano de idade. Quanto ao COM, foram identificados 12010 na faixa de um a 12 meses e 15010 no grupo adulto. Destaca-se a ausência de COM na faixa de um a 12 anos. Quanto ao COM, constatou-se em 25010 na faixa de um a 12 meses e 14010 entre um e 12 anos, diminuindo na faixa adulta.

Hemorragia e labirintite foram detectadas em todas as faixas etárias, enquanto a presbiacusia, a otosclerose e a hipertensão do saco endolinfático foram mais evidentes nos adultos.

Como conclusão podemos afirmar que nos primeiros 30 dias de vida cerca de 60% dos temporais estavam livres de processo patológico. Esta proporção diminuiu com a idade, com 30% na faixa de um a 12 meses e 13% acima de um ano de vida.

Dos processos patológicos, cerca de 30% foram constituídos pelo SOM, principalmente nas faixas acima de um ano de vida. O POM foi mais freqüente nas faixas de um a 12 meses e de um a 12 anos. O granuloma de colesterol foi mais freqüente na faixa de um a 12 anos.

Deve-se destacar também que em muitos temporais detectaram-se múltiplos processos associados.

microscopic examination. Only 18% of the material were normal. Many was associated with multiple process, specially the SOM, COM and hemorrhage. The age distribution of the pathologic finding was also carried out.

Résumé

L'auteur a fait une étude de 592 cas dós temporal human, obtenu de 306 personnes avec 0 a 92 ans d'age. Après Ia fixation avec formaline, a emproyé le method de celloidin. La piéce a été seccioné chaque 20 micra et Ia techniqu d'hematoxiline%osine pour 1'étude histologique. Seulement 18% du matériel etait normal. Plusieurs cas presentait 1 ássociation de multiples patologies, sourtout le SOM, COM et hemorragie. L'auteur a étudié aussi Ia distribuition de la pathologie detecté avec 1'age des malades

Summary

A study of 592 temporal bones was made. It was removed from 306 peoples with zero to 92 years old, fixed by formalin and processed with the celloidin method. It was sectioned at 20 micra thickness and stained with hematoxylin/eosin for.

Agradecimentos

Ao Prof. Paparella, pela seu apoio na realização desta pesquisa, colocando-nós o magnífico laboratório à nossa disposição e às técnicas Sherry Lamey, Marylyn Matheny e Noriko Morizono pela valiosa e inestimável colaboração nas várias fases da pesquisa.

Referências

1. EGGSTON,A.A.and WOLFF,D.-Histopathology of the earnose and throatBaltimore,The Williams & Wilkins Co., 1947.
2. FARKASHIDY, J. and HAWKE, M. - The Ontario temporal bone bank program. Canadian J. Otolaryngol., 1:90-94, 1972.
3. FRIEDMAN, 1. - Pathology of the ear. Blackwell Scientific Publ., London, 1974.
4. HAWKE, M.; FARKASHIKY, J. and JAHN, A. - Processing and stainning technique for light microscopic examination of the temporal bone. Canadian J. Otolaryngol., 2:143-150, 1973.
5. HAWKE, M.; JAHN, A. and MENDONÇA, D. - Preparation of a teching museum of temporal bone surgery and pathology. J. Laryngol. Otol, 88(9):893-896, 1974.
6. HAWKE, M.; JAHN, A. and NAPTHINE, D. - Preparation of undecalcified temporal bone sections. Arch. Otolaryngol., 100:366-370, 1974.
7. HAWKE, M. & VAN NOSTRAND, A.P. - The Ontario temporal bone bank program and the University of Toronto temporal bone histopathology laboratory. J. Otolaryngól., 1/13:214-220, 1982. 8. HOUSE, H.P. - Establishment of a temporal bone ear bank. TA.O.O., 66:214-219, 1962.
9. LINDSAY, J.R. - The temporal bone banks for ear research program. TA.O.O., 66:211-213, 1962. 10. SCHUKNECHT, H. E - Pathology of the car. 2nd ed., Harvard University Press Cambridge (USA) London (England), 1976.
11. SILVERSTEIN, H. - Atlas of the human and cat temporal bone. Charles C. Thomas Publ. (Springfield - USA) - Photocopy, 1972.
12. WOLFF, D.; BELLUCCI, R. and EGGSTON, A.A. - Surgical and mi croscopic - anatomy of temporal bone. Hafner Publ. Co., New York, 1971.
13. PAPARELLA, M.M. & SHUMRICK, D.A. - Otolaryngology. 2nd ed., W.B. Saunders Co., Philadelphia, 1980.




Endereço do autor
DR. ZENSHI HESHIKI
Rua Domingos Soares de Barros, 210 18600 - Botucatu-SP

Pubalho realizado com auxilio financeiro do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Proc. n ° 200.838181.

1 - Professor Visitante da Universidade de Minnesota (Serviço de Otorrinolaringologia do Prof. M. Paparella)

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