Versão Inglês

Ano:  1947  Vol. 15   Ed. 1  - Janeiro - Fevereiro - ()

Seção: Notas Clínicas

Páginas: 33 a 34

 

DIFTERIA DO OUVIDO

Autor(es): Dr. RUBENS M. CABRAL

Rio de Janeiro

Em Maio de 1945 o Dr. E. A. nosso colega, cirurgião geral, nos pede para examinar seus ouvidos no Hospital Carlos Chagas onde trabalhavamos então.

Notamos tratar-se de condutos auditivos com epitélio em parte macerado por secreção pouco abundante mas que o obrigava a limpeza constante com algodão montado em palito. Observa o colega que com frequência nota secreção sero-sanguinolenta no material usado com êste fim higiênico.

Ao exame otoscópico não notamos ponto algum erosado, nenhuma solução de continuidade do epitélio; todavia o algodão que usamos para retirada de maceração dos condutos, principalmente à Esq. veio tinto de sangue. Fizemos curativo protetor como habitualmente para os casos de eczema úmido.

A 13-VII-45, passados dois meses aproximadamente, como o colega nos procurasse para novo exame resolvemos pedir exame de laboratório para o B. Löeffler. Colhemos o material que foi enviado ao Dr. Wilson Fragoso. O exame direto nenhum esclarecimento trouxe, a cultura veio mostrar a presença do germe suspeitado.

Fomos induzidos a pensar no b. Klebs Löeffler pela ação que exerce, por si ou pela toxina elaborada pelo mesmo, sabre os vasos sanguíneos trazendo erosão de suas paredes facilitando porisso o extravasamento sanguíneo tão decantado no diagnóstico diferencial das anginas: (Placa diftérica destacada - hemorragia), patogenia essa que acompanha o germe em suas várias localizações no organismo.

Sendo o conduto auditivo externo revestido de pele e não de mucosa fomos levados a procurar esclarecimentos para o nosso caso no estudo da difteria cutânea feito pelo Prof. Dr. Eduardo Rebello Júnior em "Difteria - J. Martinho da Rocha e col. 1937" que muito nos esclareceu a respeito. Ali encontramos a Classificação de H. Biberstein:





Como o nosso caso parece se enquadrar bem na forma eczematoide (epidérmica) vamos transcrever ainda o que lá encontramos:

"Forma eczematoide - Morfologicamente pertence ao tipo do eczema intertriginoso dos antigos e se inicia em geral no sulco retro-auricular, propagando-se depois para a face e pescoço sob a forma de processo éczematoide (isto é, acusando as fazes de rubor; humidade, vesico-pustulação, crostificação e descamação do eczema agudo vulgar). Como as demais, são típicas formas em crianças, raramente em adultos.

O eczematoide diftérico tem decurso crônico e pode sofrer transformação mais grave - ulcerosa, gangrenosa ou pseudomembranosa. Do conjunto da literatura recebe-se a impressão de que a forma eczematoide está raramente acompanhada, seguida ou precedida de outro localização qualquer".

O nosso doente que é médico não se contentou com tratamento local e tomou soro na dose de 30 mil unidades.

Lembrados que estavamos de caso semelhante apresentado a esta Sociedade pelo Prof. Dr. Ermiro de Lima em 5-VI-1942, e que só foi debelado mediante emprego local do soro anti-diftérico, insistimos nêsse sentido, o que foi feito com bom resultado.

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