Versão Inglês

Ano:  1946  Vol. 14   Ed. 5  - Setembro - Outubro - ()

Seção: Notas Clínicas

Páginas: 428 a 432

 

ALTERAÇÕES NASAIS PRODUZIDAS PELO PÓ LIXADO DA MADEIRA CROMADA

Autor(es): Enio, D'Aló Salerno

S. Paulo

OBSERVAÇÕES

Carlos M., 24 anos, brasileiro, solteiro, Cia. Sul América.

Trabalha na mesma sala dos lixadores de madeira cromada. Notou coriza com espirros e cefaléa. Veio á consulta há um mês e meio, e usa o stenzil geleia, três veses ao dia.

EXAME: mucosa da região do locus valsavae, avermelhada numa área de 5 cm, tendo no centro um enduto amarelado em pontos diminutos. Voltou em 4-12-44, com máu cheiro nasal e dor na face.

J. P. O., 24 anos, brasileiro, casado, fábrica Elekeiroz-Varsea.

Queixa: dôr matinal no nariz; ligeira cefaléa com o calor. Secreção gripal há quinze dias.

Histórico: Ao ser examinado em Jundiai, foi notificado que havia urna inflamação.

A circunferência da ferida é atapetada com a mucosa nasal que apresenta espéto normal, lisa e avermelhada.

H. S. G., em tratamento com o Stenzil geléa.

EXAME: Alguns milímetros após a pele do septo há do lado d., hiperemia e substância amarelada aderente á mucosa; do 1. e. diminutas placas perto do locus valsavae.

Uma Observação: Conta que aspira a poeira do lixar da madeira cromada.

Exame: perfuração na parte ant. do septo acima do locus valsavae com o diametro de uma ervilha, rodeada em 1 cm. por placas diminutas e espaçadas. No dia 30-8-44 iniciou o Hipogloss.

Outra observação: Agnelo - não trabalha desde o dia 11-8-44;: apresenta uma perfuração anterior e usa a geléia.

Um fator repete-se nas observações: é o da localização das placas, ulcerações ou material empontilhado, e significa que a ar segue um trajeto determinado na Experiência de Paulsen - retirando a cabeça de um cadaver na altura da traquéa, abriu as cavidades nasais, tapetizou-as com quadradinhos de papel rexativo e reconstruiu-as; fazendo circular vapores de amoníaco por meio de uma respiração artificial verificou que passavam na parte media seguindo uma linha curva, de concavidade dirigida para baixo e apoiando-se sôbre o septo.

OBSERVAÇÃO ESTRANGEIRA: - Na Itália observaram-se lesões das mucosas nasais e das primeiras vias respiratórias devido ás poeiras de eletron (ambar amarelo), consistindo em pequenas úlceras e crostas que se curam rapidamente alguns dias após a cessação do trabalho.

OUTROS ACIDENTES PELO CROMO: - Flandim e Rabeau observaram um paciente (trabalhando em laboratório com vesicantes) que apresentou uma sensibilidade dérmica ao bicromato de potássio.

Rebeau e Ukrainczyk - As dermites dos lavadeiros deve- se á intolerancia ao cromo e ao clóro, pelo emprêgo do bicro-mato de potássio e de água de Javél.

Langelez e Uydenhoef estudaram as dermatites dos trabalhadores de industrias químicas etc., que lidam com compostos de cromo (bicromato de sódio, ácido crômico, bicromato alcalinos, alumem de cromo).

Consideram-nas de importância secundária.

Fabre e Kahane lembram os principais compostos do aço que tem ação tóxica: manganês, cromo, níquel, cobalto, tríngoteno, molybdeno, vanádio, silicium e titânio.

Pollet Delille (Tourcoing) cita lesões graves produzidas pelo ácido cromico a 90% ; semelhando a queratite neurotrofica de mais de um ano, com prognóstico inicial reservado; Contela verificou que os vapores do ácido crômico precipitam em prêto sobre a córnea. A proteção é feita por máscaras e lunetas.

A literatura orienta uma forma comparativa de tratamento profilatico e curativo, com os dermatoses e outras molestias profissionais.

Lane aconselha três métodos de prevenção: propaganda a todas os interessados; cursos especiais aos enfermeiros das Comp.; ensino especial aos médicos especialistas e multiplicação dos centros de documentação. Os recursos financeiros serão angariados com os poderes públicos, companhias de seguros e emprezas. A universidade de Harvard possue um departamento de pesquisas sobre as dermatoses. Graham indica a visita médica aos lugares de trabalho.

Gockowski e Ukrainczyk aconselham: primeiro, o trabalho prático ou revelar a origem da dermite e esta sendo profissional é encarada estando o médico e a fabrica de acordo; segundo, profilaxia por meio de conferencias. reservadas aos técnicos e aos médicos das fabricas em intima colaboração com as escolas profissionais, instituto de trabalho, seguros e instituições sociais; terceiro, trabalhos científicos facilitados pelo grande número de trabalhadores examinados e pela estreita união dos médicos e das fabricas.

Á silicose, Magnin e Conrozier consideram-na evitavel pela humidificação das poeiras das minas.

Na despitelisação corneana dos trabalhadores de sêda, provocada por substancia volatil, David Rankine aconselha a hiper ventilação dos locais de trabalho.

Izauck - os testes nas alergias dermicas seguem 3 classes : a idiosincrasia, com um só positivo; a sensibilidade, com alguns, e, a diatése, com nenhum. A linha de conduta deverá ser diferete na profilaxia, na terapeutica, e talvez no parecer médico legal.

Dainow instituiu um tratamento de sensibilidade em diversos trabalhadores (polidores de madeira e metal) com solução oleosa de vitamina A e D contendo 10.000 unidades internacionais que deu resultado em 20 casos, com 20 ou 30 injeções, ás vezes40,mantendo em alguns por mais de 2 anos.

As injeções apresentaram ás vezes reação local

Gougerot indica três formas de tratamento (nos eczemas profissionais) 1.°) - fase: antiflogisticos em pulverisações e compressas humidas; 2.°) fase: corpos inertes e na 3.°) - fase: redutores.

As ipótese que surgem são diversas, ao imaginar o agente que joga o papel principal: a ação físico química dos poeiras; as particulas com arestas e muito duras podem produzir maior irritação, o que acontece com a sílica e a ardósia, porem o oxído de alumínio mais duro que o quartzo, e, o pó de carvão, duro e de forma irregular são menos nocivos. - Hausser e Assouly observaram que em feridas produzidas pelo dural, o foram pelo magnésio ou pela forma extremamente aguda das particulas.. Porem Feil observou uma dermite semelhando varicela por vapores (oxido branco de antimônio).

A ação quimio toxica: - a do acido cromico é conhecida e usada em terapeutica; a silica dissolve-se lentamente em. substancias colloidais complexas toxicas, porem as mais toxicas são a sericita, mica, amianto talco que são em agulhas ou lametas cortantes. Sternberg admite que a esclerose resulta de uma silicóse, no entanto parece que outras poeiras provocam a esclerose em grau maior. Vigliani frisa que as lesões cutâneas não são especiais ao duraluminium mas a todas as ligas de metais, eletron etc... Jones W. R. estudou biopsias que demonstraram serem, as particulas de sericita mais abundantes no pulmão de um silicótico, concluindo que a silicóse é devida, a sericita ; no entanto tal não acontece com o shisto ardósio rico em sericita, e, outros pós, talco amianto etc., que não contem silicatos, produzem pneumoconiose.

3 - Papél da infeção, principalmente a t. p. - Só quando há exudato fibrinoso é que se forma a esclerose. Uma descarga de liquido com pó na traquéia de um coelho, produzindo exudatos, ao levar os germens traqueiais e brônquicos, é mais nocivo que a inhalação das mesmas poeiras.

"A poeira sem associar-se á infecção não produz a esclerose, parecendo que deva existir um terreno com exudatos afim de que os pós produzam pneumoconióse, mas a tuberculosa não é o intermediário indispensavel: o pulmão normal pode desembaraçar-se das poeiras como dos micróbios pela congestão, diapdése e esclerosa, si o mecanismo fisiologico de eliminação não está prejudicado por infeção ou irritação tóxica adjunta." (Policard.) E a silicóse não prepara o terreno e nem influe na tuberculosa (Magnin e Corozier).

A recetividade, predisposição, defesa própria ou estado das vias eliminatórias do sistema linfático, explicam o porque de indivíduos trabalhando em mesmo ambiente apresentam distúrbios e outros não.

BIBLIOGRAFIA

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1936 - La presse medicale - n.° 81 - Outubro - pg. 153
1936 - La presse medicale - n.° 80 - Outubro - pag. 1.547.
1939 - La presse medicale - n.° 55 - pg. 1.106 e 1.108 (52.° Cong. da sociedade francesa de oftalmologia).
1939 - La presse medicale - n.° 73 - pg. 1.355.
1939 - La presse medicale - n.° 74 - pg. 1.376 - Societé française de dermatologie e sifiligrafie.
1939 - La presse medicale - n.° 76 - pg. 1.401.
1939 - La presse medicale - n.° 77 - pg. 1.425-6 - II.ª jornada internacional de patologia e organisação do trabalho.
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