Versão Inglês

Ano:  1934  Vol. 2   Ed. 5  - Setembro - Outubro - (10º)

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 464 a 481

 

REVISTA DAS REVISTAS - parte 3

Autor(es): Les Annales d' Oto-Laryngologie
N.º 1. Janeiro, 1934.
(Paris)

H. STELLA - Relações entre as reações pupilares e o facial. Pg. 1.

O A. operou de radical uma jovem com otorréa antiga, com dificiencia manifesta do facial, e no qual a instilação nos dois olhos de forte solução de atropina, produziu midriase muito mais forte e de maior duração no lado do ouvido lesado. A observação desse fato coincidiu com a comunicação de Karl Löwy (da clinica Neumann) relatando caso semelhante e comentando-o longamente. Nesse caso foi usada homatropina.

O A. repetiu a experiencia em dois outros doentes, um com paresia facial periferica por secção de filetes nervosos em operação na parotida, e outro com paralisia de origem central, atingindo os ramos inferiores. O A. instilou nos dois olhos quantidade igual de homatropina e obteve:
1) uma dilatação mais rapida do lado doente; 2) uma dilatação mais intensa; 3) uma dilatação de duração muito mais longa; 4) que todos os reflexos pupilares ficam retardados de varios dias, em relação ao olho do lado são.

O A. procura dar a explicação admitida por Löwy.

PIQUET e DELOBEL - Labiritintes e acidentes meningeos post-operatorios. Pg. 5.

Em 15 meses os AA. trataram de 4 doentes que, após intervenção mastoideana, apresentaram acidentes meningeos e neles procuraram precisar as indicações da trepanação labirintica nesses casos. Seus casos não eram comparaveis entre si, mas em todos o ouvido interno achava-se interessado. O exame das funccões labirinticas mostrava, seja uma supressão completa, seja uma alteração muito grave, de marcha rapida, daquelas funções. A data da aparição dos sintomas meningeos era muito variavel de um doente para outro, ás vezes precóces, desde o 3.º dia após a intervenção; em dois casos, mais tarde, no fim da 2.ª semana. Em um ultimo caso só dois meses após a operação.

Um ponto o A. chama a atenção: se a indicação da trepanação labiríntica é absoluta nas labirintites tardias complicadas de fenomenos, é de se indagar se se dá o mesmo nos casos de labirintite precoce, aparecendo alguns dias após a intervenção mastoideana. O A. considera as labirintites sob seus tres grandes aspetos anatomo-clínicos e procura em que variedade corresponde a labirintite post-operatoria. Conclue que a questão se resolve diferentemente segundo a labirintite seja precoce ou tardia. Nas precoces, pode-se contemporisar por 24 horas, vigiando atentamente a marcha das perturbações meningeanas. Se estas têm tendencia a agravar, é preciso trepanar sem demora, julgando porem o A. só se tem a ganhar agindo precocemente, Nas I. tardias, a trepanação do labirinto é uma necessidade absoluta, e ha numerosos sucessos nesta maneira de agir.

JUSTO M. ALONSO - Sobre os ferimentos do ouvido por tiro. Pg. 13.

O A. considera duas grandes modalidades etiologicas, a saber: 1) os tiros em ocasião de guerra; 2) os ferimentos civis: a) involuntarios ou por tentativas de homicídio; b) os dos suicidas. Os tiros de guerra produzem-se por diferentes mecanismos, que o A. cita ligeiramente, passando para os ferimentos civis. Estes quasi sempre produzidos por projectil de pouco poder, o que se vê nos suicidas, não chegam destruir o osso de consistencia compacta, detendo-se após penetração moderada. Estas balas devem ser sempre como infectadas. A passagem da bala por um externo que dê saída a pús, oferece um grave perigo pela formação de processo infeccioso na mastóide, no ouvido e mesmo no seio lateral e meninges.

O A . apresenta inúmeras observações de tentativas de homicídio e ferimentos em suicidas, mostrando onde os projectís se alojaram, o seu trajeto e os carateres particulares que apresentam os ferimentos por suicídio.

FEUZ - Notas sobre a tuberculose das glandulas salivares. Pg. 19.

Apresenta uma observação de doente com tumefação localisada na região preauricular esquerda, dura na periferia, pseudo flutuante em sua parte media. Ela apareceu e desenvolveu-se sem dor, sem febre, sem nenhum episodio agudo, formando uma massa compacta imovel sob a pele e sob os planos profundos. Este quadro lembra adenopatia pre-auricular, que é excluída. Vem a idéa de afecção da parotida, sendo eliminadas as hipoteses de tumor, de cisto salivar, de goma luetica e de actinomicóse.

A anamnése, os carateres particulares da lesão fazem pensar em tuberculose, que uma puncção na região flutuante confirma. O A. tem empregado como meio de diagnostico na parotida, a injeção de liquido opaco no canal de Stenon, seguida de imediata radiografia. A observração apresentada é interessante, porque as localisações tuberculosas nas glandulas salivares são raras e porque permitiu demonstrar a utilidade real das injeções diagnosticas de lipiodol ou de neo-iodipina. O A. estuda depois, com minucias, a bibliografia, a anatomia patologica, as vias de infecção, o quadro clinico, o diagnostico diferencial, a terapeutica do caso, terminando pela exposição de um metodo de exploração das glandulas salivares.

P. MANGABEIRA-ALBERNAZ - O polipo da leishmanióse. Pg. 33.

O A., em 1926, publicou nos "Arch. Int. de Laryng." uma memoria sobre estes pequenos tumores, atribuindo-se a leishmanióse, mas reconheceu ter havido uma lacuna: ausencia do estudo anatomo-patologico. Faz agora um estudo completo da lesão, com um caso deste genero de polipo. Cita os estudos anatomo-patologicos de Laveran e Nattan-Larrier c os trabalhos de Klotz e Lindenberg. O estudo histologico dos polipos foi feito pelo Dr. Marcos Lindenberg, que deu uma descrição minuciosa de varias preparações.

Segue-se um comentario sobre o caso, com o diagnostico diferencial das lesões com as quais poderia ser confundida. O A., sobre a raridade da lesão, enviou um questionario á alguns especialistas brasileiros, concluindo pela sua raridade.

Em resumo conclue o A.: 1) Na forma mucosa da leishmaniose nasal acha-se, ás vezes, na arca vascular do septo, polipos pediculados ou não, identicos clinicamente aos polipos comuns do septo. 2) Esta lesão descrita pelo A. em 1925 é tipica, possue caracteres histologicos particilares, diferindo das lesões vulgares da leishmaniose. 3) A histologia acha tambem diferenças entre estas néoformações e as da tuberculose e sifiles. 4) Esses tumores representam, na opinião do A., uma forma clinica especial da molestia, de observação pouco frequente e que o A. denomina de "polipos da leishmaniose".

Dr. Paulo Sáes.

Revue de Laryngologie, Otologie et Rhinologie
Vol. 54. N.º 9, Novembro 1933.
(França)

PROF. FELDMANN (Moscou) - O papel da bronco-esofagoscopia. Pg. 1085.

A importância da bronco-esofagoscopia é evidenciada pelo A não só no tocante ao diagnóstico, como tambem no que respeita á etiologia, patogenia, profilaxia e tratamento de várias moléstias.

O termo broncologia é proposto em substituição ao dc broncoscopia, pois a endoscopia das vias aéreas constitue um novo ramo científico que devia figurar obrigatoriamente no ensino não só da especialidade, como tambem da medicina geral.

Saindo dos limites do socorro imediato (corpos estranhos), a bronco-esofagoscopia se transformou atualmente em um método científico perfeito, com aplicações práticas de importância. Em certos casos, é o único meio de diagnóstico e de terapêutica.

PROF. BARRAUD (Lausanne) - A cura de silêncio nas afecções do laringe. Pg. 1100.

A cura de silêncio só é benéfica quando rigorosamente cumprida. Se o doente tiver absoluta necessidade de falar, será muito melhor que utilize a voz comum do que a voz ciciada forçada. Esta, entretanto, quasi sempre é preferida e acarreta desordens funcionais sérias e ás vezes irremediáveis. Para suprir a ação das cordas vocais, os doentes procuram, inconscientemente, estreitar a porção supra-glótica, acionando a musculatura extrínseca. O hábito em breve se torna vício incorrigível e vem a causar grande hipertrofia das faixas ventriculares, de que resultam a impossibilidade das verdadeiras cordas entrarem em contacto e o abafamento do som.

P. GUNS (Louvain) - Cura radical pelo conduto. Resultados fisiológicos. Pg. 1102.

Os precursores do processo foram os irmãos Thiess, de Leipzig, em 1912. Mais tarde, von Eicken escreveu sobre o assunto e, em 1928, van den Wildenberg e Guns; Bourguet, Lempert apresentaram comunicações ao Congresso Francês de O.R.L. sobre a ático-antrotomia pela via do conduto auditivo exerno.

Depois de um rápido estudo anatômico, o A. descreve a técnica e procura rebater as críticas que foram levantadas contra a operação.

As principais vantagens são as seguintes: simplicidade da intervenção, á qual os pacientes submetem muito mais facilmente; choque operatório nulo; poucos dias de hospitalização; curativos muito simples e que dispensam os cuidados do especialista; período de cicatrização mais curto (3 a 6 semanas no máximo), melhora da audição em 60% dos casos operados.

Para explicar a melhoria da função, admite G. que o trauma operatório, pela via natural, ao nivel da janela redonda, seja mutio menor do que pela via externa.

A lesão do seio lateral é facilmente evitável por um operador prudente, e a do facial, avaliada em 1 % nos métodos clássicos, corresponde a 1 1/2 % , sobre um total de 90 casos, na técnica preconizada pelo A.

Bibliografia. Ilustrações.

H. RETROUVEY (Quimper) - O exame rino-laringológico nos tuberculosos pulmonares.
Pg. 1132.

O A. mostra o valor da colaboração do rino-laringologista no diagnóstico, tratamento e profilaxia da T. P., baseado na sua observação clínica em um dispensário de importante organização anti-tuberculosa.

Estudo bem feito, calcado no exame de cerca de 1.000 doentes, dos quais 850 receberam o diagnóstico de tuberculose. Entremeado de numerosas e instrutivas observações, o artigo fere os pontos mais debatidos do assunto, expendendo Retrouvey, a propósito de cada um, a sua opinião pessoal.

O l.º capítulo é consagrado á obstrução nasal. Sua influência sobre a eclosão da T. P. não pareceu evidente ao A. Do mesmo modo, o papel atribuido ás infecções rino-brônquicas descendentes está longe de ser demonstrado. A maior importância da obstrução nasal é no atinente ao diagnóstico diferencial, pois ela é susceptível de causar modificações, clínicas e radiológicas, ao nivel dos ápices pulmonares. O estudo de tais casos impõe um problema, ás vezes delicado, de diagnóstico diferencial com a tuberculose pulmonar incipiente.

Em seguida, discute R. a questão de indicação operatória nos tuberculosos e combate o dogmatismo da fórmula - "nenhuma operação nasal ou faríngea no tuberculoso". Julga que a interdição cirúrgica deve ser absoluta e relativa. A abstenção sistemática lhe parece bem mais nociva á maioria dos casos do que o intervencionismo bem orientado.

Foram raras as manifestações da tuberculose nasal nos doentes de R.A coriza pseudo-atrófica foi verificada 11 vezes, o que representa uma percentagem insignificante ao lado da que encontrou Despons (50 %). A rinite atrófica ozenosa tambem foi observada em proporção reduzida (2 %), em comparação com a estatística de alguns autores (30-5%). Do lado da faringe, as manifestações clinicamente tuberculosas também pareceram ao A. muito pouco frequente.

O comprometimento do laringe ocorreu em 32,8%. As lesões evolutivas e infectantes da T. P. provocaram comumente complicações laríngeas (23 a 27%, conforme as formas anátomo -clínicas) do que a forma úlcero-caseosa localizada (12,5 %).

Não observou R. nem um só caso de tuberculose primária do laringe.

Em um dos capitulos ha uma digressão sobre a patogenia da T.P, citando o A . os trabalhos recentes de Loevenstein, Maresch, Paraf, Reynier, etc. A conclusão a que ele chega é que a patogenia não pode ser unívoca, mas que a via sanguínea, na morparte dos casos, é a que mais se amolda ás noções hoje em dia aceitas sobre a generalização da tuberculose.

O pneumotórace, convenientemente aplicado, previne de modo quase constante, o aparecimento de lesões do laringe. E' o que se deduz da observação de 61 doentes submetidos a colapsoterapia pelo A.

Retrouvey termina o artigo, insistindo na necessidade da cooperação íntima entre o tisiólogo e o rino-laringologista em toda campanha anti-tuberculose.

E' um trabalho cuja leitura se recomenda. Nêle vemos mais uma vez revelados o espírito clínico e o tino observador do ex-laringologista do H. des Enfants e colaborador de Portmann no "Cancer du Nez" .

MEYRELLES DO SOUTO (Lisbôa) - Autohemoterapia na ozena. Pg. 1171.

O A. experimentou a autohemoterapia em uma pequena série de casos, tendo obtido resultados clínicos constantes: desaparecimento das crostas e do mau cheiro, após aplicação de 12 injeções, em dias alternados.

A. SOULAS (Paris) - Endo-bronco-terapia nos abcessos agudos do pulmão. Pg. 1179.

S. reivindica para a broncoscopia o tratamento dos abcessos agudos do pulmão, baseado nos resultados que obteve em 47 casos (70 % de curas).

O tratamento de ataque consiste em 3 a 4 sessões broncoscópicas durante 2-4 semanas. Em geral a cura é rápida, completa e definitiva, convindo, entretanto, observar a paciente, clínica e radio-
logicamente, durante alguns meses. A prova do tempo - 6 a 12 meses - é a confirmacão definitiva da cura.

O tratamento de consolidação, destinados aos doentes que não lograram cura completa nas primeiras sessões, deve ser proseguido durante 1 ou poucos meses. Os casos que não melhorarem nitidamente devem ser encaminhados ao cirurgião para operação sangrenta. Os pacientes, nessas condições, só têm a lucrar quanto ao estado geral e local, constituindo a broncoscopia um verdadeiro ato preparatório da intervenção cirurgica.

Dr. Guedes de Mélo F.º

Revue de Laryngologie, Otologie, Rhinologie
Vol. 54. N.º 10. Dezembro, 1933.
(França)

J. e L. DUCUING (Toulouse) - Tumores malignos da rino-faringe. Pg. 1213.

E' um trabalho do Centro Regional Anti-Canceroso de Toulouse, cujo diretor é o Prof. J. Ducuing.

Depois de assinalarem que o câncer da rino-faringe é a mais raro do entroncamento aero-digestivo, os AA. fazem o estudo do histórico, da anatomia da região, da sintomatologia, da anatomia patológica, dos meios de diagnóstico, do prognóstico e da terapêutica. Esta compreende a cirurgia e os agentes físicos, empregados isolados ou combinadamente. As intervenções cirúrgicas podem ser feitas pelas vias naturais, pelas vias naturais alargádas cirurgicámente (Ollier,Kuhn, Rouge) e pelas vias artificiais (via baixa, alta lateral). A esta última, tambem chamada transmaxilar, pertencem numerosos processos. Os principais são os de Moure (trans-maxilonasal), o de Faure-Sébileau (látero-nasal), o de Jacod (trans-facial do lado oposto), o de J. e L. Ducuing (ressecção "em janela" do maxilar superior).

A rino-faringe constitue um entroncamento muito rico em vasos linfáticos e em gânglios, os quais são comprometidos desde o inicio do tumor; as paredes quasi exclusivamente ósseas do cavum impedem a ablação das lesões cancerosas; os riscos de semeadura são grandes e resultam da extirpação incompleta do câncer e das manipulações em plena massa tumoral. Por outro lado, as operações nessa região frequentemente se acompanham de complicações pulmonares graves e os resultados são muito precários. Daí, o abandono quasi unânime dos meios cirúrgicos como terapêutica isolada.

Dos agentes físicos, os que oferecem maior vantagem são os R. X. (Método de Coutard). Sua ação penetrante e homogênea pode ser exatamente dosada e dirigida sobre o tumor, assim como sobre as adenopatias. Exceto os casos incipientes, raríssimos na prática, é ao tratamento pelos R. X. que se deve recorrer. A diatermoacoagulação é difícil de realizar corretamente pelas vias naturais. O radium in sito é de manutenção laboriosa e oferece várias complicações. O radium em colar tambem tem alguns inconvenientes: interposição de planos ósseos e grandes vasos; ineficácia completa sobre as adenopatias, etc.

Os resultados globais do tratamento do câncer da R. F. são péssimos. Basta relancear os olhos pelas estatísticas coligidas por Zuppinger. De um modo geral, pode-se dizer que a cura é a exceção. E, ainda assim, para os casos muito limitados.

Bibliografia.

BALDENWECK e PERROT (Paris) - Cancer sinuso-nasal. Pg. 1267.

O caso apresentado tem um duplo interesse: clínico e histológico. A parte histológica, a mais importante, justifica a apresentação do trabalho e vem amplamente comentada.

Trata-se de um doente operado em 1926 por Noël e Aloin, os quais publicaram a observação como um caso de tumor amilóide da fossa nasal. Em 1931, o doente procura Baldenweck, por uma recidiva. O diagnóstico h. p. foi então de sarcoma mielóide e plasmocitário. O paciente foi operado (ressecção parcial do maxilar) e, em seguida, irradiado. Cura completa confirmada dois anos depois.

Várias microfotografias ilustram o estudo histológico comparativo feito entre os dois exames em 1926 e 1931.

E. RUBALTELLI (Pádua) - Contribuição histo-anatômica sobre a inervação do laringe no homem. Pg. 1278.

Trabalho da Clínica O. R. L. e do Inst.o de histologia-embriologia da Universidade de Pádua.

O A. vem se dedicando ao estudo do trajeto e da distribuição periférica dos nervos do laringe, por meio de modernas técnica histológicas e utilizando o embrião e feto humanos. Rubaltelli apresenta algumas conclusões histo-anatômicas, deixando de parte o estudo fisio-patológico. De suas observações resulta que os músculos do laringe recebem todos, além da inervação do recorrente, (exceto o crico-tireoideo) filetes do laringeo sup. O crico-tireoideo recebe tambem filetes do laríngeo médio, além da inervação clássica do laríngeo sup., por intermedio do seu ramo inferior.

W. J. BONTINCK (Gand) - Injeções esclerosantes na rinite hipertrófica. Pg. 1285.

B. faz uma rápida crítica dos processos correntemente utilizados no tratamento da rinite vaso-motriz (sulco com o galvano-cautério, diatermo-coagulação com a pinça de Lemoine ou com a faca diatérmica, concotomia, etc.) e detem-se em comentarios sobre a terapêutica pelas injeções esclerosantes, introduzida em rinologia por Richier ha poucos anos.

Utilizou as duas substâncias ativas: quinina-uréia, glicerina. Os resultados que obteve com a glicerina lhe pareceram superiores (solução a 80%). Técnica - seringa de ponta excêntrica, agulha de 8 cms., bisel curto, calibre 8/10 mm. Loco - anestesia (cocaina-adrenalina). Introduzir a agulha na cabeça da concha até a porção posterior, ao longo do osso. Retirar lentamente enquanto se injeta o liquido. Se ha irregularidades ósseas, praticar 2 ou 3 injeções. É tambem aconselhável uma injeção na face inferior (Dutheillet de Lamothe). Tamponamento para evitar hemorragia e o refluxo da solução. 4 dias depois, nova injeção. Excelentes resultados ao cabo de 2-3 semanas.

Dr. Guedes de Mélo F.º

Il Valsalva
Ano X. N.º 4. Abril 1934.
(Itália)

A. NUNZI (Florença) - Intervenção por via broncoscopica em um caso de bronquite fibrinosa com sindroma sufocante. Pg. 253.

O A. apresenta a observação de uma menina de 11 anos, que se apresentára á clinica dispneica, cianotica e muito agitada. O exame radiologico não revelou corpo estranho opaco da traquéa ou bronquios, mas a inspecção das areas pulmonares mostrava que havia obstaculos das vias aereas superiores. Imediatamente foi feita a traqueo-broncoscopía e verificado a presença de massas brancoacizentadas que obstruiam quasi completamente o lume dos dois grossos bronquios, massas essas que foram retiradas com facilidade com pinça de Brunings, retomando logo a creança o ritmo respiratorio normal. A-pesar da pesquiza para o bacilo de Loffler ter sido negativo, por prudencia foi injetado 20.000 U. I. de soro antidifterico. Cura.

G. ZANNI - Contribuição ao estudo da tuberculose miliar aguda da faringe. Dois casos da doença de Isambert. Pg. 263.

A tuberculose raramente ataca a faringe. Assim provam as autopsias feitas nesse sentido. Willigt só encontrou um caso em 1.307 autopsias de tuberculosos; Heinz, 14 em 1.296. Rosemberg encontrou um caso de tbc. da faringe para 40 do laringe. De todas as formas bacilares dessa região, a miliar da faringe é a menos frequente. Isambert, em 1874, descreveu pela primeira vês essa forma aguda da tbc. miliar da faringe. A marcha da doença é fulminante, pois a duração vai de 1 a 2 meses. Hipertermia, grande disfagia, desnutrição intensa, dispnéa, cianóse, complicações intestinais e meningeanas. Na faringe nota-se a presença de pontos amarelos que podem ter até o tamanho de um grão de milho, disseminados nos pilares, amigdalas, epiglote, que depois ulceram e podendo ser confundido com angina de Vincent, herpetica, aftosa ou com lesões ulcerogomosas terciarias ou actinomicose ou esporotricose etc.

O A. apresenta 2 casos, uma creança de 8 anos e uma moça de 18. Ele acredita que o aparecimento prévio de tbc. dos ganglios submaxilares e latero-cervicais tem grande importancia no aparecimento da doença de Isambert, que em grande numero de casos, precede de semanas e meses, a erupção miliar. Os seus 2 doentes faleceram dois meses após o começo da doença, com complicações de tbc. miliar pulmonar.

TIBOR DE BAJKAY (Budapeste) - O estado atual da questão da infecção amigdaliana. Pg. 269.

O A. não apresenta nada de novo sobre o assunto. Depois de mostrar o perigo das infecções produzidas por germens localizados nas amigdalas (principalmente o estrept. viridans, putridus, estafil, albus e aureus, os anaerobios ele.) frisa que a amigdalectomia feita á tempo evitará a propagação focal á distancia.

C. MARSIGLI (Roma) - Sifiloma inicial da amigdala palatina direita. Coexistencia de lesões granulomatosas sifiliticas e tuberculosas. Pg. 277.

O A. apresenta uma observação de uma mulher de 20 anos, com roseola tipica, Wassermann positivo, mas na qual o exame histologico de fragmento da amigdala lesada foi de interpretação dificil, porque ao lado de evidentes infiltrações plasma-celulares perivasculares e a predominancia dos eosinofilos sobre os outros elementos da serie branca, havia celulas gigantes inclusas num tecido de glanulação, tendo todos os caracteres duma produção tuberculosa. Nas preparações, não foi encontrado bacilo de Koch.

V. APRILE (Roma) - Contribuição ao estudo da rinite hipertrofica: o corneto inferior hipertrofico com sulcos. Pg. 289.

Tres casos (pai e 2 filhos) de corneto inferior hipertrófico com pequenos sulcos paralelos entre si e que se derigiam da cabeça á cauda.

FINDENSEN (Budapeste) - Ablicação pratica da propriedade hemostatica da amigdala.
Pg. 301.

Dentre as multiplas funcções atribuidas á amigdala, seu poder hemostatico contra as hemorragias parenquimatosas parece ter uma grande importancia pratica. Os extratos de amigdala empregados por embebição, sobre as feridas traumaticas e cirurgicas, deram ao A. resultados satisfatorios, pois empregou o extracto amigdaliano a 10 %, segundo Richter, em 152 casos.

O A. explica esse poder hemostatico, pelo facto da enorme quantidade de linfocitos e leucocitos que se encontram na amigdala e que se traduz por um forte conteúdo de nucleina no extracto. Sua propriedade coagulante é atribuida a presença do acido nucleinico e maior concentração, na amigdala, de fibrogenio.

H. C

L'Oto-Rino-Laringologia Italiana
Ano IV-Julho 1934. n.º 4.
(Bolonha, Italia)

PROF. P. CALICETI (Bolonha) - Observações sobre 12 casos de laringectomia total por tumores malignos. Pg. 327.

Si bem que, como estatistica, as doze observações não representem valores elevados, o A. delas tira considerações de monta no que se refere aos periodos pré e post-operatorios, com resultados imediatos e tardios, e ás complicações notadas. Assim é que em todos os casos tratava-se de grandes fumadores e dentre dois mascadores de fumo. Sómente um deles era portador de lues. A biopsia sempre precedeu á operação. O A. pensa que não se deve submeter um paciente a uma intervenção de tal grandeza, sem ter a certeza que nos dá o resultado da biopsia. A, biopsia dos tumores infiltrantes é, por vezes, dificil, necessitando repeti-la por varias vezes, assim tambem para os casos de pequidermia. Em seus casos o A. não teve dificuldade na escolha do processo, pois tratava-se de casos avançados. Chama o A. a atenção dos medicos para os pacientes portadores de rouquidão nas imediações dos 50 anos e mais, que deverão ser enviados, logo, ao especialista. O metodo, deverá ser escolhido de acordo com a extensão da lesão. O A. praticou a laringectomia em um só tempo, sem traqueotomia preventiva a não ser nos casos em, que a estenose laringéa era muito acentuada. A exerese dos músculos, pré-laringeos foi praticada uniformemente pelo A., pois pensa que ao envez de reforçar a parede faringéa, mantêm o processo de necrose e facilitam a infecção secundaria. A resecção do laringe foi, na maioria, feita de baixo para cima, de acordo com PERIER. Só em um caso foi feito ao contrario, seguindo GLUCK. O autor prefere o primeiro metodo. Drenagem lateral. Incisão em H deitado segundo GLUCK. Resultado: 3 mortes por bronco-pneurnonia. Além destas mais 4 mortes, 1 após 7 meses, 1 após 8 meses devido á recidiva local, 1 recidiva 9 meses depois, no cardia, 1 recidiva traqueal baixa e hemorragia. Vivem autalmente 1 caso com 3 anos e 5 meses da operação, 1 com 2 anos e 5 meses, 3 vivem ha mais de um ano. Estes resultados, ainda recentes, não falam, evidentemente, pelo emprego do método cirurgico.

PROF. PAOLO CARCÒ (Catania) - Considerações micologicas e patogenicas modernas para o estudo das micosis amigdalianas. (Resumo do autor) Pg. 354.

O A. com o estudo clinico, bacterioscopico e terapeutico de 4 casos, de micoses amigdalianas, presta uma contribuição ao problema das lesões da garganta, causada por fungos, problema sempre em evolução e em vias de sistematização definitiva, sobretudo no que se refere ao processo micologico dos fungos patogenicos do homem, que são, atualmente, sistematisados, tanto no ponto de vista botanico, quanto no biologico. O A. isolou 4 grupos de fermentos anascogenicos que denominou de MYCOCANDIDA PINOYISIMILIS, variedade CITELIANA; TORULOPSIS sj. n.º 2.; TORULOPSIS sj. n.º 3; MYCOTORULA ZEYLANOIDES.

Argumentações: diversas, de ordem clinica (quadro anatomo clinico da lesão, evolução, terapeutica), de ordem bacterioscopica (demonstração evidente de células fungineas do material patologico das amigdalas), de ordem bacteriologica (numero notavel de colonias desenvolvidas do material patologico, termofilia das especies estudadas, atividades biologicas varias, etc.), induzem o A. a afirmar que os fungos isolados são responsaveis pelas lesões amigdalianas. Ilustrando o mecanismo patogenico destas fôrmas morbidas, levanta a hipotese de que ao lado de todas as micoses amigdalianas primitivas, puras, ocasionadas por varias especies de fungos, podem existir lesões devidas a associações esquizomiceticas e nas quais os diversos germens associados podem comportar-se de modo diferente com predominancia de uns sobre outros. Aos problemas de ordem patogenetico seguem as normas de terapeutica de dificil resultado devido, mesmo, á tenacidade de algumas micoses das amigdalas.

PROF. ETTORE GIUFRIDA (Catania) - Contribuição o estudo do abcesso de Citelli. Pg. 392.

O A. descreve 3 casos tipicos, de abcesso cervical otogenico de Citelli, observados na Clinica de Catania. Expõe os caracteristicos anatomicos e patologicos da forma morbida de que se ocupa, realçando a frequencia relativa que induz o A. a dizer que ao lado do abcesso de Bezold, deve-se sempre ter presente o tipo, tão diverso, de abcesso cervical de origem otogenica. Chama a atenção para a dificuldade de um diagnostico diferencial preciso, entre estas duas fôrmas de abcessos, dificuldades que só podem ser aliminadas pela intervenção cirurgica, que se impõe em ambos os casos, mas que deve ser orientada, oportunamente, tendo-se presente os dados anatomo-patogenicos dos abcessos de Citelli.

PROF. P. BRISOTTO (Padua) - Tuberculose auricular, um carater que lhe é peculiar. Pg. 403.

O A. põe em evidencia um carater do sindrome auricular que, ligado á outros sintomas, pode reforçar o diagnostico clinico de probabilidade que é, tantas vezes, a única possível na ausencia de uma prova bacteriologica, histologica e biologica positiva. Lesões bilaterais situadas em pontos homologos da membrana timpanica, ou um ,processo ativo de um lado e traças de lesões antigas pregressas do outro (ou anomalias de evolução da membrana, dos ossiculos, etc.) são tão frequentes na tuberculose a não se poder considera-las como fortuitas. Elas vêm demonstrar um elemento heredo-constitucional na origem da otite tuberculosa, que o A. examina no ponto de vista biologico.

M. O. R.

DIVERSOS

JOYCE HENRY (Edinburgo) - Resultados da dacriocistorinostomia. ("British Journal of Ophthalmology" - Setembro 1933.)

A propósito do mesmo assunto, Joyce publica alguns resultados da operação de West, praticada na Inglaterra. O autor, que trabalhou no serviço de olhos e no de ouvidos; e nariz da Enfermaría Real, de Edinburgo, sob a direção de Sinclair, Cameron e Fraser, relata os efeitos de 108 intervenções realisadas por Fraser, de 1915 a 1931. Desses casos, apenas foi possivel a revisão de 23, sendo que 4 foram operados dos dois lados, o que dá um total de 27 intervenções reexaminadas.

Foram realisadas investigações.

1.º Do ponto de vista clinico (tem ainda supuração? Tem epifora? Nem mesmo quando exposto ao vento frio?) Os resultados foram perfeitos em 78% dos casos.

2.º Prova da fluoreceina, segundo o proprio autor, dá resultados enganadores. Não a comentaremos.

3.º Exame bacteriologico, pela semeadura do liquido conjuntival em agar-sangue fresco, examinando depois de 48 horas e repicando, se necessario. Em 4 casos, cresceram streptococci (tres desses casos nada mais sentiam e o quarto só tinha epifora quando exposto ao vento frio). Nunca foram encontrados pneumococci. 4 Casos revelaram a existencia de b. xerosis ou de bacilos coliformes (?). Em todos estes ultimos casos havia cura clinica. Em 5 casos a cultura falhou, por acidente. O autor conclue que havia ausencia de germens patogenicos em 82 % dos casos, o que seria um bom resultado.

Em seguida compara os seus resultados com os da clinica de Axenfeld e com os do proprio West.

Manda a sinceridade que se diga que ao trabalho falta o rigor exigivel em investigações desta natureza, principalmente do ponto de vista bacteriologico.

NOTA - O Dr. Fraser apresentou os resultados desses mesmos casos ao Congresso Oftalmologico de Oxford, de 1929, ao qual compareceu o proprio Meller. Este Prof. defendeu a extirpação do saco porque, segundo ele, uma boa extirpação é melhor do que uma má dacriocistorinostomía.

Dr. Fabio Belfort.


TH. SNOOK - O desenvolvimento da tonsila faringeana humana - ("The American Journal of Anatomy", vol. 55, n.º 2, pgs. 323-336, 1934.)

Em continuação aos estudos de KINGSBURY (1932) sobre o significado embriologico da tonsila faringeana dos mamiferos e particularmente do Gato, e considerando as numerosas contradições e erros existentes na literatura do assunto, o A. analisa o desenvolvimento da tonsila faringeana humana sobre um material extraordinariamente abundante, compreendendo este corte de 221 embriões, ordenados de 7 mm. até o recemnascido: nesse material estão incluidas 190 series e 31 regiões tonsilares dissecadas, examinadas ma-
croscopicamente antes e, depois, e eventualmente, utilisadas para cortes.

O primeirissimo aparecimento de tecido linfatico na lamina propria da abobada faringéa foi notado entre 3 e 6 meses (GANGHOFER, 1878; KILLIAN, 1888); HELLMANN (1927) afirma que a tonsila se constitue no 4º mês. Essencialmente concordantes são os achados de SNOOK, dos quais resulta que os primeiros acumulos de linfocitos ocorrem em fetos de 100 mm. (3 meses). Em nenhum dos fetos examinados, inclusive dois recemnascidos, se encontram centros germinativos (nodulos secundarios), o que era de se esperar, visto que os centros germinativos representam uma reacção á bacterias etc., que existirão somente após o nascimento.

SCHWABACH pensava que a bolsa faringéa representa o primeiro esboço da tonsila homonima e que os linfocitos aparecem primeiramente em torno de tal depressão. As pesquisas do A., ao contrario, confirma a asserção de KILLIAN, que a tonsila se desenvolve independentemente da bolsa faringéa. O tecido adenoide que aparece primeiro, foi encontrado rostralmente e lateralmente á bolsa. A lamina propria foi encontrada "infiltrada", somente depois que um bem desenvolvido acumulo linfatico se formou na abobada (mm.140).

Relativamente aos fatores que favorece a grande proliferação de linfocito na tunica propria desta região, o A. mostra que a tonsila forma-se em uma região que tem um fraco apoio esqueletico. As condensações de tecido conjuntivo (fascia faringobasilar, aponevroses etc.) representam regiões de tensões aumentadas e são formadas por todos os lados da abobada; mas o tecido da lamina propria, entre tais limites, conserva o seu carater embrionario frouxo. A mesma região possue uma rica vascularidade e existem estreitas relações entre os centros de proliferação celular e o endotelio vascular. Assim está confirmada a afirmação de KINGSBURY, que o carater frouxo do tecido (tensão negativa) e a riqueza de vasos são os fatores responsaveis pela diferenciação da tonsila faringeana. Tais fatores são comprovados pelas frequentes hemorragias e por outros processos patologicos, que ai se manifestam. A presença de hematopoiése nos tecidos que confinam com a area tonsilar depõe pelas estreitas relações de tais celulas com os linfocitos e portanto pelas condições da região adequadas á sua proliferação.

A. Bovero.

TH. SNOOK - O desenvolvimento tardio da "Bursa pharyngea": Homo. ("Anatomical Record", vol. 58, nº 3, February 25, 1934, pgs. 303-312.)

O A. propoz-se a estudar o papel exato, ainda não bem determinado, da notocorda na formação da "bursa pharyngea embryonalis", os fatores eventuais que entram na transformação ulterior da bolsa depois da degeneração da notocorda; e enfim, as relações entre bolsa faringéa embrionaria e bolsa da vida adulta. O estudo foi feito incidentemente no decurso das pesquisas acima resumidas e é baseado sobre o mesmo material, em parte examinado exclusivamente em secções seriadas, em parte em secções procedidas de observação macroscopica oportuna.

As conclusões a que chega o A. são as seguintes: 1) A "bursa pharyngea embryonalis" se encontra pelo menos em 40 % dos casos, desde embriões de 15 mm. até os recemnascidos. - 2) No seu desenvolvimento tardio a "bursa" depende provavelmente de uma proliferação epitelial ao longo do percurso da corda em degeneração., 3) A "bursa pharyngea embryonalis" persiste depois do nascimento e constitue a bolsa faringéa do adulto.

Os dois trabalhos aqui resumidos são largamente ilustradas com figuras tiradas de secções microscopicas e eventualmente para o segundo trabalho, tambem de preparados macroscopicos.

A. Bovero.

Retorno da sensibilidade nos retalhos transplantados de pele. - Dois recentes trabalhos chegaram ao nosso conhecimento - sobre esse assunto:

O primeiro foi de J. S. Davis e E. A. Kitlowski (Regeneration of nerves in skin grafts and skin flaps - Am. J. Surg. 24:501-544, 1934) e o ultimo da autoria de L. Davis (The return of sensation to transplanted skin - Surg. Gyn. Obst. 59:533 - 543, Set. 1934).

E' da maior importancia determinar, com precisão, em que momento são recobradas as sensações nos retalhos cutaneos transplantados. Enquanto a função sensorial não se restabelece, a parte está desprotegida, sujeita a danos e infecções sem que o paciente de nada se aperceba.

No primeiro trabalho, seus autores estudam "retalhos" e "enxertos". Consideram enxertos a transplantação livre da pele, quer na sua parte epidermica (Ollier-Thiersch) em totalidade (Wolfe) ou de mediana espessura (Reverdin), e, finalmente, em pastilhas (Davis). Um "retalho" é constituido pela mobilisação de uma area cutanea de um ponto para outro, permanecendo ligada por um ou mais pediculos, que só futuramente serão ou será cortado.

Os testes foram sempre levantados pela mesma pessoa, sob minuciosos cuidados e registrados graficamente em separado, no total de 121 doentes.

As conclusões foram as seguintes:

As sensações cutaneas retornam após certo prazo nos retalhos e enxertos cutaneos. Em todos os tipos de transplantação ha dissociação sensitiva, reaparecendo a sensibilidade nessa ordem: á dôr temperatura e ao tato.



Nos retalhos as sensações se iniciam após um mês e progridem cerca de um centimetro por mês. Nos enxertos de pele total, o retorno começa após 6 meses e marcha cerca de meio centimetro por mês. Nos de mediana espessura, ha atraso maior - cerca de 7 ou 8 meses, progredindo cerca de 1 cent. de tres em tres meses.

Nos enxertos de Ollier-Thiersch, nota-se o recuo maximo - um ano, incrementando cerca de um cent. cada 6 meses.

O carater da pele circundante e a natureza do leito influenciam os fenomenos de retorno sensitivo, não tendo importancia a idade do paciente.

Termina interpretando a dissociação das sensações cutaneas, como correndo por conta de sistemas independentes doe fibras nervosas terminais, assegurando a percepção do tato, calor, frio e dôr.

Os trabalhos de Loyal Davis concordam, em linhas gerais, com o anterior.

Foram estudados 39 casos. As sensações voltam dissociadas na mesma ordem. Se inicia em quatro a cinco semanas permanecendo, porem, ausentes em alguns casos, após muitos anos. A marcha e tipo do retorno dependem do genero da transplantação, sua espessura, a presença de tecido cicatricial e o estado dos nervos perifericos, cujas ramificações acham-se incluidas na área enxertada.

Davis e Kitlowski encontraram sempre o retorno das sensações em ondas concentricas, partindo da periferia para o centro, ao, passo que Loyal Davis resalvam os enxertos de Wolfe e de Thiersch, onde o retorno lembra o aspeto de mosaico. As tentativas reiteradas desse ultimo autor no sentido de surpreender o modo intimo, histologico, pelo qual se faz a penetração nervosa, foram infrutiferas.

Dr. Rebelo Neto.

DR. DUARTE MOREIRA - "Abcesso odontologico do septo nasal" (Rev. de Estomatologia (Rio). Fev. 1934).

O abcesso do septo nasal é afecção pouco frequente, constituindo mesmo raridade o de origem dentaria. O A. conseguiu colher na literatura 11 casos, que acrescido do seu, constituem os 12 unicos publicados.

Relata o A. o caso de uma jovem de 18 anos, que sem ter sofrido traumatismo algum, começou a sentir dores progressivas no nariz, intensas cefaléa e hipertermía. Procurou um Serviço especialisado e lá fizeram uma incisão na parede esquerda do septo nasal. Como não tivesse melhorado, talvez por drenagem insuficiente, procurou o A. que constatou abcesso do septo nasal, que determinava obstrucção nasal e grande tumefação da piramide nasal e tambem da face. Incisão ampla, vertical, na parede esquerda do septo, dando saída a grande quantidade de pús fetido; retirada com pinça saca-bocado, de pequeno fragmento da parede septal, junto ao lado da incisão, com o fim de assegurar uma bôa drenagem. Cura.

A causa provavel do abcesso, diz o A., foi infecção, de um cisto do dente incisivo central esq., que propagou-se através da camada ossea intermediaria e deu origem a colecção purulenta.

O exame bacteriologico do material retirado, deu como resultado: estreptococos e raras colonias de estafilococos.

H. C.

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