Versão Inglês

Ano:  1934  Vol. 2   Ed. 5  - Setembro - Outubro - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 451 a 464

 

REVISTA DAS REVISTAS - parte 2

Autor(es): Zeitschrift für Hals, Nasen und Ohrenheilkunde
Vol. 33 - Junho 1933
(Alemanha)

DR. HESSE - Ação bactericida do liquido cerebro-espinhal. Pg. 105.

O A. estuda a ação bactericida do liquido cerebro-espinhal, humano, em condições normais e em casos de meningites, assim tambem a mesma ação para o liquido cerebro-espinhal da cobaia. Foi empregado metodo da contagem em placas, afim de determinar as propriedades bactericidas do sangue. Foram usadas bacterias autogenas quando possivel, streptococos hemolitico e mucosus, raramente pneumococos, estafilococos e outras bacterias. O liquido cerebro-espinhal humano normal, possue, algumas vezes, propriedades bactericidas imediatamente a eclosão da meningite este liquido possue, sempre, estas propriedades. O liquido cerebro-espinhal das cobaias, quer normal quer patologico, é bactericida. As propriedades bactericidas do sangue e do liquor não são paralelas. Parece que nas meningites formam-se anticorpos no liquido cerebro-espinhal, mas esta formação não tem lugar no sangue. A adição de complemento ao liquido não é necessario para determinar a presença de bactericidas e pôde dar lugar a conclusões erroneas. No ponto de vista do prognostico os resultados indicam que a ausencia de bactericidas no liquor, logo após o aparecimento da meningite, é desfavoravel, pois que elas sempre existam nos casos de cura. A existencia de propriedades bactericidas neste periodo não constitue, no entanto, garantia de uma marcha favorável da meningite, pois bactericidas foram encontradas imediatamente antes da morte.

F. J. DOBROMYLSKI - Tuberculose cronica do laringe em doentes abacilares. Pg. 140.

O A. encontrou em 9 % dos pacientes portadores de laringite tuberculosa, escarro esteril para bacilos de Koch; destes 4,6 % tinham infecção cronica e 4,4 % aguda. Nestes casos a infecção foi, provavelmente, hematogena. Os escarros abacelares nas fórmas tuberculosas cronicas do laringe, apresentavam-se sob duas condições em 1/3 dos casos o processo pulmonar era inativo ou calcificado; em 2/3 encontram-se um processo cronico disseminado ou, raramente, um processo sub-agúdo com tendencia á fibroses. O diagnostico foi facil para os casos de processos disseminados, mas para os casos inativos tornou-se dificil, especialmente naqueles que só apresentavam fócos de calcificação. Nestes casos não era facil demonstrar a inter-relação entre os processos laringeanos e pulmonares. Como auxiliar da radiografia foi praticada a prova da tuberculina. Em ambos os grupos, especialmente no segundo, a cirurgia só foi aplicada depois de um período preliminar de terapeutica, afim de se aumentar a resistencia geral. Nos casos sub-agúdos disseminados, a cirurgia só foi aplicada com grandes precauções. O prognostico para os pacientes do primeiro grupo é favoravel, não sómente quanto á vida, mas tambem no que se refere á capacidade de trabalho.

Os pacientes do segundo grupo, fórmas disseminadas subagúdas, podem tornar-se capazes para o trabalho, após muito tempo. Estes, dada a possibilidade da volta dos sintomas, uma ou duas vezes ao ano, necessitam interromper o trabalho com períodos de repouso.

DR. L. JENY e DR. F. LÖRINCZ - Caso raro de miiasis ligado á inflamação cronica das amígdalas. Pg. 157.

Os AA. dizem que a larva de uma mosca, pertencente á família calliphorinae, foi encontrada na amígdala de uma menina, durante, a tonsilectomia, por tonsilite cronica. Não poude ser descoberta a existencia de uma miiasis intestinal, que explicasse o encontro da larva. Histologicamente não havia evidencia de destruição de tecidos pela larva. Parece que a larva tivesse penetrado acidentalmente na amígdala cronicamente inflamada, onde encontrou meio de se nutrir sem causar maior prejuizo e incomodo ao hospedeiro. Nenhum caso de miiasis das amígdalas ponde ser encontrado na literatura.

DR. G. CLAUS - Existe, para o homem, o chamado "hydrops tympani ex vacuo" ? Pg. 162.

Baseado em investigações refractometricas, o A. afirma que o liquido existente na cavidade timpanica, e cujo nível póde ser observado através da fina membrana do tímpano, contem na maioria dos casos, maior porcentagem de albumina que o serum sanguíneo. Nestes casos o liquido é um exsudato. Nos poucos casos em que a albumina é em menor quantidade que a do serum sanguíneo, mais ou menos 4 % que constitue o limite entre os transudatos se exsudatos, o liquido deverá ser classificado entre aqueles. Em nenhum dos casos observados a efusão do liquido parece resultar de uma pressão negativa, não se podendo, então, considerar o processo como "hydrops timpani ex vacuo". Isto ajusta-se á observação clinica que mesmo nos casos em que se vê um liquido timpanico com pequena taxa de albumina, o ar póde alcançar o ouvido médio, através da trompa de Eustaquio, sendo, no entanto, necessario para a constituição de um "hydrops timpani", a hermetica oclusão da trompa, fato que nunca existe.

DR. AURÉL RÉTHI - A aspiração da aza do nariz. Pg. 183.

A aspiração da aza do nariz, durante a respiração normal, levando-a de encontro ao septo nasal e obturando, assim, as narinas, pode ser causada pela fraqueza do aparelho cartilaginoso da aza nasal ou a uma estenose da parte anterior das narinas, devido ao espessamento do septo membranoso. Neste ultimo caso o A. emprega o método de Halle para remover este espessamento. Se causada pela fraqueza das cartilagens alares ele usa um dos dois metodos: se a aspiração afeta a aza em seu todo, remove uma secção fusiforme de cartilagem e pele da superficie interior destas estruturas por meio de incisões paralelas feitas obliquamente para cima. Isto será feito sem ofender a parede exterior. Após a sutura da ferida a parte interior da aza do nariz fica reta e forma-se uma cavidade entre ela e a superficie da pele exterior. A rigida parede interior, aumentada pelo tecido cicatrical, impede a aspiração da aza nasal. O autor usou este metodo, com sucesso, em 5 casos. Nos casos em que principalmente a aza nasal é que sofre a aspiração, o A. faz uma incisão na prega nasal que termina, mais ou menos, a 3 mm. do bordo livre da aza nasal. Por meio da outra incisão, a meia lua de tecido da pele será removida sem que a parede interna do nariz seja ofendida. Quando suturada a porção, anterior da aza do nariz ficará bem afastada do septo. Tres pacientes foram tratados desta maneira com otimo resultado terapeutico e cosmetico.

PROF. W. WOJATSCHEK, W. UNDRITZ e K. DRENNOWA. - Sobre a junção de barreira do nariz. Pg. 191.

Os AA. estudam a função de barreira do nariz, em seres humanos e em cães, injetando varias substancias, sub-cutaneamente intravenosa e nos proprios cornetos, comparando, em seguida, os resultados. Foram usadas: epeninefrina, iodureto de sodio e dextrose, em solução e, nas experiencias em animais, tambem, soluções colóides e algumas suspensões de tinta de escrever. A barreira dos cornetos é constituída de um labirinto de vasos sanguineos, um forte retículo de vasos linfaticos e de elementos retículo-endoteliais dos proprios cornetos. A barreira constituída pelo sistema linfatico dos cornetos, não deve ser considerada a parte, mas em conexão com os canais linfaticos e ganglios linfaticos regionais. As substancias introduzidas nos cornetos entram, primeiramente, em contato com os seus elementos retículo-endoteliais. Então, uma porção da substancia injetada, depois de passar a barreira do endotelio vascular, penetra, diretamente, na corrente sanguinea; a outra porção penetra nos canais linfaticos dos cornetos e daí caminham para os ganglios linfaticos. Nas pessôas de corpos cavernosos grandemente desenvolvidos, a via hematica é a principal através da qual os fluidos são afastados dos cornetos, donde a: semelhança entre as injeções nos cornetos e as feitas diretamente nas veias. No cão, ao contrario, a massa principal de fluido nos canais linfaticos e o efeito de uma injeção dentro dos cornetos difere muito das injeções intravenosas. Assim, em um caso algumas das partículas foram encontradas nas amígdalas, mas
eram tão poucas em comparação com a abundancia achada nos gânglios linfáticos regionais que não ha razão para se atribuir ás amigdalas um papel na drenagem da linfa do nariz.

DR. GEORG KRIEGSMANN - Cura operatoria do diafragma congenito do laringe. Pg. 218.

O A. encontrou, em uma mulher, de 25 anos, que sempre teve vóz rouca e sofreu de dispnéa, uma membrana extendendo-se da parte anterior da rima glotida e obstruindo, mais ou menos, 2/3 dela. Esta membrana, de côr cinzento-esbranquiçada ligeiramente translucida, não afetava a mobilidade das cordas vocais. Em seguida a excisão da membrana, que foi seccionada acompanhando os bordos livres das cordas vocais, foi observada melhoria da respiração, conservando-se, porém, a vóz completamente afonica, tendo sido necessaria a remoção de um exsudato fibrinoso aparecido na glote e que continha alguns elementos celulares. Este exsudato continuou a formar-se a despeito de todos os esforços para removê-lo e dentro de 23 dias, nova membrana, no mesmo lugar. Nova incisão, acompanhada, desta vez, de coagulação das superfícies da ferida, por meio da diatermia cirurgica abriu a glote e removeu a dispnéa. Cinco semanas depois nova membrana, ligeiramente menor que a original, formou-se. Vóz quasi afonica e a dispnéa voltou. Após uma incisão, repetida 2 vezes, na parte média da membrana, a tendencia á adesão e reconstituição da mesma, diminuiu um pouco e a paciente teve alta com bom resultado. A epitelisação das superficies feridas foi difícil de obter-se. A terapeutica cirúrgica, dos diafragmas congenitos do laringe, só é recomendada quando da existencia de indicações urgentes. Si a membrana fôr fina para traz, como neste caso, uma incisão mediana, pela porção adelgaçada é indicada. Si a membrana fôr espessa, o laringe deve ser aberto, afim de permitir o tratamento post-operatorio, depois da divisão da membrana até que o resultado satisfatorio possa ser obtido.

M. O. R.

Monatsschrift für Ohrenheilkunde und Laryngo-Rhinologie
Vol. 68-Janeiro de 1934.
(Viena)

PAVEL ZAVISKA - A proteino-terapia das neurites infectuosas do acustico. Pg. 25.

O A. tratou de 26 casos com a cibalbumina Ciba. Destes, 20 sararam completamente. Cita resumidamente 5 dos seus casos. 1.º caso: Nevrite coclear bilateral em criança de 5 anos, após sarampo. O tratamento durou 1 semana. A voz cochichada melhorou de 20 cent. para 7 metros. 2.º caso: Nevrite coclear em moça de 20 anos, após sarampo. A voz cochichada melhorou de 3 metros para 10 no prazo da 1 semana. 3.º caso: Polinevrite dir. (coclear, vestibular, facial, herpes zoster). Após 1 semana de tratamento, cura. 4.º caso: Polinevrite (coclear, vestibular, facial, abducens) melhorou a audição de 50 cent. para 6 metros e regressão de todos os outros sintomas. 5.º caso: Nevrite coclear e vestibular dir., regrediu completamente. O tratamento destes 5 casos durou de 10 a 14 dias e constituiu em injeções de cibalbumina na dose de 4 cc. repetidas 2 ou 5 vezes.

EUGEN CHARSCHAK - Prova da surdez unilateral. Pg. 34.

A prova da surdez unilateral torna-se muito dificil, pelo fato de que durante o exame, o outro ouvido não pode ser suprimido de modo absoluto. O A. passa em revista todos os processos preconisados até agora, mostrando que todos apresentam falhas. Um fato fica porem demonstrado: o aparelho ensurdecedor, como o de Barany, colocado em um ouvido, produz no outro modificações acentuadas. As experiencias provaram que ha diminuição do poder auditivo de 57 % para os tons baixos e de 32 % para os tons agudos. Parece que essa modificação da audição, acha-se ligada a um reflexo do acustico sobre os nucleos do trigemeu e sobre os musculos do lado oposto. Esse fato tem muita importancia principalmente para a prova da simulação. Quando um ouvido acha-se verdadeiramente surdo, a aplicação nele do aparelho ensurdecedor, não é acompanhada de modificações auditivas do lado oposto.

ZOLTAN WEIN. - A face negativa de Ehrlich conto contra-indicação para a tonsilectomia. Pg. 52.

Felizmente são muito raras as complicações consecutivas á tonsilectomia. O A. cita todavia um caso de septicemia grave, á estreptococo, em moça de 18 anos, após tonsilectomia, terminando pela morte, 11 dias depois da operação. Esta doente fora acometida poucos dias antes da operação, de abcesso peri-amigdaliano, de que resultou um cisto de retenção no polo sup. da amígdala, que foi pelo A. extirpado com pinça de Hartmann. Após 4 dias foi realizada a tonsilectomia, quando já havia desaparecida a reação inflamatoria. Os fenomenos septicêmicos apareceram 4 dias após a operação, quando o processo de cura se fazia normalmente. O A. explica esse seu insucesso com a chamada fase negativa do Ehrlich. O organismo provê a sua resistencia á custa da formação de anticorpos. Essa formação pode chegar ao ponto de esgotar as celulas produtoras, de tal forma que após exagerada produção de anticorpos, ficam por algum tempo impossibilitadas de produzi-los. E' a fase negativa de Ehrlich. Durante esta, o organismo não reage com a sua habitual inflamação, bem como observa-se o abaixamento do índice opsonico de Wright.

Acha o A. que o seu caso só pode ser explicado por essa fase negativa, em que se encontrava a sua doente e aconselha que se espere pelo menos um prazo mínimo de 3 semanas, antes da tonsilectomia, quando tenha havido processo inflamatorio anterior.

EMIL WESSELY - Três diagnosticos errados. Pg. 56.

O A. descreve o caso de um doente com 50 anos, que no decurso de 3 anos fôra por ele examinado e que por 3 vezes teve o diagnostico errado. Da primeira vez internou-se na clinica Hajek por insuficiencia laringéa pronunciada, sendo que já se achava rouco a cerca de 20 anos. O exame do laringe revelou: a corda dir. apresentava 3 tumores ovalares com aspecto de rinofima, atingindo o tamanho de lentilhas. A superfície desses tumores é facetada, epitelizada e brilhante. O aspecto clinico do laringe leva ao diagnostico de tuberculose pela unilateralidade do processo, conservação da motilidade e relativa palidez. A biópsia denunciou epitelio chato corneificado, mucosa edematosa com rica infiltração de Plasmatzellen. Wassermann positivo. Diagnostico: lues terciaria. Feito o tratamento cirurgico, o doente sarou. Pela segunda vez é enviado á clinica por lesões da lingua, que apresentava o seguinte quadro: ulceração com bordos espessos e base dura, coberta de granulações, situada na metade esq. da ponta do órgão. O tecido visinho acha-se sem reação. Pequena dôr ao contacto com os dentes. Nenhuma reação ganglionar. A biópsia revelou carcinoma planocelular corneificado.

Este carcinoma foi tratado com sucesso com punturas de radio. O diagnostico clinico era de tuberculose da lingua.

Cerca de 2 anos mais tarde, volta o doente pela, terceira vez, Agora queixa-se de disfagia e febre alta. O exame revelou: abaulamento da amigdala dir. e do palato mole. A parede lateral da faringe, atraz da amigdala, tambem se achava abaulada. Esta proeminencia provinha da entrada do laringe. Por uma fistula saía puz fluido. Diagnosticado abcesso, foi este esvasiado e o doente melhorou rapidamente. Pouco tempo após, o seu estado agravou-se, com o aparecimento de sintomas e sinais denunciadores de uma localização alta. Alem disso, desenvolveu-se otite media supurada dir. com perfuração espontanea. O doente veio a falecer um mês após a sua internação, tendo dado o exame neurologico o seguinte resultado: sensibilidade á pressão do ramo sup. dir. do trigêmeo; paralisia facial completa dir.; paralisia do glosso-faringêu; paralisia parcial do vago e do hipoglosso; paralisia do recurrente; cefaléa intensa; não ha perturbação da sensibilidade. O exame fala a favor de um abcesso da fossa posterior dir. com comprometimento das meninges. Necropsia: na visinhança da grande aza do esfenoide, na fossa media dir., sob a dura, encontram-se retalhos de tecido. Neste ponto o osso acha-se cariado. A preparação dos órgãos do pescoço, mostra trombose da veia jugular int. Na fossa pterigoide existe abcesso antigo, que se comunica por uma fistula com a 5.ª vertebra cervical. A base do cranio mostra tecido corneificado em comunicação com o abcesso já descrito. Este tecido aparece debaixo da mucosa do naso-faringe, nas suas paredes post. e dir., de modo que a luz do mesmo acha-se diminuída. O exame histologico do tumor resultou: carcinoma planocelular corneificado.

GUSTAVO WATZILKA. - Resultados com a lampada de quartzo no tratamento da tuberculose do laringe. Pg. 72.

A tecnica da aplicação é a seguinte: anestesia da hipofaringe e vestibulo do laringe; com a mão esquerda, abaixamento da lingua até aparecimento da borda da epiglote; introdução da ponta da lampada atraz da epiglote, de modo que a luz caia no laringe. Como a luz acha-se muito proxima da mucosa irradiada, nota-se uma reação muito intensa após curta irradiação. O A. inicia esta com 20 segundos e chega até 60 ou 90. Em certos casos o A. aplica tambem a galvano-cauterisação. As irradiações são feitas, em media, uma vez por semana e a cauterisação cada 3 semanas. A indicação para o tratamento local, depende da extensão do carater da lesão, da melhora ou estacionamento das lesões pulmonares e da baixa da reação sanguinea. Como todos os metodos terapeuticos, a irradiação atua melhor. sobre os processos proliferativos, que sob reos exsudativos. As ulcerações cicatrisam-se rapidamente. Em resumo acha-se o A. plenamente satisfeito com os resultados obtidos com a lampada de quartzo no tratamento da tuberculose do laringe.

JOSEF FISCHER - Otite a mucosus; mastoidite; otite interna purulenta difusa complicada; antrotomia. Pg. 82.

Doente com 69 anos de idade é operado de mastoidite a mucosus. Imediatamente após a operação, aparece paralisia facial, de que sara em pouco tempo. No 4.º dia, febre a 39º,4, vertigem, vomitos, nistagmo do 3.º grau para o lado são e paralisia facial completa do lado doente. Surdez e inexcitabilidade calórica. Diagnosticada labirintite, foi proposta a operação, que todavia, não foi aceita. O doente no entanto, sarou conservando naturalmente as sequelas: surdez, ausencia de excitabilidade labirintica e paralisia facial direita. Acha o A. inesperado esse decurso, que devêra progredir para desfecho letal.

E. GRABSCHEIB - Paralisia facial completa em seguida a corpo estranho do conduto; ouvido medio normal. Pg. 99.

Uma creança de 7 anos introduz um lapis de cerca de 3 cent. no ouvido dir. No mesmo dia aparece a paralisia facial completa. O corpo estranho foi retirado 2 meses após e a paralisia regridiu. A audição era normal. Tratava-se de uma fistula do canal facial na sua passagem pela parede post. do conduto.

E. SCHLANDER - Otite media cronica; colesteatoma; labirintite difusa; meningite labirintogenica; abertura do conduto auditivo interno; abcesso extradural da fossa media; abcesso da lóbo temporal; demonstração da preparação. Pg. 100.

Um doente sofre de otite media cronica que o leva á labirintite. A' operação do labirinto, é descoberto um grande colesteatoma e um grande abcesso extra-dural da fossa media. Como depois da operação permanecesse a febre e se desenvolvesse uma meningite, foi aberto o conduto auditivo interno, afim de facilitar a drenagem do liquor. De fato deu-se abundante corrimento do liquor, o que fez circunscrever a meningite. 10 dias após a operação, sobrevieram sinais de abcesso do lóbo temporal, que foi a seguir esvasiado. E' de notar-se que este abcesso tão grande, só tardiamente se tivesse manifestado, quando é de crer que ele já existisse por ocasião da primeira intervenção.

Dr. Roberto Oliva.

Monatsschrift für Ohrenheilkunde und Laryngo-Rhinologie
Vol. 68-Fevereiro de 1934
(Viena)

FRITZ KLEE - A saburra lingual nas doenças gerais. Pg. 129.

Na literatura encontram-se duas opiniões a respeito desses depositos. Muitos autores tomam-nos como caracteristicos, outros negam-lhes qualquer especificidade. Em uma grande série de 434 casos, encontrou o A. em 310 (71%) um deposito lingual de inten- sidade e de extensão várias. O deposito é observado tanto nas doenças gerais, como nas da cavidade bucal e não é especifico para certas doenças. Pelo deposito lingual não se pode concluir da natureza da doença.

A. CEMACH - Algumas notas sobre a minha terapia do laringe.Pg. 137.

O A. emprega no tratamento da tuberculose do laringe a Tampada de raios ultra-violetas, que traz o seu nome. Inicia a aplicação com 20 segundos, aumentando progressivamente a duração de modo que após 4 ou 5 aplicações atinja 90 segundos. A conservação dessa dose não produzirá mais efeito, visto como a mucosa a ela se acostuma e não reage mais. Assim sendo, a dose é aumentada, chegando a 3 minutos e mesmo 10 por dose. O tratamento é então interrompido por 4 a 8 semanas, para em seguida ser reiniciado como no primeiro dia. A super dose é frequentemente acompanhada de queimadura. Esta é do segundo grau, com ampolas brancas. Ha duas formas de queimaduras. A primeira no laringe. Ela deve ser evitada nos casos em que não se queira atingir nem mesmo o primeiro grau. Nos outros casos é ela util e inócua, não provoca grandes dores, não perturba a alimentação. A aplicação proxima só deve ser feita quando a reação desaparecer totalmente. A segunda forma de queimadura encontramos, via de regra, na borda da epiglote ou na parede post da faringe. Essa queimadura provoca dores intensas e perturba a alimentação, devendo ser evitada. Evita-se-a com a introdução da lampada mais profundamente, de forma que a borda da epiglote e a parede post da faringe não se achem mais sob a ação da luz. Normal- mente a lampada não deve utrapassar 70-80 volts. Os raios devem cair perpendicularmente sobre a lesão a ser irradiada.

RICHARG WALDAPFEL. - Complicações pulmonares após tonsilectomia. Pg. 143.

O A. apresenta uma serie de casos nos quais a tonsilectomia seguiu-se de complicações pulmonares. Sobre as causas dessas complicações, considera o A. como certa a aspiração, quando a operação é feita sob anestesia geral e a introdução de material infectuoso na via sanguínea, quando da anestesia local. O quadro dá complicação é variavel: infiltrados de diversos tamanhos e numero, chegando em um caso ao abcesso, pleuriz com ausencia de complicações pulmonares. O decurso dessas complicações foi em regra favoravel.

Para evita-las acha o A. indispensavel a observancia da regra fundamental da anestesia geral: conservação dos reflexos da faringe e da deglutição, isto é, anestesia a mais superficial possivel. Para evitar a infecção da via sanguinea, recomenda a mais absoluta, assepsia. Daí a sua opinião contrária á operação em estado agudo. Acha o A. que as complicações pulmonares após tonsilectomia, são mais frequentes que as mencionadas nas estatísticas, mas passam despercebidas. Aconselha que se submeta a exame, principalmente radiologico, todos os tonsilectomizados que apresentem febre após a operação.

ALEXANDRE HONIG - Uma formação lipomatosa do bronquio esquerdo. Pg. 155.

Os tumores benignos ocorrem com relativa raridade nas vias aéreas profundas. A causa desse fato é explicada por alguns autores pela situação topografica da via respiratoria e por outros pela sua relativa simplicidade de sua construção. Trata o A. do caso de um homem com 51 anos e que desde a idade de 40 anos, sofre de tosse matutina, com secreção abundante. Desde cerca de 6 meses, queixa-se de febre alta (39 e 40) e calefrios.

Radiografia: mancha grande na parte inf. do pulmão esq., acompanhada de outras menores. Após alguns dias, exitus. A autopsia revelou entre outras coisas o seguinte: 25 mm. Abaixo da bifurcação da traquéa, no bronquio esq., encontra-se uma formação poliposa, obliterando quasi totalmente a sua luz e dependente da parede post. O tumor tem a forma de cogumelo, medindo 20 mm. de diametro por 26 mm. de comprimento, provido de um pedículo de 5 mm. O tumor é compressivel e recoberto por uma mucosa lisa, branca e tensa. A' remoção deste tumor nota-se a existencia de um outro no mediastino post., do tamanho de um ovo, bem delimitado, oval, com superfície lisa, medindo 5 cent. de comprimento por 4 cent. de largura. Ambas essas formações acham-se em intima conexão, constituindo uma unica unidade morfologica, Em resumo tratava-se de hamartoblastoma lipomatoso, localizado originariamente na submucosa da pars membranacea do bronquio esq. e que cresceu não só para o lume do orgão, como também para o mediastino post. Em virtude da obliteração do orgão, sobreveio a bronquectasia, bem como outras modificações pulmonares, que levaram o doente a exito letal.

A. L. SMIRNOWA-ZAMKOWA - Sobre a questão do escleroma experimental. Pg. 168.

A questão da especialidade dos bastonetes de Prisch no escleroma, acha-se ainda controversa; alguns autores consideram até hoje o escleroma como molestia não infectuosa. Do mesmo modo a questão do escleroma experimental não se acha até hoje resolvida.

O que torna o diagnostico, o estudo e a profilaxia desta molestia particularmente dificil, é o seu longo periodo de incubação, que sob esse aspecto coloca o escleroma ao lado da lepra.

O A. fez pesquisas experimentais infectando animais com bastonetes de Frisch. A inoculação foi feita nas fossas nasais, no tecido pulmonar, no colo uterino, etc. Analisa o A. com abundancia de detalhes as 5 series em que subdividiu seus animais de experiencias. Em conclusão ao seu trabalho, declara que a inoculação das culturas no organismo animal, provoca o desenvolvimento de um processo inflamatorio, que sob alguns aspectos é analogo ao escleroma do homem. Naturalmente é impossivel haver uma completa analogia, pois que nos animais de experiencia não ha o ambiente do escleroma. Em todos os animais foram encontradas modificações para o lado do epitelio das vias aereas. Nas celulas, que assumiam o carater das celulas de Mikulicz, foram encontrados os bastonetes de Frisch.

Dr. Roberto Oliva.

Les Annales d' Oto-Laryngologíe
N.º 12. Dezembro, 1933.
(Paris)

G. WORMS e A. DEBURGE - Celulite séptica da loja glosso-tiro-epiglotica. Pg. 1397.

Apresentam os AA. uma interessante observação de um caso com o diagnostico supra e cujo resumo é o seguinte: No decurso de uma amigdalite benigna, um individuo sente violentas dores de garganta, acusa uma disfagia e muito rapidamente uma perturbação inspiratoria inquietante, necessitando uma traqueotomia de urgência. Os sinais funcionais associados aos sinais gerais notados, mas principalmente os dados do exame buco-laringêo - edema da região glosso-epiglotica com integridade do soalho bucal - permitiu fazer o diagnostico. A observação mostra a rapidez fulminante dos fenômenos asfixicos, desde o inicio da infecção do espaço glosso-tiro-epiglotico.

Quanto a etiologia os AA. incriminam a amigdalite benigna anterior, a qual foi acompanhada por uma amigdalite lingual e pelas conexões celulosas e vasculares desta á loja glosso-epiglotica, temos o modo de infecção.

O tratamento constituiu em incisão com tesouras curvas pela via endo-bucal, que foi suficiente, reconhecendo-se que uma traqueotomia alta previa serviu eliminação de secreções abundantes e fétidas.

J. PIQUET e P. COUMOUMA - A via de acesso endofaringéa na cirurgia dos abcessos latero-faringêos. Pg. 1400

Frizam de inicio estar assentado que os abcessos peri-amigdalianos devem ser incisados por vias naturais, enquanto que os lateros-faringêos devem ter incisão cervical. Apresentam, porem, uma observação que contraria essa doutrina e na qual a simples pressão do index sobre a parede faringéa, permitiu a evacuação do pús pela via bucal, tendo sido desnecessaria a intervenção cervical.

Os AA. propõe duas questões: 1.º) A via de acesso endofaringéa é utilisada de uma maneira corrente? 2.º) Essa via de acesso é sem perigo?

Fazem inumeras considerações anatomo-clinicas sobre esses dois pontos. Em um numero elevado de casos de abcesso latero-faringêo, na creança pelo menos, a coleção purulenta se exteriorisa para o faringe antes que para a região cervical. Este fato clinico parece poder se explicar pela configuração anatomica do espaço retro-stiliano, séde da supuração, si se leva em conta que no recem-nascido este espaço não é limitado para dentro, para o lado do faringe, por um septo sagital, claramente individualisado como no adulto. A via de acesso endofaringéa na cirurgia dos abcessos latero-faringêos de evolução para o faringe, parece tanto mais nidicado quanto a intervenção é em geral facilitada pela diminuição de resistencia da parede faringeana, ás vezes mesmo em via de ulceração.

H. DE STELLA - A anisocoria nas inflamações da caixa. Pg. 1411.

Inúmeras são as causas capazes de produzir anisocoria, mas os autores não falam da que acompanha as lesões da caixa. É preciso eliminar por um exame profundo, todas as causas de origem nervosa central ou periférica, os vícios de refracção, as causas oculares, pulmonares, naso-faringeanas, que são as mais comuns. Só depois isso, pode-se ligar a anisocoria á origem auricular. O A. apresenta três observações autenticas, com miosis do lado do ouvido lesado. A explicação dessa anisocoria não é dada pelos livros. Experiencias em animais parecem atribuir aos nervos pupilo-dilatadores, que atravessam a caixa, no coelho pelo menos. O A . cita o fato observado por Korosi: instilando adrealina a 1% nos dois olhos em caso de miosis unilateral e do lado do ouvido lesado, nota-se o efeito midriatico da adrenalina, muito mais forte para a pupila contraí-da, o que seria devido a uma instabilidade maior das fibras do simpático separadas do gânglio cervical, pelo fato da lesão da caixa.

VAN CANEGHEM - A pressão do liquido raquideano nas complicações clinicamente extra-durais das otites. Pg. 1413.

Apresenta o A. um longo trabalho com numerosas observações, formando dois quadros interessantes.

Dos seus estudos conclue o seguinte:

As complicações extra-durais das otites acarretam na metade dos casos, uma hipertensão do liquido C. R.. Nos casos de mastoidite aguda, o abcesso extra-dural determina sempre uma hipertensão muito forte ( superior a 30 cent.). Uma tensão normal não exclue, entretanto, a possibilidade de um abcesso extra-dural. A hipertensão do líquido não agrava o prognóstico post-operatorio. A hipertensão do liquido C.R não se explica pelos fenômenos de edema colateral, nem por fenômenos tóxicos ou infecciosos gerais; ela se explica melhor pelas variações de calibre dos vasos endocraneanos.

HELSMOORTEL e VAN BOGAERT - Dois novos casos de mioclonias sincromas e ritmadas velo-faringo-laringéas. Pg. 1422.

Estas observações não são raras na literatura neurológica, mas seu estudo merece a atenção dos laringologistas, que delas cuidam incidentemente. E' um trabalho que merece ser lido na integra.

FISCHER - Da aplicação clinica dos reflexos associativos para a constatação dos restos auditivos. Pg. 1430.

Por sugestão de seu falecido mestre, Prof. Alexander, o A. instituiu um metodo clinico para provar a capacidade auditiva ou a incapacidade, tal como o exame auro-palpebral, tendo tomado o reflexo associativo de Bechterew como base de suas pesquisas.

SCHEINS HENNEBERT - Contribuição ao estudo dos movimentos angulares habituais da cabeça. Pg. 1437.

A rotação determina no individuo reações oculares conhecidas sob o nome de nistagmo. Os movimentos angulares habituais da cabeça apresentam esta particularidade de não gerar nistagmo post-rotatorio, si bem que se acompanhem de nistagmo per-rotatorio. Para explicar essa ausencia de nistagmo post-rotatorio, é necessario reconhecer as carateristicas do movimento angular da cabeça. O A. precisa os resultados obtidos por um registro fotografico.

Dr. Paulo Sáes.

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