Versão Inglês

Ano:  1934  Vol. 2   Ed. 4  - Julho - Agosto - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 321 a 341

 

REVISTA DAS REVISTAS - parte 1

Autor(es): The Journal of Laryngology and Otology
Vol. XLIX n.º 4 -Abril, 1934
(Londres)

H. W. SCHWARTZ - O sistema linfatico em relação com a paralisia do laringe; consequente a cancer do peito - Pag. 221.

Trata-se de um caso de paralisia do recurrente secundaria a um cancer do peito. O autor revê a literatura anterior, em que encontrou 16 casos semelhantes. Procura estudar o fenomeno de acordo com as explicações do Dr. Logan Turner, expedidas em 1921 e em que se basearam todas as observações consecutivas. Discute esta maneira de ver á vista de nossas aquisições mais recentes sobre o sistema simpatico dos seios e suas conexões. Conclue que esta explicação está sujeita á revisões em seus pontos essenciais.

M. O. R.

The Journal of Laryngology and Otology
Vol. XLIX, n.º 5 - Maio de 1934
(Londres)

GREY TURNER - Progressos recentes no tratamento cirurgico dos carcinomas do esofago - Pag. 297.

O autor apresenta os resultados dos 25 anos de sua experiencia sobre a cirurgia do esofago. Passa em revista os metodos para a pratica da extirpação do esofago e mostra-se entusiasmado pelo metodo de Torek modificado por Arthur Evans e Logan Turner. Menciona e descreve os detalhes de um caso em que pôde fazer a esofagoectomia pelo metodo que denomina "pull trough". A esta operação um novo esofago deve ser feito na parede anterior do torax. Seu doente, depois de varias e sucessivas peripecias post-operatorias, ficou curado e poude alimentar-se por meio de seu novo esofago Não deixa de ser animador o resultado obtido por Turner no caso em apreço.

F. J. CLEMINSON e J. P. MONKHOUSE (Londres) - Carcinomas do esofago tratados pelas radiações - Pag. 313.

Os autores, depois de se referirem ás aplicações do radium nos tumores esofageanos desta especie, mencionam a tecnica empregada e os resultados obtidos, sobretudo no que dizem com a sobrevida dos pacientes. De suas observações concluem que os resultados terapeuticos obtidos são tão desapontadores, que se poderia perguntar se não haveria inconvenientes para os doentes, no emprego de tal metodo de tratamento e se não seria melhor, para eles, a remoção preliminar de todos os dentes, seguida de uma gastrostomia.

M. O. R.

Archives of Otolaryngology
Vol. 19. Março de 1934. N.º 2.
(U. S. A.)

WALTER DANDY. (Baltimore) - Prova cerebral hidrodinamica (ventriculografia) em tromboses do seio lateral.-Pag. 297.

E' um facto conhecido a possibilidade de uma trombose do seio lateral ou sigmoidêo, simular sintomas de tumores ou abcessos intracraneanos. Quando o carater e a posição do presumivel tumor não são conhecidos, em geral é necessario o emprego da ventriculografia para esclarecer o diagnostico e a localisação da lesão. Praticamente a estase de papila existe sempre que ha pressão intracraneana, sem ser entretanto uma prova de certeza absoluta, de modo a ser muitas vezes necessario o exame da pressão por meio da puncção lombar. Entretanto, a experiencia têm demonstrado o perigo deste ultimo modo de proceder em casos de tumores intracraneanos. Assim, quando ha suspeita de tumor ou abcesso cerebral, o unico meio, isento de perigos para se conhecer a pressão intracraneana será pela puncção ventricular, a qual, além de determinar o seu valor manometrico, permitirá a introducção de ar (ventriculografia), precisando a localisação da lesão, si existe, ou eliminando-a em caso contrario.

Em seguida, passa o autor á descrição de cinco casos nos quais foi feita a ventriculografia, e os seus resultados confirmados cirurgicamente ou em autopsia.

S. L. SHAPIRO, NOAH FABRICANT e ROBERT STEPHAN. (Chicago) - Perturbações sensoriais consequentes ás operações radicais no antro maxilar. - Pag. 303.

Este artigo é muito interessante. Nele, os autores fazem o relato de um estudo comparativo que fizeram entre a tecnica comum de Luc-Caldwell e uma outra preconisada por Menzel, o qual pretendia evitar as perturbações sensoriais que costumam aparecer como sequelas das operações no antro de Highmore. O detalhe da tecnica de Menzel consiste em se fazer a incisão inicial em vez de paralela ao rebordo alveolar, pratica-la perpendicularmente ao mesmo; na opinião de Menzel, este modo de proceder evitava o sacrificio de varias subdivisões do nervo maxilar superior e assim conseguia fugir ás citadas perturbações post-operatorias.

Foram operados 17 doentes de sinusite bilateral. Em um lado foi feita a incisão comum, horizontal e no outro a incisão de Menzel, vertical. Um ano depois, estes doentes foram examinados outra vez.

Foi verificado que em relação ás perturbações sensitivas, não houve melhor vantagem; isto porque o curso dos nervos alveolares, particularmente o alveolar anterior é tal, que se torna inevitavel o seu sacrificio no decurso operatorio; este é o factor logico da procedência das anestesias, parestesias e hipoestesias de que os doentes se queixam. O artigo tambem contem um esquema da inervação da zona operatoria.

EDWARD ZIEGELMAN. (San Francisco) - Calculos das glandulas submaxilares e sublinguais e de seus ductos. - Pag. 318.

O autor faz primeiramente um estudo etiologico deste genero de calculos, chegando á conclusão de que a sua existencia está ligada a perturbações endocrinicas. Depois passa a tratar de seu tratamento. Ha calculos que se eliminam expontaneamente. Alguns quasi que não dão sintomatologia, enquanto que outros pódem levar até um flegmão do pescoço. Em geral, apenas se percebe um pequeno tumor no assoalho da boca. A presença de dôres passageiras e de aumento de volume da glandula, são os fritos que levam o doente a procurar o medico. Na opinião do autor a maioria dos casos resolve-se pelo proprio ducto; ha outros entretanto, que exigem a dissecção do duto salivar ou mesmo a retirada da glandula por via externa.

SAMUEL GREENFIELD. (Brooklin.) - Paralisia do abducens associada a tromboflebite. - Pag. 337.

Apresenta o autor uma observação bastante interessante porque se trata de um caso de paralisia do motor ocular externo bilateral em um caso de tromboflebite em seguida a uma mastoidite. Diz ele que as noções classicas estabelecidas por Gradenigo em 1904, tem sido objecto de apurados estudos por parte da otologia moderna, cujos resultados têm cada vez mais comprovado as primitivas noções firmadas pelo otologista italiano em relação ao factor etiologico, quer dizer a supuração do ápice da piramide. Por isto, ele faz um estudo anatomico do percurso do abducens, e da posição dos seios venosos da cavidade craneana, procurando uma explicação para o facto. Tanto radiologica com clinicamente ficou comprovado o não comprometimento da pirâmide do rochedo no caso em questão. Procedeu ele à ligadura da jugular e resecção do seio; o doente saoru completamente desaparecendo a diplopia, sem tocar por, tecinica alguma na massa da pirâmide.

JONATHAN FORMAN. (Columbus). - Coriza alergico de contacto. Pag. 367.

Apresenta o autor um quadro esquematico dos diversos tipos de coriza agúdo e cronico, classificando-os em quatro grandes grupos: coriza atopico, alergia ás bacteries, coriza alergico de contacto e de sensibilisação especifica. Ao primeiro grupo, quer dizer á forma atopica, ele relaciona os casos nos quais ha uma capacidade especifica de hipersensibilidade, geralmente proteinas e de carater hereditario; no segundo grupo, bacteriano inclue os casos nos quais ha infecção e o processo é entretido pela absorção de toxinas; no terceiro grupo, de contacto, comparavel ás dermatites de contacto, não se encontra o factor hereditario, e o coriza ocorre sempre quando ha elementos de exposição a determinado agente; finalmente, e ultimo grupo é daqueles que são sujeitos a agentes fisicos como o frio, o calor, etc.

Além deste estudo teorico apresenta tres observações as quais ele inclue no grupo das alergias de contacto. Em nenhuma delas havia o factor atopico, hereditario. Em duas tratava-se de uma hipersensibilidade a "whisky"; a terceira se referia a um anatomopatologista que tinha terriveis crises de coriza quando trabalhava com "formaldehyde".

LOUIS FREEDMAN - Tratamento da angina do peito e congestão por astenia cardíaca pela extirpação total da tiroide. - Pag. 383.

Blumgart e seus colaboradores do Beth Israel Hospital, de Boston, apresentaram recentemente os resultados terapeuticos da ablação total da tiroide em doentes sofrendo de angina de peito e fraqueza cardíaca. O primeiro que se interessou e desenvolveu esta tentativa foi Berlin, o qual chame a atenção para o perigo de se atingir os recurrentes no ato cirurgico. Tratando de elucidar este ponto, Freedman apresenta o resultado de uma serie de observações. Ele não se refere ao sucesso ou fracasso de intervenção; o seu trabalho apenas diz respeito á possibilidade de lesar ou não os recurrentes.

A observação das cordas vocais foi feita em uma serie de 44 casos de ablação da tiroide, de acordo com a técnica de Berlin para tratamento de angina do peito e astenia cardiaca. Foi feita observação laringoscopica destes casos antes, durante e depois do operação. Em sete, desenvolveu-se paralisia unilateral do recorrente; em tres, o fenomeno paralítico foi temporario. Em todos eles, menos um, as cordas ficaram em posição de paralisia dos abductores, na linha mediana; apenas uma não veiu para a linha mediana, não ficando entretanto em posição cadavérica. Praticamente, todos estes casos não tiveram a voz alterada, quando uma corda estava parálisada; isto prova que não se pode tomar a voz como ponto de reparo, durante a operação sem laringoscopia. Chama pois o autor atenção para a necessidade absoluta da laringoscopia, depois de separado um lobo da tiroide antes de proseguir com o ato cirurgico. Naturalmente, operações sob anestesia local.

ANDREW LOVE. (Los Angeles). - Quistos dentigenos do antro. - Pag. 319.

Os quistos dentigenos pertencem a um grupo de tumores benignos dos maxilares e originarios do ponto de implantação dos dentes; são, naturalmente, de origem epitelial e são chamados odontomas. Eles pódem se formar do esmalte de um dente que não se rompeu, mas a maioria dos autores pensa que eles se originam de restos paradentarios (cordas de Malassez.) Inclusos neste grupo de quistos dentigenos estão os odontomas duros, de contornos irregulares, compostos principalmente de dentina e um pouco de esmalte, e os adamantinomas, tumores moles, compostos de um epitelio cheio de massas ou cordas que lembram o esmalte embrionario. Os odontomas duros e os quistos dentigenos crescem por expansão e infiltração. Nenhum dá lugar a metastases.

Os quistos dentigenos têm sido encontrados na orbita, palato mole, maxilar superior e inferior e, em geral têm o mesmo tamanho e estrutura microscopica. Pódem ás vezes ser bilaterais ou multiplos, havendo um caso de 4 no mesmo paciente. Aparecem com frequencia duas vezes mais no maxilar inferior de que no superior; preferem a primeira e a terceira decada da vida, mas ha casos entre os seis e os sessenta anos. A grande maioria desenvolve-se em conexão com um dente permanente. Têm sido encontrado dentes malformados e supranumerarios nestes quistos, mas em geral, pelo menos a corôa é bem formada. Os cuspidos e os terceiros molares são mais frequentes, apesar de que todos os dentes superiores tenham sido já encontrados nestes quistos.

São tumores já encontrados tambem em diversas especies de animais.

Em seguida o autor resume a literatura do assunto, e estuda exaustivamente o aspeto macroscopico, a etiologia, diagnostico diferencial e tratamento. Apresenta duas longas observações acompanhadas de microfotografias.

FREDERIC POLLOCK. (Boston) - Plasmacitoma do nariz e nasofaringe. - Pag. 311.

O plasmacitoma é um tumor composto de celulas de tipo plasma. A origem destas celulas não é bem conhecida; a teoria mais aceita é aquela que as faz derivar dos pequenos linfocitos; outros, acreditam que elas se derivam de fibroblastos da adventicia dos vasos sanguineos. Mallory acredita que os linfocitos sofram uma alteração nos tecidos e apareçam sob a fórma de que o termo "plasma célula" é aplicado. As celulas são em geral um pouco maior de que os linfocitos, com um citoplasma basofilo. O nucleo, que é usualmente simples, póde ás vezes ser multiplo; é pequeno e colocado excentricamente. A membrana nuclear é definida. A cromatina colora-se profundamente; usualmente adére á periferia do nucleo, dando a aparencia de roda de carro.

O artigo contem duas observações. Na primeira cita o caso de uma mulher de 70 anos que se queixa de obstrucção nasal, que vem aumentando no decurso de dois anos antes do exame; não tem dôr nem descargas nasais seja de catarro ou sangue. Foi encontrado um grande polipo no meato inferior, de consistencia dura e superficie sangrante. Tinha sua inserção no soalho do nariz, proximo do septo. Uma vez removido, tinha uma aparencia extremamente friavel, sangrava facilmente e parecia conter muitas celulas. Foi feito roentgenterapia semi resultado apreciavel.

A segunda observação diz respeito a uma mulher de 39 anos que se queixa de dôr de cabeça, nausea e vomitos; 14 meses antes tinha tido paralisia do lado direito do rosto; um neurologista fizera diagnostico de tumor do cerebro. Procurou um rinologista, devido a pequenas hemorragias. Foi encontrada uma massa granular aplicada contra o orificio da trompa de Eustaquio direita, a qual sangrava com facilidade. Alem desta foi tambem encontrada uma massa semelhante sobre o sternum. Uma semana mais a doente falecia. A autopsia revelou multiplos mielomas do sternum, craneo e figado.

Entre as suas conclusões chama o autor a atenção para a raridade destes casos. Não acha correcta a classificação de plasmacitoma do nariz e nasofaringe, mas insiste que se trata de formações de origem neoplastica.

Dr. Francisco Hartung.

Archives of Otolarygology
Volume 19. Abril, 1934. N.º 4.
(U, S. A.)

SAMUEL SKILLERN. (Filadelfia). - Persistencia de aparentes dôres nos seios depois de multiplas operações. - Pag. 415.

O autor realisou, por correspondencia, um inquerito entre os especialistas de maior prestigio nos Estados Unidos; afim de conhecer as suas opiniões no tocante ao problema do não desaparecimento do sintoma dôr nos operados de sinusites.

Resumindo a opinião de 16 cirurgiões especialisados, assim manifesta-se o articulista, como causa da persistencia do sintoma, agrupando as respostas que tinham conincidencia:

Operação incompleta, 7.

Outros seios afectados além do operado, 6.

Molestias gerais causando sintoma de sinusite, 5.

Sinequia ou tecido cicatricial bloqueando ou envolvendo o nervo, contracturas dolorosas, 5.

Lesão directa ou interferencia com o nervo, 4.

Operação no etmoide ou cornetos com diagnostico insuficiente, 4.

Reacção nervosa individual á dôr, 3.

Nevrite do 5º par, 3.

Nevralgia atipica de causa desconhecida, 3.

Reacção á lesão do periosteo e osso, principalmente ao redor do foramen, 3.

Lesão do plexo simpatico, 2.

e finalmente:

O A. faz adicionar ao resultado deste inquerito, a sumula de suas observações pessoais. Além das causas citadas, ele tem encontrado meningite localisada, abcesso do lobo frontal e dá grande importancia a proximidade das meninges nos processos inflamatorios do etmoide e esfenoide.

Modificação da correntes de ar dentro do nariz, 1.

EINAR SUNDE - Infecção do osso petroso. - Pag. 436.

E' assunto que muito tem interessado os otologistas nestes ultimos anos: a supuração do rochedo; tem-se escrito bastante a este respeito de 1930 para cá, principalmente Profant, Eagleton. Kopetsky e Almour, e varias tecnicas para a abertura da apofise petrosa têm sido aventadas. Um fáto entretanto chama a atenção: a estatistica publicada por Perkin em 1910, no tempo em que se limitavam os cirurgiões a simples mastoidectomia ou a uma operação radical acusava uma percentagem de mortes que não ia além de 12 %, enquanto que a estatistica recente de Kopetsky cita 43% de mortes no sindroma de Gradenigo, quer dizer depois que se resolveu a drenagem da propria apofise.

Impressionado com estes fatos, depois de uma serie de considerações clinicas e cirurgicas, Einar propõe a conduta seguinte para os casos de supuração da piramide:

1. Quando a dôr no olho, febre e otorréa persistirem depois da operação na mastoide, esperar os acontecimentos.

2. Si os sintomas aumentarem em severidade ou aparecerem sinais alarmantes como aumento de dôr de cabeça, irritabilidade, vomito, rigidez de nuca ou vertigem, explorar a ponta da piramide pelos metodos em uso procurando a possibilidade de uma fistula.

3. Si ocorrer um estado de latencia, observar cuidadosamente si ha aumento ou diminuição da otorréa. Si ha aumento, indicando rutura para o ouvido medio, esperar os acontecimentos, porque póde se dar a cura, expontanea. Si houver diminuição da otorréa, ou esta continuar a mesma, ha indicação imediata para abrir o rochedo.

Como se vê por este artigo, Einar não é nada radical em relação á abertura da piramide petrosa, convencido que está que uma abertura da mastoide ou a operação radical, póde em determinados ser o suficiente para salvar o doente.

CYRIL COURVILLE, e J. NIELSEN. (Los Angeles). - Complicações fatais de otite media. - Pag. 451.

Muitissimo interessante é este artigo. Ele resume o resultado de protocolos de 10.000 autopsias realisadas no "Los Angeles General Hospital", encerrando um comentario apurado a respeito das complicações encefalicas consequentes ás otites medias. E' excessivamente longo para se pretender resumir, além de que a sua importancia exige que seja lido na integra. Limitamo-nos aqui a apenas algumas de suas conclusões.

1. A morte na otite media é comumente relacionada a fatores que dizem respeito á má nutrição e desidratação, á broncopneumonia, diarréa, septicemia ou bacterioemia ou a uma complicação intracraneana. A maior percentagem de mortes ocorre no primeiro ano da vida, apesar do menor numero de complicações endocraneanas. Em alguns casos a otite media é apenas acidental e não é responsavel pelo resultado fatal. (otite terminal.)

2. A infecção da piramide petrosa foi muito bem estudada, com particular atenção a respeito das complicações endocraneanas. Destas, as meningites e o abcesso extradural eram as complicações mais comuns. Trombose do seio cavernoso e abcesso do lobo temporal rarissimamente foram encontrados.

3. Entre as infecções durais, chamou especial atenção o abcesso subdural; tambem a fistula dural foi motivo de atenção, bem como os varios tipos de complicações endocraneanas que pódem provocar ou estar associada.

Passa ainda em revista a incidencia e patogenese das tromboses venosas, o papel das aracnoidites na formação dos quistos aracnoidianos e a importancia das otites na formação dos abcessos cerebrais, dos quais foram encontrados 76 casos nos 10.000 cadaveres.

FRANCIS LEDERER, e LOUIS FISHMAN. (Chicago.) - Mediastinotomia profilatica em casos de perfuração do esofago por corpos estranhos. - Pag. 427.

Depois de algumas considerações de ordem teorica a respeito deste genero de corpos estranhos, apresentam e comentam quatro observações. Não advogam nem condenam a mediastinotomia; mas chamam a atenção para o grande numero de pacientes que sucumbem ás infecções periesofagianas e ao fáto deste modo de proceder ser tão pouco vulgarisado na America.

Faz um apelo para que se elucide clara e definidamente quais são as indicações para um tratamento conservador ou um tratamento radical, como propõe Viennese.

JAMES BEAVIS. (Michigan.) - Molestias amiloides das vias aereas superiores. - Pag. 439.

As vias aereas superiores são as partes da economias mais sujeitas á molestia amiloide. Póde-se classificar em tres tipos: 1. Infiltração difusa subepitelial. 2. Tumor formando depositos amiloides. 3. Degeneração amiloide de tumores preexistentes.

As primeiras observações de tumores amiloides do laringe datam de 1873, publicadas por Burow e Neuman. A literatura não contem mais de que cincoenta casos.

Os dois sintomas principais acompanhando a molestia amiloide do laringe, são os mesmos que se assinalam na obstrucção da glote, quer dizer rouquidão e dispnea; este ultimo sintoma; nas observações apresentadas, era tão violento que provocou uma traqueotomia. Em geral os tumores têm uma côr amarela.

Como tratamento dos casos nos quais ha simples depositos amiloides, proceder-se-a a simples remoção do material por via oral; entretanto este modo de proceder póde provocar intensa hemorragia. O autor obteve uma cura radical com tratamento antiluetico em um caso de infiltração subepitelial difusa. New propõe a fulguração e a radioterapia.

JOSEPH DRUSS e JACOB MAYBAUM. (New York.) - Periarterite nodosa do temporal. - Pag. 502.

Este artigo não comporta resumo porque o seu interesse é só de ordem histologica. Esta lesão arterial tem sido descrita em todo o corpo. Consiste em lesão inflamatoria das arterias com formação de nodulos, muitas vezes visiveis a olho nú. No temporal ainda não havia sido encontrado; por isto é que os autores fazem menção do seu achado na autopsia.

Acta Oto-laryngologica
Vol. XX - Fasc. 1, 2 (1934)
(Stockolmo)

(Numero dedicado aos trabalhos apresentados na 6ª reunião cientifica do "Colegium Oto-laryngologicum Amicitiae Sacrum" reunido em Praga, de 3 a 6 de Setembro de 1933.)

JOHN TAIT. (Montreal) - Evolução da vóz nos vertebrados - Pag 46.

O A. discorre; longamente, sobre seus proprios estudos, praticados nos vertebrados inferiores, sobre a audição nestas especies e os põe em relação com outros referentes a emissão da voz nas mesmas. Refere-se a seus estudos e experiencias sobre as rãs, em que demonstrou não servirem os sacos bucais, retemptores de ar, para a respiração, mas sim para a emissão de sons sobretudo quando do preenchimento do instincto sexual. Discorre sobre os sacos natatorios dos peixes a que atribue os mesmos fins. Depois de muitas considerações diz "que as vesiculas natatorias dos peixes tornar-se-ão mais compreensiveis para nós, se a considerarmos como orgãos primitivos da voz".

De fáto, a vóz teve sua origem corno resposta aos propositos sexuais, mas com o correr do tempo ela expandiu-se para toda espécie de usos. Em nós culminou na vóz articulada , uma das mais poderosas invenções do universo.


EELCO HUIZINGA (Groningen). - Estudos experimentais no aparelho dos canais semi-circulares do pombo - Pag. 76.

Resumo do autor: Póde-se extirpar a ampola posterior, sem perturbar a função do resto do labirinto. Mesmo quando da operação em ambos os lados, não se percebe senão ligeiras perturbações. E' necessario distinguir-se uma secção rude do canal de uma outra feita com precaução. A reação de rotação demonstra que quando de uma secção brutal, outras cristas são lesadas, o que não acontece quando feita com precaução, em que só a crista do canal operado perderá sua função. Trata-se de uma perda e não duma excitação, pois que o corte do canal semi-circular posterior, ou a extirpação da ampola posterior têm o mesmo efeito. Si se corta com precaução ver-se-a que os canais semi-circulares se dividem em tres sistemas um horizontal e dois verticais, que se entrecruzam. Sómente quando se cortam 2 canais ligados, provocando a destruição de um destes sistemas, se produzirá fortes perturbações, assim, a oscilação da cabeça. Este fenomeno é devido á grande diminuição da tonicidade dos musculos do pescoço, de que poderá ser medida a extensão por meio de mensuracões objetivas. Nos pombos as cristas produzem tambem, fortes excitações permanentes.

H. NEUMANN (Viena) - Patologia e terapeutica das meningites otogenicas. - Pag. 102.

Resumo do autor: Posso com a revisão de todo meu material considerar um unico grupo como de bom prognostico, isto é, os casos de meningites em individuos jovens, em consequencia de otites agúdas, quando de sintomas clinicos ligeiros.

Quando da analise dos casos curados, verificamos que a maioria deles era constituida de casos benignos, para os quais os resultados dependeram mais da especie do processo que da qualidade do tratamento, veremos, então, que significação tem a ação feita a tempo. E assim constituem um perigo as meningites pobres em sintomas e operadas quasi sempre tardiamente, pois que os sintomas tipicos, indicativos de uma intervenção radical, nem sempre entram em consideração. Necessito referir-me a dois fatores de suma importancia. Primeiro, queixou-se o paciente (criança) de dôr de cabeça difusa não localisada. E sobre este sintoma que devemos dirigir a atenção, tal qual sobre a vertigem da criança, com abcesso do cerebelo, conforme já fiz notar. Segundo apresentam todos os casos, desde o inicio, temperaturas elevadas, 39º, 40º e posso sómente fazer notar e aconselhar que só esta elevação de temperatura fala pela utilisação, com fim diagnostico, da punção lombar. O fato notavel, pelo menos nas estatísticas do autor, do grande índice de cura apresentado nos casos de meningites em crianças, póde ser esclarecido pelo fato provavel de que o liquido cerebro-espinhal, dos individuos jovens, apresente, mais rapidamente que para os adultos, as modificações no sentido de uma meningite, talvez já numa ocasião em que não se tem motivo de se pensar nela. É natural que esta circunstancia não deixa de favorecer as probabilidades de cura.

Deve-se, no entanto, contar, tambem, com a capacidade de defeza das crianças, nas quaís a constituição e a anatomia não deixam de gozar seu papel. Ficam, ainda, em aberto os fatos revelados pela histologia quanto á constituição das meningeas e da substancia cerebral ou das relações entre ambas, tambem, o quimismo do liquor e as relações entre este e o sangue e mesmo o momento endocrinico. As propriedades anatomicas da criança, foram, certamente, examinadas e estudadas. No que concerne ás propriedades anatomicas e histologicas do cerebro, os trabalhos são limitados no que se refere a criança, exceto os estudos sobre o peso. Os estudos demonstrados pelo autor, no que se refere á cito-arquitectonia e angioarquitectonia limitaram-se ao adulto, sendo que para a criança estas duas estruturas não foram, ainda, pesquizadas. Bem estudada é a composição química do cerebro na criança, das quais sabemos que a taxa de lipoides aumenta, ao passo que o conteúdo aquoso diminue, o que, em grande parte, está em relação com a mielinisação. Foram tambem estudadas as taxas de oxigenio e calcio, assim tambem da albumina, que modifica-se, na meninice. Para esta questão o autor aconselha os estudos de SCHIFF e STRANKY.

O autor não tem a intenção de dizer como se cura uma meningite. A exposição de seu metodo e dos resultados conseguidos tem dois fins. O aumento das indicações para as punções lombares coloca-nos na posição de empregar esta terapeutica já nos estados precursores das meningites, ao envez de faze-lo, já, nas meningo-encefalites declaradas, para as quais as punções lombares são feitas, primeiramente, sob a base dos sintomas clínicos e oferecem muito pequena chance de cura. De outro lado os resultados relativamente bons, fazem-nos pensar naqueles casos de meningites em que a sensação da inutilidade de terapeutica, após confirmação do diagnostico, só nos fará esperar a morte e a confirmação de nosso diagnostico com o resultado da autopsia.

A persuasão de que uma intervenção cirurgica nos conduza, com segurança, ao bom resultado, é, pelo metodo do autor, rara, pois que na maioria dos casos as intervenções oto-cirurgicas não são mais que uma questão de profilaxia. Profilaxia com a permanencia do que causa o mal exige uma vitoria e acontece que claudicamos frequentemente com nossos processos cirurgicos nas complicações craneanas de origem otogenica, isto é a intervenção é quasi sempre praticada em um periodo em que o quadro clinico é tão persuasivo que para uma intervenção cirurgica será muito tarde. A intervenção aconselhada pelo autor, nas meningites, difere de todas as outras operações deste genero, em que o paciente, quando conseguimos praticar a intervenção lege artis, não sofrerá nenhum mal maior.

C. E. BENJAMINS e J. DE GRAAF (Groningue). - A utilidade dos sintomas nasais no defluxo dos fenos. - Pag. 165.

Os autores demonstram: l.º - que a pele é muito mais sensivel contra a substancia ativa do polen que a mucosa nasal;

2.º - que a absorpção da substancia polinica pela mucosa nasal pode ter lugar em quantidade suficiente para provocar sintomas gerais;

3.º - que para um nariz artificial, a quantidade de polen que se póde nele encontrar durante a floração dos granineos é bastante grande para produzir reação geral, após absorpção.

Dever-se-ia esperar, então, grande numero de sintomas gerais de reabsorpção, em numerosos casos de defluxo dos fenos, mas, o organismo se opõe firmemente a esta reabsopção pelos sintomas nasais, que têm lugar pela sensibilidade especial das camadas superficiais da mucosa nasal, que reagem, para quasi todos os doentes de defluxo dos fenos, desde a presença de 35 gráos de polen e para os mais sensiveis, com numero ainda menor.

A rinorréa e o espirro expulsam o excedente de polen e a oclusão nasal impede a entrada de mais substancia nociva. Sem esta defeza energica, formada pelos sintoma, nasais, um grande numero de pessôas alergicas, com sensibilisação polenica, sucucubiriam. Não ha exagero nesta afirmativa, pois conhecemos os resultados infelizes de uma injeção muito forte de extrato polenico de que se conhecem varios casos mortais na literatura.

Os autores chegam a conclusão de que os sintomas nasais do defluxo, dos fenos, muito embora desagradaveis, são uteis e indispensaveis.

ALEXANDER REJTÖ (Budapest). - Sobre o tratamento das otites médias supuradas. Colesteatomatosas. - Pag. 230.

O A. faz numerosas considerações contra o emprego de lavagens aquosas em tais casos que, não só não trazem resultado algum, como podem favorecer as complicações cerebrais pela expansão maior que ocasionam nas massas de colesteatomas. Pensa que sua prova de determinação da existencia da colesterina deveria ser empregada, mais comumente, afim de o tratamento ser seguido de acordo com o encontrado. Aconselha o tratamento pelo alcool absoluto e mesmo, como pensa melhor, pelo tetra-clorureto de carbono que teria efeito superior disolvendo, parcialmente, a colesterina e evitando outras complicações. O A. acha que nenhum tratamento, de otites médias supuradas, deveria ser feito, sem o previo conselho de um medico especialista.

BELA FRETSTADTL. (Budapest) - Estudos sobre a anestesia superficial - Pag. 235.

Referindo-se a investigações anteriores, o trabalho trata da determinação da capacidade de penetração superficial dos diferentes anestesicos. As diferentes superficies do corpo resistem, de modo diverso, ao efeito anestesico, As partes isoladas do corpo resistem menos (cavidade peritoneal). A resistencia aumenta nas membranas mucosas da uretra e da bexiga e sobre a superficie da cornea. Segue-se a mucosa do nariz; do faringe, da garganta e da lingua. Ainda mais forte é a resistencia da superficie da parte vermelha dos labios, da membrana do timpano e da superficie da pele intata. Assim, o anestesico que agir mesmo nas superficies de menores resistencias, terá capacidade mais intensa. O metodo de exame, imaginado pelo A., para medir a intensidade da anestesia, permite precisar seu gráu de maneira mais certa que até o presente. Este metodo funda-se o fato de que uma anestesia leve não faz desaparecer senão a sensação de frio, uma mais profunda fará cessar a sensação da dôr, do tato e do calor. Sobre a superficie examinada cada gráu de sensação é controlado separadamente. A sensação de frio desaparece, facilmente, pela ação do anestesico. Examinando-a, obteremos um indicador muito sensivel, que nos demonstrará se a substancia a examinar penetra, verdadeiramente, no tecido e si ela atinge ás extremidades nervosas. O A. faz suas experiencias sobre a pele e sobre as partes vermelhas dos labios. O fenol faz cessar, rapidamente, a sensação do frio sobre a pele. Em seguida, cessam as sensações do tato, da dôr, e para terminar, as do calor. A solução aquosa do fenol é muito mais eficaz que a glicerinada. O exame do efeito de soluções muito concentradas de anestesicos sobre a pele, demonstraram resultados espantosos e desconhecidos, empregaveis na pratica. Ao passo que o efeito da cocaína e da tutocaina foi nulo e da alipina fraco, as da percaina, pantocaina, psicaina N foram muito mais eficazes. O tempo decorrido entre a aplicação do anestesico e o de seu efeito total, é relativamente longo. O tempo constitue fator bem mais importante que a concentração da solução. E' por isto que o anestesico misturado a um unguento tem
demonstrado constituir a fórma mais apta a seu emprego. Desta maneira a substancia agirá no tempo preciso.

O A, utilisou-se dos resultados de suas experiencias e obteve bons efeitos nos seguintes casos:

Na paracentese do timpano empregou uma solução de pantocaina. Esta solução deve atuar, no minimo, durante 20 minutos. As dôres da meringite bulosa diminuem se aplicarmos uma solução de 8 % de pantocaina.

As violentas dôres de otites externas serão apaziguadas por um unguento de percaina ou pantocaina a 1 %. O mesmo unguento faz cessar o prurido do conduto auditivo externo e de outras partes do corpo.

M. O. R.

Archiv für Ohren-Nasen und Kehikopfheilkunde
Vol. 135 - Cadernos 1-2 - 1933
(Alemanha)

J. M. CHAJUTIN - Etiologia e terapeutica da rinite vaso-motora -Pag. 3.

Dos estudos das varias teorias sobre a patogenese da rinite vaso-motora, conclue o A. de que ela se baseia numa sindrome endocrino-simpatico assestado em um terreno constitucional ou de inferioridade adquirida deste mesmo sistema endocrino-simpatico. Muitas doenças internas infecciosas ou outras, deve resultar em modifificações organicas locais em varias partes do sistema nervoso simpatico. A causa imediata da rinite vaso-motora deve ser um desses inumeros fatores. O A. considera a "calcio iontoforeisis" como bôa terapeutica causal. Nestes ultimos dois anos ele tratou 17 pacientes com rinite vaso-motora por este meio. 13 deles ficaram completamente curados e não tiveram mais ataques; os outros 4 tiveram ataques passageiros, mas tão leves que eles proprios se consideram curados. O metodo empregado foi o seguinte: 2 eletrodos de estanho de 160 cm2 (20x8), são aplicados um adiante e outro atraz da espadua, uma flanela embebida em uma solução a 2 % de clorureto de calcio, será colocada debaixo do anodo, outra flanela embebida em agua salgada será colocada sob o catodo. Uma guta-percha poderá ser aplicada sobre os eletrodos afim de se produzir hiperemia. Corrente 40 ma durante 20 minutos, com interrupção para reduzir a resistencia da polarização. Tratamento de um mês, cada 6 meses, caso o efeito não seja mais duradouro.

DR. FRANZ REICHMANN - O tecido tonsilar contem uma substancia que influencie sobre o crescimento? - Pag. 46.

O A. depois de numerosas experiencias em sapinhos e cobaias recem-nascidos, alimentados ou não com tecidos amidalianos, concluo que a alimentação destes animais, assim conduzida, fala mais no sentido de uma ativação do que numa paralisação do crescimento. Os resultados, porém, não são tão regulares quanto os encontrados por outros autores. Sobretudo no que se refere aos resultados referentes á paralisação do crescimento, pois não se sabe se esta terá lugar pela ação da propria substancia amidaliana, ou se correrá por conta de perturbações gerais do proprio organismo. Mais claramente fala pela ação sobre o desenvolvimento mais rapido, o emprego das injeções, feitas em cobaias, no sentido de certa ação especifica neste sentido.

PROF. R. PERWITZSCHKY - Influencia terapeutica das ondas sonoras curtas sobre o ouvido. - Pag. 124.

Depois de curta reminiscencia sobre os trabalhos, de diferentes autores, executados, até agora, para o tratamento de surdez cronica, por meio das ondas ultrasonoras, o A. discorre sobre os resultados dos experimentos fisicos. Os diferentes metodos de produção de ondas sonoras ultra-acusticas são descritos e uma relação de seu poder é dada. Como de começo; o A. só dispuzesse, para a produção das ondas sonoras do irradiador Ue e o apito de Galton, foi previamente utilisado só este, aparelho para exames.

Clinicamente foram irradiados 164 duros de ouvidos, com as ondas ultra-acusticas de diferentes frequencias. Melhoras foram observadas em 19 casos, em 40 os resultados foram incertos. Em 23 de 64 melhoraram os ruidos do ouvido ou desapareceram por completo.

WILHELM BEKCMANN - Contribuição á questão da anestesia do timpano. - Pag. 172.

O A. experimentou o Phenol-Psicobenyl, que é uma emulsão de psicaina-anestesiana e parafina com 3% de fenol. A ação do preparado tem seu optimum aos 15 minutos. Abaixo deste tempo a anestesia é insuficiente.

Com 15 minutos de espera a anestesia é completa, em 90 % dos pacientes. Como conclusão diz o A. que em 1/3 dos casos a anestesia é completa, em mais da metade quasi completa.

M.O.R.


Monatsschrift für Ohrenheilkude Laryngo-Rhinologie
Vol, 67. Novembro de 1933
(Viena)

S. KOMPANEJETZ. - Sobre as perturbações auditivas nos abcessos da circunvolução temporal. - Pag. 1322.

1. Para a percepção normal quantitativa dos tons do diapasão (100 %), é necessaria a integridade de ambos os centros cocleares e bainhas sub-corticais. 2. Na afecção do centro cortical e das bainhas sub-corticais, encontra-se um abaixamento da percepção quantitativa dos tons, principalmente na parte inferior da escala no ouvido são (no ouvido do lado cruzado). Daí se conclue que no cruzamento das bainhas auditivas para o lado oposto, são principalmente as fibras que servem para os tons baixos as que se cruzam. Existe por conseguinte, no cerebro, uma condução diferenciada. 3. A incongruencia entre a percepção normal da fala e o abaixamento da percepção dos tons baixos, é explicada pelo fato de que a voz humana, principalmente a voz cochichada, contem poucos tons, que pertencem á parte inferior da escala. Alem disso a capacidade de combinação desempenha um papel muito importante, segundo o qual é advinhada a palavra em seguida á audição de simples vogais ou consoantes. 4. O encurtamento da condução ossea, no abcesso da circunvolução temporal, significa que a percepção do som tem lugar não só pela terminação periferica do VIII, mas tambem atraves da cortex cerebral, isto é, depende do estado da ultima. Quando se dá a queda da audição para os tons baixos, sofre tambem geralmente a condução ossea para os mesmos, o que prova o conceito de condução diferenciada no cerebro.

KARL, BERNFELD. - Contribuição para o conhecimenlo do reflexo do pavilhão. - Pag. 1330.

Alem dos movimentos reflexos do pavilhão determinados por excitação sonora, conseguiu o A. surpreender reflexos ligados a um estado patologico do ouvido medio e que se apresentam completamente independentes dos primeiros. Espera o A. que estes reflexos venham a ter, no futuro, uma significação diagnostica e prognostica.

A. STROE'. - Formas malignas da escarlatina com angina necroticans e gangrenosa. Pag. 1337.

Estas formas apresentam-se na escarlatina, ocasionadas, em parte, pela associação com a angina necrotica ou gangrenosa, que empresta á molestia uma extraordinaria gravidade. Esta gravidade resulta em primeiro lugar da toxidez ou hipertoxidez da mesma e em segundo lugar da grande quantidade de complicações regionais ou á distancia, que encontramos nesses casos de angina.

Atuamos eficasmente contra as formas iniciais toxicas e hipertoxicas - nos primeiros 4 dias de molestia - por meio de soro anti-gangrenoso, misturado soro de convalescente. Passado esse periodo, a luta contra as complicações torna-se muito mais dificil e em muitos casos mesmo impossivel, como por exemplo na septicemia a estreptococos hemoliticos e tambem a anaerobios, que mata cerca de 72 % dos casos. Descreve o A. o quadro clinico da forma gangrenosa: sobre a mucosa da boca e da faringe, manchas pretas espalhadas, abundante corrimento de saliva e fetidez insuportavel, gangrena dos labios, ulcerações sobre os ganglios da maxila, dos quais em vez de puz, corre secreção nauseante, na qual se encontram estreptococos e anaerobios.

Nos casos benignos emprega o A. apenas o tratamento higienico-díetetico. Nos casos de media gravidade usa a soroterapia. Injetam-se 100 até 200 cc. de soro ou 60 a 120 cc. de soro de convalescente nos 3 até 5 primeiros dias e, ao mesmo tempo, 100 até 200cc. de soro anti-gangrenoso e prosegue-se com este ultimo até a desintoxicação do doente e cicatrização das perdas de substancia. Este tratamento deve tambem ser seguido nas anginas ulcero-necroticas, pois que aqui tambem prolifera a flora bacterica anaerobia. Por ultimo vêm os casos nos quais o tratamento com o soro anti-gangrenoso dá a impressão de que sem ele, não haveria cura. Consistem esses casos em angina gangrenosa hipertoxica. A quantidade global de soro injetado perfaz 1 litro e mesmo mais, excepcionalmente 3 litros. O soro anti-gangrenoso é apresentado segundo formula do prof. Weinberg do Instituto Pasteur de Paris e é constituido dos seguintes soros: anti-perfringens, anti-vibriosepticus, anti-edematicus, anti-histolyticus e anti-porogenes.

H. NEUMANN. - Hemorragia mortal no 11º dia após tonsilectomia, por erosão da carotida externa. Demonstração da preparação. - Pag. 1372.

Um doente foi tonsilectomizado por um ilustrado especialista, tendo decorrido o ato operatorio e sua sequencia sem incidentes. Onze dias após a operação sobreveiu hemorragia profusa, á qual o doente não poude resistir. A necroscopia demonstrou que a hemorragia se deu por erosão da carotida externa, no soalho da ferida. Ambas as lojas apresentavam-se mais ou menos do mesmo tamanho, não se podendo concluir que a operação tenha avançado muito profundamente. A situação anormal da carotida externa-extraordinariamente proxima do campo - explica e esclarece o caso.

Dr. Roberto Oliva.

Monatsschrift für Ohrenheilkunde und Laryngo-Rinologie
Vol. 67. Dezembro de 1933
(Viena)

B. L. FELDMANN. - Histo-patologia do escleroma. - Pag. 1423.

No quadro histologico do escleroma, não é necessaria a presença dos 3 sinais caracteristicos: celulas de Mikulicz, bastonetes e bolas hialinas. A falta destas 3 caracteristicas, não exclue o diagnostico do escleroma. O bastonete de Frisch não é encontrado sempre. O quadro microscopico do tecido vascularizado e granuloso, inflamado, com numerosos plasmocitos e histiocitos, seguido de obliteração dos vasos e de hialinose das camadas perifericas, faz suspeitar o escleroma. O quadro acima descrito de tecido inflamatorio granuloso, deve ser tido como caracteristico de escleroma, quando houver reação positiva de Bordet-Gengou e estado atrofico da mucosa das vias aereas superiores.

LADISLAUS POLEDNÁK - Carcinoma pediculado do laringe. - Pag. 1433.

O A. refere-se a um doente com 71 anos de idade e que o procurou por dificuldade respiratoria e impossibilidade de falar alto. Anteriormente fora esse doente atacado de lesões do laringe, de que sarou e cujo exame histo-patologico nada revelou de grave. O exame atual do laringe revelou a existencia de um tumor redondo do tamanho de uma pequena nóz e que se movia com os movimentos respiratorios. Os ganglios regionais achavam-se palpaveis. Sob anestesia local, foi extirpado o tumor. O exame histopatologico denunciou carcinoma plano celular. A seguir foi o doente submetido á radioterapia. O carcinoma pediculado é uma neoplasia muito rara. O seu diagnostico oferece muita dificuldade mesmo nos velhos, pois são mais observaveis no laringe as neoplasias benignas desse tipo.

RUDOLF BAER - Pesquisas experimentais sobre metaplasias. - Pag. 1437.

A existencia de epitelio chato na traquéa é de extrema raridade. E pode ser considerada fisiologica. Na grande maioria dos casos, acha-se ligada a uma intercorrencia metaplastica. Esta metaplásia é ocasionada por influencias externas e acredita-se que a mutação do epitelio cilindrico se dá gradativamente, de modo que o epitelio toma cada vez mais o carater em camadas e finalmente a aparencia de um verdadeiro epitelio chato. Em certas doenças do trato respiratorio, encontra-se a metaplasia plano-epitelial. Na visinhança de tumores lueticos e tuberculosos da traquéa. Na influenza de toda a traquéa. Nos portadores cronicos de canula, após traqueotomia, até bifurcação. No mesmo sentido falam as pesquisas experimentais. Conseguem-se provocar metaplasias, por meio de processos operativos, ou com inalação de vapores químicos.

EDWARD PRAGIER - Contribuição á clinica das inflamações da ponta do rochedo. - Pag. 1491.

Inicia este ótimo trabalho um estudo minucioso da anatomia da ponta do rochedo (p. r.). Interessante é a fina estrutura da p. r. O seu processo de crescimento osseo, que aqui provem de base cartilaginoso, perdura por toda a vida do individuo, tal como na metafise dos ossos longos da infancia. Esta parte ossea, chamada metafise por Kocher, é constituída por substancia esponjosa, que contem medula extraordinariamente vascularizada. Em vista de sua estrutura esponjosa e da visinhança imediata desta com celulas pneumaticas, bem como por sua vantajosa vascularização e continuo processo de crescimento, tende a ponta da piramide, no caso de otite media, a uma reação inflamatoria. Aliás esta reação se dá de modo diferente do da mastoide. A p. r. reage á inflamação assumindo o aspecto do tecido de granulação; puz em pequena quantidade. Havendo escassa relação com o tecido osseo da base, é facil remove-lo, espontaneamente; enquanto que o tecido de granulação da mastoide provem do diploe e indica curetagem das camadas osseas.

Ao mesmo tempo, com o processo de destruição, sobrevem na p. r. um processo regenerativo de crescimento. Este fato acha-se ligado á sua estrutura característica em metafise. Por esse motivo, apesar de sua sensibilidade e tendencia aos processos inflamatorios, nota-se extraordinaria tendencia para a cura espontanea. A propagação de um processo inflamatorio á p. r. se dá ou por continuidade ou por via sanguinea.

Chama o A. petrosismo a inflamação do rochedo que acompanha frequentemente a otite media aguda, mas que não pode ser diagnosticada tão facilmente como o mastoidismo. Nesses casos não ha síndrome de Gradenigo. Os sintomas dependem da maior ou menor intensidade da inflamação.

Em 82 casos de otite media agúda purulenta, encontrou o A. 7,3 % de mastoidismo isolado. 24,4% de petrosismo isolado, 21,4% de mastoidismo com petrosismo e 43,9 % sem reação alguma para o lado da mastoide ou rochedo.

Passa a seguir o A. em revista a sintomatologia da inflamação da p. r. 1. Paralisia do abducens. Trata-se de uma infiltração inflamatoria intra ou extra meningeana ao redor do nervo. 2. Nevralgia do trigemeo: dôres de cabeça que se irradiam em diversas di-
reções. 3 Dôr na articulação do max. E' este um dos complexos sintomaticos mais frequentes e claros do petrosismo. 4. Limitação dos movimentos da articulação, trismo. A's vezes o doente sente dôr aos apertar os dentes, outras vezes ao abrir a boca. 5. Inflamação da trompa ou de sua visinhança. Nota-se este sintoma mais facilmente pelo tacto. 6 Dôr á deglutição. Os doentes localizam a dôr na parte superior da garganta. 7 Estenose do conduto auditivo ext. osseo. Este sintoma não é tão caracteristico. 8 Abaulamenlo da parede ant-sup. ou inf. do conduto porque esta parte ossea acha-se em intima relação com a p. r. 9 Secreção abundante de puz, sob pressão, da caixa e do antro. Voss encontra sintoma em 91 % dos casos.

As inflamações da p. r. dividem-se em 3 grupos, que se diferenciam com relação á patogenia, patologia e decurso clinico. I Petrosismo (apicopetrosismo). II Petrosite purulenta: a -sup. interterna; b - inf. externa (peritubaria). III Osteo-mielite da ponta do rochedo. O A. estuda detalhadamente esses 3 grupos, descrevendo a simples inflamação do petrosismo, o processo supurativo da petrosite bem como o estadio final mais grave, no qual a infecção atinge a cavidade craneana, o seio sigmoidêu, o cavernoso, ou as partes moles da cabeça.

A seguir é objeto de estudos o diagnostico que deve ser acompanhado da radiografia comparativa.

O prognostico é considerado pelo A. como relativamente favoravel, cabendo o mais sombrio aos casos do ultimo grupo.

O tratamento dos casos simples reside nos metodos de drenagem como a paracentese, antrotomia, etc. Os casos graves exigem operação mais extensa como a curetagem da ponta do rochedo, descrevendo o A. a operação de Eagleton. Chama o A. atenção para o perigo dessa operação nos doentes de pouca resistencia, pois a ligadura da carotida primitiva, que quasi sempre deve precede-la, torna-a mais temivel que eficiente.

E. WESSELY - Extenso tbc. do laringe curado com luz (solar artificial) - Pag. 1525.

Um doente com 54 anos de idade, internou-se na secção de tuberculose por um processo pulmonar não muito extenso. O estado de seu laringe era o seguinte: infiltração extensa do laringe com estenose pronunciada, provocando dispnéa crescente. A borda da epiglote, ambas as falsas cordas e em parte as pregas ari-epigloticas, achavam-se ulceradas e cobertas de granulações. Durante 5 meses foi o doente tratado com a luz solar artificial. Resultado: laringe cicatrizado; a estenose regrediu em grande parte e não ocasiona mais encomodo.

Dr. Roberto Oliva.

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