Versão Inglês

Ano:  1934  Vol. 2   Ed. 3  - Maio - Junho - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 252 a 272

 

REVISTA DAS REVISTAS - parte 2

Autor(es): Revue d'Oto-Neuro-Ophtalmologie
Tome XI. N.º 7. Juillet, 1933.

J. HELSMOORTEL jr., RENE' NISSEN e R. THIEUPON'T (Anvers) Perturbações olfativas nos traumatismos crânio-cerebrais. - Pag. 489.

Os autores assinalam as causas das perturbações do olfato e fazem um esboço historico sobre a anosmia traumatica. Descrevem depois a técnica que empregaram em 43 casos de traumatismos crânio-cerebrais, para o estudo dos reflexos olfativos. Foram empregados dois grupos de substancias. O timol, a vanilina, a heliotropina o salicilato de metila, o iodoformio e o acido capronico constituem o primeiro grupo; são substancias olfativas de ação para-olfativa nula ou muito fraca. O segundo grupo é constituidio por substancias olfativas de ação extra-olfativa acentuada: excitação do gosto, excitação do trigemio tais como a acetona, o piridium e o éter, cujo emprego apresenta certa importância. E' com elas que os autores controlam a sinceridade dos doentes pois a anosmia total não exclue evidentemente a percepção destas substancias. O simulador e talvez o histéérico acusam anosmia para todas substancias apresentadas. Os autores julgam os métodos olfatomométricos de precisão ainda bastante complexos.

Descrevem depois 43 observações e finalizam o artigo com considerações gerais onde chamam a atenção para a frequência da fratura etmoidal como determinante da anosmia. Perturbações olfativas consequentes a queda sobre a região occipital só uma vez foi observada. Mostram a importancia de pesquisas sistematicas das perturbações olfativas nos traumatismos crânio-cerebrais.

PROF. H. COPPEZ - Alguns casos raros de sincinésia ocular. Pag. 503.

I - Sindrome de Marin Amat. Descrição de um caso de sincinésia do ramo motor do trigêmeo e do nervo facial, para o qual é proposto o nome de Sindrome de Marin Amat. E' o terceiro caso descrito na literatura. O A. faz algumas considerações sobre a complexa patogenia deste sindrome.

II - Um caso de sincinésia entre o musculo frontal e o reto externo. Caso muito raro. Hemi sudação da face, paroxistica e desencadeada pelo frio, surgindo após intervenção endo-nasal. Depois de citar varias observações de hemi-sudação da face, acentua que a particularidade de maior interesse no caso do A. é o fator que provoca os paroxismos sudorais. Descrevem em seguida minuciosamente a observação de uma moça que sofreu ressecção dos cornetos em ambas as fossas nasais tendo a operação a esquerda acarretado violenta hemorragia que exigiu tamponamento nasal durante 8 dias. Um ano após esta intervenção surgiu a sudação da hemi-face a esquerda que ainda persiste. Aparece sempre acompanhada de sensação de frio e ocupa unicamente o lado esquerdo da face, localisando-se sobretudo na fronte, na região malar e na têmpora, extendendo-se as vezes á região occipital. E' nitidamente exacerbada pelo frio e desaparece com o repouso da noite. A mastigação aumenta muito a sudação. O A. admite que em seu caso, o frio, excitante eletivo da mucosa nasal a congestiona e a faz secretar, irritando a pequena lesão simpática, consequência do trauma operatorio endonasal que responde pelo reflexo sudoral.

JEAN BARBIER e RENE' MAYOUX - Tumor cerebelar da região do vermis diagnosticado pelo exame vestibular. Pag. 518.

O interesse da observação reside no contraste que existe entre a pobreza dos sinais neurologicos e a precisão dos sinais labirinticos. A inexcitabilidade bilateral e simétrica dos canais verticais e a ausencia de modificação da queda pela irrigação fria em doente que apresentava perturbações do equilibrio sem perturbações auditivas permitiram ao autor diagnosticar um tumor cerebelar na região do vermis. A intervenção mostrou um glioma quistico do cerebelo na visinhança da linha mediana, mas no hemisfério cerebelar direito. No primeiro tempo operatorio foi feita a trepanação descompressiva e a punção do tumor donde foi retirado 25 cm. de liquida.

Dr. Gabriel Porto.

Zeitsschrift f. Hals, Nasen n. Ohrenheilkunde
Vol. 32 - 3., 4.º e 5.º cadernos
Dezembro de 1932 á Fevereiro de 1933.

F. H. QUIX (Utrecht) - A teoria dos otolilos no enjôo de mar. Pag. 279.

O autor põe em fóco todas as teorias existentes sobre o assunto (Wojatschek, Barany, Leiri, Fischer, Son Sjörberg, e outros) e depois de critica-las no ponto de vista matemático e fisiologico, desenvolve seus proprios estudos sobre a ação da excitação dos aparelhos otoliticos: utriculo e saculo nesta molestia, concluindo pela verdade de sua cooparticipação e responsabilidade na eclosão.

Depois de uma exposição detalhada do porque desta conclusão, termina aconselhando aos viajantes por mar, no caso de enjôo, deitar-se de costas, com a cabeça ligeiramente enclinada para traz (o travesseiro, ao envez de colocado sob a cabeça o será sob o pescoço), na parte média do navio. Diz não haver necessidade alguma de medicamentos a serem tomados.

W. UNDRITZ e R. SASSOSSOW - Sobre o abaixamento reflexo da temperatura, da mucosa da garganta e do nariz, pela aplicação local do frio. Pag. 300.

1) - Pela aplicação do frio sobre a pele do ventre de um cão ou cobaia, a mucosa do palato e, especialmente a superfície das amígdalas, deixam-se resfriar.

2) - A diferença de temperatura varia entre 2.º e 4.º.

3) - A quantidade e o carater da diminuição da temperatura, estão sujeitos não só aos fatores exogenos como tambem ao estado constitucional do momento.

4) - O resfriamento dura mais que a excitação pelo frio, e esta duração tem grandes oscilações.

5) - O abaixamento da temperatura é mais forte nas mucosas expostas á ação do ar exterior.

6) - A respiração do ar frio é suficiente para que se produza um abaixamento de temperatura na mucosa das amígdalas.

7) - A temperatura é influenciada, sobretudo pelos reflexos vasculares, no entanto a contração arterial não é o seu unico fator, as perturbações circulatorias são ocasionadas, tambem, pelo relenteamento da corrente sanguinea. Tambem um reflexo trofico póde causar a paralisação da produção de calor.

8) - Uma lesão no mecanismo protetor das amigdalas, póde-se dar por uma ação intensa do frio.

9) - A angina traumatica póde ser esclarecida pelas modificações descritas assim, sem que haja necessidade de se cuidar numa ligação linfatica entre as mucosas das amigdalas e do nariz.

10) - A respiração bucal favorece o aparecimento das anginas.

STEPHAN EPSTEIN - Clinica; histologia e terapeutica dos epiteliomas externos do nariz. Pag. 312.

No Instituto de radio da clinica de molestias da pele, da Universidade de Breslau. foram tratados 115 pacientes, em 1926-1930, com epiteliomas da parte externa do nariz. A idade em que a observação foi mais frequente, variou de 50 aos 70 anos. A idade média foi de 59, 7 anos para os homens e 60 anos para as mulheres. Como os epiteliomas metatipicos só podem ser demonstrados pela histologia e como o quadro microscopico é de suma importancia para o tratamento radioterapico, consideram, os autores, como imprescindiveis estes exames em todos os casos. Em 58 casos foram praticados exames histologicos. Destes:

39 eram epiteliomas basocelulares.
4 spinocelulares.
15 metatipicos.

Dos 115 casos 95 curaram-se. 8 ainda são portadores de restos, talvez recidivas e, ainda, em tratamento; 4 faleceram. 3 peoraram. Se considerarmos os casos ainda em tratamento, teremos que de 96 epiteliomas basocelulares, sómente 3 casos não foram curados, que chegaram á clinica em estado desolador ao passo que os restantes não curados, encontraram-se entre os spinocelulares e metatipicos.

Dos 16 não curados, 15 já tinham sido operados ou tratados pela radioterapia.

Pela combinação da irradiação pelo radium, com excoleação e causticos frios, pode ser elevado o numero dos curados com um só tratamento.

DR. RICHARD WALDAPPEL. Clinica Hajek (Vienna) - Estudos histologicos experimentais sobre o problema tonsilar, critica dos resultados obtidos até agora. Pag. 401.

O autor procura resolver as seguintes questões:

1.ª - As substancias depositadas na mucosa nasal aparecem, de novo, nas amigdalas?

2.ª - Si isto acontece, por que via?

3.ª - Qual é o destino das substancias extranhas, penetradas nas amigdalas?

A' primeira pergunta responde que as substancias depositadas na mucosa nasal aparecem nas amigdalas, mas acrescenta que, tão sómente, aquelas aplicadas sobre os cornetos, nunca em outros lugares da mesma. Estas substâncias podem ser pesquisadas, ou microscópica em clinicamente, nas amigdalas. As substancias orgânicas chegam ás amigdalas em maior quantidade de que as anorgânicas, sobretudo material celular e, ainda mais, bacterias.

A' segunda questão responde que a via seguida é a venosa, - corpos cavernosos, cornetos - veias faringéas, que estão em comunicação com o plexo venoso das amigdalas. Esta via foi, apenas, rejeitada por Federici e Siebel. Como as veias de um dos lados do faringe se comunicam com as do outro, fica, assim, explicado o encontro concomitante das substancias injetadas em um dos lados do nariz, em ambas as amigdalas.

A' terceira questão responde dizendo que as substâncias que penetram nas amigdalas, são eliminadas pelas lacunas destas. Esta eliminação se processa rapidamente após 6-12 horas já se encontra a substancia, injetada no nariz, nas lacunas. Uma parte destas substancias serão transportadas aos ganglios linfaticos regionais. O autor acha que é um erro aceitar-se a via linfatica como a que sirva a estes transportes do nariz ás amigdalas. Os estudos de Waldapfel confirmam as ideias de Federici e Siebel, sobretudo deste quando afirmava textualmente: "Para os mamiferos, além dos pulmões e do figado existe um terceiro orgão em condições de poder eliminar uma parte dos corpos estranhos que hajam penetrado no aparelho, circulatorio: este terceiro orgão são as amigdalas" e), provavelmente, todo o aparelho folicular do tubo digestivo, diz Waldapfel).

Como detalhe funcional constituem, as amigdalas, igualmente, uma estação regional no territorio da eliminação venosa do nariz.

DR. E. MATIS - Contribuição á cirurgia das cavidades anexas do nariz, especialmente nas pansinusites. Pag. 527.

O autor apresenta um novo metodo de operação, para o tratamento da pansinusite, vela via de vestibulo nasal, sem cicatriz externa: a) - incisão a mais longa possivel pelo bordo da incisura piriforme; b) - descolamento das partes moles na fossa canina e parede lateral do nariz e na parede orbital do seio frontal; c) - seio maxilar operado pelo metodo de CANFIELD-STURMANN, os seios restantes pelo metodo do autor; d) -seio frontal será aberto no ponto de Kuhn, após o descolamento lateral das partes moles, situadas sobre a crista lacrimal anterior e sendo em seguida feita a retirada do soalho e curetado; e) -por meio da resecção do processo frontal do maxilar superior, cuja tecnica é dada com minucia, obtem-se, não só uma larga via fronto-nasal, como tambem um caminho fácil para ás células etmoidais. A extensão da resecção deve andar de acordo com as proporções anatomicas. Deve-se, em seguida, abrir amplamente a parte alta e economisar a parte baixa do processo frontal. Nos casos graves e nas complicações orbitarias, extirpar-se o processo frontal e o osso lacrimal.

Completado o esvasiamento do ethmoide, segue-se a operação do seio esfenoidal. O autor descreve a possibilidade da abertura de ambos os seios esfenoidais, por uma unica via. Este metodo, é indicado nos casos onde quizermos actuar cuidadosamente como nas intervenções externas e radicalmente como nas intranasais.

DR. WERNER BRAUER - Hemorragias após molestias das amigdalas. Pag. 558.

O autor inicia seu trabalho com um esboço anatomico da região amigdaliana em suas relações com o espaço parafaringeo e os vasos sanguineos e linfaticos nele contidos: arteria carotida interna, a carotida externa, a faringeana áscendente, a palatina ascendente, veia jugular interna, etc. e descreve em seguida:

a) - hemorragias de causa inflamatoria dos tecidos peri-amigdalianos.

Menciona uma estatística pessoal e algumas de varios outros observadores; do que poude deduzir, destas varias estatísticas, é que a corrosão de vasos sanguíneos, arterias e veias, constitue a causa maxima das hemorragias em processos inflamatorios das amigdalas. Outras cousas: acidentes operatorios nas intervenções, nos abcessos peri-amigdalianos, anomalias anatomicas, etc., são em menor numero.

No ponto de vista do diagnostico do vaso causador da hemorragia a dificuldade aumenta grandemente, não permitindo mais que um diagnostico de probabilidade. Que a hemorragia tenha origem em tal ou qual territorio amigdaliano, não será difícil determinar, mas qual possa ser o vaso sanguineo que a cause, quasi sempre não será possivel.

SERGER diz que nos abcessos retro-amigdalianos e retrofaringeanos a carotida interna seria a causadora da hemorragia, nos abcessos infra-amigdalianos a carotida externa, e especialmente, seus ramos: a. tireoideana superior; a. laringea superior e a. lingual.

A saída de pús e sangue para cima, no conduto auditivo externo, fala numa lesão da carotida interna. Quasi sempre as hemorragias cataclismicas tem origem na a. carotida interna ou comum:

Dos 85 casos que o autor encontrou mencionados na literatura, 72 eram acompanhados de observações precisas, e destes 39 faleceram e 33 curaram-se, isto é, 54,2 % de mortalidade.
A idade não tem importancia no prognostico senão no que se refere á idade avançada, em que os perigos decorrentes, de uma possível ligadura da arteria carotida, são bem grandes.

O autor divide estas hemorragias em 5 grupos, para os quais um diagnostico de probabilidade, de séde, parece possivel.

l.º grupo - constituido pelos casos que perdem sangue, não só pela garganta como pelo ouvido; casos em que a a. carotida interna entra, quasi sempre, em jogo.

2.º grupo - contem os casos em que uma hemorragia repentina tem lugar, sem sinais que a faça prever. Aqui, quasi sempre, trata-se de uma perfuração da carotida interna. Os casos de morte que se segue, rapidamente, á incisão, pertencem á este grupo.

3.º grupo - será aquele de hemorragias pequenas, de repetição, a que se segue uma hemorragia repentina e violenta causando, quasi sempre, a morte, aneurisma spurio da carotida interna ou uma lesão da carotida externa.

4.º grupo - não tem limites determinados. Hemorragia inicial forte, não causando perigo de vida, tem-se a sensação da gravidade, mas o prognostico é, quasi sempre, bom. Trata-se, aqui, de uma lesão de um ramo primario da carotida esterna, cuja ligadura dá, sempre, resultado favoravel.

5.º grupo - finalmente, incluem-se as hemorragias pequenas, até as de média intensidade. São as mais comuns, mas, geralmente, pouco descritas. A corrosão das veias teem sido, também, observadas e trata-se, quasi sempre, da veia jugular interna. Estas hemorragias comparadas ás arteriais, são de importancia muito menor. O tamponamento cerrado dá, sempre, resultado.
Como tratamento, de acordo com o que se observa na literatura mundial, a ligadura é regra nos casos graves da arteria carotida primitiva, interna ou externa, conforme o caso. O tamponamento por vezes é, tambem, de utilidade.

Como profilaxia a abertura precoce do abcesso deve ser regra, pois que a corrosão, pelo pús, das paredes arteriais, tem sido observada inumeras vezes. A ligadura da carotida primitiva deverá ser evitada o mais possivel; segundo os autores a porcentagem de morte que a ela se segue varia de 20 % a 50 %. Esta ligadura, devido as condições particulares á idade, é de grande nocividade para as pessoas idosas em que as garantias de uma circulação colateral não seja suficiente a vida da substancia cerebral, além disto, a possibilidade de uma hemorragia, nos territorios terminais da arteria, é sempre possivel. Como linhas gerais de tratamento, menciona o autor:

1) - Hemorragias médias e pequenas: tamponamento com sutura ou amigdalectomia. Gaze pode ser embebida em : gelatina, ferripirina, coaguleno etc. Quando a artéria dá um jato visível póde-se pega-la e liga-la.

2) - Hemorragias fortes, em que a ligadura é indicada, tem-se 2 grupos:

a) - quando a ligadura é praticada durante a hemorragia;
b) - quando a ligadura é praticada no intervalo das hemorragias.

No primeiro caso, pela compressão previa da arteria, cessando a hemorragia, o vaso será ligado, e a prova anterior facilmente executavel.

No segundo caso, na impossibilidade de determinar-se a que tronco pertence a arteria que sangra, devemos ligar, imediatamente, a arteria carotida externa e passar um fio de ligadura em volta dá arteria carotida comum. Quando nos casos excecionais, mesmo a ligadura da carotida primitiva não dá resultado (anomalias circulatorias), só o tamponamento será indicado.

3) - Casos ha, ainda, em que as pequenas hemorragias, por corrosão da carotida interna, produzem pequenos hematomas que só quando abertos ocasionam hemorragias. Estes hematomas carecem ser diagnosticados; côr, elasticidade, flutuação. Aqui antes de qualquer intervenção deverá ser passado um fio em torno da arteria carotida primitiva, e em seguida aberto o tumor. Em caso de hemorragia violenta ligar a carotida primitiva imediatamente.

a) - Hemorragias causadas por um processo ulcerativo.

A tuberculose, a lues, um processo de especie inespecifica, os tumores malignos, etc., podem produzir hemorragias, com o avançamento da ulceração que ocasionará, secundariamente, erosão arterial. Skoog, menciona 2 casos desta especie, causados pela angina. PlautVincent.
A gangrena post-escarlatinosa tem produzido hemorragias secundarias. Koch cita 5 casos desta especie. A leucemia, a diabetes, a difteria, o sarampo, a influenza, etc. podem dar causa a tais hemorragias. Estas são, no entanto, de carater benigno, muito raramente têm gravidade.

b) - Hemorragias causadas pelas molestias gerais.

Estas hemorragias estão ligadas a outras de origem pulmonar ou estomacal, geralmente as provenientes das amigdalas, nas afecções gerais, são raras.

KINDLER cita as causadas pelo Morbus maculosus Werthofi e outras pela Purpura hemorragica sintomatica; por exemplo, post malaria

M. O. R.

Archiv für Ohren-Nasen und Kehlkopfheilkunde
Vol. 135 - Caderno 1.o. Maio 1933

DR. KARL HILLENBRAND - Desenvolvimento, estrutura e modificações de fórma do septo nasal do homem, em sua vida fetal. Pag. 1.

Foram examinados 93 fetos e recem-nascidos, em cortes seriados e modelos reconstruidos, no ponto de vista da anatomia normal, do desenvolvimento e das modificações de fórma do septo nasal.

O septo cartilaginoso, o vomer e uma parte do osso inter-mandibular desenvolvem-se da apofise frontal mediana. Ele já existe em fetos de 2, 3 meses. O septo cartilaginoso fetal está incravado, em sua parte inferior, entre as ditas laminas do vomer, anteriormente, entretanto, fica unido, diretamente, ao osso intermandibular. Sua ossificação tem inicio no 8º mês da vida fetal, começando do seio esfenoidal. O vomer só tardiamente, recebe sua solda (parte inferior). No septo cartilaginoso, o autor observou e descreveu, em todos os casos que examinou, uma crista bilateral fisiologica. Dos 93 narizes, 57 (61,3%) não apresentavam um septo reto. Destas assimetrias 24 existiam ao nivel do vomer e 33 no septo cartilaginoso. O autor cita, em seguida, alguns exemplos das diferentes modificações: assimetria do vomer, desvio da cartilagem, cristas. Foi estudado o papel das cristas fisiologicas na formação das cristas clinicamente observadas. Foram observados 2 casos de formações quisticas do orgão de Jacobson, que eram seguidas de deformação do septo cartilaginoso. Foram discutidas as teorias atuais sobre o como se processam as deformidades do septo nasal.

C. MIES - Contribuição experimental sobre a questão da angina traumatica. Pag. 52.

Duas interpretações existem sobre a etiologia da angina traumatica. Uma que a considera uma infecção secundaria das amigdalas, induzida do nariz pela via linfatica. Outra como uma infecção superficial primaria, das amigdalas, ocasionada por não importa que fator que seria auxiliado pelo tamponamento nasal.

O problema sobre a existencia de uma ligação entre o nariz e as amigdalas, atravez dos vasos linfaticos foi resolvido negativamente, sobretudo pelos trabalhos experimentais de SCHLEMMER (1921). Levanta-se, aqui, uma outra questão sobre se as condições patologicas decorrentes do tamponamento nasal, não teriam origem em correntes com outro caminho para alcançar as amigdalas. Os experimentos do autor demonstraram que injecções corantes, praticadas no nariz, de cobaias, não foram transportadas ás amigdalas, confirmando, assim, as asserções de SCHLEMMER. Experimentalmente, por conseguinte, o autor nega a existencia de uma ligação linfatica entre o nariz e as amígdalas. Quanto á etiologia da angina traumática, aceita a teoria de Denker-Nuksmann, que a considera corno causada secundariamente a uma infecção nasal, que seria transportada ás amigdalas pela via sanguínea. Já este trabalho estava em impressão quando apareceu o de Waldapfel, mostrando uma ligação linfatica entre os cornetos nasais e as amigdalas.

LISELOTTE MEYER - Sobre o curso da temperatura nas otites médias das crianças. Pag. 77.

Casos de otites agúdas, em crianças, de decurso afebril, são, comparativamente, com as dos adultos, relativamente raros. Nos casos afebris a febre teria sido observada anteriormente ao aparecimento da otite. Os casos de temperaturas sub-febris são mais frequentes. A maioria das otites agúdas apresentam-se com febre. Outras molestias acompanham, geralmente, as otites, casos de otites puras constituem minoria. Nos lactantes os sintomas graves, do estado geral, podem encobrir a existencia da otite (Knick, Göppert, Hecht, Stenger). As otites duplas nem sempre decorrem com temperaturas elevadas; tal qual nos adultos; elas podem apresentar pequenas elevações termicas.

As irregularidades caraterizam a marcha da temperatura nas otites agúdas das crianças, encontram-se ao lado de casos benignos, com temperatura elevada; casos graves com febre insignificante. A capacidade de reação do organismo goza, aqui, papel importante (Marx, Mc. Meyer, Hecht, J. Beck). A temperatura inicial- 39o abaixa, nos bons casos, em poucos dias, em lisis, e apresenta geralmente, carater remitente. Temperaturas continuas, grandemente elevadas (40º, 41º) ou febres de grande duração falam na possibilidade de outras molestias ou de complicações, assim tambem os casos de temperatura sub-normal com sinais mãos (Wacker e Alexander). A paracentese atúa, para as crianças maiores, fazendo cair a temperatura; nas idades de 1 a 2 anos ela não influencia, de modo algum, a marcha, da febre. A antrotomia é mais frequente na criança que no adulto, especialmente nos lactantes. A febre cáe em lisis, ou imediatamente ou alguns dias depois a intervenção.

Nas operações praticadas mais tarde, em estagio sub-agúdo, não haverá influencia sobre a temperatura. As complicações (sinustrombose e meningites), aparecem mais vezes nas crianças que nos adultos. Em 200 casos, 8 sinustromboses e 3 meningites. Nas otites, das crianças, com sinustrombose, encontra-se frequentemente, um decurso febril em ondulações semi causa visivel que explique a elevação periodica da temperatura.

Arch. Ohr. Usw. Heilk. - Caderno 2.º - Vol. 135

DR. ADOLF RAINER - Lesão interessante do ouvido num labirinto anomalo. Pag. 112.

O A. menciona um caso de ferimento do labirinto, por meio de um palito de fosforo, em uma criança, surdo-muda de 2 anos e meio, que se caraterisou por um decurso clinico extraordinariamente anormal. Uma labirintite, seguida de meningite, matou o paciente no 9.º dia da molestia. O exame microscopico, do osso temporal, revelou uma luxação do estribo com labirintite do lado esquerdo e uma labirintite meningogena do lado direito. Além disto, foi encontrada uma grande anomalia do ouvido interno "do tipo Mondin", que esclareceu a anormalidade do decurso clinico do caso.

HANS GLÜCKERT - Sobre as modificações leucemicas das vias aéreas superiores. Pag. 135.

O A. apresenta 2 casos de leucemia linfatica, de fórma agúda e 2 casos de fórma cronica, com cooparticipação das vias aéreas superiores. Faz notar que casos desta especie são relativamente raros. Nos casos de processos inflamatorios cronicos, nas vias aéreas superiores, o quadro hematologico póde esclarece-los; eventualmente, uma excisão de prova, praticada cedo, póde demonstrar as modificações tipicas da leucemia.

Os fenomenos inflamatorios sub-agúdos, no territorio da garganta, constituem sintomas secundarios da leucemia linfatica e não devem ser considerados como fócos primarios da molestia. O tratamento dos ossos longos, pelos raios X, não produz nenhum resultado nos casos de leucemia agúda. Nos casos cronicos parece que os resultados são melhores. Um tratamento local, no territorio das vias aéreas superiores, não é necessario, com exceção da traqueotomia nos casos da formação de tumor com laringoestenose.

Arch. Ohr. U. S. W. Heilk - Caderno 3.o -Vol. 135

THERESE RÖSSNER - Frequencia e significação da tuberculose das amigdalas. Pag. 214.

As seguintes vias de infecção para a tuberculose primaria das amigdalas, têm sido citadas:
a) pelo ar; b) pelos alimentos. A tuberculose primaria das amigdalas, no entanto, até agora, ainda não foi exatamente demonstrada. Para a infecção secundaria das amigdalas ha a considerar-se:
a) - via hematogena; b) - a linfogena; c) - a pelo esputo.

Nos casos de tuberculose das amigdalas, trata-se, geralmente, de uma infecção secundaria. Dos meios de infecção descritos, a via hematogena parece ser a mais provavel, e está de acordo com o modo de ver da maioria dos autores. A tuberculose das amigdalas constitue uma fórma de molestia ligeira e que, por vezes, só é pesquizavel pelo microscopio. As complicações decorrentes da pratica da tonsilectomia, em casos de tuberculose das amigdalas, são raras; sómente em alguns casos desenvolve-se a tuberculose miliar.

O A. refere, em seu material, a 1,01 % de amigdalas tuberculosas nas que forem examinadas histologicamente. As relatadas na literatura variam entre 5 e 1,6 %.

JOHANNES KOCH - Sobre as perturbações das funções do coclear e do vestibular nas molestias do cerebro. Pag. 232.

O A. encontrou 12 vezes perturbações do nervo coclear, em 23 casos de molestias do cerebro. Todos os pacientes, em numero de 23, queixavam-se de perturbações de equilibrio que puderam ser confirmadas espontaneamente ou pelas provas vestibulares. Completa inéxcitabilidade do nervo vestibular em um dos lados, o A. encontrou em 1 caso de tumor do acustico e outro de tumor da medula. Em 4 casos observou provas experimentais, normais, com a existencia de sintomas espontaneos, ou sejam 2 tumores do lobo parietal, 1 cistecerco do 4.o ventrículo e 1 tumor do vermis.

Nos 17 casos restantes encontrou uma diferença de tonus do vestibular, isto é, nistagmo mais intenso para um dos lados. Este fenomeno já foi notado por Vogel, como sinal de molestia do vestibular, de origem central. Tambem o A., baseado em suas experiencias, pensa que esta diferença de tonus do vestibular, tenha sua origem numa lesão central. As perturbações podem ser provocadas, localmente, pelo proprio tumor, por exemplo: tumores do angulo ponto; da medula, processo do cerebelo, ou, ainda quais, pela ação da distancia sobre a medula. As diferenças de tonus das vestibulares são postas em evidencia pelas provas: rotatoria, agua fria e quente: A prova galvanica, em regra, sómente confirma os resultados dos outros exames. A ausencia do nistagmo galvanico do lado do tumor, faz pensar numa lesão central do vestibular. Esta prova deverá ser empregada, de preferencia, quando lesões do ouvido impeçam a execução e a interpretação da prova calorica. A prova unipolar não oferece nenhuma vantagem sobre a bipolar. Um metodo de exame muito preciso nos oferece a prova da sensação de posição, praticada com a meza de Grahe, que demonstrará as perturbações características dos tumores do angulo ponto e do cerebelo. Tambem nos tumores do lobo-temporal, parietal e da medula, as perturbações de posição são notadas pela prova de Grahe.

Arch. Ohr. Usw. Heilk. - Caderno 4.º - Vol. 135

A. DE LEUW - Sobre os lipomas simetricos multiplos. Pag. 298.

Nenhuma das numerosas teorias, explicativas da origem dos lipomas simetricos multiplos, satisfazem plenamente. Não apresenta fator de importancia, até agora mencionado pela literatura do assunto, a origem hereditaria de tais tumores. No presente trabalho, no entanto, o A. descreve a observação de uma familia que em 4 de 6 irmãos apresentava-se esta especie de lipomas. Em outra família, a herança dos lipomas deu-se do avô ao neto. Finalmente. o A . desenvolve a teoria da dispersão dos germens, para explicar a origem destes tumores e faz notar que esta perturbação de desenvolvimento é hereditaria.

DR. HANO SCHMITZ - Pesquizas sobre o decurso da rinite atrofica fetida na idade avançada. Pag. 347.

A maioria dos pacientes, observados pelo A., apresentam acima dos 50 anos, uma melhora subjetiva e parcialmente objetiva, de seus sofrimentos. Na maioria dos casos permanece, ainda, um processo inflamatorio cronico. Uma tendencia a progredir, na idade avançada, não existe no entanto. O A. não confirma a observação de Lautenschläger quando diz: "que a secreção desaparece com a ausencia da inflamação e o nariz será convertido numa cratera extinta". Modificação na capacidade osmotica e uma forte cooparticipação dos seios da face na molestia, não poderiam ser constatadas com certeza.

Nos casos em que a rinite atrofica era, ainda; intensa, o A. encontrou uma flora ozenosa tipica. O estado geral dos pacientes era sempre bom. O A. não pode constatar se os sofredores de ozena morriam mais cedo que o restante da população.

M. O. R.

Monatsschrift für Ohrenheilkunde und Rhino-Laryngologie
Vol. 67. Setembro de 1933 (Viena)

HANS BRUNNER. - Sobre um abcesso sub-dural em um caso de surdez traumatica aparente (notas sobre o conhecimento da "commolio auris interna"). Pag. 1021.

Trata o A. de um casal que ficou surdo em seguida a um traumatismo. Após 10 anos falece a mulher de abcesso sub-dural, tendo sido feito cortes histologicos do rochedo. O marido sobrevive e oferece quadro clinico interessante. Ambos os casos apresentam oportunidade para um estudo da comoção do ouvido interno.

A mulher 10 anos após o acidente, interna-se em um hospital por litiase biliar e vê subitamente agravar o estado de seu ouvido dir. À operação verificou-se que a dura no tegmen antri achava-se exposta. Exposição da dura enegrecida até a ponta da piramide, para traz e até a raiz zigomatica para fora. Como o estádo piorasse, foi feita nova intervenção. A punção atravez do tegmen resultou liquor turvo com particulas cerebrais necroticas. Incisão da dura em cruz. Das proximidades do sinus petrosus superior corre pús fluido. Ex. do liquor: Pandy. Nonne-Apelt fortemente positivos. Estreptococos hemoliticos no pús e no liquor. Exitus. Os cortes histologicos, em resumo, deram o seguinte resultado: 1. Atrofia no
mais alto grau do orgão de Corti, com atrofia dos nervos e ganglios dependentes e colapso da coclea cutanea. 2. Atrofia da maccula sacculi com os nervos dependentes. 3. Grande foco otosclerotico na janela oval, com anquilose do estribo. Alem disso encontraram-se no lado direito as seguintes modificações: Otite cronica sem colesteatoma. 2. Penetração da supuração no soalho da fossa media. 3. Deiscencia congenita no tegmen; penetração da supuração atravez dessa deiscencia. 4. Formação de abcessos extra, interna e subdural na fossa media. 5. Corrosão do canal osseo do facial. 6. Exsudato soro-purulento no conduto auditivo interno e no ramo coclear. 7. Canal conjutivo atípico que vem da piramide até a fossa sub-arcuata. Este caso é interessante: l.º pela complicação intra-craniana; 2.º pela surdez. Cuida a seguir o A. do marido da doente precedente, que tambem fora vitima do mesmo acidente. A' direita sofria ele de surdez com hipoexcitabilidade labiríntica. Clinicamente chega á conclusão de commotio auris internae por fratura do temporal, da qual resultou a unilateralidade da doença. Neste trabalho estuda o A. detidamente a comoção do ouvido interno com idéas proprias a respeito.

FRANZ ALTMANN - Contribuição á anatomia e genese formal da atresia auris congenita. Pag. 1042.

O A. estuda 8 casos de atresia auris congenita (13 temporais) em series de cortes histologicos. Os defeitos não foram encontrados de uma só natureza, mas muito complexos. Atingem todos a parte posterior dos arcos branquiais superiores. De acordo com Marx, divide o A. os defeitos em 3 grupos principais. No primeiro encontra-se porção do anel timpanico e membrana timpanica rudimentar; a caixa do timpano mostra apenas pequenas modificações. No segundo grupo encontra-se a maior polimorfia. O osso timpanico acha-se mal formado ou falta completamente. A parede lateral da caixa é constituída essencialmente de osso. A caixa é em regra menor. No terceiro grupo enquadram-se os piores casos, nos quais não ha, formação da caixa do timpano. Esta divisão considera apenas estado do ouvido medio. E' preciso notar que mesmo em defeito de pequeno grau do ouvido medio, a orelha externa é bastante comprometida. Com relação á frequencia do comprometimento do ouvido interno, as pesquisas do A. referem-se a 57 % para um só lado e 27 % para os 2 lados.

JOSEF TREER - Sobre as relações entre os polipos nasais e a inflamação cronica dos antros. Pag. 1065.

De duas pesquisas chega o A. ás seguintes conclusões:

1. Como nos casos de polipos nasais, os antros maxilares mostraram-se sãos em 30 % e com uma insignificante inflamação em 20%, prevalece, o acerto de Zuckerkandl segundo o qual os polipos nasais, por disposição individual, são provocados por inflamação cronica da mucosa nasal. 2 Como em 15 a 37 % dos casos de catarro cronico do nariz, o antro max. contem secreção catarral, deve ser aceito que o processo patologico do nariz frequentemente passa para os antros para-nasais. 3 Como 50 % dos casos de polipos nasais existem com adeantada inflamação hipertrofica do antro max, fica provada a relação intima entre estas frequentes formas inflamatorias e os polipos nasais. 4 As inflamações hipertroficas nos antros, são tanto mais frequentes, quanto mais lento e retardado for o esvasiamento dos polipos. 5 A degeneração da mucosa antraz é provocada pela secreção catarral da cavidade, e pela permanência dessa irritação durante semanas e meses. 6 Uma consideravel inflamação hipertrofica dos antros, pode aumentar o catarro nasal e daí facilitar o desenvolvimento de recidiva dos polipos nasais.7 Formação e cura dos processos antrais cronicas e agúdos, supurados e hipertroficos, processam-se após esvasiamento do antro.

K. OKASHIMA - Uma contribuição para o diagnostico das disfasias post encefaliticas. Pag. 1079.

Como primeiro sinal de uma doença extra-piramidal post encefalitica, foi diagnosticado em um doente, uma perturbação da palavra, cujo sintoma mais importante foi o aparecimento de espasmos no diafragma e laringe, á fonação. O conhecimento exato da natureza desta disfasia, foi conseguido somente pela analise fonetica experimental.

W. KRAINZ e F. J. LANG - Contribuição ao conhecimento das tonsillites cronicas. Pag. 1096.

O conhecimento das inflamações cronicas das amigdalas basêa-se nos dados subjetivos do doente. A procura de um sinal objetivo demonstra que todos os casos de tonsilite cronica, evidenciam sensibilidade á pressão dos nichos tonsilares e endurecimento posterior ao tatear exterior. O exame histologico de 50 amigdalas denota, alem do quadro conhecido da inflamação cronica no tecido linfatico e nas criptas, espessamento, transformação cicatricial e calosa da capsula e do travejamento conjuntivo; espessamento das paredes vasculares, aglomeração de pasmazellen e outras celulas inflamatorias entre as fibras da capsula, ao redor dos vasos e nervos. O exame histologico de amigdalas que não produziam dor á pressão, pequena modificação apresentava.O sinal, objetivo parece esclarecido pelo exame histologico. Parece que o processo inflamatorio ultrapassa o limite da amigdala.

L. LAUB e E. v. ZALKA - Contribuição de multiplicidade dos tumores (carcinoma primario do bronquio e da laringe). Pag. 1089.

Trata-se de um homem com 51 anos, que apresentava tumor da laringe bastante extenso e cujo resultado histologico foi o seguinte: carcinoma plano-celular corneificado. Após tratamento pelo radio e pelos raios X (Coutard), sente-se o doente muito melhor, mas interna-se de novo em vista do agravamento do seu estado geral. O estado de sua laringe, permanece bem mas no hemitorax esquerdo, existe um tumor evidenciado á radiografia. Morte. Necroscopia. Alem do tumor laringêu, foi encontrado um tumor no bronquio com metastases. O exame histologico demonstrou estrutura bastante diferente da do tumor laringêu. O tumor do bronquio era constituido de elementos celulares ovais, chamados pelos americanos "oat cell câncer": Não ha duvida de que se trata de um caso de 2 tipos diferentes de tumores. O quadro histologico do tumor bronquico é tão tipico, que deve ser considerado como primario. A ocorrencia de tumores benignos multiplos não é rara, mas raramente se observa o mesmo fato nos malignos.

Dr. Roberto Oliva.

Monatsschrift für Ohrenheilkunde und Laryngo-Rhinologie
Vol. 67. Outubro de 1933
(Viena)

GEZA HALASZ - Ozena e amigdalas. Pag. 1176.

A secreção da amigdala é o harmonio regional da mucosa das vias aéreas superiores. A ozena genuina é uma doença de etiologia endocrinica, que por disposição organica do meio, é a consequencia de uma hipofunção tonsilar. A ozena é curavel por administração subcutanea de um preparado organico, composto de extrato tonsilar e de substancias de orgãos que têm intima correlação com as amigdalas.

M. J. CHARSCHAK - Ressecção parcial da laringe no carcinoma. Pag. 1185.

Os casos apresentados pelo A. mostram claramente que a ressecção parcial da laringe é possivel e indicada e que os limites de indicação da maioria dos autores, devem ser dilatados e que nas afecções das falsas e verdadeiras cordas vocais, este processo deve ser praticado, mesmo quando se notam sua imobilidade e invasão do quarto anterior do lado oposto.

N. A. PANTOW - Metodo para a retirada de moedas do esofago de crianças. Pag. 1193.

Nos casos em que se torna impossível a esofagoscopia, o A. recomenda o uso da pinça para polipo de laringe (de Frankel por ex.) Coloca-se a creança de perfil ante o ecran dos raios X. Nessa posição dá a moeda uma sombra linear. E' assim muito facil introduzir a pinça fechada no esofago até o corpo estranho. Para se evitar de prender tambem a mucosa, deve-se após preensão da moeda, imprimir-lhe movimentos segundo o eixo horizontal. A seguir é o instrumento retirado com a moeda.

A. REJTOE - Sobre dois casos de paralisia dos abducens na otite media aguda. Pag. 1247.

l.º caso, Ana 28 anos, interna-se por supuração aguda do ouvido medio direito seguida de fortes dores de cabeça. A pressão, havia dôr no centro da mastoide. Praticada a antrotomia, foram encontradas algumas celulas supuradas. Alguns dias após, queixa-se a doente de diplopia. O exame dos olhos revelou discreta paralisia dos abdutores. A radiografia denunciou comprometimento de algumas celulas da raiz da apofise zigomatica. As dores de cabeça continuavam. Reoperação na qual foram curetadas as referidas celulas, bem como a parede posterior do conduto. Depois da segunda operação, desapareceram a cefaléa e paralisia ocular, esta lentamente. 2.º caso, Judit, 10 anos, supuração do ouvido medio direito por otite aguda. No dia seguinte queixa-se de diplopia. Além disso, discreta paralisia dos abdutores e pequenos abalos nistagmicos. A cefaléa, seguida de pús abundante, albuminuria, alta leucocitose, exigiu intervenção imediata. Antrotomia. Em vista da persistencia da cefaléa, foi feita punção raquideana: Pandy positivo. Regressão da cefaléa. Ex dos olhos 17 dias após a operação: paralisia completa dos abdutores, que cedeu completamente 8 semanas mais tarde. O A. propõe duas perguntas. 1 E' exigida a operação de mastoidite aguda no caso de paralisia dos abdutores? 2 Exige a paralisia uma indicação no caso em que a mesma apareça na mastoidite operada? A primeira pergunta podemos responder afirmativamente. A paralisia mostra que em alguma parte a meninge não está em ordem, talvez na ponta do rochedo. Este ponto não é facil de alcançar. Acha o A. não ser indicada a operação, quando ocorre a paralisia sem mastoidite. A segunda pergunta é também afirmada pelo autor, como prova o seu primeiro caso, no qual a reoperação seguiu-se de cura. Acha o A. que a trepanação, nos casos de paralisia, deve ser feita o mais depressa possivel, para que as modificações sejam ainda reparaveis. A cirurgia da ponta da piramide, é um capitulo difícil e sua extirpação radical é quase impossível por causa da carotida e dos seios venosos.

HEINRICH NEUMANN - Discussão da pergunta: Tratamento cirurgico ou irradiação do carcinoma da laringe? Pag. 1.261

Não julga o A. que se possa dar uma diretriz segura ou uma decisão sobre o assunto. Mesmo porque os carcinomas da laringe ocupam apenas 1 % do total dos carcinomas da cirurgia geral.
Tambem a irradiação é de pratica moderna e embora tenha feito extraordinarios progressos, ha poucos institutos com observações antigas.

Na estatistica de Gluck e Soerensen, destaca-se a cifra de 86 % de cura para a laringofissura. Das 9 recidivas, 4 casos sofreram posteriormente extirpação total do órgão e curaram-se. Alem deste explendido resultado, é notavel na estatistica a baixa mortalidade da extirpação total, no carcinoma intrínseca. É verdade que a percentagem não se refere ao numero global de 470, mas apenas a 250 dos quais faleceram somente 10%, isto é 4%. Nos carcinomas extrínsecos a cura foi de 10 %, enquanto que nos intrínsecos ela foi de cerca de 30 %. Menos favoraveis são as estatísticas de Chiari, Hofer e Kofler. Aqui estão englobados os carcinomas intrínsecos e extrínsecos. Chiari apresenta 4-5 % de curados e Hofer-Kofler 6 %. A estatistica de Tapia regista 22 % de curados. Convem notar que este autor recomenda a extirpação total precoce sem esvasiamento ganglionar.

Se quizermos comparar estes algarismos da terapeutica cirurgica com os conseguidos com a irradiação, teremos de considerar sobretudo os trabalhos de Coutard. A roentgenterapia com doses fracionadas, em maior numero de sessões, possibilita aplicar uma dose maior em conjunto no tumor e daí sua destruição, sem comprometer o tecido circunvisinho e o organismo. A estatistica de Coutard não pode ser comparada a nenhuma outra, não só quanto ao numero de casos, como quanto á duração da observação. Nos casos de tumores intrínsecos da laringe, Coutard regista 28 % de curas, isto é quasi tanto como Gluck com a extirpação total (30 %). Coutard não é por principio contrario á cirurgia, tanto assim que a indica desde que não se trate de extirpação total. Devemos considerar que muitos dos casos irradiados estavam sugeitos á extirpação total. A estes casos foi poupado o risco da operação e ainda mais o órgão da fonação foi conservado. Observando que a mortalidade com a roentgenterapia é extraordinariamente pequena podemos fazer ideia da competição que existe entre esse metodo e o cirurgico. Nota-se ainda nas estatísticas de Coutard, que o numero de curas aumenta de ano para ano. Nos carcinomas extrínsecos da laringe, Coutard consegue uma cura de 10 %, tanto como Gluck, sem o risco de mortalidade que atinge 22 % nos casos de Gluck e 30 % e até
40 % com os outros autores.

As estatistícas de outros autores apresenta numero pequeno de casos, em comparação com os de Coutard e tempo escasso de observação, o que demonstra achar-se a terapeutica irradiante no inicio de seu desenvolvimento.

Destaca Neumann da estatistica de Coutard 12 casos tratados de carcinoma das falsas cordas. Este grupo é constituido de tumores reconhecidamente malignos, pois que rapidamente alastram-se. para o lado oposto, não permitindo assim uma hemilaringectomia; frequentemente aparecem aqui metastases e ganglios. De outro lado são esses tumores bastante radio-sensiveis; os autores francêses relacionam essa reação favoravel á irradiação, com o tipo de celulas tumorais predominante isto é com o chamado tipo mucoso dos tumores epidermoides. Eles observaram que os casos que apresentavam essa constituição histologica, puderam curar-se com a irradiação. Coutard considera as celulas prismaticas pouco sensiveis á irradiação, ao passo que as celulas de transição e linfo-epiteliais, ao contrario, têm maior tendencia para a cura. Os autores francêses recomendam a réssecção parcial das cartilagens tireoides e cricoide antes da irradiação, no caso em que já exista uma notavel infiltração da musculatura e do pericondrio.

A ultima estatistica apresentada é a de Hegener de 1932. Este autor emprega diversos metodos como radio, Coutard, tireotomia com Coutard e o resultado foi favoravel. Dos tumores da Hipofaringe, tratados pelo Coutard, quase a metade sarou completamente. Dos 19 carcinomas intrinsecos da laringe, 9 sararam desde 1 a 2 anos; mortalidade nula.

Diz Neumann ser impossivel tirar uma conclusão das estatisticas apresentadas, pois que estatisticas não são proprias para isso. Alem de que o tempo de observação de grande parte de casos irradiados é relativamente curto, enquanto que os cirurgicos apresentam tempo de observação mais prolongado. Os casos nos quais não ha perigo para a função do órgão, são os mais apropriados para o tratamento cirurgico, como por exemplo os carcinomas isolados das cordas vocais. E' evidente que os casos inoperaveis devem ser irradiados. Tambem os tumores da hipofaringe, em vista da grande mortalidade com o tratamento cirurgico, devem ser irradiados. Mais dificil se torna a indicação do tratamento dos casos operaveis, nos quais a localização do tumor, sua propagação e estado geral do doente, tornam o prognostico cirurgico duvidoso. Para a preferencia do tratamento cirurgico geral, convem notar a circunstancia de que após a operação pode-se fazer a irradiação, enquanto que na opinião de muitos autores a irradiação aumenta os perigos da cirurgia. Outros autores no entanto, não encontraram dificuldade maior no ato cirurgico de casos irradiados (Seiffert e Vogel).

Em grande quantidade de casos, o tratamento deve ser combinado, principalmente quando houver metastases ganglionar.

Dr. Roberto Oliva.

Diversos

CLARENCE HARE - The Nitrite de amyle test for lhe differentation of tumors of lhe brain from vascular and chronic inflammatory lesions. - (Bulletin of lhe Neurological Institut of New York. Vol. III. N.o 3. Pag. 513.)

O Autor, em colaboração com ELSBERG, já teve ocasião de mostrar o grande valor da prova do nitrito de amila para o diagnostico dos bloqueios raquidianos (ELSBERG e HARE - A new and simplified manometric test for the determination of spinal subarachnoid blocks by means of the inhalation of nitrite de amyle. Bull. of Neurol. Instituts of New York - 1932 :2:347).

Esta prova é baseada no facto de que a inalação da droga, produz uma dilatação dos vasos sanguineos intracraneanos, com o consequente empurramento do liquor para o canal raquideano; quando este não está bloqueado, o aumento de pressão se transmíte ao manometro ligado á agulha localizada na região lombar. A prova já foi praticada em alguns doentes do Serviço de Neurologia da Faculdade de Medicina de S. Paulo, tem dado sempre bons resultados. (OSWALDO LANGE - Contribuição do Laboratorio para o diagnostico das compressões medulares. - Congresso Paulista de Medicina - Outubro de 1933 - Boletim do Instituto Penido Burnier Campinas).

HARE publica agora, em nota prévia, os resultados que obteve com a prova do nitrito de amila praticada em doentes portadores de tumores cerebais (1 casos), afecções vasculares encefalicas (arterior esclerose, entre outros) e em encefalites cronicas mórmente lueticas. Nos casos de tumores cerebrais notou ele, na maioria dos 4 casos (89 %), uma elevação consideravel da pressão apos a inalação do medicamento (variavel entre 330 a 520 mm3 no manometro de ar). Nas outras afecções estudadas a elevação é menor: nas afecções vasculares o aumento varia entre 130 a 315 mm., ao passo que nos processos inflamatorios cronicos do encefalo, a subida da pressão não vai alem de 85 a 300.

O Autor conclue julgando que, embora não, tenha o mesmo valor que quando empregado para o diagnostico dos bloqueios raquideanos, a prova do nitrito de amila fornece indicações uteis para o diagnostico diferencial entre os tumores cerebrais e certas afecções inflamatorias e vasculares cronicas do encefalo. Ele explica a diferença no modo de ação do nitrito de amila como sendo devida a que nos processos inflamatorios e vasculares cronicos, o efeito do medicamento é limitado, não se dando a dilatação perfeita dos vasos encefalicos ou porque a vaso-dilatação seja menor, ou porque seja pequeno o numero de vasos capazes de se dilatar, ou ainda pela reunião dos dois fatores.

Apesar de não estar ainda bem eluciado o mecanismo da prova, os resultados apresentados pelo Autor são bastante interessantes, tanto mais que na maioria dos seus casos, foi possivel a verificação pela autopsia ou pela intervenção cirurgica.

Dr. O. Lange.

O tratamento da coqueluche

Opinião do Diretor da Inspetoria de Propaganda e Educação Sanitaria do Departamento Nacional de Saúde Publica.

Rio, 14 de Maio de 1934.

Prezado colega e amigo Dr. Raul Leite.

Venho lhe dar noticia, com muito prazer, dos bons resultados que obtive empregando, em dois filhos, a sua QUINTOVACIN: em um deles, já doente, o efeito terapeutico foi nitidamente favorável e no outro, exposto ao contagio, pela convivencia com o primeiro, a ação preventiva da vacina pareceu-me muito nítida.

Creia-me, colega e amigo grato.

aa.) Dr. João de Barros Barreto.

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