Versão Inglês

Ano:  1934  Vol. 2   Ed. 3  - Maio - Junho - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 233 a 252

 

REVISTA DAS REVISTAS - parte 1

Autor(es): Annals of Otology, Rhinology and Laryngology
Vol. XLIII - Março, 1934. N.º 1
(U. S. A.)

JAMES B. COSTEN - Um sindrome do ouvido, e sintomas sinusais, dependente de uma perturbação funcional da articulação temporo-maxilar. Pag. 1.

O A. diz que muitos sintomas para o lado dos ouvidos, entre eles dôres de cabeça, dependem de uma perturbação no funcionamento da articulação temporo-maxilar. Rinologica, oftalmologica e médicamente, existem muitas causas para explicação das dôres de cabeça, assim como há outras causas nasais, explicando uma obstrução tubaria; no entanto, ninguem ainda dirigiu a atenção para o papel da sub-luxação da mandibula; pela má mastigação, em tais casos.

As provas auditivas demonstram a existencia de uma otite catarral, de tipo ligeiro; causando a cooparticipação da trompa por compressão de sua parede membranosa anterior, transmitida atravez dos tecidos moles pelo relaxamento dos musculos pterigóideos, associado ao dos ligamentos mandibulares durante o mastigar.

A rapidez com que o ouvido melhora fala contra a idéa de que a perturbação auditiva tenha sido causada por um trauma ou compressão do labirinto, ou do ouvido médio, pelo condilo da mandibula. As vertigens em tais casos, serão devidas ás modificações da pressão intra-timpanica, afetando o labirinto.

As regiões envolvidas pelas dôres de cabeça, em tais casos, são tipicas das dôres causadas pelos seios posteriores e facilmente tidas como provenientes deles. A persistencia, porém, de tais dôres, após intervenção cirurgica, fazem-nos atribuir a um processo patologico da articulação da mandibula.

O prognostico depende: a) - do cuidado com que forem reformadas as dentaduras, excluindo as pressões anormais sobre a articulação; b) - da extensão das lesões á trompa ao condilo, aos meniscos e á capsula articular.

O. JASON DIXON - Osteomielite difusa do craneo como complicação de sinusite frontal.
Pag. 16.

O A., depois de discorrer sobre os processos cirurgicos do tratamento da osteomielite dos ossos do craneo post-sinusite agúda, conclue: l.º) - que o tratamento conservador dá maiores esperanças de cura. Como tratamento conservador o A. entende um minimo de intervenções cirurgicas. Desde que se aceite o fato de que um trauma cirurgico, numa infecção agúda do seio frontal, frequentemente produza uma osteomielite da abobada craneana, será, então, lógico que o emprego de tais processos, em qualquer outro ponto dos casos craneanos, dê origem ao desenvolvimento de outro foco de osteomielite.

2.º) - que mesmo quando a doença tenha sido reconhecida precocemente, e em que a oportunidade de uma intervenção esteja indicada, esta deverá ser protelada até que a infecção agúda tenha desaparecido.

3.º) - que a intervenção cirurgica, nas infecções agúdas dos ossos, de nenhum modo impedirá o avançamento da doença, ao contrario, a fará progredir.

4.º) - que a intervenão cirurgica, em periodo agúdo, perturbará a irrigação sanguinea á parte afetada e inibirá os esforços da natureza, no controle da molestia.

Os casos do A., alguns pouco tipicos, não podem, por enquanto, melhorar a colosal porcentagem de mortes, apresentada por grande numero de autores de nomeada, causadas pela osteomielite dos ossos do craneo, assim como ainda não conseguirá modificar a opinião da maioria, que exige intervenção imediata e ampla nos focos infectados.

MATHEW S. ERSNER, DAND MYERS e WILLIAM ERSNER (Filadelfia) - Estudo clinico e experimental da ação da saliva sobre a coagulação do sangue e cura das feridas, na cirurgia da cavidade oral e da garganta. Pag. 114.

As experiencias feitas pelos AA. têm por efeito mostrar a ação da saliva como curadoura das feridas e sobre a diminuição do tempo de coagulação do sangue. Cada experiencia é dada em detalhe, no texto, assim como o comentario de cada uma. A sumula dos experimentos e seus resultados, os AA. resumiram de acordo com o que se segue:

l.º) - A saliva, quando adicionada ao sangue, produz, in vitro, uma redução de seu tempo de coagulação, de 10 a 13 minutos, para 2 a 3 minutos.

2.º) - A saliva, seja autogena, exogena, mixta de varios indivíduos, centrifugada, tem o mesmo efeito, quer usando o fluido que sobrenada, quer o sedimento, em produzir uma redução no tempo de coagulação. Conservada em gelo por 24 horas ou na temperatura ambiente, este efeito não diminue.

3.º) - A saliva fresca é ligeiramente acida á fenolftaleina e alcalina ao litmus. A reação da saliva foi determinada pelos AA. como Ph. 6,8 a 6,6, corroborando os resultados de outros observadores.

Os AA. observaram que esta representa o otimum da reação déla as propriedades coagulantes do sangue.

A acidificação da saliva, abaixo de Ph. 4,8, é suficiente para tirar dlaé as propriedades coagulantes do sangue.

4.º) - A varias pessôas foi dada parafina para mascár durante 4 periodos. Esta saliva, obtida assim, foi examinada, quanto ao seu poder coagulante, em tempos diferentes. Notou-se que a saliva, depois de estimulos continuos, é menos viscosa, porém retem seu poder de coagulação e o Ph. não varia.

5.º) - A saliva filtrada possue o mesmo poder coagulante que a saliva total.

6.º) - Utilizando a analise da saliva, conforme Mathews, os A. A. prepararam soluções aquosas dos seguintes constituintes inorganicos, ou seja, tiocianato, calcio e potassio, nas mesmas proporções em que são encontrados na saliva. Estas soluções foram utilisadas individualmente e combinadas, para determinar sua ação coagulante sobre o sangue. Foi verificado que elas não possuem este poder de coagulação sobre o sangue e os AA. concluiram que elas não representavam fator responsavel no poder coagulante da saliva.

7.º) - Experiencias bacteriologicas mostraram que a saliva age com um dissolvente dos organismos presentes na boca, e que o aumento de sua produção como o que se segue ás manipulações na cavidade bucal e nos estimulos artificiais, parece lavar os organismos da membrana mucosa da cavidade bucal.

M. O R.

Archives of Otolaryngology
Volume 19. N.º 1. Janeiro de 1934.
(U. S. A)

R. G. SNYDER, S. FINEMAN e CORNELIUS TRAGER (New York) - Importancia do exame roentgenologico dos seios da face nas artrites cronicas. Pag. 23.

Trata-se de um estudo muito interessante feito pelos autores, estabelecendo a correlação que ha entre o reumatismo cronico e inflamações das cavidades acessorias do nariz. São os primeiros a assinalar as divergencias que ha entre os autores a respeito da correlação desses fátos; mas acentuam que ha fátos perfeitamente documentados pelas estatisticas, que evidenciam, como muitas vezes o reumatismo está sob a dependencia de supurações das cavidades acessorias. Salienta o fáto de haver casos nos quais a existencia da sinusite passa perfeitamente desapercebida, tal a ausencia de sintomas. Cita sete observações neste sentido, acompanhadas das respectivas radiografias.

O total de casos de artrites examinados monta a 386. Em 93 deles foi verificada a presença de sinusite, combinando dados rinologicos; dentre estes ultimos, só em 16 havia anamnese suspeita; nos outros 77 o tipo era completamente a sintomático.

O tratamento rinologico destes doentes resultou, quase invariavelmente em uma notável melhoria do processo. Não ficou verificada uma relação direta entre a intensidade da artrite e a extensão das lesões nasais: alguns dos mais brilhantes resultados em avançadas artrites foram obtidos em doentes que tinham muito ligeiro envolvimento, dos seios. Finalmente, alguns pacientes melhoraram com tratamento conservador, enquanto que em outros, se foi obrigado a processos radicais, para se obter um bom resultado pratico.

LA LAYETTE MONSON (San Francisco) - Nova tecnica na cirurgia do etmoide. Pag. 40.

Trata-se de uma nova orientação na abertura do seio etmoidal. Não é um processo tão radical como o de Hajeck, nem tão conservador como o de Halle. A principal particularidade é do autor conservar o maximo possivel a integridade da mucosa nasal. Depois da operação de Septo ou polipos, si houver, faz o autor uma incisão ao longo da metade anterior do bordo inferior do corneto médio, dissecando depois a mucosa com um afastador de Freer. A mucosa é cuidadosamente conservada, assim como aquela do corneto superior. São então curetados o que sobrou do corneto medio, assim como a bula etmoidal, assim como as celulas visinhas. Prosegue-se então na dissecção do etmoide até atingir o seio esfenoidal. Particular atenção é naturalmente necessaria, na visinhança da lamina papiracea. Uma vez curetado todo o etmoide, recobre-se cuidadosamente a zona operada com a mucosa que se tinha poupado no começo da operação. Diz o autor já ter operado 59 casos, segundo essa tecnica, e que está muito satisfeito com os resultados.

LYLE POWELL (Kan.) - Cisto dermoide do dorso do nariz. Pag. 67.

Trata-se de uma creança de boa saude, de 3 meses de idade, que apresentou uma ligeira inflamação no dorso do nariz, tendo começado com o tamanho de uma ervilha e depois aumentando gradativamente, até atingir 10 a 12 mm. de diametro. A' palpação, dava uma sensação fouxa e ligeira flutuação. Não havia vermelhidão ou outros sinais de inflamação. O exame interno do nariz deu um resultado completamente negativo. O tumor foi excisado cirurgicas mente, sob anestesia geral. Feita uma incisão linear na pele, dissecou-se um saco ovoide, que parecia livre, mas que aderia ao pericondrio do dorso nasal. Era exactamente na linha mediana. Foi cuidadosamente dissecado, sendo tambem removido um pequeno pedaço do pericondrio.

Aberto o material, foi verificado ter este interiormente um aspéto esbranquiçado e caseoso e, no meio dele, inumeros cabelos longos e vermelhos.

Dr. Francisco Hartung.

Archives of Otolaryngology
Volume 19, N.º 2. Fevereiro, 1934.
(U. S. A.)
FERRIS SMITH. (Michigan.) - Escolha de tratamento nas etmoidites cronicas. Pag. 157.

Preliminarmente, faz o autor um estudo critico do cepticismo muito em voga a respeito do sucesso cirurgião nas sinusites. Não nega as dificuldades que se apresentam, mas protesta contra a tendencia exageradamente conservadora com que muito cirurgião hoje se manifesta nesse capitulo de patologia. A proposito comenta um artigo aparecido em 1927, atribuido a Ross Skillern, intitulado "O Problema do Etmóide", no qual o autor toma uma atitude franca- mente contraria á solução cirurgica das etmoidites, pugnando por um abstencionismo quasi completo.

Em seguida faz reviver e descreve detalhadamente a tecnica de Jansen, divulgada em 1894. Esta tecnica consiste em se atacar o labirinto etmoidal por uma combinação de duas vias: uma via externa através de uma incisão feita no angulo interno da orbita, e internamente combinando com uma cirurgia endonasal. Refere o autor ter operado mais de quinhentos pacientes por este processo, mostrando-se bastante satisfeito com os resultados obtidos.

DAVID TORIN (Pittsburgh) - Tuberculose do laringe.

O autor começa discutindo as varias teorias que dizem respeito á etiologia da tuberculose laringéa; apresenta objecções á possibilidade de transmissão pelo proprio sputum: assim, como se aceitar esta teoria em doentes que não têm bacilos no catarro? Porque a tuberculose ataca o laringe, deixando indènes a traquéa e os bronquios? E assim outros argumentos. E' por esta razão que ha muitos tisiologos que, preferem a teoria sanguinea ou linfatica. Em seguida passa a descrever rapidamente a sintomatologia, diagnostico, prognostico e tratamento, mostrando-se muito favoravel ao termocauterio. Nos casos muito máos, recomenda tambem a anestesia do laringêo superior.

G. EDWARD TREMBLE (Montreal, Canadá) - Pneumatisação do osso temporal. Pag. 172.

Depois de uma serie de considerações anatomicas, passa o autor a abordar problemas clinicos, dizendo respeito ao prognostico das otites medias, dependentes que é da variabilidade de conformação do osso temporal, segundo que a massa da apofise mastoide seja pneumatica, diploetica, ebúrnea ou mixta. Em seguida dá conta do modo de preparação do material examinado, e déscreve grupos acessorios de celulas para cuja existencia eventual, Neumann, já ha muitos anos chamava particular atenção: celulas que se estendem na raiz e ao longo do zigoma, celula ao longo do assoalho da fossa média e no assoalho do meato, celulas petrosas, celulas sobrepondo-se ao seio lateral, celulas retrofaciais ou celulas de Broca, celulas estendendo-se sob o labirinto, celulas na ponta da mastoide, celulas ao redor da trompa de Eustaquio e finalmente, celulas invadindo a porção escamosa do osso.

W. J. MCNALLY - Conquista recente na fisiologia do ouvido. Pag. 201.

Começa o artigo com uma noticia historica detalhada de estudos experimentais realisados em peixes, citando de Cyon, Kreidl, Parker, Van Heusen, Manning, Bull, Stetter, Burlet, Von Frisch, Laudenbach e Maxwell. Depois passa a estudar o fenomeno de audição na especie humana, de acôrdo com os métodos modernos de investigação. Assim resumimos as suas conclusões: Ficou bem comprovado que alguns peixes pódem ouvir. Alguns deles, os mais elevados, são capazes de distinguir um variado numero de tons e ruidos.

A pars inferior, consistindo a sacula e a lagena, é a parte que mais provavelmente diz respeito á audição no peixe. Está demonstrado que a sacula não tem função vestibular no peixe, na rã e em um mamifero, o coelho. Em pombos verificaram-se movimentos compensatorios nos olhos. No homem, a cóclea é o orgão da audição. A membrana basilar, provavelmente actúa nos fenomenos de resonancia, resolvendo os sons complexos que vão ter ao ouvido nos seus componentes simples harmonicos. A parte apical da cóclea está relacionada com a percepção dos sons de baixa frequencia e a parte basilar com aqueles de alta frequencia. A teôria da resonancia, tal como é ou com alguma ligeira modificação, é provavelmente correta. Deve-se admitir que os impulsos nervosos simples, são mandados para o cerebro de cada sector da membrana basilar. Uma sintese destes impulsos tem lugar em um nucleo de analise, nucleo que está situado no lobo temporal, e o remanescente é espalhado em toda a massa da cortex. A condução ossea, como é geralmente examinada, póde dar um resultado falso devido a existencia de ruidos na sala de exame e que transponham o limiar de percepção de um ouvido normal. Os testes para a condução ossea devem ser pois, realisados em salas adequadas, onde tanto o ouvido do observador como do doente, sejam defendidos contra qualquer influencia externa. As lesões do ouvido medio, nos jovens, causam uma perda de condução aérea de mais alto gráo para as tons altos de que para os baixos Os testes de audição para a otoesclerose são de pouco valor, porque só se revelam em uma fase tardia da molestia.

WILLIAN B. BREWSTER (New York) - Fibroma nasofaringeano. Pag. 216.

Este artigo contem uma noticia historica desse genero de tumores e tres observações de casos encontrados pelo autor.

O fibroma nasofaringeano é um tumor extremamente vascularisado, encontrado com mais frequencia nos adolescentes. E' composto principalmente de tecido conjuntivo e os seus vasos são quasi que privados da tunica contractil. Ele origina-se no tecido conjuntivo da abobada do faringe e do espaço retronasal. Profusa hemorragia póde provir de curetagem ou trauma. Ha evidentes sinais de retrogressão na idade adulta, fáto que póde se atribuir á mudança da vascularisação devido á ossificação da armadura cartilaginosa, situada entre o esfenoide e o ocipital. São tumores raramente vistos, encontrados em 1 doente sobre 16.000 doentes queixando-se de perturbações nasofaringiana. São mais encontrados no sexo masculino. Póde haver metaplasias para carcinomas.

A remoção cirurgica póde provocar deformidade ou levar á morte por hemorragia. A aplicação de radium deve ser o tratamento de escolha.

O. E. VAN ALYEA (Chicago) - Irrigação no tratamento da sinusites frontais. Pag. 224.

E' um longo estudo historica embriologico e anatomico do seio frontal e do tratamento das sinusites. Nos ultimos cincoenta anos, diz o autor, o tratamento, das sinusites frontais tem experimentados avanços radicais no sentido cirurgica e sofrido recuos para uma tendencia mais conservadora. Modernamente o tratamento destas sinusites fica sob a dependencia da propria extructura do seio. A habilidade do rinologista é posto em fóco para conseguir a abertura do seio pela via endonasal. Muitos rinologistas modernos preferem a cateterisação e irrigação nos casos agudos e cronicos em adição a outros metodos, desde que o seio possa ser atingido sem maior perigo. Infelizmente, as dificuldades naturais, usualmente encontradas, são multiplicadas na procura do ostium frontal, devidas ás extremas variações anatomicas. Entretanto, a familiarização com estas dificuldades, simplifica a aproximação do seio; e o seu conhecimento exáto aliado e uma técnica apurada, póde levar á solução da maior parte dos casos. Como se vê, o autor é muito conservador no tratamento das sinusites frontais.

Dr. Francisco Hartung.

The Laryngoscope
Volume XLIII, n.º 2, Fevereiro, 1933
(U. S. A.)

DELAVAN, D. BRYSON - História da tirotomia e da laringectomia. Pag. 81.

E' o primeiro estudo apresentado á Sessão Comemorativa de Mackenty, na Academia de Medicina de Nova York, e, como tal, exalça os grandes progressos que Mackenty trouxe á cirurgia do laringe.

Por uma estranha coincidência, a história da tirotomia e da laringectomia começa e termina nêste lugar (Nova York), pois foi aí que em 1851 fez Gordou Buck a primeira tirotomia e aí que Mackenty conseguiu fazer chegar a laringectomia á perfeição a que chegou. Quatro nomes podem ser reúnidos ao de Gordon Buck: 1) o de Patrick Heron Watson, de Edimburgo, o primeiro cirurgião que fez a laringectomia; 2) de Gluck, de Berlim, que modificou a operação primitiva, tornando-a praticável; 3) de Solis Cohen, de Filadélfia, que introduziu o método de Gluck nos Estados Unidos; e, porfim, 4) o de Mackenty que, seguindo o exemplo de Gluck e de Solis Cohen, colocou o método na base resistente em que hoje se acha.

Tirotomia - A história desta operação é comparativamente recente. Conquanto a operação tenha sido proposta por outros autores para a extirpação de polipos (?) do laringe desde 1840, a indicação dela na cirurgia endo-laringea pertence na realidade a Gordon Buck. Na História da Laringologia de Jonathan Wright não há referência ao nome de Buck, mas tendo êle em 1848 exposto o seu método endo-laríngeo de cura do edema da glote, e tendo aperfeiçoado a técnica da traqueotomia, foi-lhe conferido unánimemente na Europa o titulo de "pai da cirurgia endo-laríngea".

Em 1851 juntou êle ao seu justo renome um caso de tirotomia por câncer, caso êste em que o paciente viveu mais de um ano. Solis Cohen repetiu em 1868 a operação no mesmo mal, obtendo resultados satisfatórios. Estes pioneiros foram seguidos por Clinton Wagner, de Nova York, que tem o mérito de ter feito observar que a perfeita coaptacão da cartilagem evitava que voz ficasse defeituosa. Para facilitar a sutura, sugeriu êle a incisão linear interrompida, na parte média, por um dente em triangulo.

A êste segue-se Sir Henry Butlin, em 1908. Veem depois Semon e, porfim, Sir St. Clair Thomson. Este se tornou verdadeiro apologista da tirotomia no câncer do laringe.

Laringectomia - A primeira extirpação do laringe humano é unanimemente atribuída a Patrick Heron Watson, de Edimburgo, e foi efetuada em 1868. Os resultados nada tiveram de animadores, mas ainda assim Watson e seus assistentes levaram a efeito outras intervenções, sempre sem êxito. Czerny, assistente de Billroth, de Viena, o maior cirurgião da época, demonstrou a possibilidade ela operação e realizou; em 1870, uma série de intervenções em cães, com o maior êxito. Em 1873, Billroth fez a extirpação do laringe em um homem, que sobreviveu vários meses á operação. Trabalho idêntico com resultado idêntico, realizavam em 1874 Heine e Mass. No mesmo ano repetia Gussenbauer a façanha, e fabricava o primeiro laringe artificial.

Isto na Europa. A primeira laringectomia efetuada nos Estados Unidos foi feita por Frederico Lange, de Nova York, em 1879. Os resultados não foram favoráveis, por se tratar de um paciente em condições nada apropriadas á intervenção, que foi feita como último recurso.

Em 1883, Solis Cohen publicava um estudo crítico acêrca das 65 laringectomias realizadas em todo mundo, concluindo por declarar que a laringectomia não prolongava a vida.

Pouco mais tarde, Gluck, aproveitando a experiencia de seus predecessores, aliada a suas ideias pessoais, modificava radicalmente a opinião reinante acêrca da extirpação total do laringe. Em 1909, o A. tinha ensejo de ver, apresentados por Gluck ao 16.º Congresso Internacional de Medicina, em Buda-Pesth, quatro pacientes em que Gluck havia realizado não só a laringectomia, como intervenções mutilantes sôbre as regiões visinhas, todos operados já havia mais de 2 anos. O método de Gluck trazia como vantagem primordial a sutura da traquéia á pele do pescoço.

Em 1920 Gluck e Soerensen apresentam novos trabalhos, expondo resultados até então jamais conseguidos na cirurgia do laringe.

LEWIS, F. O. - Pontos capitais na laringectomia, segundo Mackenty, e algumas outras idéias relativas a esta operação. Pag. 97.

Mackenty, baseado nos brilhantes estudos de Gluck, era um apologista da laringectomia em um tempo. Como cirurgião geral, antes de ser laringologista, fazia questão fechada do exame completo e minucioso do paciente, reputando também fator indispensável para o sucesso operatório a vigilância do operado, feita por pessoal especialmente instruido nêste particular.

Era um apologista da anestesia combinada. Usava simultaneamente da narcose e da infiltração regional. Dava preferência á incisão em T, usando drenos-cigarro.

O perigo máximo da operação, era, a seu ver, a entrada de sangue nos pulmões. Declarava textualmente: «Estou convencido de que a entrada de quantidade aparentemente desprezivel de sangue nos pulmões, durante a operação, pode ser causa de conseqüências graves. Por isso, meu maior cuidado é evitar que uma simples gôta possa cair na traquéias. Isto era evitado por meio da aspiração, ficando um ajudante bem prático encarregado exclusivamnete desta tarefa.

Mackenty foi o primeiro a alimentar seus pacientes por sondas de permanência colocadas por via nasal. O A. acha que, nêste particular, seria talvez mais útil realizar, dias antes da laringectomia, uma gastro-estomia.

FAULKNER, E. ROSS - Atresia da faringe e outras operações plásticas ideadas pelo Dr. Mackenty. Pag. 103.

Estudo de referência ás principais intervenções ideadas, modificadas ou aperfeiçoadas por Mackenty. A intervenção para a cura da atresia da faringe; para a cura dá obstrução das narinas; a para a correção dos defeitos do septo em crianças; a para a correção da paralisia da corda vocal; a para a cura dá guela de lobo; etc.; são mencionadas por alto, para pôr em evidência a habilidade e o espirito criador do grande especialista americano recêm-falecido.

COAKLEY, C. G. - Diagóstico precoce do câncer do laringe. Pag. 106.

Escrito por um dos mais famosos e experimentados laringólologos americanos, apresenta êste estudo uma série de pontos do mais absoluto interesse.

No laringe, como em tôdas as demais regiões do organismo, quanto mais precoce fôr o diagnóstico do câncer, mais favorável é o prognóstico e mais simples a terapêutica.

Temos a considerar dois tipos de câncer: o endo-laríngeo e exo-laríngeo. O grupo endo-laríngeo é mais numeroso. Origina-se das cordas vocais, da região sub-glótica ou das ventrículos. Os exo-laringeos localizam-se na epiglote e nas dobras ari-epiglóticas. Alguns especialistas incluem nêste grupo os tumores da face posterior da cricóide. Parece ao A. mais justo considerar êstes tumores faríngeos, e não laríngeos.

No câncer endo-laríngeo, a sede mais comum é a parte anterior ou média de uma das cordas vocais. Segue-se, em ordem de freqüência, a localização na porção imediatamente inferior á corda vocal, e em terceiro lugar, a no ventrículo. Aparece o tumor raramente na corda falsa.

Só existe um sintoma do período inicial do câncer: é a alterar cão da voz. Esta se mostra a princípio áspera, rude, e pode assim ficar por semanas.

E' nesta época que o paciente recorre ao médico. Na experiência do A., quasi todos os doentes recebem de início um tratamento, local com nitrato de prata, e que os priva de, por um espaço algo dilatado, ter, de fato, ciência do mal do qual se acham atacados. Todo doente de mais de 40 anos atacado de rouquidão discreta, que persiste por umas duas semanas, precisa sofrer exame acurado do laringe, afim de ser tirada a limpo a causa do disturbio vocal. As causas mais freqüentes de rouquidão são a laringite aguda, a laringite crônica, a hemorragia da corda; os neoplasmas benignos. Outras causas são a goma luétíca, a tuberculose, o câncer. Há um tipo de úlcera, ora unilateral, ora bi-lateral, associado freqüêntemente á gripe, localizada na parte posterior da corda, tipo de úlcera este que pode muito bem ser confundido com o câncer na fase de início. No caso de laringite aguda do tipo ulceroso, o repouso absoluto da voz por espaço de 2 a 4 semanas traz a cura sem necessidade de nenhum tratamento local.

Em se tratando de tumores benignos, sómente uma das cordas é atingida e o tumor pode ser facilmente percebido. Estes blastomas em geral aderem por uma base pequena, ficando o resto da corda absolutamente normal e a motilidade da corda inatingida. O tratamento é a extirpação, direta ou indireta. Todo tumor, mormente os papilomas, deve ser examinado sob o ponto de vista histo-patológico.

Resta-nos as três hipóteses de processo a atingir apenas uma corda: as gomas, a tuberculose, o câncer. O diagnóstico clinico vale muito. O A., durante o período de observação de qualquer processo infiltrativo das cordas vocais, exige repouso total da voz, só podendo o doente manifestar-se por escrito. Se tôdas as investigações no sentido de sífile e tuberculose forem negativas, devemos suspeitar de câncer. Outrora achava o A. que a fixação da corda era uma prova segura de câncer. Hoje, porém, está plenamente convencido da insegurança dêste sinal.

Devemos ter também em mente a idéia de uma forma associada: sífile e câncer, tuberculose e câncer; sífile e tuberculose. Enquanto o leigo não compreender a importância da rouquidão em pessoas de mais de 40 anos, não podemos esperar fazer muitas vezes o diagnóstico precoce do câncer. Enquanto os laringologistas não se convencerem da necessidade de se desistir do uso de vaporizações e embrocações em casos de infiltração unilateral da corda, e da necessidade de estabelecer-se o diagnóstico preciso da lesão, não podemos sonhar com o diagnóstico precoce do câncer. A crítica de o câncer do laringe não ser com mais freqüência diagnósticado com precocidade tem que ser dividida igualmente entre o doente e o laringologista.

MARTLAND, H. S. - O problema do câncer sob o ponto de vista laringológico. Pag. 110.

Estudo crítico acêrca do câncer em geral, com aplicações á laringologia. O A. divide o estudo em várias secções: freqüência, causas predisponentes, classificação dos cânceres laríngeos, gradação dos cânceres, etc.

O câncer, segundo St. Clair Thomson, é a causa de 100 mortes em cada grupo de 1000. O do laringe é porém mais raro. Em 100 mortes por câncer, em 1,8 % a causa da morte foi o câncer do laringe, e em 21 % do estômago.

Pack e Le Fèvre numa estatística feita no Memorial Hospital de Nova York a respeito de doenças malignas, chegaram á conclusão de que o câncer epidermóide do laringe compreendia 5,3 % de todos os tumores malignos do homem e apenas 0,48 % dos mesmos na mulher, confirmando a conhecida relação de 1.10 entre os dois sexos.

Hoffman afirma que a mortalidade por câncer do laringe na Inglaterra e no Pais de Gales durante 1927 foi de 3.2 por 1000.000, referindo-se exclusivamente a homens. No mesmo ano a mortalidade nos Estados Unidos foi de 0,8 por 1000.000, atingindo ambos os sexos.

St. Clair Thomson afirma que o câncer intrínseco do laringe é 10 vezes mais freqüente no homem do que na mulher, mas que não nos devemos esquecer de que esta pode também sofrer do mal. O câncer intrínseco, porém, exceção feita da forma post-cricóide, fica limitado práticamente ao homem, e só ocasionalmente é observado na mulher. A freqüência do câncer post-cricóide na mulher (em uma série, 83 casos na mulher e apenas 13 no homem), a aparecer muitas vezes precocemente quanto á idade, é de grande interesse, e sua causa é ignorada, parecendo talvez ligada ao hábito da mulher beber líquidos excessivamente quentes.

As causas predisponentes do câncer do laringe são conhecidas. O A. faz ressaltar o parecer de Jackson, declarando que em mais de 64% de seus doentes era patente a história de abuso da voz.

A seu ver as lesões pre-cancerosas são muito importantes e o câncer raramente aparece em um laringe normal. A laringite crônica, as ceratoses, os papilomas, os granulomas em geral, etc. constituem um terreno favorável ao desenvolvimento do blastoma.

Outros autores não acham tão importantes as lesões pre-cancerosas e acham notável como é rara a transformação maligna do papiloma.

Hoffman acredita que o fumo representa fator de suma importância no problema do câncer. Não houve, no entanto, grande aumento no número de casos de câncer em relação ao aumento considerável do uso do cigarro nêstes últimos 15 anos. Parece, de fato, que o cigarro é muito menos perigoso do que o charuto e o cachimbo, na determinação do câncer da bôca e do laringe.

Quanto á cura, Tucker assevera que no câncer intrínseco do laringe, o diagnóstico precoce permite a cura em 70 a 80 % dos casos, porcentagem assaz elevada que não é obtida em nenhuma outra localização do mal.

A biopsia é discutida sob o ponto de vista de ser ou não inócua. As opiniões dividem-se, mas a maioria acha que a retirada de um pequeno fragmento do tumor em nada altera a marcha do processo.

KOPETZKY, S. J. - Colesteatoma. Pag. 118.

Trabalho de conjunto muito bem desenvolvido e em certa parte impróprio a resumos.

Na introdução, Kopetzky chama a atenção para a gravidade do colesteatoma, mormente sob o ponto de vista do seguro de vida. Expõe a seguir o que é o colesteatoma, fazendo um rápido estudo sôbre sua história. Admite dois tipos de colesteatoma: o verdadeiro e o falso.

O verdadeiro é um neoplasma héterotópico que se desenvolve ás custas de uma inclusão epidérmica. O falso é resultado de uma inflamação crônica. Este modo de ver é hoje aceito pela maioria dos patologistas.

A estrutura do tumor é simples. A massa tumoral consiste em lamínulas poligonais, concêntricas, compostas de células epidermóides destituidas de núcleo. Entre estas lamínulas encontram-se cristais de colesterina em quantidade variável. A massa é envolvida por uma membrana chamada cholesteatoma matrix. Compõe-se esta de duas camadas, uma interna e outra externa. A externa, por meio da qual o tumor adere ao osso, é de tecido conetivo, pobre em núcleos, mas muito vascularizado, contendo ainda fibras elásticas. A camada interna é da mesma estrutura da epiderme, e é, de fato, epiderme.

Infelizmente não há nenhum meio de distinguirem-se os dois tipos de colesteatoma. Todos os sinais de diferenciação apresentados foram afastados por não corresponderem á realidade. Pode-se apenas dizer que um colesteatoma é verdadeiro quando se acha situado fora da região do ouvido. Numa creança pequena um colesteatoma muito desenvolvido pode ser admitido como verdadeiro, uma vez que o tumor é de crescimento muito lento. Mesmo no- adulto um grande tumor sem manifestações denota a origem congenita, do contrário traria complicações fatais.

Quanto á freqüência, o colesteatoma verdadeiro é raríssimo, contando a literatura muito poucos casos. Isto quanto ao colesteatoma verdadeiro, sem nenhuma relação com o ouvido. Quanto ao da orelha média, não foi até hoje descoberto.

Para o estudo do pseudo-colesteatoma, o A. começa por fazer um apanhado da teoria da pneumatização da temporal, de Wittmaák. Divide então o pseudo-colesteatoma em dois: primitivo e secundário. Ainda aqui a diferenciação não é patológica mas genética. Entra o A. em considerações teóricas acêrca da divisão citada, considerações estas que não se prestam a resumo.

Trata a seguir do diagnóstico, citando os dados clínicos conhecidos e o rádio-diagnóstico como os meios mais seguros de se descobrir o colesteatoma.

Cita a reacção de Lautenschläger e Retjo como útil nos diagnósticos complicados. Esta reacção consiste no seguinte: Com uma seringa para o ático, injectam-se 2 cc. de tetraclorêto de carbono no recesso antral e deixa-se o líquido ficar em contacto por 10 a 15 minutos. No fim dêste prazo aspira-se o líquido e junta-se mais tetra-clorêto até completar 4 cc. Filtra-se o todo e torna-se a juntar tetra-clorêto até completar 5 cc. Junta-se a isso 2 ec. de ácido acétitico glacial e 3 gôtas de ácido sulfúrico concentrado. A mistura é agitada e posta no escuro. Quando existe colesteatoma, aparece dentro de 15 minutos um colorido verde característico.

No pseudo-colesteatoma primitivo o diagnóstico é difícil porque o doente não apresenta sintomatologia referente ao ouvido. Ele só procura o médico quando a otorréia aparece ou quando há sinais de complicação endocrâniana. Felizmente êste tipo de pseudo-colesteatoma não é tão comum quanto o secundário. Para diagnósticar o tipo primitivo antes que a otorréia se manifeste, torna-se necessário que quase por uma casualidade, o doente procure o médico Este, ao exame, notará que a membrana está integra. O umbigo, as apófises curta e longa são distintamente percebidas. Acima da apófise curta, porém, na área normalmente, ocupada pela membrana de Shrapnell, percebe-se, uma perfuração marginal, que é descrita comumente como uma perfuração do ático, e pela qual podem se retirar com um estilete massas colesteatomatosas.

O colesteatoma torna-se muito volumoso quando em contacto com a água, o que é devido ao seu grande poder higroscópico. Disto se deduz um fato de grande importância prática: os pacientes com otorréia crônica de longa duração não devem nadar, enquanto não fôr convenientemente apurado que o corrimento não está ligado a colesteatoma. Nos colesteatomatosos não se deve também irrigar o ouvido com água mas com um soluto alcoolico.

Quanto á terapêutica resume-se em drenagem adequada, o que elimina o fator pressão. Nos tumores pode-se tentar o tratamento médico, com líquidos que o possam dissolver, o tetra-clorêto de carbono.

MALIS, S. - Trombose primitiva do bulbo jugular com metástase. Cura. Pag. 132.

O A. salienta de início a raridade da trombose primitiva do bulbo jugular. O primeiro caso diagnosticado atribue-se a James Mc Kernon, que, em 1904, descreveu como entidade mórbida a trombose primitiva. Segundo as estatísticas modernas, a lesão é rara. Maybaum e Goldman, num período de 7 anos, só encontraram 9 casos de trombose, no Hospital Monte Sinai, de Nova York. Num espaço de oito anos, não apareceu um só caso no serviço de do Hospital Manhattan. Durante seis anos não um caso sequer no Hospital Geral de Los Angeles.

Pela raridade da lesão e pelo resultado da operação relata o A. o seu caso. Refere-se a um menino de 10 anos que, havia uma semana, apresentava profusa supuração no O. D., queixando-se de dores. Havia ainda cefaléia intensa difusa e vômitos. O exame nada revelou de especial. Dois dias depois a criança piorou. O cotovelo esquerdo mostrou-se doloroso á palpação e aos movimentos passivos. Não havia Kernig nem rigidez. Inflamação, como um cordão, da ponta da mastóide a uns 5 cents. para baixo. Um exame do fundo do olho revelou certa palidez da papila direita. Os exames de laboratório não trouxeram grandes luzes. A radiografia da mastóide direita revelou mastóidite crônica bilateral, como mostra a esclerose dos dois lados, particularmente do esquerdo.

A intervenção foi levada a efeito. O seio lateral apresentou-se com aspecto normal, mas como o A. acha que o aspecto externo do seio não apresenta a menor prova do que existe dentro dêle (no que tem toda razão), fez a abertura e deu com um coágulo. Foi forçado a ligar a jugular, em vista da obstrução ser muito baixa. A seqüência operatória foi algo acidentada; mas a criança salvou-se.

O A. acha que o grande problema da trombose do seio não é a etiologia, nem a técnica operatória, mas o diagnóstico precoce, pois o perigo aumenta dia a dia. Os fenómenos de metástase podem servir de auxiliar do diagnóstico, mas também podem distrair a atenção do médico, levando êste a atribuir a temperatura elevada, os calafrios, etc., á metástase.

Dr. P. Mangabeira Albernaz.

The Journal of Laryngology and Otology
Vol. XLIX, n.º 3. Março de 1934. (Londres)

W. RUSSEL BRAIN (Londres) - Vertigem. Pag. 153.

O autor limita-se ao estudo da vertigem auricular e sua diferenciação da vertigem provocada por lesões situadas em outras partes do organismo. Discute sua patologia e a sua sintomatologia e, na relação de seu diagnostico chama a atenção sobre os pontos pelos quais a vertigem produzida pelas lesões do 8.º par, difere da ocasionada pelas lesões da ponte, da medula, dos tumores intra-craneanos, da epilepsia e outros estados morbidos.

ALEX. R. TWEEDIE (Nottingham) - Provas labirínticas e seus valores para o diagnostico. Pag. 160.

O autor trata do valor das provas sobre a vertigem e insiste sobre a importancia da prova calorica fria e da corrente galvanicá comparada com a prova rotativa. Discute a questão do nystagmo e diz haver 3 fatores que a produzem: 1 - o desvio inicial; 2 - o reflexo secundario involuntario; 3 - e o efeito real da vontade. Estuda a aplicação clinica das provas e mostra quanto é difícil interpreta-las corretamente, devido ao fato de conhecermos muito melhor os resultados fisiologicos das excitações artificiais que os efeitos das lesões patologicas.

W. J. DAGGET e G. H. BATEMAN (Londres) - Enxerto de Thiersch secundario da cavidade da radical da mastoide atravez do meato auditivo. Pag. 169.

Os autores preconisam neste artigo, a volta ao metodo de Thiersch, sobre a cavidade mastoideana, feito atravez de meato, auditivo externo, 14 dias depois da operação primitiva. Por variar razões elas preferem este metodo áquele que consiste em enxértar a cavidade mastoideana durante a operação ou após a reaberturá dá ferida retro-auricular. Os pontos mais interessantes da técnica são a creação de um meato largo, permitindo a inserção facil dos nexertos. Para mante-los utilisam-se de uma cera especial de que enchem a cavidade operatoria.

A. J. WRIGHT (Bristol) - Feridas perfurantes do esofago. Pag. 175.

O autor apresenta 3 casos de lesões das do tipo que menciona no cabeçalho de seu artigo e conclue:

1) - A anamnese de uma suposta picada, de um pequeno fragmento osseo, na garganta, deve ser sempre respeitada.

2) - Em tais casos a passagem, de um instrumento ás cegas, deverá ser evitada, pois pode, facilmente, fazer penetrar o corpo extranho profundamente nos tecidos.

3) - A persistencia da dôr ao engolir ou seu aumento, após um lapso de 24 horas ou mais, torna muito provavel a presença de um corpo estranho.

4) - A dôr local, á compressão, sobre a traquéa, é um sinal de consideravel importancia em tais casos.

5) - Quando a presença de um corpo extranho fôr plausivel, a esofagoscopia deve ser praticada, mesmo quando a prova dos raios X fôr negativa. Os pequenos fragmentos de osso não podem, em regra, ser identificados num radiograma.

6) - A despeito de uma retirada precoce, complicações infecciosas, podem-se produzir em consequencia da ferida do esofago.; estas complicações, porém, podem não ser fatais.

7) - A gastrostomia deverá ser praticada desde que se observe a passagem de alimentos através da fistula deixada na parede do esofago, pelo corpo contundente.

Revue de Laryngologie, Otologie, Rhinologie
Vol. 54. N.º 7. Julho-Agosto, 1933.

W. NEGUS (Londres) - Da anatomia comparada em relação com a fonação e suas perturbações. Pag. 817.

Estudo do laringe em várias espécies de animais para interpretação do mecanismo do orgão vocal humano.

O A. termina aconselhando alguns exercicios dos membros superiores para auxiliar o tratamento da disfonía. Os esforços de adução e contração dos braços aproximam fortemente as cordas vocais e devem ser proibidos sempre que seja necessário o repouso do laringe.

J. M. ALONSO (Montevidéo) - A propósito das laringectomias Pag. 834.

A primeira laringectomia total praticada na América do Sul foi feita em 1886 (treze anos depois da de Billroth), em Montevidéo; pelo Dr. E. Cassanello.

Em 1921, Quintela apresentou a estatística dos casos operados no Uruguai, em número de 26. No correr de 1932, o A., que é prof. de O. R. L. efetuou 18 laringectomias totais,
2 epiglotectomias por faringectomia e 1 laringectomia parcial. A apresentação dessa série de casos é o fim do presente trabalho. Houve apenas uma morte, 15 dias após a intervenção, por síncope cardíaca (miocardite). Um erro de diagnóstico anátomo-patológico conduziu a extirpação de um laringe tuberculoso, mas as sequências foram boas. A presente estatística mostra que a laringectomia é operação de prática corrente no vizinho país.

O A. segue, em linhas gerais, a técnica de Gluck, preferindo fazer em um 1.º tempo a fixação da traquéia (ressecção sub-pericondral do 1.º anel, passagem dos fios e 10 dias depois traqueotomia - ressecção ovalar da membrana traqueal e introdução da cânula). Bibliografia uruguaia sobre o assunto.

N. KAISSARIS - Neuro-labirintite da sífile adquirida. Labirintite da sífile hereditária tardia. Pag. 859.

E' um trabalho da clínica do Prof. Portmann.

Para diagnóstico da sífile da orelha interna, já não é necessária, como outróra, a presença de sinais gerais de uma sífile flórida ou da clássica tríade de Hutchinson. A individualidade da sífile auricular, o Wassermann no sangue, o exame do liquor (verdadeira biopsia de vizinhança), a perfeição dos métodos de exploração e os progressos da patologia sifilítica contribuem para o esclarecimento da questão.

Raras são as moléstias que, pelos resultados do exame vestibular, possam ser confundidas com a sífile da orelha interna. Além do deficit acentuado da refletividade, forma vestibular isolada, dissociação topográfica entre os canais, dissociação funcional entre as provas, ha no conjunto uma disharmonia especial que orienta o diagnóstico. O A. apresenta 23 observações e, em seguida, faz um bom estudo clínico do assunto, citando principalmente Lund e Ramadier.

PROF. VERNIEUWE (Gand) - Os edemas ângio-neuróticos. A moléstia de Quincke-Dinckelacker. Pag. 903.

O edema ângio-neurótico foi descrito, pela primeira vez, por Quincke, em 1882. Seu discípulo Dinckenlacker desenvolveu o estudo da questão, donde o nome de moléstia de
Q. D.

Embora a prova científica da associação nervos-vasos nesta manifestação mórbida ainda não tenha sido completa, muitos fatos clínicos e experimentais falam em favor dessa tese. Os acidentes de guerra mostraram que os edemas aparecem muita vez depois de lesões discretas, mas associadas, de um vaso e um nervo.

O A. descreve a série de sinais de edema de Quincke, chamando a atenção para o fato das manifestações respiratórias serem sempre precedidas ou seguidas de edema em outras regiões (mais frequentemente na face).

O A. presenciou os últimos momentos de um doente que se asfixiava por um enorme edema da lingua e cita tres casos de edema laríngeo, com tiragem curados sem intervenção. Os casos de morte não são excepcionais. Em 1905, Garel mencionava 25 e, de então para cá, a estatística já conta mais algumas observações. Alguns autores referem casos interessantes de edema de Quincke familial, com predominância da localização laríngea, transmitindo-se a várias gerações.

O A. praticou a laringoscopia em dois doentes em crise, verificando edema «tremulante» das aritenoides, cujo aspecto lembra o de geléia.

O edema de Q. D. é uma tira. Dois fatores principais, terreno e a sensibilização. Esta se faz, em geral, pela via digestiva.

A terapêutica empregada pelo A. foi a desensibilizante e, por isso, muito variada. Para combater a crise, a efedrina deu resultados apreciáveis.

BRATESCO e RACOVEANO (Bucarest) - Enfisema cérvico-mediastinal. Traqueotomia. Cura. (Caso clínico). Pag. 917.

Caso interessante pela raridade e pela sucessão de graves afecções em um mesmo doente.

Trata-se de um homem de 30 anos, portador de uma bronquite crônica e operado de apendicite. As sequências operatórias foram complicadas pelo exagero da tosse, cujos esforços, no 3.º dia, provocaram enfisema sub-cutâneo muito acentuado nas partes ântero-laterais do pescoço, com ponto de partida no côncavo supra-esternal. A situação em breve era dramática, pois o enfisema rapidamente alcançou proporções consideraveis. Os esforços de tosse aumentavam nitidamente a tendência á asfixia e á cianose por compressão dos orgãos cérvico-mediastinais. Praticaram então os A.. a traqueotomia, suprimindo assim a válvula glótica e diminuindo a tensão intra-pulmonar. Logo á incisão dos tecidos, escapou-se grande quantidade de ar sibilante. Resultado rápido. A cianose e a asfixia desapareceram logo e o enfisema se atenuou a pouco e pouco. 8 dias depois foi retirada a cânula. Apesar de curado desse acidente que lhe pôs a vida em perigo, o doente apresentou ainda outras complicações provocadas indiretamente pelos esforços de tosse: 4 dias depois da apendicectomia, romperam-se os fios de sutura abdominal e, em consequencia, apareceram sucessivamente: um abcesso da parede, peritonite estreptocócica, erisipela abdominal, pleurisia purulenta da mesma natureza e, por fim, hematemese e nefrito. O doente salvou-se dificilmente, após 4 meses de tratamento.

Admitem os AA. que a fissura que ocasionou o enfisema, sendo sub-glótica e extra-pleural, se localizou na porção mediastinal da traquéia ou dos brônquios.

Dr. Guedes de Mélo F.o.

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