Versão Inglês

Ano:  1934  Vol. 2   Ed. 3  - Maio - Junho - ()

Seção: Progressos da O. R. L.

Páginas: 222 a 227

 

Molestias do nariz e cavidades anexas (1) Abril de 1932 a Setembro de 1932

Autor(es): LUDWIG JOSEPH

O abortamento do defluxo é desejado, hoje, não só pelos medicos como pelos doentes. O tratamento pelo iodo, segundo Bier, é muito difundido entre os leigos, embora muitas vezes não tenha dado resultado.

Assim foi que HAMBURGER tentou obte-lo com o emprego de Intrasept. Na composição deste entram iodo, amonio, canfora, amonio teofilina e oleo mentolado, aumentando a ação do iodo. Dá-se 8-10 gotas 3 á 4 vezes ao dia, podendo ser aumentada para 20 gotas 3 vezes ao dia. HAYMANN e BUFE não aprovam o iodo. BUFE em vez do iodo tentou o emprego do calcio: Kalzan, calcio Sandoz, etc., sendo que um dia de uso é, geralmente, suficiente. GRENEL luta contra o defluxo pelo uso do pneumitren 25 gotas 3 vezes ao dia ou capsulas de gelodurat, 2 á 3 por dia; cujo resultado é assegurado pela ação do creosoto.

STORM VAN LEEUWEN e LIND VAN WIJUGARDEN demonstram a existencia de 2 periodos nos defluxos: o primeiro não contagioso, em principios de Agosto, que não tendo influencia sobre os dentes vivendo em atmosfera livre de allergenos, e o segundo periodo contagioso, em setembro, com pequena influencia sobre os doentes em identicas condições de vida. KARRENBERG e GUTMAN aconselham como terapeutica do defluxo dos fenos o emprego do HELISAN, conjuntamente com o uso dos extratos de pollen. Outros autores desaconselham o uso deste medicamento.

GLASSCHEIB, baseado na teoria da alergia alimentar, evita o uso de leite e queijo contra a alergia das gramineas e do mel contra a alergia dos arbustos e arvores floridas. MAJES liga importancia á diminuição da acidez das urinas, proibindo para isto, o uso do alcool e dos perfumes, pouca albumina animal, aconselhando em vez, muitos legumes frescos, frutas
e aguas alcalinas. Localmente, cauterisa com acido tricloroacetico, com galvanocaustico, dando, durante todo o ano, calcio e um preparado contendo suco de limão, mucilagem de cidronia e clorureto de sodio.

CROHN emprega, pela via endovenosa, SELVADIN 5-10 cms. ou 5 ccm. intra-muscular e é um sal de calcio e sodio, que contem em 1 ccm. 9 mg. de calcio. Quanto á etiologia da rinite vaso-motora - ADLERSBERG e FORSCHNER, em vista de novas pesquizas, afastam-na do quadro de uma alergia.

Não a consideram, no entanto, molestia diferenciada, mas distinguem 3 fórmas diferentes: 1) - a cuja origem está ligada á alergia; 2) - a fórma enterogena, na qual faltam os sintomas alergicos e particularmente, a eosinofilia do sangue e dos tecidos, aparecendo ao contrario, as perturbações gastro-intestinais, tais como as enterites, colites e hiperacidez; 3) - a fórma de rinite vaso-motora, ligada a disturbios na secreção interna. A fórma alergica mais frequente seria ocasionada, segundo LAKOS, pela sensibilisação produzida por produtos microquimicos de bacterias novas ou tornadas virulentas. A desensibilisação seria produzida pela auto-vacina, em injeções intra-musculares, na dose de 1-6 ccm. por semana, em doses crescentes, ou pela injeção intra ou sub-cutanea dos materiais ligados ao doente - poeira da casa, do travesseiro, do colchão, etc. KARRENBERG dá, ainda, iodo em pequenas doses. Na pesquiza da etiologia da ozena HOFER considera como principal a teoria infecciosa, e pensa assim, baseado na observação, de um grande numero de casos em uma mesma familia, sendo que as creanças em idade pubere seriam as mais predispostas. RABATTU não poude encontrar o cocobacilo de Perez em seus casos, dando-se o contrario com pneumobacilo de ABEL-LOEWENBERG-FRIEDLANDER, e com o bacilo pseudo-difterico. Pensa o autor que, a origem da ozena só será esclarecida quando se conseguir determinar o periodo inicial da molestia. Neste sentido o trabalho estatistico de Grofes fornece um ponto de partida de valor. Observou, tambem, o frequente aparecimento da molestia nas familias de filhos numerosos e nos homens da classe operaria. 80 % dos doentes se encontram entre a 2.ª e 3.ª decada da vida, 10 % em familias e 6 % por herança. 50 % já tinham sintomas da molestia no periodo de lactação e meninice, 40 % na puberdade e sómente 10 % mais tarde.

Em 70 % os sintomas apareceram repentinamente, Em 24 % existia anteriormente um defluxo persistente, em 6 % um trauma do nariz, em 2 % hemorragias nasais, frequentes, em 26 % molestias oculares passageiras, em 46% dóres de cabeça. A braquicefalia predomina na maioria e 2 % de lues hereditaria. A atrofia assesta-se, frequentemente, nos cornetos inferiores. Como sintomas anexos as perturbações de sensibilidade, diminuição do gosto e do odor, cooparticipação da traquéa em 42 %, dos ouvidos em 60 %, e das cavidades anexas do nariz (opacidade em 56 %). Rapido desaparecimento das crostas, da, fetidez, das dôres de cabeça e do entupimento nasal conseguiu ANGELESCU, com o emprego da azetilcolin.
REICH obteve bôa dissolução das crostas pelo uso do fermento pancreatico, WINBOW e POWLOW pelo emprego do tartaro emetico em fórma de pomada 1/4 a 1 % ou injeção intravenosa a 1 % de solução, a principio 2 ccm, e depois cada 2 ou 3 dias, 8,0 -10,0 - 12,0 ccm. com 3 a 4 dias de pausa, fazer 2 a 3 curas no ano, procura 100 a 150 ccm. Em geral pode-se dizer que toda terapeutica irrativa dá sempre resultados sintomaticos satisfatorios. A difteria nasal nas crianças aparece frequentemente, nos primeiros 5 anos, não só na fórma membranosa, quanto na catarral e erosiva. As cavidades anexas do nariz são, quasi sempre, tomadas como para toda forma de difteria. Como terapeutica pequenas doses de serum, e pincelágem locais, com solução de lugol, nitrato de prata, etc.
(GEZELD). A tuberculose dos ossos nasais aparece nos adultos e começa com infiltração não dolorosa na região da raiz do nariz. No inicio não existe nenhuma lesão da mucosa, só tardiamente aparecem granulações e destruição da mucosa algumas vezes, em grande extensão. ZIMMER e LEIBORICI ,aconselham irradiação pelo radium e contra-indicam toda intervenção cirurgica, afim de evitar a disseminação da molestia, pois trata-se, geralmente, de uma infecção óssea primaria localizada, ou de uma muco-tuberculose, sem ou com pequeno ataque á mucosa.

De sintomas completamente diferentes no nariz é acompanhada a tuberculose pulmonar já existente, segundo DESPONS, caracteriza-se o ataque ás vias aereas superiores por processos tuberculosos, mais ou menos serios do laringe. Degeneração hipertrofica da mucosa nasal, supuração dos seios da face e finalmente catarro atrofico. Como diagnostico diferencial ha que ser feito com a lues, e com a forma tuberculosa dos tumores amiloides, dos quais MÜLLER observou uma rara localização na asa do nariz.

Afim de evitar a adesão e a grande reação produzida, pelo tamponamento do nariz nas hemorragias nasais, emprega NEUMANN o tamponamento nasal pela Cellophan. Trata-se
de gaze involvida com placas de cellophan esterilisadas, que são introduzidas com facilidade e completamente asepticas. Nas hemorragias do introito nasal elas devem ser presas, á parte externa do nariz, com esparadrapo. Hemorragias graves podem ter lugar nas molestias do figado, particularmente, nas intervenções nasais, devido á diminuição da coágulabilidade do sangue. ANTONELLI as estanca com tamponamento estipticos ou 5 ccm. electralgol endovenoso. Os cardiotonicos serão, segundo o autor, absolutamente desaconselhados. Nas hemorragias graves, especialmente na parte posterior do nariz, aconselha LOER, como ultima ratio, a ligadura da arteria maxilar que se alcança atravez do seio maxilar. Em geral as inflamações dos seios da face nas crianças não oferecem nenhuma particularidade, sobre as do adulto. Seu diagnostico, no entanto, pode tornar-se muito dificil, quando do catarro mucoso do nariz ou de uma rinite cronica com diatese exsudativa (STARGABDTER). O diagnostico ainda será dificultado devido a impossibilidade de se tirar uma bôa radiografia, e, ainda, tendo em vista a pequenez dos seios e, assim, da massa de ar que eles contem. Tambem para os adultos muitas vezes a radiografia diz uma cousa e a cirurgia encontra outra. MEE e BOUCHET procuram, por isto, resolver o problema por meio das injeções, nas cavidades, de lipiodol ou brominal, afim de substituir o ar interior e facilitar, assim, a obtenção de uma bôa radiografia. ULLMANN aconselha uma dieta pobre em sal e em seguida aplicar calcio, cuja ação será reforçada pela dieta descrita. LEONHARD, baseando-se nas condições anatomicas, acha que as inflamações dos seios frontais têm pouca tendencia á cronicidade. Que o seio frontal direito adoece mais vezes que o esquerdo, pois que o seio direito: mais frequentemente possue depressões em fórma de sacos. Para evitar a depressão, que possa causar a operação de Kilian, LESAGNA aconselha a volta á antiga abertura do seio frontal, pelo metodo de SKILLER. Em vez da parede frontal reseca-se o soalho do seio pela orbita e por aí será retirada a mucosa, mantendo-se ampla comunicação com o nariz. Quanto aos metodos operatorios de plastica nasal tem-se a notar que todos os metodos modernos têm a desvantagem de um longo tratamento post-operatorio.

Molestias do nariz e cavidades anexas (2)
Outubro de 1932 a Março de 1933

LUDWIG JOSEPH

Nas molestias do nariz externo, deve-se renunciar os tratamentos cirurgicos energicos, afim de se evitar as perturbações cosmeticas consequentes. Assim, pela cauterisação de um nevus da ponta do nariz, EITNER viu seguir-se a perda desta mesma ponta. No tratamento do eczema do introito nasal MEHLER utilisa-se de uma vacinação com a stafilocolin. SCHMIDT atribue o resfriamento facil e o defluxo a uma disposição hereditaria, ou adquirida, para os espasmos vasculares permanentes, devido ao frio, com infecção cronica das mucosas. MEYER aconselha cuidado com o emprego do aumento da resistencia pela agua fria. No maximo, deve-se utilisar de uma toalha humida, para envolver todo o corpo, do pescoço aos pés, esfregando a pele, durante meio a um minuto, até o vermelho. A falta desta reação mostra a inutilidade do emprego da agua fria em tais individuos. Além disto, aconselha uma alimentação pobre em albumina, alimentos variados, isto é, pouco leite, carne, ovos, muitas frutas, legumes, manteiga e mais tarde, 2 a 3 vezes por dia, 10 gotas de uma solução de acido lactico a 10 %. ZANGE emprega massagem nos defluxos nasais, do naso-faringe e da garganta com 2 a 3 % de uma solução de iodhion embebido num porta algodão. Iodhion 2,0 a 3,0; mentol 0,2 a 0.3; parafina liquida ad 100,0, agitar antes de usar. SEIFERTH instila no nariz, pela manhã e á tarde, algumas gotas de uma solução de parafina-mentol a 1 %. Nos defluxos dos lactantes, METTENHEIM limpa primeiramente o nariz com agua boricada a 2%, ou com uma solução de orinol e instila, antes de cada refeição, algumas gotas da seguinte solução: suprarenina 1%oo, 0,05; novocaina 0,5; agua distilada 20,0. Ele emprega, tambem, a pomada de Göppert: Acetato alumen, 3,0; lanolina 20,0; parafina ad 30,0.

As hemorragias nasais hereditarias caracterisam-se pelo sindrome de Osler, que se conhece pela telengectasia observada na pele de todo corpo, geralmente acentuada em ambas as bochechas, ectasia dos pequenos capilares e vasos venosos das mucosas, assim como pela tendencia as hemorragias traumaticas microscopicas do nariz (TORRIGIANI). A rinite vasomotora é tratada por TAMARI pela diatermo-coagulação dos cornetos, que atúa mais profundamente que a electrocauterisação; LEVINE e ROSENBERG injetam, subcutaneamente, 1 ccm. de uma solução de iodureto de sodio a 5 % cada 2 a 3 dias, no todo 2 a 10 injeções. Estas injeções são contra-indicadas em certas propensões á laringites, devido ao perigo do edema do laringe. Nas rinites hipertroficas, BRUCKER injeta, em anestesia local, do corneto hipertrofiado 3 ccm. de uma solução a 80% de glicerina neutra em agua distilada e repete-a depois de 3 a 5 dias. Para impedir a recidiva de polipos nasais COLEMANN SEAL irradiam, depois de operados, com o radium.

A causa da ação que têm as perturbações da respiração nasal seja de natureza inflamatoria, seja devido a anomalias, por exemplo: desvio do septo, sobre a origem da astma bronquica, atribue HALPHEN á hipersensibilidade do sistema vagosimpatico, por meio da estação intermedia do sistema nervoso vegetativo. A cocainização alcança a mucosa nasal, com sua ação, até o ganglio esfeno-palatino e atúa beneficamente pelo afastamento da perturbação da respiração nasal. As fraturas recentes do septo nasal devem ser repostas imediatamente quando o deslocamento será corrigido mais facilmente (HEINEMANN). Nos abcessos do septo nasal deve-se pensar na possibilidade de uma meningite e nas fortes hemorragias pelo nariz, na ruptura de uma arteria cerebral (HOFMANN). As supurações do seio maxilar com tendencia á complicações e não resolviveis pela lavagem, pensa TOBECK terem como causa o estreptococus mucosus, sendo, então, a terapeutica uma operação radical. Ao envez das lavagens do seio maxilar, pelo meato médio, MEHLER aconselha a via do meato inferior como mais dificil e tambem evitando as hemorragias venosas e arteriais. Ao contrario dos outros autores, FLEISCHANN permanece no ponto de vista de que as rinites atroficas fetidas e não fetidas, apresentam, sómente, diferenças gradativas da ozena e que é hereditaria, segundo os fundamentos da lei de Mendel, desenvolvendo-se de verdadeiros nucleos locais primitivos da molestia. Assim, a ozena deve ser considerada como o resultado da paralisação do desenvolvimento da mucosa nasal, inclusive de suas glandulas. Nas fraturas da base e nos tumores da hipofise, devido a uma deiscencia da dura, póde se processar uma liquorréa nasal, na qual o liquido perdido poderá ir de 800 a 1500 ccm. por dia (BECK e MARK). Nas lesões dos seios anexos do nariz os raios X não prestam esclarecimentos algum e, por isto, afim de se evitar complicações cerebrais, a abertura operatoria da zona lesada é aconselhavel (CZILLAG). Para determinar a indicação operatoria de uma nevrite retrobulbar. SARBO chama a atenção sobre a ação de um tampão de adrenalina, colocado 2 vezes ao dia sobre to ostium esfenoidal, fazendo desaparecer de pronto.

M. O. R.




(1) In Münch. Med. Wschr. N.o 51 ano 79 - Pag. 2058
(2) In Münch. Med. Wschr. 1933. Junho N.º 22. Pag. 865

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