Versão Inglês

Ano:  1934  Vol. 2   Ed. 2  - Março - Abril - (10º)

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 161 a 184

 

REVISTA DAS REVISTAS - parte 2

Autor(es): Monatsschrift fur Ohrenheilkunde und Laryngo-Rhinologie
Vol. 67. Julho de 1933.
(Viena)

DR. SZEKÉR - Sobre um caso de epilepsia com remissão durante anos após tratamento dos ouvidos. Pag. 835.

Rosa, com 27 anos; sofre desde 1919 de acessos epilépticos classicos. A doente, em 1923 consulta o A. porque desde muito tempo queixa-se de zoadas e sensação de peso no ouvido esq., e ás vezes tambem vertigens. O exame do ouvido revelou apenas retramo da membrana, que se achava coberta de crostas. A audição diminuida, passou, após Politzer, de 30 cent. para 2 m. (voz cochichada). Os ataques cessaram em seguida a esse tratamento, sem que o A. ligasse um fato a outra. Passados cerca de 4 anos, informa a doente que nenhum ataque mais sofreu durante esse tempo. Acrescenta porem que 4 semanas a esta parte, voltaram-lhe os acessos, bem como os incomodos dos ouvidos. O ex. otologico revelou então catarro crônico bilateral. Em seguida a tratamento adequado, melhorou o estado dos ouvidos, bem como desapareceram as crises epilépticas. E assim mais uma vez: cura dos ataques com o tratamento do ouvido.

Os estudos de Fuchs e Frey em animais, ensinam que uma irritação do trigêmeo e do vago provoca excitação motora central que é levada á periferia. No homem foram já descritos casos de epilepsia ligados a doenças do nariz, da garganta e dos ouvidos. Schwartz provocou ataques em um doente, com a simples aplicação de um espéculo no ouvido. Este caso é taxativo quanto ao fator causal da epilepsia.

GUSTAV WATZILKA - Sobre um novo hemostático. Pag. 838.

O A. recomenda o Stryphon como ótimo hemostático na epistaxe e nas hemorragias cirurgicas do nariz e nas tonsilectomias. Tem uma ação sempre rapida não apresentando contra-indicação. Ao contrario, protege a ferida contra as infecções.

E. GRABSCHEIB - Otite média supurada crônica direita com colesteatoma. Exacerbação aguda. Mastoidite. Acesso de loucura. Abcesso éxtra-dural da fossa média. Abcesso cortical da fossa média? Leucocitose post operatória, herpes labial e queratite dentrítica. Pag. 859.

X. com 20 anos de idade sofre desde a infancia de supuração do ouvido dir. agora exacerbada. Exame otologico: polipo obliterando o ouvido dir. Mastoidite. Surdez dir. Nistágmo rotitorio-horizontal do 2.º grau para a dir. Sinal da fístula. Reação calorica bilateral. Temperatura 38º. Sensório ligeiramente tomado. Com exceção de sensibilidade bulbar á pressão, não ha sintoma de meningite. Ligeira perturbação da coordenação á prova do index. Ouvido esq. normal. Operação radical: pús sob pressão, colesteatoma do tamanho de uma noz. Exposição da dura. Foco paquimeningitico. A parede do seio acha-se branca, fortemente espessada. A ponta da pirámide com osteite, é ressecada. Periodo post-operatorio favoravel O A. chama a atenção para a leucocitose (17000) e desvio para a esquerda. Dois dias após a operação, apareceu herpes labial e queratite dentrítica. O diagnostico do caso seria: paqui-meningite externa com abcesso da fossa média. Resultado do exame do liquor: Pandy + + Celulas 20/3. Cultura esteril.

E. RUTTIN - Sobre abcesso da parótida roto não pela incisura Santorini, mas entre o conduto membranoso e o ósseo. Pag. 861.

Ana com 26 anos, apresenta-se com parotidite dir. e 6 dias mais tarde, supuração do ouvido da mesmo lado. Exame: abcesso, difuso da parotida extensivo ao pescoço com rubor da pele. Pelo conduto escôa-se pús fétido, fluido, acinzentado. Vê-se claramente que esse pús tem o seu ponto de rotura entre o conduto cartilaginoso e o ósseo e não na incisura Santoríni. O A. fez abertura larga do abcesso esvasiando cerca de 1/4 de litro de pás fétido. O estado local sarou dentro de 6 dias; mas a doente faleceu de septicemia por aborto séptico; sendo o abcesso da parótida apenas uma metástase.

E. WESSELY - Demonstração de um caso de carcinoma da epiglote e base da língua curado pelo radio. Pag. 866.

Josef com 59 anos apresenta o seguinte quadro: epiglote totalmente espessada com uma ulceração na face lingual, que se estende mais para a esquerda. A prega ari-epiglótica esq. tambem espessada. Ganglio pequeno e duro no angulo max. esq. O A. aplicou o radio pelo metodo de puntura. Ao todo 2077 miligrshora. Traqueotomia. Sobreveiu então necrose do tumor que se propagou á vizinhança. Dores fortes á deglutição obrigaram a alcoolização do laringeu sup. Fistula gastrica em vista da impossibilidade de nutrição. Expulsão do corpo do osso hioide. Com a saída desse sequestro, desapareceu a disfagia e terminou a necrose. O lugar antes ocupado pelo tumor, cicatrizou-se completamente. O doente, apezar do extenso defeito, não sofre de impedimento algum á deglutição e pode engulir até líquidos. Cerca de 2 anos após, não se notam metástases nos ganglios.

O A. explica em seguida como faz a aplicação do radio. As agulhas são enfiadas, sob anestesia local, perpendicularmente ao tumor, contendo 5 mgs. de radio, com um filtro de platina.. Elas são mergulhadas completamente no tecido por 2 motivos: primeiro porque poderiam escapar com os diversos movimentos de deglutição; segundo porque não estando as agulhas bem enfiadas, observa-se uma reação cinzenta na hipofaringe provocada pela saliva radioativa. As agulhas são aplicadas na distancia de 1 cent. Cada agulha é armada de um fio que a seguir é fixado na bochecha ou na orelha do doente. A biopsia revelou: carcinoma plano-celular.

OTTO MAYER. - Carcinoma de uma corda vocal. Puntura modificada segundo Ledoux. Cura. Pag. 873.

L. 55 anos, rouquidão ha 10 mêses. Exame: no centro da corda vocal dir. vê-se tumor rugoso, ulcerada ao contacto com a corda oposta. Movimentos normais. Biopsia: carcinoma plano-epitelial corneificado com infiltração leucocitaria do estroma. Operação: incisão na linha mediana da tireoide, ressecção da parte anterior da cartilagem em toda a altura. Introdução de 3 agulhas de radio em sentido sagital, ao nível da corda e falsa corda. As agulhas são filtradas com 5 mm. de platina e permanecem 72 horas. Dose 450 miligrs. hora. Após a irradiação sobreveiu ligeira reação do hemilaringe dir. que regrediu rapidamente. O tumor desapareceu completamente. Vóz quasi normal.

O tratamento dos carcinomas das cordas vocais pela puntura foi preconsaido por Ledoux., mas as agulhas penetravam atravéz de uma pequena abertura. O A. pratica uma grande janela, para evitar o contacto da agulha com a cartilagem. O tratamento intratumoral tem a vantagem da ação imediata com pequenas doses e pequena reação correspondente. A cura do tumor deu-se no espaço de 14 dias, sem recidiva após 6 meses.

E. MAIER. - Três casos de tumores das tonsilas tratados pelo radio. Pag. 574.

l.º X com 49 anos sofre de dor á deglutição ha 3 mêses. Exame: tumor ulcerado no pilar ant. dir. sobre o trigono retro inalar e na mucosa da bochecha. Biopsia: carcinoma plano-epitelial ulcerado com estroma inflamado. Radio puntura: 1330 miligrs. em 72 horas. Filtro: 5 mm de platina. O pilar mostra depósito fibrinoso, com cicatrizes brancas em certos lugares. Tumor quasi completamente desaparecido. Doente sem queixa alguma. 2.º Doente com 77 anos sofrendo de disfagia ha varias semanas. O polo sup. da amigdala esq. acha-se duro, volumoso, fazendo proeminência para cima. Ganglios cervicais superficais, moveis; duros. Biopsia: carcinoma que não poude ser bem definido. Tratamento: radiopuntura em 168 horas 1117 miligrs-hora. Filtro 5 mm pt. Modelagem a 30 mm. de distancia, 1 mm. de platina em 168 horas 19000 miligrs. -hora. Após 2 mêses remissão. 3.º mulher com 59 anos. Depois de angina, sensação de corpo estranho. Tonsilectomia. Biopsia: típico linfo-sarcoma da tonsila. Exame: ulcera pequena, cinzenta da tonsila esq. após tonsilectomia. Ganglio no angulo max. Irradiação de radio a 10 cent. de distancia, 90000 miligrs. hora em 20 dias. Desde então não ha mais sintomas. Os ganglios desapareceram. O A. trata os linfo-sarcomas e tumores linfo-epiteliais a distancia, seja com raios X, seja com radio. Se necessario, segue-se radio puntura ou aplicação superficial. Verdadeiros carcinomas são tratados pela puntura; as cercanias das tonsilas e os ganglios, com radio á distancia. O tratamento dos carcinomas das tonsilas não é tão importante localmente como em relação aos ganglios metastaticos.

A respeito desses casos de carcinoma; faz Borak os seguintes comentarios:

A) Carcinoma da laringe: É tratado pelo radio em Stoskolm e pelos raios X no Instituto Regaud. A estatistica de Coutard compreende 77 casos, com 32 % de curas após 3 anos, enquanto que o numero de casos tratados pelo radio é muito pequeno. Acha Borak que embora o radio, como nos casos de Mayer, tenha dado resultado, ele só deve ser aplicado nos tumores circunscritos.

B) Carcinoma das tonsilas: Aqui as estatisticas são apreciaveis quer quanto ao radio, quer quanto aos raios X. Os resultados são praticamente iguais. Coutard apresenta 26%, Berven (radioterapeuta) 28,5 % de curas após 3 anos. Convem notar que Berven antes da aplicação do radio; extirpa parte da tumor com diatermocoagulação, enquanto que Coutard aplica exclusivamente os raios X. Ainda mais, Coutard só trata os tumores difusos, pois os circunscritos são tratados pelo radio.

Tanto radio como raios X, apresetam o mesmo inconveniente com respeito á sua ação nos tecidos visinhos.

Sob o ponto de vista economico, o tratamento pelos raios de Roentgen é mais barato porque o doente não necessita de hospitalisação. Finalizando, acentúa Borak que em certos tumores a dose de radio a aplicar é tão grande, que poucos institutos do Mundo poderão ter a quantidade necessaria, enquanto que em toda a parte é possivel a aplicação dos raios X.

Dr. Roberto Oliva.

Monatsschrift fuer Ohrenheilkunde und Laringo-Rhinologie
Vol. 67. Agosto de 1933
(Viena)

ERICH KNAPP - Sobre um osteoma do antro frontal. Pag. 903.

Ha 2 teorias para explicar a gênese dos osteomas das cavidades para-nasais. Uma aceita como ponto de partida restos embrionarios de cartilagem. Esta teoria foi abandonada pela maioria dos autores que consideram mais aceitavel a teoria do germe periostal embrionario. Aliás o corte histologico aproxima esses tumores do quadro osseo embrionario.

O caso estudado pelo A. diz respeito a uma menina de 15 anos portadora de um tumor osseo indolor, localizado na raiz do nariz fazendo corpo com o osso. No angulo palpebral interno, sente-se um pequeno abaulamento osseo e na borda orbitaria um tumor flutuante do tamanho de uma nós. A' operação, notou-se rotura, da parede ant do antro-frontal, produzida pelo tumor. Essa parede achava-se atrofica e deixava-se trepanar dificilmente. O tumor da borda orbitaria era um mucocele. Posteriormente havia o tumor perfurado a parede antral e feito corpo com a dura, que se rompeu dando saída a liquor. Por esse motivo a operação foi interrompida. A ferida cicatrizou-se rapidamente.

TIBOR BAJKAY - Sôbre as nevrites retro-bulbares rinogênicas. Pag. 907.

Embora as nevrites retro-bulbares tenham sido objeto de pesquisas por parte de rinologistas e de oftalmologistas, não se acha ainda esclarecida. Os processos infectuosos antrais podem em qualquer momento afetar o tecido retro-bulbar, em vista de suas enormes relações de visinhanças, bem assim os carcinomas, osteomas, mucocéles, etc. São os antros frontais os que mais raramente provocam tais nevrites e quando isso acontece, é sinal de processo de periostite secundaria. As celulas anteriores do etmoide são fatores mais frequentes da complicação, porque produzem mais frequentemente flegmões orbitarios. As perturbações passageiras e as cegueiras duradouras ocasionadas pelas celulas posteriores do etmoide e pelo esfenoide são explicadas por lesão do nervo no forame ótico ou por peri-nevrite. A circulação colateral pode tambem atingir o nervo da vista por pressão exagerada do complexo venoso esfenoidal. Isso explica a porção de casos curados após abertura desse antro, embora a supuração continue. O canal do nervo exerce tambem influencia pela sua posição, pela sua constituição ou deiscencia.

As afecções antrais podem tambem ocasionar nevrites do lado oposto. Os processos supurativos e catarrais progridem por continuidade, por via sanguinea ou linfatica.

A nevrite retro-bulbar sobrevem de repente e assume forma grave. O primeiro sintoma é o aumento da mancha cega. Em seguida aparece diminuição do campo visual, escotoma central ambliopia e amaurose. Muitas vezes é dificil diagnosticar-se afecção do antro, pois este apresenta-se sem sintomas. A diafanoscopia e os raios X auxiliam nesses casos. Herzog em muitos casos, encontrou nos antros apenas uma modificação microscopica na estrutura do produto de raspagem. O tratamento operatorio deve ser feito o mais depressa possivel, antes que o nervo tenha sido atingido por processo definitivo e irremediavel.

O A. operou 40 casos dos quais sararam 7, melhoraram 25 e permaneceram 8, no mesmo estado. Termina o A, relatando um caso de nevrite, no qual o processo antral situava-se no lado oposto e que sarou com a intervenção.

G. B. FOMIN e WULFSON - O diagnostico radiologica das doenças cronicas do temporal. Pag. 969.

A radografia é de significação teorica e pratica nas doenças cronicas do temporal. A eburnização do osso é a forma que mais se encontra nos processos cronicas da mastoide. E' motivo ainda de duvida se o processo supurativo é que determina a eburnização, ou se esta é que favorece o processo. Para se ter uma noção exata da estrutura do temporal, bem como da sua anatomia patologica estudada in vivo, ha que recorrer-se á radiologia. De capital interesse é o estudo do colesteatoma, mormente aquele cujo decurso é silencioso. Observa-se ao exame radiologico, sua tendencia para atingir orgãos vitais como o labirinto, seio sigmoidéu, meninges, etc. Esses pseudo-neoplasmas conduzem a destruições osseas reveladas á radiografia. O centro do processo destruitivo localiza-se no atico, no antro e no espaço periantral. A forma da cavidade colesteatomatosa é perfeitamente determinada na imagem radiografica. Os tumores malignos são tambem diagnosticados á radiografia, embora muita vez confunda-se sua imagem com a dos colesteatomas. Assim tambem os neoplasmas do acustico e os tumores do angulo-ponto. Estes ultimos situam-se proximo á ponta e provocam usura da borda sup. da piramide, o que se observa facilmente comparando com o lado oposto. Os tumores do acustico conduzem ao alargamento do conduto aud. int. e ás vezes a modificações da sela turcica. Emfim a cirurgia encontra na radiografia vamos ensinamentos quanto ás relações do processo com os seios; bem como quanto á localização das celulas aberrantes.

M. SCHARFSTEIN. - Terapeutica das otites cronicas pelo Spuman. Pag. 978.

O Spuman tem a propriedade de, em contacto com um liquido, transformar-se em espuma coloidal. Com a espuma fica a superficie medicamentosa aumentada 400 vezes. A espuma destróe a mucosidade pegajosa, possibilita assim a ação direta do medicamento, até á mucosa e introduz o acido carbonico nas pregas e redutos. O Spuman é tambem usado combinado. Assim temos Spuman com 2 % de sulfureto de zinco, com 12 % acido salicilico, com 2 % de proteinato de prata e com 0,15 % de nitrato de prata, etc. Após limpeza do ouvido, o medicamento é introduzido com uma pinça atravéz da perfuração. Para melhor ação da espuma, fecha-se o timpano com tampão de algodão. O A. tratou de 9 casos, dos quais 2 com colesteatoma e 7 com supuração. Destes ultimos 6 sararam e 1 melhorou. Os 2 casos com colesteatoma tiveram o aspecto da secreção modificado.

E. RUTTIN - Meningite fulminante a mucosus. Pag. 1018.

X. com 62 anos sofreu paracentese ha 3 dias por otite media aguda dir. A dor continuou, desacompanhada de qualquer outro sintoma. A tarde do dia seguinte, fortes dores de cabeça sem febre. 24 horas depois entrou a doente em estado de coma. O A. diagnosticou meningite: coma com agitação, rigidez da nuca, Kernig, Babinski, dermografia. Temp. 37,8, pulso 85. Timpano dir. vermelho, macerado. Pus fluido atravez da paracentese. Ouvido esq. normal. Punção lombar: liquor supurado, grande quantidade de celulas polinucleares e cocos em pequenas cadeias com capsula espessa. Firmado o diagnostico de meningite fulminante a mucosus, foi a doente operada.

Celulas da mastoide cheias de pus. Antrotomia. Osso amolecido ao redor do antro. A dura foi exposta desde a ponta da piramide até a escama e do bulbo da jugular até a zigomatica. Libertação do seio, normal, libertação da dura no triangulo de Trautmann. Tambem aqui a dura achava-se normal. Exitus. Estreptococo mucoso puro no liquor. Trata-se de um caso raro de estreptococo mucoso com decurso fulminante. Via de regra as complicações de mucosos não se dão antes da 4.ª até a 7.ª semana.

Dr. Roberto Oliva.

Zeitsschrift für Hals-Nasen und Ohrenheilkunde
Vol. 32-Cadernos 1 e 2. Setembro e Novembro de 1932

PRIV. DOC. DR. G. CLAUS (Berlin) - Sobre um novo sintoma clinico nas paralisias parcias da deglutição, com referencia especial aos tumores malignos do esofago. Pag. 1.

O autor depois de recapitular o que já foi dito sobre o sintoma da saliva espumosa, nos seios piriformes, como meio de diagnostico de um impedimento no trajeto esofageano, refere-se á presença, desta mesma especie de saliva, finamente arejada, nas vavelulas epigloticas, em comcomitancia com a que tambem existe nos seios piriformes. Quando todas estas depressões contêm saliva arejada, o sintoma, de perturbação no rajeto do tubo esofageano, ganha de importancia e indica que seu trecho superior é o que deve estar obstruido. Nos impedimentos inferiores só os seios piriformes apresentam o fenomeno, e, nos situados muito baixo, poderá nem mesmo existir.

Os tumores, os diverticulos, e, tambem; as paralisias, sobretudo as altas, são os causadores do sintoma descrito, que é, bom que se diga, de observação bem antiga.

DR. ERICH PHLEPS - Sobre as estenoses do esofago em consequencia da escarlatina. Pag. 66.

Esta especie de estenose do esofago, é geralmente rara. A cooparticipação do esofago só tem lugar nos casos de escarlatina extremamente graves. A profundidade das lesões é de diferentes graus, desde a necrose superficial do epitelio até á formação de ulcerações. O prognostico, para a maioria dos casos, é mortal. As creanças, em idade escolar, são as mais afetadas, o prognostico melhora com a idade da creança.

As consequencias são as estenoses de gráos diversos. O tratamento consiste, em primeiro logar, na dilatação pelas velas esofageanas.

DR. E. MATIS - Sobre uma operação dos seios frontais partindo do vestíbulo nasal. Pag. 83.

O autor descreve mais um novo metodo de intervenção para o tratamento das sinusites frontais. Não segue nem a via externa nem a intra-nasal; consiste num meio termo. Incisão na abertura periforme, pelo vestibulo nasal, amplo destaque das partes moles do nariz, conservando-se sub-periostalmente até alcançar o soalho do seio frontal, tal como no processo de Jansen-Ritter, abater o soalho do seio frontal e a parte superior do processo frontal. Cuidar de uma ampla passagem pela via nasal, seguida de plasticá pelo revestimento do dueto com a mucosa.

DR. L. SINGER (München)-1.ª parte - Sobre as molestias inflamatorias do ouvido médio e das cavidades pneumaticas do osso temporal. Pag. 110 e 2.ª parte: no Zeitschrift f. Hals Nasen und Ohrenheilkunde - Vol. 32 -
2.º caderno - Pag. 130.

(Resumo do autor).

Resultados:

1) - desenvolvimento das cavidades do ouvido médio.
a) - desenvolvimento fetal.

1.º - O espaço tubo-timpanico desenvolve-se da primeira bolsa faringea por uma dobra do endoderma.

2) - a diferenciação em trompa e cavum dá-se por meio de uma excrescencia de mesenquima embrionario, especialmente do segundo arco braquial.

3) - o crescimento do cavum é influenciado pela regressão do mesenquima embrionario (transformação e liquifação da substancia Galler).

4) - O epitelio chato, já diferenciado nos primaros estadios do desenvolvimento, torna-se, com a formação dos espaços cavitarios, além de aumentados superficialmente, em cristas com fórmas de orgãos.

b) -1) - no desenvolvimento post-fetal - (até o 3.º ano de vida) dá-se a formação dos espaços pneumaticas, no territorio do osso espongioso do temporal, pela néo-formação ou degeneração do tecido da medula ossea.

2) - o epitelio não tem cooparticipação ativa na formação fisiologica das cavidades pneumaticas, a ele cabe a incumbencia de aumentar a superficie. Em condições patologicas (inflamações cronicas durante o periodo de amamentação) ele é, de certa fórma, ativo, constituindo as cristas das cavidades.

3) - Um estreitamento da medula ossea por intermedio de regressões tardias do mesenquima sub-epitelial, não é aceito.

4) - a perturbação na fórma de tecido medular osseo, pela pneumatização, é adstrita ás propriedades constitucionais do mesenquima da medula ossea.

5) - a pneumatização. que se inicia com a respiração, será influenciada pela pressão atmosferica. Ele é a excitação adequada para a ação regressiva da medula ossea e da estrutura ossea até a completa formação das cavidades pneumaticas.

II) - A fórma e o grau de formação dos espaços pneumaticos no osso temporal está sujeita a influencia idiotipica e paratipica. No ultimo caso entrará em consideração, principalmente, as molestias inflamatorias do periodo de amamentação.

1) - não se póde aceitar a ideia de Wittmaack, quando quer que exista uma relação entre o estado de pneumatização e o carater da mucosa (tipo hiperplastico e fibroso da mucosa), o que constituiria - uma propriedade constitucional paratipica para o decurso de molestias inflamatorias.

2) - o tipo hiperplastico da mucosa, que, para Wittmaack, deve permanecer como propriedade de uma otite plastica dos lactantes, foi rejeitado, mas este é tido como um estado inflamatorio existente.

3) - não poude ser encontrado uma diferenciação morfologica, entre determinados tipos de mucosas no que se refira ás perturbações inflamatorias nelas existentes.

III) - As inflamações cronicas do ouvido médio não permanecem limitadas só ao cavum e ao antro, mas atuam, em não importa de que fórma, em todo o sistema pneumatico do osso temporal.

1) - a especie e o decurso da inflamação pódem ser completamente diferentes em cada uma das celulas pneumaticas.
Cada celula faz a sua molestia inflamatoria.

2) - o revestimento dos espaços pneumaticos é constituído por mucosa. A denominação dada por Krainz, de endosteo pneumatico, não foi tida como necessaria.

3) - O epitelio normal é plano e de especie endotelial.

4) - As celulas epiteliais crescem e aumentam quando das inflamações e podem formar muco. As celulas epiteliais, apresentam. segundo o grau do trauma, degeneração gordurosa e fases de destruição.

5) - No periodo de organisação o epitelio cooparticipa, ativamente, pelo crescimento de suas celulas.

O epitelio reveste, nos espaços cavitarios, a exsudato organisado em tecido conjuntivo; tambem formam-se pequenos cistos cavitarios, devido ao seu descolamento sincitial.

6) - O estroma sub-epitelial provem do retículo da medula ossea.

7) - devido á suas propriedades geneticas, provindas do reticulo da medula ossea, o estroma sub-epitelial goza da propriedade não só de formar tecido osseo, como de pertencer, sobretudo, ao aparelho de trocas retículo-endotelial, cooparticipando, ainda em em certas circunstancias, na formação de anti-toxinas.

8) - Dispõe de qualidades de reabsorpção e de digestão que, morfologicamente, devem ser consideradas nos estados inflamatorios.

9) - Foram observados ajuntamentos de macrofagos, nas inflamações agudas e cronicas, que estavam situados, em grupos e em montes no estroma sub-epitelial (pseudo xantomas).

10) - A molestia dos ossos e da medula ossea é sempre ligada a molestia grave das celulas pneumaticas, que resulta de um jogo entre a virulencia do agente infetante e a capacidade de restituição (defesa) do tecido local.

11) - Nos casos fulminantes, o decurso leva á formação de fócos circunscriptos de osteomielite, com necrose ossea parcial, sem processo de reabsorpção ossea.

12) - Na maioria dos casos este estadio adianta-se na absorpção ossea, devido a atividade das osteo-clastas. Com a destruição, por reabsorpção ossea e formação de tecido de granulação, processa-se o quadro completo ou parcial da necrose porosa do osso. (osteoporose).

M. O. R.

Archives of Otolaryngology
Vol. 18. Novembro de 1933

HARRIS P. MOSHER - Cooparticipação do esofago nas infecções agúdas e cronicas. Pag. 363.

Em complemento aos velhos conhecimentos de que a fibrose do esofago, especialmente de sua porção terminal, é o resultado de infecções partidas dos orgãos contiguos, o autor demonstra que a fibrosa de áreas isoladas é bastante comum, especialmente em infecções cronicas como a arterioesclerose. Em infecções da corrente circulatoria, o esofago é envolvido comumente até a formação de ulcerações. Nas infecções agúdas, tal a pneumonia, o esofago, póde ser infectado. Infecções cronicas; como as que mostram uma infiltração de linfocitos abaixo do epitelio, nas glandulas e abaixo dos condutos glandulares, são comuns. Dilatação dos vasos subepiteliais, é constante em molestias, como a cirrose do figado, que impede a circulação venosa.

O autor, já demonstrou, em publicações anteriores, que a cirrose do figado e as infecções da vesicula biliar, constituiram uma das principais causas de infecção do esofago. Quanto mais se acumulam as autopsias de tais casos, tanto mais evidente se torna este fato. Hemorragias, nas camadas musculares, bastante extensas pára rompe-las, podem ter lugar quando ha pressão retrograda nos vasos esofageanas. As glandulas do esofago são particularmente sujeitas á infecção e são, provavelmente, a via principal pela qual o esofago é infectado de dentro. Uma fórma de foliculo solitario não é mais que uma simples coleção de linfocitos seguindo o duto glandular para a superficie.

Recapitulando: o esofago póde ser infectado de dentro e de fóra e poderá ser infectado tanto nas molestias agúdas quanto nas cronicas. No esofago a fibrose segue-se á infecção, tal como acontece em outros orgãos do corpo. Como frequencia das infecções esofageanas é grande, as causas de estenoses, fibroses, correm parelha com esta frequencia e podem origina-las em qualquer lugar.

WILLIAM LAWRENCE GATEWOOD e NATHAN SETTEL - As vias de infecção nas meningites otogenicas. Pag. 614.

1) - Varias vias existem pelas quais uma infecção poderá passar do ouvido médio para o cerebro.

2) - A invasão pela via sanguinea ou linfatica ocasionará, rapidamente, uma meningite difusa.

3) - Uma cultura positiva do sangue, indicará a origem hematogena da infecção cerebral.

4) - O autor descreve um caso fulminante de meningite, em que os exames demonstram ter sido a corrente sanguinea a responsavel pelo transporte do agente patogenico ás meningeas, auxiliada por anastomoses vasculares anormais.

M. O. R

Archives of Otolaryngology
Vol. 18 - N.º 6. Dezembro de 1933

CHEVALIER JACKSON e CHEVALIER L. JACKSON (Filadelfia) - Sintomas pulmonares devidos a molestia do esofago - (Resumo dos autores).

Existem nove modos e meios pelos quais sintomas pulmonares podem se desenvolver devido a condições patologicas no esofago e no hipofaringe. Uma acurada distinção deverá ser feita para que o diagnostico seja perfeito: a) - inspiração de alimentos, de sangue ou secreções (orais, faringeanas, nasais), que transbordam para dentro do laringe, por não poderem descer pelo esofago devido á estenoses deste; b) - penetração direta de processos patologicos, situados acima ou sobre a via laringeana, originarios das paredes do esofago ou do hipofaringe; c) - penetração direta atravez das paredes dos bronquios, mais comumente do bronquio-esquerdo; d) - extensão direta da molestia esofageana á pleura ou, atravez da pleura, ao parenquima do pulmão, e) - extensão direta de uma lesão do esofago ao mediastino e deste ao pulmão; f) - propagação de uma molestia do esofago ao pulmão, por intermedio dos vasos sanguineos ou canais linfaticos; g) - estenose compressiva da traquéa ou bronquios sem envolvimento patologico da parede traqueo-bronquial, por saliencias de lesões do esofago, por metastases ganglionares ou por grandes corpos extranhos alojados no esofago; h) - paralisias do laringe ocasionadas por pressão ou envolvimento, do nervo recurrente e por uma lesão como seja o carcinoma; i) - sintomas reflexos, especialmente tosse, produzidos por doenças limitadas ao esofago. Os sintomas pulmonares, em tais casos, predominam tão fortemente sobre as causadas pelo esofago que, estes ultimos podem passar desapercebidos pelo doente e pelo medico. O sintoma pulmonar caracteristico de molestia do esofago, mais comumente encontrado, é o subito aparecimento de tosse, sufocação e estrangulamento. A origem da tosse é, subjectivamente; exclusivamente laringe-traqueal, e o paciente não tem noção se as secreções acumuladas tenham, anteriormente, penetrado no laringe. Quando em pequena quantidade esse transbordamento, assim como tambem esses sintomas, podem ocorrer estando o paciente em goso de saúde, mas são muito mais acentuados em, casos de drenagem perturbada mesmo pelos estenoses do esofago de pequeno grau.

Acumulação de secreções no sinus piriforme, como se vê pelo espelho laringoscopico, é um sinal importante, precoce e subjetivo de estenose do esofago com grande possibilidade de complicações pulmonares.

Segue-se uma lista, de condições esofageanas e compressões peri-esofageanas, que foram observadas como causadoras de sintomas pulmonares por uma ou mais vias aqui mencionadas: anomalias congenitas, trauma, corpos estranhos, esofagite agúda, estenose cicatricial, preventriculosis (cardio-pasmo), diverticulos do faringe e esofago, aneurisma, actinomicose, tuberculose; sifilis, varizes, paralisia dos constrictores da lingua, do palato, do laringe e esofago; tumores benignos, tumores malignos, massas glandulares e abcessos peri-esofageanos.

Na pesquiza de causas obscuras da tosse o exame do esofago, feito com os raios Roentgen; e pelo esofagoscopio, não devem ser esquecidos.



DAVID F. SMITH - As infecções fuso-espirilares deveriam ser tratadas pelos arsenicais. Pag. 768.

Clinicamente é evidente que a associação fuso-espirilar, de organismos anaerobios, é patogenica.

Si se poder considerar um grupo de microbios anaerobios atuando em simbiose, como uma simples entidade, as asserções de Koch se confirmariam:

a) os organismos fuso-espirilares estão constantementes presentes na lesão; b) foram isolados em cultura pura;
c) quando novamente combinados e injetados em animais, produzem a molestia tipica; d) foram isolados das lesões experimentais; e) até o presente, a molestia tipica não foi produzida por nenhum outro micróbio nem por nenhuma outra combinação de micróbios.

O uso de injeções intra-venosas, de neoarsfenamina ou sulfarsfenamina é o tratamento de maior efeito para as infecções fusoespirilares, mais graves, e tambem para as cronicas.

HOLLAND N. STEVENSON (New Rochelle) - Mucormicose do seio maxilar. Pag. 791.

O autor menciona uma infecção do seio maxilar por um fungus do grupo Phycomyceto, sub-grupo Mucoraceae. O fungo esteve presente, constantemente, pelo espaço de 7 meses. Este organismo parece-se tanto com as celulas do organismo humano, que uma diferenciação dele com elas torna-se grandemente difícil. O fungus existe descorados nos traços da descarga.

Quando da mudança das condições do meio, a morfologia do fungus sofre, tambem, influencia direta.

O fungus desenvolve-se lentamente in vitro e em meios artificiais. A Mucormicose do seio maxilar, no caso mencionado, estava associado com modificações inflamatorias na mucosa nasal. Existia mastite cronica. O utero apresentava endometrite cronica, associada a pequenos tumores fibroides.

O tratamento do seio maxilar instituido, produziu melhoras clinicas, porém não fez desaparecer a molestia.

EDWARD F. ZIEGELMANN - Nervos do laringe. Importancia cirurgica, em relação com as arterias tireodeanas, com a glandula tireoide e laringe. Pag. 793.

O nervo recurrente deve ter posições variaveis; isto acontece, sobretudo, em suas relações com a arteria tireoideana inferior e interfere com a ligadura da arteria a alguma distancia da gládulá. O nervo deixa, aparentemente, a capsula para se colocar em relação intima com o terço mediano posterior da propria glandula, constituindo a área perigosa para sua lesão. Em todas as dissecções, do autor, o nervo entra no laringe posteriormente ao corno inferior, o que faz com que esta formação seja o elemento definitivo de proteção ao nervo. O ramo externo do nervo laringeo superior está em intima relação com a arteria tireoideana superior. Ele poderá ser lesado por ocasião da ligadura desta arteria, se não fôrem tomadas todas as precauções. O ramo interno do nervo laringeo superior emite divisões que se anastomosam com o nervo recurrente, em muitos casos ele inerva o musculo interaritnoideo, o que é fato contrario ao que se ensina usualmente.

NOAH FOX e JOHN W. HARNED (Chicago) - Cateter aspirador para o tratamento das supurações pulmonares. Pag. 819. - (Resumo dos autores).

Este cateter, é natural, dizem os autores, não póde substituir ao broncoscopio, mas quando usado como auxiliar deste, apresenta certas vantagens que podem ser resumidas como se segue:

1) - ele poderá seguir, facilmente, por todos os angulos e aspirar o abcesso diretamente; o que não poderá acontecer com a aste rigida do broncoscopio;

2) - a facilidade de seu manejo não necessita grande aprendizagem e mesmo nenhuma habilidade;

3) - o desconforto; para o paciente, é minimo, o que elimina seu receio do método;

5) - o aparelho é extremamente barato;

4) - evita hospitalisação, pois poderá ser executada, facilmente, a manobra no escritorio ou no quarto de radioscopia.

6) - permite a localização mais precisa das áreas patologicas com a menor soma de material radiologico;

7) - constitue um metodo facil de retirada de material, diretamente de um abcesso; para exame de laboratorio;

8) - constitue um metodo direto para a lavagem das cavidades ou para a aplicação de não importa qual tipo de medicação desejada;

9) - favorece a acessibilidade aos bronquios situados além dos secundarios;

10) - como processo não cirurgico, poderá ser utilisado concomitantemente com o repouso; a drenagem de postura e o tratamento, pelos arsenicais.

M. O. R.

Revista Argentina de Oto-rino-laringologia.
An. II. N.º 9/10. Out.-Nov. 1933

Este numero é dedicado aos trabalhos uruguaios apresentados na 8.ª Reunião anual da Sociedade Rioplatense de Oto-Rino-Laringologia.

PROF. DR. JUSTO M. ALONSO (Montevidéo) - Sobre os tumores do ouvido. Pag. 531.

Neste longo e interessante trabalho, o A. apresenta 50 observações de tumores do ouvido que teve ocasião de examinar e tratar no Instituto de Radiologia, na Clinica O. R. L. do Hospital Maciel e na sua clinica particular.

Descreve esses tumores por região: orelha, região mastoidéa e osso temporal, conduto e ouvido médio, dividindo-os em benignos e malignos.

Para cada caso, estuda a origem, evolução, prognostico e tratamento feito, fazendo ao mesmo tempo copiosa citação bibliografica.

E' um artigo bastante interessante que merece ser lido pelos estudiosos.

PROF. PEDRO REGULES e DR. D. RENATTI (Montevidéo) - A prova da cronaxia na vertigem vestibular. Pag. 578.

Os AA. fazem primeiramente menção dos trabalhos de Eick, Engelmann, Hoorweg e Weis que demonstraram ser inexáta «lei de Dubois Raymond» , e que ao contrario, a excitação de um nervo ou musculo é funcção da intensidade e do tempo da passagem da corrente excitante. Lapicque substituiu a simples medida da intensidade por uma medida do tempo e passagem da corrente e chamou-a de cronaxia.

Os AA. aconselham o emprego da prova da cronaxia no exame do aparelho vestibular. Na excitação do nervo. vestibular normal, considera-se como valôr normal, o compreendido entre 14 a 26 sigma (sigma é igual a 1/1000 de segundo). Quando ha lesão vestibular, a cronaxia ultrapassa esse limite normal.

DR. EDUARDO CASTERAN (Montevidéo) - A amigdalectomia nos profissionais da palavra e do canto. Pag. 585.

O A. chama a atenção sobre o problema que constituem os profissionais, da palavra e do cauto, quando se indica uma amigdalectomia. Estes devem ser cuidadosamente examinados antes da intervenção cirurgica, afim de que posteriormente não acusem o cirurgião de diminuição ou perda de suas condições vocais, condições essas que muitas vezes já eram fracas antes da intervenção. Passa em seguida o A. aos casos de indicação operatoria: dentre as mais comuns está em primeiro lugar a hipertrofia da amigdala, por dois motivos capitais: 1) pela diminuição que poderá acarretar na capacidade de resonancia buco-faringeana; 2) pela dificuldade que a dita hipertrofia poderá ocasionar na motilidade do véo.

A primeira causa indicada tem especial importancia no que em foniatría se chama orientação ou direcção do som. O valôr da resonancia buco-faringeana, verdadeiro tubo de orgão, susceptivel de se alongar ou de se encurtar, sófre uma interrupção pela hipertrofia amigdaliana.

Outra consequencia dessa hipertrofia, é a dificuldade que traz na motilidade do véo, diminuindo o jogo livre de sua musculatura e impedindo sua corréta elevação e aplicação contra a parede do faringe durante a articulação falada ou cantada, e sua vibráção durante o chamado «trillé».

A amigdalectomía é perfeitamente indicada em tais casos, principalmente quando o paciente se prepara, ou já exige de seu laringe o esforço do profissionalismo. Nos antigos profissionais, a intervenção poderá trazer transtôrnos, mesmo quando praticada por mãos as mais adestradas: isso devido as modificações que sofrerão os resonadores, pela falta de ponto de apoio das amigdalas á musculatura dos pilares, fazendo o paciente perder o controle de sua vóz quanto ao timbre, potencia ou qualidade, e obrigando, principalmente nos casos de profissionais do canto, a uma total reeducação da vóz para se adaptará nova arquitetura dos orgãos transformadores do som.

Nos casos de amigdalite septica ou supurada, deve-se indicar a intervenção só depois de cuidadoso exame e se verificar a ausencia de afecção supurativa nasal ou para-nasal, ou então de deficit respiratorio ou quando já tenha falhado todo tratamento medico local, principalmente a aspiração das amigdalas.

Ao lado dessas verdadeiras indicações, existem varias contraindicações que devem ser sempre lembradas pelo especialista.

Muitas vezes, em lugar da amigdalectomía, a correcção de defeitos que impedem a boa respiração nasal (desvio do septo, hipertrofia dos cornetos etc.) beneficia grandemente muitas amigdalas a primeira vista condenadas á extirpação.

A extracção das amigdalas deve ser evitada nos casos de parestesia do faringe, nas perturbações por auto-intoxicação, perturbações humorais, ou quando se tratar de psicopatas. Quanto aos métodos cirurgicos (Sluder, dissecção e alça fria, diatermo-cirurgia etc.), todas são bons quando praticados por mãos habeis. Os seus resultados estão diretamente ligados a integridade dos pilares e a bôa cicatrisação das lojas amigdalianas, com ausencia de queloides cicatritriciais.

DRS. EMILIO TROISE, EMILIO RICCITELLI e NICETO LOIZAGA (Montevideo) - O desequilíbrio calcio-potassico em alguns casos de rinites espasmodicas. Considerações terapeuticas. Pag. 594.

Os AA. apresentam nesse trabalho o resultado das investigações que procederam sobre o conteúdo dos ions K e Ca no sangue de 6 doentes portadores de rinite vaso-motora. Segundo varios autôres, a excitação neuro-muscular depende do equilibrio ionico calcio-potassico, e quando este se altera do íon monovalente, a excitabilidade aumenta. O espasmodico possue uma evidente hipertonía de todo o sistema autonomo e coincide com a hipercalcemía e hiperpotassemía. Se os efeitos do íon K e íon Ca atuam eletiva e antagonicamente sobre o vago e sobre o simpatico respetivamente, a teoria encontra assim sua explicação na pratica.

A melhoría obtida com a terapeutica empregada pelos AA., coincidiu com um abaixamento da porcentagem de potassio e aumento da de calcio.

Concluem os AA. que depois do tratamento, o quociente elevado na formula de Krause e baixo na de Kylin, expressam melhoría, tanto maior quanto se aproximam do normal.

H. C.


Anales de Oto-rino-laringologia del Uruguay
Tomo III. Parte 3.º 1933.

Este numero é dedicado aos trabalhos argentinos apresentados na 8.ª Reunião anual da Sociedade Rioplatense de Oto-Rino-Laringología.

DRS. A. R. ZAMBRINI e ROBERTO PODESTA' - Alguns aspétos histopatologicos das otites medias agudas. Pag. 161.

Os AA. mostram algumas preparações microscopicas que confirmam as idéas de Otto Mayrer sobre a perfuração da membrana do timpano nas otites agudas. Admite-se, correntemente, que a perfuração origina-se por um processo destrutivo dos elementos tissulares da membrana do timpano pela pressão diréta do pús contido na caixa, isto é, de dentro para fóra.

Em suas preparações, os AA. demonstram o contrario: que a camada epitelial é a primeira atingida, e que, por conseguinte, as modificações da membrana do tímpano que determinam a perfuração têm lugar de fóra para dentro, isto é, do conduto para a caixa.

DRS. H. BISI e L. VELASCO BLANCO - Sobre as complicações da amigdalectomía. Pag. 167.

Os AA. passam em revista todas as complicações da amigdalectomia: 1.º) Pela anestesía local e geral.
2.º) Complicações operatorias: hemorragia, enfisema etc. 3.º) Complicações post-operatorias: gerais (septicemias, toxemía), locais in situ (hemorragias; celulites, reacção dos ganglios do pescoço), locais a distancia (abcesso do pulmão;), Mencionam os casos que viram e finalisam pelos cuidados pre-operatorios (tempo de coagulação etc.); cuidados durante a anestesia local e geral; cuidados para não lesar os tecidos peri-amigdalianos durante a intervenção ou em caso de sutura, sobretudo para não abrir o espaço pre-estiliano para evitar as infecções descendentes.

Para os AA. deve-se observar o operado durante 15 dias, porque nesse lapso de tempo, podem aparecer complicações, inclusive o abcesso do pulmão.

S. A. ARAUZ e J. M. TATO - Valôr do exame radiografico no sindrome de Gradenigo. Pag. 151.

Os AA. descrevem 5 casos de sindrome de Gradenigo e demonstram a importancia da radiografia precóce do rochedo no estudo deste síndrome. Eles acharam reabsorção óssea na parte interna do rochedo e desaparecimento da nitidez do seu bordo superior; e chegam a conclusão que o exame radiografico é util, não somente para o diagnostico mas tambem para o tratamento, que deve ser precóce quando ha celulite apixiana. Quanto á patogenia, a radiografia é o unico meio que se tem para diferenciar a origem apixana da origem meningeana do sindrome e estabelecer os casos que se deve operar e os casos que se póde esperar a evolução.

YAGO FRANCHINI e EMILIO RICITELLI - Angiomas congenitos de localisação naso-facial. Pag. 193.

Os AA. fazem um estudo detalhado dos angiomas e apresentam um caso de angioma necrosante do septo nasal e naevus angeomateus da face. Eles terminam com as seguintes conclusões: l.º) a necessidade do diagnostico precóce do angioma; 2.º) a importancia do tratamento precóce (radium, radioterapia, diatermo-coagulação, injecções esclerosantes), para evitar necróses, mutilação dos orgãos, hemorragías, etc.; 3.º) a ineficacia dos tratamentos medicos, especificos etc. que fazem somente perder tempo.

PROF. JUSTO ALONSO e DR. R. PIETRA (Montevidéo) - Os polipos solitarios das fossas nasais. Pag. 204.

Os AA. fazem um estudo completo, com diafanoscopía, radiografia simples, radiografia com lipiodol e puncção, em 11 casos de polipo solitario das fossas nasais e demonstram sua origem sinusial.

Eles são partidarios de fazer numa mesma sessão operatoria, a extirpação do polipo e trepanação do seio maxilar. Acharam muitas vezes massas poliposas inseridas no recesso alveolo-dentario (8 sobre 11 casos), o que é favoravel as ideias de Malan sobre sua origem dentaria, razão pela qual deve-se estudar sempre a arcada alveolo-dentaria.

PEDRO REGULES e N. CAUBARRERE (Montevidéo) - O valôr clinico de alguns detalhes da radiografiae do seio frontal. Pag. 218.

Os AA. fazem o estudo radiologico do contôrno do seio frontal nas sinusites cronicas e sua aplicação á clinica. Quando o contôrno do seio é normal, é o estudo radiologico com o lipiodol que nós indica o estado do conteúdo. Quando o contôrno do seio está alterado na radiografia, pode ser no sentido da rarefação óssea ou no sentido da condensação. No primeiro caso, impõe-se a operação ampla pela via externa; no segundo caso, póde corresponder a uma sinusite curada ou a uma sinusite de evolução lenta, que tem por regra, uma marcha dolorosa.

DR. J. C. OREGGIA (Montevidéo) - Otite media aguda no lactante. Pag, 235.

Este trabalho é um estudo de conjunto sobre 136 observações de otites agudas nos lactantes.

O A. exclue de seu estudo a otite media aguda (dôr, febre, timpano distendido e vermelho etc.) que ele denomina de «otite ativa primitiva» para caracterizar sua aparição como primeiro sinal de um quadro patologico no seu periodo de invasão. Trata principalmente do lactante hospitalisado, geralmente distrofico, no qual a otite aparece encaixada secundariamente no seu quadro geral, chamada pelo autôr de «otite secundaria» que poderá ser «atíva» ou «inativa», conforme o seu papel nos sintomas funccionais.

Estes tipos de otite secundaria, são frequentes nos quadros clinicos bronco-pulmonares, gastro-intestinais, pielo-renais, hepaticos, etc. Nessa otite, o timpano não se mostra vermelho, mas espessado e infiltrado, e quando atinge a fase de supuração; não apresenta manifestação dolorosa, é sempre bilateral. Por suas características locais e gerais, são estas otites secundarias analogas ao tipo que se descreve como «latente», mas que, é bom frizar, sempre secundaria no quadro clinico geral.

Acha o A. que estas otites, por si só, não pedem ser responsabilisadas pelas alterações gastro-intestinais sérias e persistentes nos lactantes.

Assinála a divergencia existente sobre tal assunto entre a escola americana, que atribúe a estas otites, as perturbações gastro-digestivas da primeira infancia e procurando remover esses fócos ocultos pela antrotomia bilateral; e a alemã, que lhes dá um valor relativo, isto é, não liga muita importancia a essas otites pouco manifestas.

Se em alguns casos, os sintômas (febre, vomito, diarréa etc.) melhoraram com a drenagem dos ouvidos, em outros, apesar de repetidas paracentéses, não ha modificação do estado geral.

Pensa o A. serem estas otites manifestações locais de outros fócos infecciosos gerais (pulmonares, gastro-intestinais etc.).

H. C.

II Valsalva
An. IX. N.º 11. Nov.º. 1933.
(Roma)

DR. V. APRILE - Sobre as correspondencias e divergencias estructurais da mastoide e do rochedo em relação á pneumatisação. Pag. 809.

Expondo sinteticamente os conhecimentos atuais das petrosites, o A. esclarece o fundamento anatomo-morfologico das variedades patogenicas dessa particular forma morbida, apresentando documentação fotografica de preparados anatomicos do osso temporal humano.

DR. P. PERRONE (Bari) - Heliconemose ulcerativa do conduta auditivo esterno. Pag. 823.

Ha muitos anos que são conhecidas as lesões e as complicações que o Heliconema Vincenti-Sanarelli é capaz de provocar no campo da patologia auricular, determinando processos supurativos cronicos, com exudato abundante, denso; amarélo-acinzentado, fetidissimo. Raramente porem foi observada a heliconemóse ulcerativa do conduto auditivo externo.

O A. apresenta 3 casos de observação pessoal, nos quais o exame microscopico do material purulento extraido das lesões ulcerativas do conduto, acusava as duas formas morfologicas do Heliconema de Sanarelli (fusiforme e espironemica).

DR. R. GIOACCHINI (Roma) - Sobre a pioemia osteoflebilica de Koerner. Pag. 826.

Koerner denominou á forma de pioemia otitica sem sinus-trombóse, de pioemia osteoflebitica, porque pensa como Schwartze e Hessler, tratar-se de uma flebite de uma pequena veia do temporal mas que não atinge o seio lateral.

Depos de faizer uma exposição minuciosa de um seu caso, tipico de pioemía otitica sem trombose do seio lateral, com numerosos abcessos metastaticos, até a morte do paciente, o A. discute a patogenese muito variada da entidade morbida individualisada por Koerner.

DR. R. SEGRE (Torino) - A funcção tubarica na palatosquise. Pag. 856.

O A. quiz estudar a funcção da trompa de Eustaquio na creança e no adulto. Com numerosos exames baseados na visão diréta, no salpingoscopio, no manometro auricular tipo Politzer e sobretudo no registro grafito do deslocamento do ar na caixa timpanica, estudou o papel do canal eustaquiano na respiração normal e profunda, na fonação e deglutição, no cateterismo, nas provas de Valsalva e de Toynbee, na transmissão do som do faringe ao ouvido etc. concluiu, do o A. que a trompa desempenha um papel inverso ao normal: que está aberta na respiração normal e que se fecha durante a deglutição. Tal inversão é atribuida ao jogo anormal dos musculos peristafilinos. Só assim os detritos alimentares não conseguem penetrar no ouvido medio, porem a inversão funccional da trompa poderá ser causa de graves otopatías

Dr. Braz Gravina.

Revue de Chirurgie Plastique
Janeiro de 1934

J. P. S. ESSER - Retalhos biologicos ou arteriais. Pag. 275.

Caraterisam-se esses retalhos por não possuirem pele no seu pediculo.

Devem preencher as seguintes condições indispensaveis de sucesso: a) - A eliminação das secreções toxicas é mais importante para a vida dos tecidos da que o afluxo sanguineo. E', pois, essencial, assegurar a proteção dos vasos venosos e linfáticos. b) -A arteria e os vasos linfáticos garantirão, a nutrição do retalho. c) - O simpático e outros nervos com suas fibras motoras sensitivas, desempenham uma importante função na vida celular.

Vê-se por aí que o papel da arteria é secundário, mantendo-se, entretanto; o nome de retalho arterial porque outros elementos são dificeis de reparar. O territorio da arteria indica a fórma e dimensões do retalho. O pediculo será o mais delgado possivel e não conterá senão veias, arteria, nervos; e linfáticos envolvidos por um pouco de tecido protetor.

Esse genero de retalho apresenta ainda grandes vantagens para outros casos dificeis, como, por exemplo, as feridas atonicas. Sua aplicação principal é na cirurgia da face. Utiliza-se, com mais frequencia, a arteria temporal; o seu ramo ascendente ou anterior, a arteria ocipital, frontal e angular, a arteria facial e seus ramos, a palpebral. No corpo, a epigastrica, as intercostais, etc.

A arteria é reparada por palpação. Praticar uma incisão na superficie cutanea ao longo do trajéto arterial, igual ao comprimento, do pediculo e, em seguida, duas outras, profundas, a direita e a esquerda, fazendo um angulo de 30º com a superficie. Depois, dissecá-lo.

E' preferivel, quando o retalho deve ser implantado a grande distancia, traçar um curto pediculo, dando ao retalho a fórma de uma pêra alongada.

Dr. Rebelo Neto.

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