Versão Inglês

Ano:  1934  Vol. 2   Ed. 1  - Janeiro - Fevereiro - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 66 a 79

 

REVISTA DAS REVISTAS

Autor(es): A. E. BENNET. (Omaha) - Problemas neurologicos em oftalmologia e otorinolaringologia.
Pag. 269.

Archives of Otolaringology
Volume 18. N.o 3. Setembro, 1933

Este artigo é muito interessante, pois focalisa com muita proficiencia e atualidade as dependencias intimas que existem entre os trez citados departamentos da medicina. Demonstra com clareza a necessidade de uma acção conjugada entre as trez especialidades sem o que não se póde dar urna feição cientifica e moderna aos casos que se vão apresentando a cada um dos profissionaes especialisados.

No campo da oftalmologia, cita as crises oculogiricas que aparecem na postencefalite parkinsoniana; os sintomas oculares precoces da miastenia gravis; as perturbações oculares da miotonia atrofica; critica o conceito antigo da frequencia da papila de estase, sintoma que falha muitas vezes em patologia endocra-craneana, quando a pressão espinal está ainda abaixo de 20mm. de mercurio; estuda as perturbações oftalmologicas do lobo frontal e temporal, citando as estatisticas de Cushing; desenvolve a etiologia das nevrites retrobulhares e da hemicranea.

Em rinologia, chama a atenção para o papel das sinusites cronicas no campo da psiquiatria; a etiologia da meningites de causa sinusitica, e a importancia da tecnica moderna pelas radiografiadas a lipiodol e outras substancias opacas aos raios X.

Em materia de laringologia, refere-se ao absurdo da operação de amigdalas em casos de bolus histericus, sintomas funccional ligado a conflitos sexuais.

Finalmente no campo de otologia, estuda sinteticamente a etiologia da vertigem e da necessidade do entendimento do otologista com o neurologista; o psiquismo introspectivo do surdo, que necessita de psicoterapia para suportar as suas condições. Em seguida aborda o problema das complicações intracraneanas de causa otica, realçando as vantagens da boa articulação das duas especialidades, porque o neurologista póde interpretar a natureza intima da complicação encefalica e servirá de guia ao otologista, quanto á determinação da localisação no processo em cena. E' o que acontece nas petrosites, com a possibilidade de um complexo de Gradenigo; é o que dá tambem nas supurações do seio lateral, onde as provas de Queckenstedt ou de Ayer Tobey pódem prestar relevantes serviços.

EDWARD ZIEGELMAN. (San Francisco) - Importancia cirurgica da veia mastoidea na trombose do seio lateral. Pag. 298.

O estudo é acompanhado de pranchas de direcção, mostrando as variantes do modo de se comportar da veia em questão. Na suas conclusões demonstra o autor, que a veia mastoidea, frequentemente não existe; póde variar de calibre e de direcção, além de que o seu ponto de entrada na circulação póde ser variave1. Com frequencia, a veia é tambem infectada na trombóse do seio lateral, seja por continuidade do tecido, seja directamente por extensão do trombo, e, por isso a orientação cirurgica deve ter sempre em vista esta possibilidade.

HENRY LEMERE. (Hollywood). - Adenoides e imunidade. Pag. 326.

De acordo com uma comunicação que fizera anteriormente, entende o autor que a vegetação adenoide é uma extructura linfatica fisiologica e destinada a proporcionar uma barreira á entrada de infecções, atraves da mucosa nasofaringiana. Em uma serie de mais de 300 creanças, foram as amigdalas operadas enquanto que foram deixadas intactas as vegetações; depois foram instituidos exercicios diarios de respiração: houve manifesta melhora da respiração nasal, e os resfriados, os sintomas sinusais e as supurações do ouvido, tanto agudas como cronicas, tornaram-se menos frequentes.

Diz o autor que muito se tem feito nestas duas ultimas decadas no tratamento das infecções catarrais das vias aereas superiores. As ideas modernas de ser dado ás creanças uma alimentação racional, rica em vitaminas, produzem um aumento de resistencia ás infecções das vias aereas; o valor da luz do sol, é geralmente reconhecido; o perigo das variações de temperatura póde ser controlado por uma melhor higiene e vestimentas mais adequadas. O bioquimismo tem fornecido base para um resultado pratico. Pensa o autor que a funcção da adenoide, como protectora contra as infecções nasais, seja logo divulgada e que a nova geração já tire resultados destas novas concepções.

MERVIN MYERSON. (New York). - Cistos do laringe. Pag. 281.

Os cistos do laringe aparecem menos na literatura de que a 30 ou 40 anos atraz; não ha duvida de que muito polipo de varias especie, era naquela epoca incluido na classe dos cistos. O autor apresenta tres casos desta especie de tumor.

Os sintomas causados pelo cisto do laringe dependem da sua localisação, tamanho e relações que tem com o orgão. A rouquidão ou mudança de voz aparecem quando não ha perfeita aproximação das cordas vocais; ha varios grãos de rouquidão, segundo que o tumor se assesta na corda vocal, na orla ventricular, no ventriculo ou na prega ariepiglotica. A dificuldade de respiração pode variar de leve dispnea até extrema asfixia, de acordo naturalmente com o tamanho do tumor; disfagia só ha quando o tumor obstrue a entrada do hipofaringe.

As paredes do cisto podem variar de espessura; ora firmes, ora frouxas, duras ou flutuantes, são sempre desenhadas por pequenos vasos. Contem um liquido que pode ser fino e seroso e as vezes espesso, gelatinoso ou coloidal. As vezes encontra-se sangue dentro deles. Em geral, os cistos são incolores ou translucidos, outras vezes amarelados ou avermelhados.

Dr. Francisco Hartung.

Archives of Otolaringology
Volume 18. Nº 4. Outubro de 1933.

GEORGE SCHAUMBAUGH. (Chicago) - Surdez intensa no adulto.Pag. 430.

Preliminarmente, faz o autor um estudo da surdez em creanças, para depois passar aos adultos.
De acordo com os seus dados, 60 % das creanças surdas, são congenitamente, enquanto que
40% devem a sua condição a factores adquiridos na infancia. Quasi todas ficaram surdas abruptamente, em seguida a meningite cerebroespinal, sarampo, escarlatina, pneumonia, influenza ou coqueluche. A surdez devida a meningite é frequentemente produzida pela invasão do labirinto através do meato auditivo interno, mas aquelas devidas a outras molestias infecciosas, são quasi sempre geradas por uma nevrite toxica. Aproximadamente um terço das creanças tiveram associadamente otites medias, mas em poucos casos foi possivel estabelecer uma relação de causa e efeitos entre os dois factos, porque a maioria da surdez profunda adquirida, eram devidas a nevrites toxicas. Ficou verificado que as creanças perderam a audição nos tres primeiros anos de vida; aparentemente; com o avanço da edade, o nervo se torna mais resistente ás infecçôes. Conclue-se assim que, a prevenção da surdez deverá residir em um pronto tratamento das molestias infecciosas, principalmente nos primeiros anos de vida.

Em relação aos adultos, ficou verificado, em 165 surdos, que 30 deviam a sua surdez á lesões do nervo, sendo 2 congenitamente, 5 por nevrites toxicas de molestias infecciosas agudas, 2 de causa profissional, e 7 devidas a decadencia senil: a sifilis era a causa provavel em um caso; em 12 a causa era desconhecida, sendo que havia suspeita de otoesclerose em 6. Em 20 doentes havia molestias tubotimpanicas, e em 120 havia otoesclerose com fixação do estribo.

Conclue o autor, que somente 12 % das surdez intensa provem de molestais do ouvido medio, começando na infancia e de modo algum prevenivel pelo exame na escola. Na maioria deles, os casos estavam sob a dependencia da otoesclerose; com anquilóse do estribo, em sua grande percentagem e, infelizmente sem uma possivel profilaxia no estado atual dos nossos conhecimentos.

H O. GERDNER. (Waterloo). - Fractura do laringe. Pag. 449.

O autor passa em revista a literatura do assunto, não tendo encontrado mais de que 166 casos de semelhante traumatismo.

Estuda a etiologia; o mecanismo e a patologia do acidente, para então passar ao seu diagnostico e prognostico. A parte mais atingida do orgão, é a cartilagem tiroide; em seguida a ela, vem a cartilagem cricoide; o osso hioide e a traquéa entram em percentagem muito menor, sendo que em certo numero de acidentes, o que se observa é uma combinação de fracturas em dois ou mais componentes do orgão. Os sintomas são variaveis; dependendo da cartilagem envolvida pelo acidente. Dôr, em geral existe em todos os casos; ela é mais ou menos forte, e acentuada pela fonação e deglutição; a inflamação no pescoço póde ser tão grande, de modo a não permitir qualquer palpação; ás vezes o doente torna-se inconsciente. A dispnea varia de intensidade; já tem sido observados morte antes de possivel uma traqueotomia; a dispnea é devida a edema dos tecidos moles do pescoço ou da mucosa do laringe ou á inda a sangue na traquéa. As vezes, a morte dá-se por enfisema subito ou pela queda de algum fragmento de cartilagem nas vias aereas. Rouquidão e laringite são sintomas frequentemente observa assim como hemoptise e crepitação.

A possibilidade de necrose de cartilagens, celulites do pescoço, assim como abcesso do laringe, são eventualidades que se tem sempre a temer.

NOTA DO TRADUTOR. Podemos adicionar aos casos citados por Gardner, um acidente desta ordem que tivemos ocasião de observar ha pouco mais de um ano. Tratava-se de uma senhora idosa, que sofrendo uma quéda, batera com o laringe contra a aresta de um movel, sendo logo acometida de muita dôr no laringe, principalmente á fonação e deglutição e de hemoptise não muito abundante, mas continua. Lado direito do laringe doloroso á pressão, sem se notar crepitação. O exame revela sangue contra a parede do faringe; laringoscopia irrealisavel, devido ás dores que provoca. No dia, seguinte, os sintomas acentuam-se e, a doente tem febre, alem de que aparece edema do pescoço; dispnea ligeira.

No terceiro dia, a laringoscopia já é possível: verifica-se edema e congestão da metade da base da lingua e da goteira faringea correspondente; epiglote e aritenoides, neste lado, brilhantes. Ao mesmo tempo, divisamos na prega faringo-epiglotica, uma fissura anteroposterior, completamnete cheia de fibrina; daí proviera o sangue. A doente foi radiografada, mas sem resultado pratico. No quinto dia após o acidente a febre havia desaparecido e a doente começava a engulir com relativa facilidade. A terapeutica, resumiu-se a repouso, compressas geladas, ingestão de pedacinhos de gelo, uma porção com calcio, além de coaguleno.

A evolução benigna do caso, parece levar á conclusão de que houve apenas uma violenta contusão do orgão sem afectar a armadura cartilaginosa. O sintoma de mais relevancia foi a hemorragia.

HENRY TAYLOR. (New York) - Supuração da piramide petrosa.

Faz o autor um estudo radiologico de 20 casos de supuração da piramide do rochedo, acompanhado de uma critica do síndrome descrito por Kopetsky e Almour. Este sindroma resume-se em uma historia de uma mastoidectomia em uma apofise bem pneumatisada, seguida de uma aparente cura durante um certo período, e, repentinamente o reaparecimento da otorrea, sintomas septicos, dôr ao longo da distribuição do ramo oftalmico do trigemeo, usualmente interpretado como uma localisação retro-orbitaria. Assim conclue o autor:

«Roentgenograficamente, a piramide pelrosa mostra variações quando estamos em presença uma infecção otitica. Estas variações não indicam sempre uma lesão supurada do ápice do rochedo. A aparencia radiologica da petrosite coalescente ou enfisema do apite do rochedo, consiste em aeração diminuida, halisteresis do apice, perda das trabeculações e as vezes soluções de continuidade. Não ha distinção radiologica entre os casos agudos e subagudos de petrosite coalescente; só é possivel uma diferenciação. As petrosites cronicas mostram alterações no apice. Os casos curados demonstram alterações com completa obliteração da celulas.»

SAMUEL SALINGER e J. PEARLMAN. (Chicago) - Hemorragias de abcessos faringianos e peritonsilares. Pag. 404.

Fazem os autores um detalhado estudo destes casos de hemorragais. Depois de uma descrição de casos pessoais, passam a um apanhado anatomopatologico do assunto, terminando com um comentario da terapeutica destas hemorragias; sobretudo em relação ás indicações de ligadura da carotida.

Na opinião dos autores, assim podemos classificar as hemorragias graves.

1. Hemorragia expontanea ou hemorragias tão fortes que evidentemente não se pódem atribuir a vasos de pequeno calibre.

2. Um curso protaido no qual a inflamação não desaparece depois de uma incisão previa.

3. Hematoma da visinhança que se pode suspeitar pela descoloração submucosa, ou por um tecido inflamado tenso e duro.

4. Aumento da dôr, inflamação local e no pescoço, a despeito de incisão do abcesso, e algum tempo depois que o abcesso peritolar já foi aberto.

5. A presença de pulsação na area peritonsilar.

Si qualquer destes fatores fôr evidenciado, é recomendavel expôr a carotida, e si as condições do paciente não forem muito criticas, procurará a fonte da hemorragia. Em uma minoria dos casos encontra-se qual o ramo que está sangrando; nestas condições, a carotida externa; ou o ramo em questão deverá ser ligado. Si entretretanto não fôr possivel verificar qual a zona que sangra, a unica solução será a ligadura da carotida primitiva.

A experiencia tem demonstrado que a maioria dos casos depende de lesão da carotida interna. Póde haver aqui alguma alternativa. Si as condições gerais do doente comportarem, póde-se ligar a carotida externa, e colocar um laço sob a carotida primitiva, deixando a ferida bem aberta, e, em caso de necessidade ligar prontamente tambem a carotida primitiva.

O estudo contem tambem a descrição dos acidentes que pódem sobrevr á ligadura da carotida primitiva.

MARGARET KLEINERT. (Boston) - Fistula branquial. Pag. 510.

Contem este artigo seis casos de fistulas branquiais Operadas com sucesso. E' precedido de um ligeiro estudo embriologico do problema, que assim se póde resumir.

Os arcos branquiais são visiveis na terceira semana e são separados por depressões. Estas são separadas por uma membrana, que é coberta em seu lado externo pelo epiblasto e no lado pelo hipoblasto. No curso normal esta membrana desaparece; em circunstancias raras, ela é perfurada e resulta uma fenda completa, que póde persistir no adulto sob a fórma de uma fistula branquial. Na sexta semana todo o sinal de arcos branquiais e depressões devem ter desaparecido.

Dos arcos branquiais e depressões; quatro são reconhecidos no embrião. O primeiro, hiomandibular, persiste, a sua depressão externa é representada pelo meato auditivo externo, e está em conexão com a trompa de Eustaquio. A membrana do timpano representa a membrana da depressão. O segundo, o terceiro e o quarto arcos desaparecem por um crescimento para baixo do segundo arco, formando o sinus cervical; normalmente este tambem desaparece, mas quando persiste, fórma-se um cisto. O cisto póde-se abrir externamente, no pescoço ao longo do bordo anterior do esternocleidomastoideo; ocasionalmente o cisto abre-se para o faringe; quando ocorre este fáto, a abertura passa através da membrana do segundo arco. Quando ha duas aberturas; uma interna e outra externa, fórma-se um longo trajecto fistuloso com camadas epitelisais entre o pescoço e a cavidade do faringe; é a chamada fistula branquio-genetica. Quando o seu trajecto é dissecado, verifica-se que ele passa acima da furcula da carotida, isto é, acima do terceiro arco branquial. A abertura interna está situada no recesso tonsilar; a abertura externa varía de posição, mas está sempre situada ao longo do musculo externo cleio-mastoideo.

Dr. Francisco Hartung.

Annals of Otology, Rhinology and Laringology
Vol. XLII. N.o 4. Dezembro de 1933.

SIMON, L. RUSKIN - A circulação venosa do rochedo e sua sinifificação clinica. Pag. 961.

1) A circulação venosa do temporal assume papel de relevo na propagação da infecção para a cavidade timpanica e nas complicações endocranianas. 2) O comprometimento do sistema venoso póde ser precocemente diagnosticado, norteando uma intervenção imediata. 3) O sindrome de Gradenigo póde ser considerado como sintomatico de um ingurgitamento de um grupo de veias timpanicas se prolongando até ao seio petreo inferior. 4) O sindrome doloroso temporo-maxilo-orbitario, trismo e edema palpebral inferior que o A. descreve, tem interpretação semelhante ao do sindrome de Gradenigo, mas traduz o engurgitamento das veias do cavo timpanico derivadas anteriormente no plexo pterigoideo e veia meningeia media. 5) Deve-se ter em vista que os sintomas orbitarios e trigemio devem ser provocados por mecanismos afetando mais o sistema venoso pterigoide e meningeo medio do que os de origem petrea e devem ser cuidadosamente diferenciados, afim de evitar uma extemporanea invasão do rochedo.

JOHN B. POTTS - Sinusites cronicas e suas relações cora estados cardíacos, estados pulmonares e estados gerais. Pag. 1002.

Afecções broquicas, artrites, nevrites, afecções cardíacas, nevralgia facial cefaleia cronica, tinido, vertigens e enfecções oculares, podem ceder parcial ou totalmente, após o tratamento sinusoidal.

Conclue: 1) Na sinusite cronica hiperplastica, a infecção se assesta na propria membrana. 2) A secreção, que os seios possam apresentar é relativamente destituida de importancia para o diagnostico ou terapeutica dos efeitos locais ou gerais da molestia. 3) O tratamento racional consiste na remoção completa, cirurgica, da membrana. 4) E necessario agir cautelosamente afim de impedir complicações.

G. C. BUHRMESTER - Estudo acerca da determinação do pH, do contendo nitrogenico e da viscosidade da secreção nasal. P. 1041.

A. estuda as variações físico-químicas da secreção da mucosa nasal dos seios acessorios, quer normal, quer afetada por molestias diversas.

As proporções normais foram medidas na secreção obtida por meio da irritação cantaridiana.

O pH correspondente a cada molestia, póde ser classificada em dois grupos: um; com acidez acima do normal, o outro com alcalinidade aumentada; com predominancia de qualquer dos dois grupos.

O grau de acidez ou alcalinidade varia com a purulencia da secreção, o contendo mucoso e provavelmente, com um fator constitucional.

O fluido decorrente de uma rinorreia cerebro-espinal é facilmente diferenciado da secreção mucosa por meio do exame químico. O contendo nitrogenico e a viscosidade são dependentes do proprio caráter da secreção.

Dr. Rebello Neto.

The Journal of Laryngology and Otology
Vol. XLIX. Nº 1. Janeiro, 1934 (Londres).

PROF. H. BURGER (Amsterdam) - Paralisias associadas da corda vocal. Pag. 1.

O A. de inicio estuda a parte do nervo vago e do espinal na inervação das vocais e conclue, depois de exaustivos comentarios e de elevada critica, pela não inervação do XI.º par craneano na inervação do laringe, que atribue exclusivamente ao X.º par.

Estuda em seguida, a inervação sensitiva do laringe, a inervação motora do palato, as lesões diversas escalonadas por toda a altura do nervo vago e, em magnificas ilustrações coloridas, descreve com minuncia, toda serie de sindromes atribuidas ás afecções dos nervos companheiros do Xº, isto é, o IX.º, XI.º e XII.º pares craneanos e o simpatico.

Com estas demonstrações chega a conclusão da necessidade de estandartizar-se as denominações tão variadas, de cada grupo de sindrome, nos termos seguintes:

A) Sindrome dos nervos bulbares: paralisias nos territorios do XII.º, XI.º, IX .º (eventualmente os VIII.º, VII.º e V.º pares craneanos).

B) Sindrome do foramen jugular: paralisias do XI.º, X.º, IX.º, XII.º e simpatico.

D) Sindrome tordo-vocal-diafragma: paralisias do X.º, frenico e simpatico.

As denominações de sindrome de Collet, de Sicard, de Jackson, de Vernet, de Schmidt, de Avellis, de Tapia, de Villaret etc. ficarão suprimidas, constando somente, da historia da laringologia, como homenagem ao esforço destes denodados pesquizadores.

O A. termina seu magnifico trabalho, combatendo com grande elevação e ampla documentação, a lei de Semon sobre a posição mediana e cadaverica das cordas vocais.

E' um trabalho digno de ser lido pelos laringologistas, com extremo cuidado e atenção.

DR. I. SIMSON HALL - Reticulosis progressiva e ulcerativa do palato mole. Pag. 35.

O A. descreve uma ulceração, de carater progressivo e destruitivo, tipo necrotico, do palato móle, com perfuração deste, não removivel por qualquer das medicações empregadas, o que denominou de reticulosis, na falta de outro nome. Fez o estudo histopatologico post-mortem, tendo encontrado lesões necroticas em varios orgãos: epiderme, rins, pulmões etc. Só os raios X e o radium produziram ligeira melhora. A doente faleceu em caquexia por meningite cronica produzida pela invasão cerebral da molestia.

O diagnostico diferencial deverá ser feito com a tuberculose, lupus, lepra, molestias bacilares, sifilis, molestias de origem espiroquetica, leishmaniose, agranulocitose, molestias discrasicas do sangue e molestias malignas etc.

M. O.R.

Les Annales d' Oto-Laryngologie
N.o 10. Outubro, 1933

E. ESCAT (Toulouse) - Do abcesso peri-amigdaliano inferior. P. 1137.

E' muito rara e pouco classica a noção do abcesso peri-amigdaliano inferior, do qual Moure relatou em 1926 tres observações tipicas. Enquanto o abcesso peri-amigdaliano superior tem por territorio a loja celulosa pre-estiliana, o abcesso perimigdaliano inf. tem por territorio o tecido celular peri e infra-amigdaliano, que separa o polo inferior da amigdala da face profunda do glosso-estafilino e da base da lingua.

Das tres observações que o A. apresenta, resume-se a seguinte sintomatologia: A fase prodromica não difere da fase homologa do abcesso p. a, superior. A disfagia dolorosa localisa-se no polo inferior e no sulco amigdalo-glosso. A tumefação limita-se ao polo inferior e ao terço inf. do pilar ant. Esta localisação expõe mais que as outras formas, á extensão do edema ao laringo-faringe, á epiglote e ás complicações respiratorias. A temperatura não se eleva acima de 38o,5, a evolução é geralmente muito rapida, formando-se a coleção no 3.º ou 4.º dia. O diagnostico basea-se nas caracteristicas assinaladas, mas a apreciação da formação do pús exige o toque digital. O diagnostico diferencial deve ser feito com o abcesso da base da lingua e com a peri-amigdalite lingual flegmonosa. Como tratamento, Moure preconisa a abertura da coleção por uma puncção com faca galvano-caustica, atravessando a base do pilar ánterior em seu ponto de juncção com a lingua. O A. prefere atingir o foco um pouco para dentro do bordo do dito pilar, não com galvanocauterio, mas com o gancho acotovelado de Ruault. A transfixão deve ter como eixo, a zona que o toque digital revelou como mais flutuante.

J. DUCUING e L. DUCUING (Centro regional anti-canceroso de Toulouse) - Os canceres do seio piriforme. Pag. 1143.

Os AA. fazem um estudo completo sobre o cancer do seio piriforme, baseado em 48 casos, afirmando que um melhor conhecimento da questão, permite uma descriminação mais rigorosa entre este cancer e os impropriamente denominados «canceres extrinsecos do laringe».

O cancer do seio piriforme é muito grave, pois aos perigos comuns a todos os tumores malignos, se juntam os riscos pelo fato da obstrução mais ou menos completa e brutal, da confluencia aerodigestiva, cuja dupla função respiratoria e alimentar, não pode ser perturbada sem riscos notaveis e rapidos.

Resumindo: A localisação do processo canceroso ao nivel do seio piriforme, é a mais frequente de todas as localisacões hipofaringéas. O cancer do seio piriforme, é excepcional na mulher, atinge o homem, em geral após os 30 anos de idade.

Na maioria dos casos, o cancer pertence histologicamente, ao tipo espino-celular. A evolução anatomo-patologica se faz ás regiões visinhas, de ganglio a ganglio. Aos sintomas objetivos, juntam-se os subjetivos e funcionais diversos: dor, perturbações alimentares e aereas.

Os caracteres especiais do cancer, a biopsia, o exame radioscopio, permite identificar e tambem diferenciar das afecções outras do hipo-faringe, tais como: lues e tuberculose. O prognostico é dos mais sombrios, considerando a carencia alimentar ou respiratoria resultante, que se juntam ás complicações gerais e habituais do cancer.

O tratamento repousa sobre a cirurgia e sobre os meios fisicos puros ou em combinação; a cirurgia curativa, é ilusoria; a cirurgia paliativa é eficaz, mas garante apenas curtas sobrevivencias; a electro-coagulação prepara o tratamento fisio-terapico; o Radium e os Raios X são as armas mais frequentemente utilisadas.

Os resultados são; a-pesar-de tudo, maus e as curas efectivas são rarissimas.

G. CANUYT, M. LACROIY e CH. WILD (Strasburgo) - Abcesso do lobo temporo-esfenoidal esquerdo com meningite puriforme aseptica em um otarreico. Tratamento pela craniectomia, sôro anti-estreptococico de Vincent e abcesso de fixação. Cura. Pag. 1170.

Apresentam os AA. uma observação interessante para mostrar a utilidade de um tratamento cirurgico e de uma terapeutica anti-infecciosa especifica combinados. Praticaram uma craniectomia larga seguida de drenagem de abcesso do lobo tempero-esfenoidal esquerdo, que foi encontrado seguindo as lesões. O exame bacteriologico do pús retirado ao nivel da coleção purulenta, mostrou presença de estreptococos anaerobios, pelo que foi instituido um tratamento com sôro anti-estreptococico de Vincent, em alta dose. O doente recebeu 1080 cc. de serum, aliado a um tratamento anti-infeccioso geral e principalmente o abcesso de fixação. Puncções lombares repetidas permitiram, alem do papel curativo, um estudo da evolução do processo meningeo e sobre o prognostico. O liquido cefalo-raquidiano foi examinado todos os dias. A queda rapida das celulas e a evolução da formula citologica do liquido para linfocitose, permitiram muito antes da cura clinica, esperar uma evolução favoravel da molestia.

Os AA. mostram o interesse das puncções lombares quotidianas sob o ponto de vista do diagnostico, do prognostico e do tratamento.

I. M. SABOL (Niejin) - Extracção dos corpos estranhos do esofago por meio da esofagotomia externa. Pag. 1174.

Apresenta o A. uma serie de observações de corpos estranhos do esofago, em que, por circunstancias varias, não foi possivel empregar a esofagoscopia com resultado, tendo sido então usado a esofagotomia externa.

Do seu trabalho, o A. conclue que:

1º) O diagnostico dos corpos estranhos do esofago faz-se pela esofagoscopia e pelos Raios X. O aspeto geral do doente e os dados anamneticos não fazem senão auxiliar o diagnostico.

2º) Para extrair os corpos estranhos, é preferivel praticar a esofagoscopia, como meio mais seguro e menos perigoso e dando na maioria dos casos bons resultados.

3º) Não se deve fazer uso da sonda ou impelir o corpo estranho para baixo. Seria perigoso e contra-indicado pescar o objeto sem vê-lo, por meio de instrumentos para prender moedas ou por pinças de laringe.

4º) Si o corpo estranho ficou varios dias no esofago, a esofagoscopia não dá bons resultados: é preciso fazer a esofagotomia ou gastrotomia.

5º) Em presença de uma infiltração dos tecidos do pescoço, de um enfisema sub-cutaneo ou corrimento sanguineo pela boca, a esofagoscopia é contra-indicada. Em semelhante casos é indispensavel operar não somente para extrair o corpo estranho como tambem para proceder ao tratamento.

6.º) E' muito importante cuidar da ferida post-operatoria seguindo as regras, pois a maioria dos resultados infelizes são devidos á complicações post-operatorias.

A. AUBIN - As formas pseudo-tuberculosas da sifilis nasal. Pag. 1189.

As descrições classicas da sifilis nasal são muitas vezes falhas, podendo-se descrever, alem da goma e do sifiloma difuso, uma variedade, a sifilis terciaria tuberculo-ulcerosa. O terciarismo nasal póde afectar duas formas diferentes: em uma, ulceração sempre lupoide, é um dos elementos de um rico complexo sintomatico, que impõe o diagnostico; em outra, a forma pseudo-lupica, a ulceração constitue por assim dizer; toda a molestia, diferindo histologicamente da fórma anterior; ela corresponde a uma lesão elementar, definitiva, terciaria: o tuberculo sifilítico, lesão que se acha ao nivel da pele e de outras mucosas. O A. denomina: sifilide tuberculo-ulcerosa pseudo lupica.

O A. estuda com detalhes essas duas formas, dando os caracteres das lesões, a sua séde frequencia, os periodos de evolução, prognostico, complicações, anatomia patologica e a histologia do tuberculo sifilítico.

Nesse trabalho o A. mostra que o tuberculo não indica senão uma produção morbida do derme; ela não caracterisa unicamente a tuberculose, mas pode ser realisado por uma infecção qualquer, como a lepra, a sifilis, a tuberculose. Na pituitaria, o tuberculo sifiliticose apresenta habitualmente sob o aspeto objetivo de tuberculose. Isto justifica o estudo clinico do autor.

HENRY PROBY - As formas pseudo-tuberculosas da sífilis do laringe. Pag. 1195.

Raramente é possível perceber, em seu inicio, as reações inflamatorias de um tecido. Segundo a causa, essas reações tomam macroscopicamente, aspeto os mais diversos, simulando outras afecções, tomando todos os caracteres morfologicos. A histo-patologia e a clinica, porem, não andam sempre ao lado uma da outra. A sifilis e a tuberculosa têm imagens histologicas semelhantes. Pouca cousa pode dividir os dois campos. Histologicamente, a arterite e a infiltração plasmocitaria, mais abundante na sifilis, e clinicamente a inoculação em cobaia. O A. estuda os aspetos clínicos da tuberculose, tendo histologicamente lesões de inflamação banal, suspeita de sífilis pela infiltração plasmocitaria, arterite etc. Segundo Collet, o A. tambem divide a tuberculose vegetante simples, forma hipertrofica: e forma tumor, que se diferenciam pelo gráo de infiltração mais ou menos exuberante e a saliencia das vegetações mais ou menos circunscritas.

Faz depois o A. um paralelo entre as formas pseudo-tuberculosas da sifilis, transcrevendo observações relativas a cada forma.. Alem dessas, estuda a forma pseudo lupica e a forma pseudo-granulica, caracterisando esta ultima por uma invasão brutal. Faz assim o A. um quadro das formas pseudo-tuberculosas e dá um lugar á parte para a forma hipertrofica ulcero-vegetante da epiglote, que por seus sintomas clinicos, disfagia e emagrecimento, simulam formas analogas da tuberculose laringéa.

VAN DEN BRANDEN (Bruxelas) - Influencia da pressão endolabirintica sobre a irritabilidade dos canais semi-circulares. Pg.1201.

Este trabalho divide-se em duas partes: pesquizas experimentais sobre o animal, (procedidas de um estado anatomico detalhado do temporal do coelho, que é o animal em experiencia) e um estudo clinico.

Tira as seguintes conclusões:

1º) Toda ação direta sobre o vestibulo capaz de fazer subir a pressão endo-linfatica provoca sintomas de excitação labirintica.

2º) Em individuos com labirintos desegualmente excitaveis, as variações da pressão endo-labirintica que produz, por intermedio do liquido cefalo-raquidiano, a compressão das jugulares, reforçam os sintomas expontaneos e fazem aparecer os sintomas latentes.

3º) Os unilabirinticos não compensados comportam-se como os individuos de labirintos desigualmente excitaveis.

4º) A compressão das jugulares não age sobre os fenomenos vestibulares de origem central.

Resulta dessa diferença de ação sobre os fenomenos de origem central e de origem periferica, que a compressão das jugulares nos permite fazer um diagnostico diferencial novo, tendo uma certa importancia.

Dr. Paulo Sáes.

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