Versão Inglês

Ano:  1934  Vol. 2   Ed. 1  - Janeiro - Fevereiro - ()

Seção: Associações Científicas

Páginas: 53 a 65

 

ASSOCIAÇÕES CIENTIFICAS

Autor(es): -

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA
Secção de Oto-rino-laringologia.

Sessão de 18 de Dezembro de 1933.

Presidida pelo Dr.Schmidt Sarmento e secretariada pelos Drs. Homero Cordeiro e Rafael da Nova, realisou-se no dia 18 de Dezembro, a decima-primeira sessão ordinaria da Secção de Oto-rino-laringologia, da Associação Paulista de Medicina.

Primeiramente procedeu-se a eleição da nova Mesa, para dirigir os trabalhos no ano de 1934 e cuja apuração deu o seguinte resultado: Presidente: Dr. Homero Cordeiro; 1º Secretario: Dr. Horacio de Paula Santos; 2º Secretario: Dr. Rubens dc Brito. O Presidente declara-os eleitos e convida os socios presentes para comparecerem á posse da nova Mesa; no dia 17 de Janeiro proximo.

No expediente, o Dr. Mario Ottoni de Rezende pede a palavra e lê um longo relatorio dos trabalhos apresentados á Secção de Oto-rino-laringologia do 2º Congresso Paulista de Medicina. Em seguida apresenta as sugestões que a comissão nomeada pela mesma Secção apresentou ao Governo do Estado, sobre o futuro "Departamento Autonomo de Higiene Escolar.

ORDEM DO DIA

PROF. ADOLFO LINDENBERG e DR. MARIO OTTONI DE REZENDE (São Paulo) - "Um caso de pênfigo das mucosas".

(Este trabalho sae publicado neste numero da Revista).

Sessão de 17 de janeiro de 1934

Presidida pelo Dr. Schmidt Sarmento e secretariada pelos Drs. Homero Cordeiro e Rafael da Nova, realisou-se a primeira sessão ordinaria da Secção de Oto-rino-laringologia da Associação Paulista de Medicina..

O Sr. Presidente empossa a nova Mesa recem-eleita, que ficou assim constituida: Presidente: Dr. Homero Cordeiro, 1.º Secretario: Dr. Horacio de Paula Santos, 2.º Secretario: Dr. Rubens de Brito.

No expediente pede a palavra o Dr. Schmidt Sarmento, que faz primeiramente uma resenha dos trabalhos apresentados no ano de 1933, sob sua presidencia, e finalisa agradecendo a cooperação de todos os associados, principalmente a dos seus companheiros de diretoria. Elogia os componentes da nova Mesa, aos quais augura felicidade. Em seguida o novo Presidente, Dr. Homero Cordeiro pronunciou as seguintes palavras: "Meus senhores: A elevada distinção com que fui honrada pelos distintos colegas e amigos, elegendo-me para presidir os trabalhos desta Secção no presente ano, muito me desvanece. A todos vós, os meus agradecimentos sinceros. Envidarei os meus maiores esforços para bem corresponder a vossa confiança, embora não desconheça quão dificil me seja seguir, mesmo de longe, a brilhante trajectoria deixada pelos meus dois antecessores no cargo que me haveis investido. A eles, pelo alto prestigio e comprovada competencia, e á vós, pelo espirito de operosidade e sensato criterio nas discussões cientificas, devemos a atuação destacada da nossa Secção, no seio da Associação Paulista de Medicina.

Aproveito a ocasião para fazer um apelo aos presados colegas, afim de que não ponham duvida quanto a apresentação dos casos clinicos, por mais simples que pareçam, pois reuniões como as nossas, só têm por fim expandir entre os colegas, as observações e os ensinamentos adquiridos na pratica diaria com os doentes; e, muitas vezes um caso de aparencia banal, poderá trazer nas discussões, resultados muito mais proveitosos que os obtidos por um trabalho de folego. Assim pensando, conto de ante-mão com a boa vontade de todos, para que as nossas futuras sessões continuem a ter o mesmo sucesso das passadas".

ORDEM DO DIA:

1º) DR. MARIO OTTONI DE REZENDE (São Paulo) - "Sobre dois casos de papilomas do laringe" em creanças".

Resumo: O A. discorre sobre dois casos de papilomas do laringe em creanças, de evolução bastante interessante. O primeiro foi operado e reoperado 30 vezes pela laringoscopia direta, através da espatula de Brunings, sem anestesía. O segundo curou-se pelo uso prolongado da magnesia calcinada, na dose de 4 a 6 gramas diarias. (Este trabalho será publicado no proximo numero).

DISCUSSÃO:

Dr. Horacio de Paula Santos - Lembra o emprego da nova espatula de Haslinger cuja tecnica descreve, achando-a vantajosa nos casos como os relatados pelo Dr. Mario Ottoni. Diz que Haslinger a emprega nas laringoscopias diretas e como primeiro tempo das traqueo-broncoscopias nas creanças.

Refere-se a um caso de hiperplasia de corda vocal, em um jovem cuja biopsia revelou apenas um processo hiperplastico atingindo a camada cornea, estando esta aumentada de 5 vezes em sua expessura. A intervenção, feita com o auxilio da espatula de Haslinger, teve pleno exito, pois a voz tornou-se normal.

Dr. Rafael da Nova: - Diz que, com relação a tirotomia na 1ª infancia, nos casos de papilomas do laringe, por sua experiencia pessoal, é inteiramente contrario a sua pratica. Pensa que ela deve sêr condenada, não só pelos efeitos inibidores que acarreta sobre o crescimento do laringe, como tambem pelo facto de quasi nunca se conseguir curar definitivamente os papilomas, sabendo-se com que frequencia a molestia recidiva nessa idade.

Em um caso que experimentou a tirotomia para a remoção radical de papilomas, a doentinha veio a falecer de broncopneumonia secundaria. Ultimamente teve ocasião de usar a espatula de Haslinger, instrumento de grande simplicidade e de manejo facil, acreditando que seja um progresso inconteste o seu uso, para manobras endolaringeas.

Dr. Schmidt Sarmento: - Refere-se a dois casos de sua clinica, um dos quais com evolução benigna. O outro, filho de um colega, que havia sofrido mais de 20 intervenções. Tentou toda a terapeutica comum, inclusive o arsenico local. Apenas as aplicações de alcool deram algum resultado. Ja desanimado, fez uso de magnesia calcinada e crê que isso tenha concorrido para a cura. Ha 9 mezes praticou a ultima intervenção, retirando os restos de papiloma, sob anestesia local, com uma cureta especial. Desde então não houve mais recidivas, continuando a fazer uso da magnesia.

Dr. Homero Cordeiro: - Diz que acompanhou de perto os dois casos do Dr. Ottoni e constatou o otimo resultado conseguido no segundo, pelo emprego da magnesia calcinada. Pelo que tem observado, considera relativamente raros os casos de papilomas do laringe em São Paulo. Alem desses, apenas viu um outro, uma, senhora octagenaria que ha quasi 25 anos é obrigada a fazer a extracção periodica das massas papilomatosas que se vão acumulando no laringe, com perturbação da respiração. Ultimamente, a seu conselho, está fazendo uso da magnesia calcinada. Durante os tres anos que trabalhou na clinica O. R. L. da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, com os Prof. Hilario Gouvêa e J. Marinho, teve ocasião de constatar varios casos de papilomas do laringe em creanças, que eram encaminhados ao saudoso colega Dr. Castilho Marcondes, o introductor entre nós da tecnica bronco-esofagoscopica, tecnica essa que ele praticava com grande perícia e entusiasmo.

Dr. Mario Ottoni de Rezende: - (encerrando a discussão): Refere-se ao emprego da magnesia, cujo uso preconisa, como grande elemento coadjuvante em molestia tão rebelde. Diz ser contra o emprego dos atidos nos laringes das creanças, mesmo do acido azotico, como aconselha Wittmaak, por causa das sinequias. Refere-se á contra-indicação de Chevalier-Jackson, das cauterisações, e lembra que tudo que provoca irritação da mucosa, faz proliferar o papiloma. Nos adultos, a cauterisação tem mais razão de sêr.

2º) DR. HOMERO CORDEIRO (São Paulo) - "Sobre um caso de estenose cicatricial do laringe".

Resumo: O A. apresenta um caso de estenose cicatricial do laringe, post-luetica, em um homem de 46 anos, casado, português. Acusava o paciente passado luetico, tendo ha 5 anos atrás ulcerações disseminadas no faringe e laringe, que desapareceram após tratamento especifico, datando dessa epoca o aparecimento de leve rouquidão, que foi se acentuando gradativamente, até que em 1928 (tres anos depois) estava quasi afonico e com dificuldade na respiração, principalmente quando fazia esforços físicos. Em 27 de Novembro de 1930, o paciente sentindo-se sempre peior, procurou o A. que pelo exame constatou: espaço glotico reduzido a um pequeno pertuito do tamanho da cabeça de um palito de fosforo, e em redor, massas esbranquiçadas de tecido fibroso cicatricial, que pareciam terem invadido todo o laringe, dando a impressão de uma membrana aderente que imobilisava as cordas vocais e aritnoides. Dispnéa, respiração ruidosa com tiragem e cornagem. Afonia completa. A imediata indicação do A. foi a traqueotomia, que o paciente recusou terminantemente. Deante dessa oposição, o A., após anestesia previa, com um bisturi longo de laringe e guiado pela espatula de Brunings, incisou: largamente a membrana fibrosa que mantinha imobilisada as cordas vocais e aritnoides, e assim conseguiu melhorar bastante a respiração precaria do doente. Tres dias depois iniciou o A. a dilatação gradual do espaço glotico, por meio das sondas metalicas de Killian-Brunings, rectas e ôcas (de 7 a 13 mm. de espessura), que eram introduzidas através da espatula de Brunings. No fim de 2 meses a sonda de 10 mm. passava francamente. Descanço de 8 meses. Nova serie de dilatações, que finalisou com a de 13 mm.

O A. assinala que já se passaram 2 anos e o doente continua a respirar bem, sem sinal de recidiva, persistindo porem a rouquidão.

DISCUSSÃO:

Dr. Rafael da Nova: - Felicita o A. pelo sucesso obtido, pois conheceu o doente, ao qual havia indicado a traqueotomia. Acredita que suas melhoras não sejam definitivas; em todo caso, é inegavel que o resultado obtido é otimo e já prolongado. Acha mesmo que dificilmente será encontrado meio mais pratico para obter a cura, que aquele que o A. empregou.

Dr. Roberto Oliva: - Diz ter tido um caso semelhante, de estenose cicatricial do laringe, de origem luetica, lançando mão de todos os recursos, até a traqueotomia, e o doente está na mesma. Pergunta ao A. porque prefere as sondas metalicas rectas e não as curvas, que são mais comodas para o doente e facilmente introduzidas pela simples laringoscopia indirecta.

Dr. Horacio de Paula Santos: - Quer apenas lembrar um caso identico do Dr. J. J. da Nova, apresentado na "Semana Oto-Rino-Neuro-Oculistica", em 1926, curado pela galvano-cauterisação.

Dr. Homero Cordeiro (encerrando a discussão): - Apesar de ter apresentado seu caso somente 2 anos após a ultima dilatação, não quer com isso negar a possibilidade de recidivas posteriores. Responde ao Dr. Oliva, que tambem experimentou as sondas curvas, mas achou seu emprego pouco pratico, porque o cabo dessas sondas é fino e liso, sem ponto de apoio para uma bôa pegada, de modo que ao ser introduzida no laringe, ela escorrega nos dedos e a extremidade dilatadora vira para os lados. Para quem tem certa pratica de broncoscopia, a introdução da sonda metalica recta é facílima e perfeitamente tolerada pelo paciente.

Sugestões apresentadas ao Governo do Estado de São Paulo, pela Secção da
Oto-rino-laringologia do 2º Congresso Medico Paulista, reunido de 6 a 11 de Novembro de 1933.

Departamento de Higiene Escolar

Pelo relatorio apresentado pela Comissão eleita, pelos Congressitas da Secção de oto-rino-laringologia, para que estudassem e formulassem o plano completo de um Departamento de Higiene Escolar, anexo á Secretaria de Educação e Saúde e funcionando em correlação com o Departamento de Instrução Publica, deduz-se, de principio, a necessidade imprescindivel, não só da constituição deste Departamento, como de sua união á Diretoria Geral do Ensino que, de acordo com as mesmas ideias, passará a ser denominada: DEPARTAMENTO DE INSTRUÇÃO PUBLICA E DE HIGIENE ESCOLAR. Que a Higiene Escolar deve estar ligada á Instrução Publica não necessita ser discutido.

A França, a Inglaterra, a Belgica, a Holanda, a Alemanha, a Italia, a Hespanha, os Estados Unidos, a Argentina, o Uruguai, todos possuem os seus serviços de Higiene Escolar, quando não anexos, pelo menos dependentes da Instrução Publica.

Entre nós, pensam pelo mesmo diapasão Miguel Couto, Rui Barbosa, o Congresso de Infancia, reunido no Rio de Janeiro, etc.

Assim sendo, é fato aceite que a Higiene Escolar deve estar de mãos dadas com a Instrução Publica. Não pôde haver, eficiencia de serviço se estas duas entidades andarem dissociadas uma da outra. Nem mesmo se diga que o Serviço Sanitario verá diminuida suas funções de defesa da Saúde Publica, com a perda de ação sobre a Higiene das Escolas; esta, ao envez de periclitar, aumentará em eficiencia pelo contáto diario dos medicos e educadoras com os alunos; ensinando-lhes os preceitos necessarios á preservação das molestias, e, ainda mais, fornecendo-lhes os meios para a cura das que possam sofrer. Ao lado da preservação, o proprio ensino só tem a ganhar com a cooperação intima entre os medicos, os professores e as educadoras sanitarias. Os surdos, os moucos, os miopes, os sofredores de outras afecções oculares, serão selecionados em classes especiais, em que melhor proveito tirarão do que lhes fôr ensinado.

Na superiveniencia de uma epidemia de qualquer natureza, o Serviço Sanitario, desde logo avisado, entrará em ação imediata e correlata com o corpo medico escolar do Departamento de Higiene Escolar que só auxilio lhe poderá prestar nos casos em apreço. O que é necessario é a entrosagem, sem parti pris entre os diversos departamentos atinentes á luta pela Saúde Publica e pela melhoria da Raça. Sem a cooperação e bôa vontade nada é possivel na administração Publica, e quando estas estiverem ausentes devido ao egoismo e, sobretudo, ao orgulho dos responsaveis em sua direção, então continuaremos a gozar da balburdia administrativa que só trará malefícios á comunidade.

Constitue, pois, ponto assente: que o Departamento de Higiene Escolar deve estar unido ao Departamento de Instrução Publica. Devem, se possivel, estar reunidos em um mesmo predio, pelo menos suas diretorias. A eficiencia do serviço correlato só tem a ganhar com esta formula.
A magnitude do problema da Higiene Escolar não é necessaria ser discutida.

Todo mundo sabe do valor que ele encerra, quer para a saúde física, quanto para a formação moral da creança e com estas características quem maior proveito tirará será o Estado e, por ele, a Patria.

Não é natural que o Estado tornando obrigatorio o ensino primario faça com que as creanças se exponham, na vida coletiva a que serão forçadas, aos perigos decorrentes de possivel contagio, sem que uma aparelhagem anexa, de higiene, as proteja contra este, assim como que lhes corrija os defeitos físicos amparando-lhes o desenvolvimento físico e mental pela Assistencia medico-sanitaria e pedagogica perseverante.

A comissão nomeada, em plenario, pela secção de Otorino-laringologia do 2º Congresso Medico Paulista, composta dos Srs. Francisco Figueira de Mello, Inspector-Chefe do Serviço de Higiene Escolar e Educação Sanitaria do Estado de São Paulo, Dr. Sylvestre Passy e Dr. Paulo Sáes, inspectores escolares, do mesmo Serviço, e Dr. Mario Ottoni de Rezende, relator, concatenou em um quadro sinotico, o que julga como organisação, quasi que ideal, de um serviço de Higiene Escolar na altura das necessidades de um Estado como o de São Paulo, que prima em possuir o padrão em todos os ramos departamentaes de serviços publicos de utilidade social e que, infelizmente, neste territorio essencial de sua administração está, positivamente, em atrazo acentuado, em relação ao que possuem outros Paizes e outras cidades de população identica a que tem hoje.

O Departamento de Higiene Escolar terá ação, como é natural, tanto na Capital como no interior do Estado. Na Capital, além de uma Secretaria necessaria á centralisação de todos os serviços burocraticos, pertinentes ás suas atividades; possuirá uma secção de propaganda, arquivo e biblioteca especia lisada.

Como distribuição de sua atividade o Departamento tratará:

a) - DA INSPECÇÃO DOS ALUNOS NAS ESCOLAS - Feira por intermedio dos medicos escolares, auxiliados pelas educadoras sanitarias escolares e sob a coadjuvação assidua e interessada de cada um dos professores das escolas.

Estes funcionarios farão a inspecção e a seleção dos alunos que necessitem de cuidados medicos particulares, e os encaminharão para as clinicas respectivas dos distritos em que se localisarem as escolas.

b) - DA EDUCAÇÃO SANITARIA - tratará o professor, auxiliado pela Educadora Sanitaria, aquele por meio de palestras ao alcance do nivel mental de seus alunos. Esta extendendo a educação aos Pais dos alunos e fazendo a vigilancia sanitaria a domicilio.

c) - A' INSPECÇÃO E A' EDUCAÇÃO SANITARIA - serão anexadas as ESCOLAS DE PUERICULTURA e as ESCOLAS DAS MÃESINHAS, umas e outras para a propaganda ininterrupta dos conhecimentos e noções necessarias ao bom trato dos recem-nascidos afim de que cresçam robustos e sãos. A diminuição da espantosa mortalidade infantil, de nosso meio, só poderá ser obtida com a difusão dos ensinamentos de higiene e da alimentação das creanças neste periodo da vida.

d) - DAS ESCOLAS DE SAÚDE - A' cargo das educadoras Sanitarias e das professoras serão outros tantos jardins da infancia em que ao lado dos habitos de boa higiene, física e moral, as creanças aprenderão as noções elementares da vida e terão, ainda, os divertimentos tão uteis á esta idade. E' nestas Escolas que a Inspecção medica deve atuar mais profundamente, pois que a maioria dos defeitos; vicios, e molestias, poderão ser convenientemente evitados de modo a diminuir-se a preparação daqueles e destas, na idade escolar, onde já se apresentarão definitivamente constituidos e dificilmente sanaveis.

e) - DAS CLINICAS ESCOLARES - Imprescindiveis ao bem estar e á saúde dos escolares. Todas as creanças cuja observação nas escolas, nas creches, nas escolas de saúde, nas escolas das Mãesinhas, etc. que tenham demonstrado qualquer anomalia na saúde, deverão ser encaminhadas ás clinicas escolares distritais, ou, se conveniente, quando exames mais acurados, se tornem necessarios, á GRANDE CLINICA CENTRAL.

Esta ficará assim constituida:
a) - Serviço de Medicina geral.
b) - Serviço de Cirurgia geral.
c) - Serviço de oftalmologia.
d) - Serviço de oto-rino-laringologia.
e) - Serviço de Pediatria medica.
f) - Serviço de Pediatria cirurgica.
g) - Serviço de Tisiologia.
h) - Serviço de Dermatologia.
i) - Serviço contra verminoses.
j) - Serviço de Imunisação.
k) - Serviço de Psiquiatria.
l) - Serviço de Cirurgia Plastica.
m) - Serviço de Odontologia.
n) - Serviço de Roentgenologia e fisioterapia.
o) - Serviço de Laboratorio Clinico.
p) - Serviço de Farmacia.
q) - Serviço de Observação para anormais.
r) - Serviço de Observação para debeis fisicos.

Ao lado da Grande Clinica Central haverá as Clinicas Distritais com a composição seguinte:

1) - Serviço de Clinica Médica.
2) - Serviço de Clinica Cirurgica.
3) - Serviço de Oftalmologia.
4) - Serviço de Oto-rino- laringologia.
5) - Serviço de Dermatologia.
6) - Serviço de Odontologia.
7) - Serviço contra verminoses.
8) - Serviço Imunisação.

Estes postos distritáis serão distribuidos, na Capital, de acordo com os distritos escolares.
E' natural que, a creança, só seja encaminhada para a Grande Clinica Central quando seu caso não possa ter solução nas clinicas distriais. A conveniencia destas clinicas distritais não precisa demonstrar, pois, que a extensão das distancias a percorrer, pelas creanças doentes, no caso da existencia de uma unica Clinica Central, não só traz enormes inconvenientes, de transporte, como para o aprendizado e para a saúde dos mesmos.

No Interior, a inspecção na Escola será feita pelo professor e pela educadora sanitaria, que encaminhará a creança necessitada para o posto de Higiene Escolar, mais proximo. Estes postos terão a mesma formação que os postos distritais da Capital, e ficarão situados nas cidades principais, isto é, nas sédes dos municipios mais importantes; sendo ditribuidos de acordo com a importancia da zona a que deverão servir, até que as condições financeiras permitam localisar um posto em cada uma das sédes dos municipios do Estado.

A inspecção de todos os postos de Higiene Escolar do Estado será feita de acordo com as necessidades, por um inspetor indicado pelo Chefe do Departamento.

Ao lado destes serviços medico-pedagogicos, serão fundadas COLONIAS DE FÉRIAS, no mar e na montanha, para que as creanças pobres possam gozar dos elementos necessarios ao revigoramento de suas saúdes. As ideias emitidas acima estão sujeitas á melhoria dos tecnicos no assunto, afim de quer a entrosagem de seu mecanismo possa ser mais perfeita, de fôrma a produzir maior resultado pratico, assim a educação fisica deverá possuir um serviço na. constituição das escolas de saúde.

A Comissão de Tecnicos que apresenta as ideias expostas. sobre a fundação de um Departamento de Higiene Escolar dá, em seguida, o tipo de organisação de um dos seus serviços.
Funcionará, por exemplo, o serviço de oto-rino-laringologia.

Na CAPITAL e na Escola ao Medico escolar competirá o exame dos necessitados de tratamento para as afecções que possam sofrer os alunos para o lado do aparelho auditivo, do nariz, da garganta, etc., a ele incumbe a seleção dos alunos e seu envio á Clinica Central ou a uma das clinicas distritais, conforme o gráu da molestia e a necessidade do exame a ser praticado.

Orientará, ainda, a educação Sanitaria dos escolares e lhe ministrará os principas gerais de higiene da especialidade. A' educadora sanitaria será atribuida a vigilancia a domicilio; a instrução dos pais dos alunos; a observancia da realidade na execução do receituario e do tratamento prescrito, e além disto, auxiliará ao medico escolar no seleção das creanças doentes.

Na secção de oto-ripo-laringologia da GRANDE CLINICA CENTRAL serão praticados pelos especialistas, que nela tenham estagio.:
a) - exame oto-rino-laringologico.
b) - tratamento medico.
c) - tratamento cirurgico.
d) - instruções aos pais ou responsaveis pela saúde das creanças.
e) - classificação dos moucos (duros de ouvido).
f) - classificação dos surdo-mudos.
g) - todos os exames necessarios ás pesquizas de lesões cerebrais em que entrem perturbações para os lados dos ouvidos, nariz, faringe e laringe.

Nas clinicas distritais serão executados, quando possivel, os tratamentos medicos e cirurgicos; serão ministrados conselhos aos pais dos alunos e serão praticados os exames oto-rinolaringologicos que não exijam aparelhamento especial e cuidados minuciosos nas pesquizas dos sintomas apresentados pelo doente.

Em cada grupo escolar haverá, sob o controle dos especialistas da clinica distrital, classes especiais:

a) - para moucos (duros de ouvido).
b) - para ozenosos.

Tabela

Os surdo-mudos só poderão ser educados, e isto depois de cuidadosa seleção, pois que entre eles existem inumeros atrazados mentais, que nada aproveitarão do ensino ministrado
e de esforço despendido, em estabelecimentos especiais e por professores abnegados e que conheçam os metodos de ensino a serem empregados e possam apreciar a psicologia de cada aluno, ministrando-lhe o ensino de acordo com o gráu de desenvolvimento mental de cada um. Em escolas comuns e, diga-se mesmo, com ensino em externatos, será humanamente impossivel ensinar-se a falar a um surdo-mudo. São Paulo que possue, nas irmãs do Calvario um nucleo abnegado e brilhante de educadoras destes infelizes, não deve perder o que Deus lhe trouxe, tão expontaneamente, fornecendo-lhes um estabelecimento, na altura de seus conhecimentos, para que possam dilatar, em meio de relativo conforto, o esforço que dispendem com tão poucos surdos-mudos (18 ao todo), o Governo do Estado, que, cuja população, pelos calculos estatisticos conhecidos deve ter, aproximadamente, 1.500 surdos-mudos em idade escolar, terá resolvido, em parte, dois importantes problemas: a) - o de uma escola de professores para surdo-mudo e b) - o abrigo e ensino de pelo menos 100 destes infelizes. Como semelhante nucleo de estimulo inicial, para quem tão pouco possue, ter-se-á qualquer cousa que, qual semente lançada em terreno ubertoso, como o é o de São Paulo, logo dará a arvore os frutos consequentes.

No interior e na escola á educadora e ao professor incumbirá a inspecção e a seleção dos alunos doentes, que caso necessario, serão enviados aos postos distritais onde o especialista fará o exame, o tratamento medico ou cirurgico e dará as instruções necessarias ao melhor proveito do aluno. Caso se trate de molestia mais seria, o paciente será enviado á Capital para exame e tratamento mais convenientes.

Nas cidades pequenas e nos distritos de Paz, o professor fará a inspecção e a educadora sanitaria encaminhará o menino doente para o posto do distrito.mais proximo.

Eis, aí, meus Senhores, em linhas gerais, a organisação aconselhada pela Comissão encarregada pela secção de otorino-laringologica do 2.º Congresso Paulista de Medicina, reunido em São Paulo, de 6 a 11. de Novembro de 1393.

Esta Comissão, como já ficou dito, não tem a pretensão) de haver resolvido idealmente, o problema, pois que novas e melhores sugestões poderão aparecer trazendo, ao conjunto, modificações mais sabiamente justificadas; mas, a boa vontade em ser util ao nosso Estada, levou seus membros a aceitarem o espinhoso encargo de elaboração da organisação de um Departamento de tão grande importancia para a vida e educação de nossas creanças.

Pensa, a Comissão, que, de inicio, a base da higiene escolar deve fixar-se na vida dos recem-nascidos e na idade pré-escolar. Os cuidados fisicos e alimentares e higienicos de nossas criancinhas torna-las-hão fortes e sadias, fornecendo as creches aos jardins da infancia, material sadio e robusto para que o ensino se torne facil e a higiene possa continuar em jornadas seguras, a defende-Ias contra a morte que as espreita em cada canto.

E' na idade pré-escolar que a observação medica e os melhores cuidados devem ser empregados afim de que possa ser resolvido o momentoso problema da higiene escolar entre nós.

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