SOCIEDADE RIOPLATENSE DE OTORINOLARINGOLOGIA (*)
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Muito interessante e produtiva a ação desenvolvida por esta corporação cientifica. Congregando todos os anos alternativamente em Buenos Aires e Montevidéo, a maior parte dos grandes especialistas platinos, oferece oportunidade frequente para uma grande aproximação cientifica entre eles, ao mesmo tempo que reforça os laços de fraternidade internacional e proporciona melhor intimidade cultural.
Neste ano, em um gesto de cortesia para com os brasileiros, a Rio-platense convidou-os a tomar parte em seu conclave, lembrando o nome do Dr. Francisco Hartung, oficiando nesse sentido á Secção de Oto-rino-laringologia da Associação Paulista de Medicina. Assim,em vez de dois têmas oficiais regulamentares, houve mais um reservado para o Brasil.
A reunião efetuou-se em 28 e 29 de Abril pp. A presença do Prof. Segura na presidencia da primeira sessão constituiu uma garantia do seu sucesso: a sua personalidade cientifica é por demais conhecida no Novo e no Velho Mundo, dispensando qualquer apresentação, tal a sua capacidade de trabalho e entusiasmo pelo ramo da medicina que abraçou. As vezes, empalidece o vulto do cientista para que se possa melhor apreciar outro aspecto de sua personalidade: não é mais o medico que fala, mas o paladino da solidariedade sul americana. Ainda agora, quando concitava os especialistas para acorrer ás adesões do 1° Congresso Sul-Americano de Otorinolaringologia, a reunir-se em Buenos Aires em 1940, aproveitou a presença do representante brasileiro para externar as suas grandes simpatias pelo nosso paíz.
O têma uruguaio versou sobre "Petrosites Ontogênicas". O seu relator, Dr. A. Santoro, é um jovem especialista de Montevidéo que demonstrou conhecer em todos os detalhes da otologia moderna, o aspecto cientifico deste importante problema. Depois de introdução e definição da petrosites, o A. fez um apanhado de embriologia, anatomia normal e patologica. Em seguida desenvolveu muito bem a sintomatologia do rochedo doente, passando a uma meticulosa observação da evolução e das complicações da molestia. O trabalho terminou com um apanhado das diversas vias cirurgicas que têm sido alvitradas para atingir-se a ponta do osso peroso.
(*) Graças á gentileza do Dr. Francisco Hartung, publicamos, antecipadamente, o relatorio que irá apresentar á Secção de O.R.L. da Associação Paulista de Medicina, em 17 de Maio de 1939.
Raul Becco é o atual presidente da Rio-platense. Muito amável e distinto, captivou o representante brasileiro pelas suas finezas.
Apresentou em sessão um grupo de doentes operados de radical de ouvido, que mereceram atenção pelas modificações de plastica que o A. idealizou e pôs em pratica.
A "Otomástoidites do lactante" serviu de assunto para uma apresentação do Dr. J. Carlos Oreggia, de Montevidéu. O simpatico coléga uruguaio dissertou com muito interesse a respeito do comprometimento da mastoide durante as otites medias e da indicação operatoria da apófise no lactante. E' partidário, em determinados casos, da simples incisão de Wilde ao envéz da trepanação. Embora tenhamos discordado de certos pontos de vista manifestados, julgamos um trabalho bastante apreciavel.
Podestá é nosso velho conhecido e sabemos bem do seu valôr. Apresentou magníficas microfotografias sobre os abcessos latero-faringêos".
A sessão seguinte realizou-se no Anfiteatro da Faculdade de Medicina a 29 de Abril. A presidencia coube ao Prof. Alonso e ao representante brasileiro. Iniciou-se com a presença dos sócios da Rio-platense e grande numero de alunos da Faculdade, porque, como se sabe, Belou alia as suas qualidades de otorrinolaringologista a sua reputação de anatomista eminente. O seu trabalho "Revisão do Sistema Arterial em Otorinolaringologia". têma oficial argentino, impressionou profundamente, porque constitue o resultado de esforço e perseverança durante 25 anos de atividade. Apresentou grande numero de córtes, dessecações, fotografias, estereofotografias e estereoradiografias. Em verdade, o tituio do trabalho não corresponde bem á realidade, porque ele encerra em síntese toda a angeologia humana. Sob o ponto de vista cientifico, não se pôde exigir uma mais completa; ficará como um tratado classifico a enobrecer a cultura medica Argentina.
Casteran dissertou sobre as "Ametropias na patogenia da rinite vaso-motora", com ideias proprias que chamaram a atenção do auditório.
Alonso, o consagrado professor de Montevidéu, apresentou um ensaio sobre o "Tratamento do Câncer da goteira faringolaringéa"; depois, fotografias de "Plásticas reparadoras". E' bem conhecida entre nós a autoridade do catedrático uruguaio em varios sectores da especialidade. Não conhecíamos, entretanto, este aspecto de sua atividade, dedicando-se tambem á cirurgia estética, que muito apreciamos.
"Aftas recidivantes" e "Contribuição ao problema da anestesia na adenoidectomia infantil" serviram de assunto para duas apresentações de M. Rius, tambem uruguaio. A ultima sucitou muito comentado, porque abordou o problema da anestesia. Deste trabalho, concluímos que no Prata ha grande ecleticismo no tocante a este assunto. Verificou-se que autoridades ha que operam com ou sem anestesia, de acôrdo com o temperamento da creança a operar. 0 problema do traumatismo moral gerado pelo inesperado da operação foi bem discutido e comentado.
Dispertou tambem interesse um estudo sobre o "Tratamento de bico de lébre e fissuras palatinas", apresentado pelo Dr. E. Apolo, tratamento cirurgico e ortopédico.
Um nome que não apareceu escrito, mas que sempre esteve presente ás sessões foi Cetrá. E um velho amigo nosso, desde Viena em 1924. Sem favor nenhum, ele é hoje uma das maiores autoridades do mundo em cirurgia da laringe, contando perto de 300 laringectomia: E lastimável que escreva tão pouco, porque Cetrã é um nome que precisa ser muito mais conhecido; raríssimos cirurgiões de laringe terão a sua experiencia. E bem verdade que percebemos certo cepticismo em relação aos progressos da roentgenterapia, depois de Coutard, e daí as suas tendências cirurgicas. Mas mesmo assim, ninguem lhe pode negar a sua formidavel capacidade de trabalho e experiencia; hoje quasi que é exclusivamente laringologista, não lhe sobrando tempo para outros setores de nossa especialidade. A laringectomia constitue um problema que, positivamente, precisamos dar outro desenvolvimento no Brasil. Como compreender que Cetrá haja operado perto de 300 laringes, ao mesmo tempo que no Uruguai, paíz cuja população é menor que a da cidade do Rio de Janeiro, Alonso consiga realisar mais de 250 extirpações do orgão? E bem possivel e provável que o câncer do laringe seja mais frequente no Prata que no Brasil. Mas nada justifica o confronto com as nossas paupérrimas estatísticas. A responsabilidade desse atrazo é nossa e devemos assumir uma atitude de reação contra este nosso descaso. Não temos a impressão de que estejamos em situação de inferioridade em relação aos nossos irmãos do Prata em materia medica geral. Vamos mantendo sempre um paralelismo, mas neste capitulo de cirurgia da laringe, a nossa situação é desconcertante. Como explicar que Cetrá consiga em uma semana três laringectomia para convidar-nos a assistir? Haverá quem pense ser demasiado tarde para estas ideias, depois da nova orientação francesa, que tanto melhorou o prognostico em certas classes de cânceres. Será um erro esse pensamento. Em primeiro lugar porque o proprio Coutard tem restringido a indicação roentgenterapica e, em segundo porque, mesmo para os casos de indicação bem definida, o problema econômico é tremendo, e muitos doentes não poderão valer-se dos raios X. Pode-se exigir sacrifícios por parte do medico; mas não é possivel forçá-lo a dispender quantias consideráveis em favor dos clientes. A solução, para muitos deles, será ainda a cirurgia.
O tema brasileiro que a nós foi confiado versava sobre "Leishmaniose das vias aéreas superiores". O trabalho constava, depois de um capitulo de introdução, de uma primeira parte constituiria por definição, historico, distribuição geográfica, agente patógeno, transmissão, epidemiologia, anatomia e histologia patologicas, e patogenia; na segunda parte foi incluiria a anamnése e a descrição das formas clinicas nasal, bucofaringéa, laríngea e labial; á terceira, foi reservado diagnostico diferencial com a tuberculóse, sifilis, blastomicóse, lepra e câncer; na quarta parte, estudou-se o tratamento, quér dizer, os antimoniais, arsenicais, vacino terapia e tratamento locais; o prognostico constituiu a quinta parte e um esboço de profilaxia foi exposto na sexta. O ultimo capitulo foi, reservado para conclusões. E' evidente que um trabalho desta extensão, com perto de sessenta paginas, não deveria ser lido. Assim depois de definir a molestia, chamamos a atenção para a sua destribuição geográfica na América do Sul e o fenomeno nosologico da leishmaniose no Estado de S. Paulo, demonstrando pelos dados estatisticos como a molestia acompanhou a curva ascensional da riqueza do Estado. Passando rapidamente pela patogenia e vias de transmissão, insistimos sobre a necessidade da luta contra os mosquitos, sobretudo contra o flebotomus, Particular atenção foi dedicada á possibilidade de surtos epidêmicos durante as derrubadas de matas; é oportuno falar nisto na Republica Argentina neste instante, porque as novas plantações de algodão e o preparo do terreno poderão deflagrar epidemias no Norte do paíz, onde a molestia existe. Depois descrevemos dentro de possivel detalhe as formas mucosas, insistindo sobretudo nas formas nasais. Em seguida fizemos projetar os 44 diapositivos que daqui levamos, alem dos 5 desenhos mostrando as deformações e mutilações. Dedicamos alguns momentos á terapeutica, ressaltando os esforços dos cientistas e clinicas brasileiros no sentido de resolver o problema. Trouxemos a impressão que o assunto interessou, porque a molestia existe, alias em escala maior que pensávamos no Norte da Republica, em suas fronteiras com a Bolívia e Paraguai. Os colegas portenhos, devido á grande raridade da molestia, em Buenos Aires, conhecem-na muito mal; um deles disse-nos com franqueza, depois da nossa exposição, que tais casos seriam por ele diagnosticados como lepra. No Hospital Ramos Mejia, o Prof. Zambrini, mostrou-nos um caso evidentemente de leishmaniose, cujo diagnostico estava ainda em estudo. Um outro colega havia encontrado só dois casos em toda sua vida clinica. Posteriormente á nossa comunicação, tivemos ocasião de trocar largamente impressões com os colegas platinos sobre o assunto. Acentuamos tambem o grave problema moral da leishmaniose, alem do seu aspéto econômico. Estamos todos os sul-americanos na obrigação de acudir a estes infelizes, desbravadores de sertões, que aqui como no Prata, estão construindo o futuro da América do Sul.
Dos hospitais de Buenos Aires já conhecíamos a maior parte, tanto as ótimas instalações do Prof. Segura, no Hospital de Clinicas, como o Serviço do Prof. Zambrini, no Hospital Ramos Mejia. Em ambos fomos mui gentilmente recebidos e externamos os nossos agradecimentos. No Hospital Espanhol trabalha o nosso grande amigo Tato, onde ele nos proporcionou uma demonstração bem interessante: diatermo-coagulação do gânglio de Gasser segundo o aparelho e técnica de Kirschner. Bastante engenhosa esta técnica, que comparando dados crâneometricos com os resultados de chapas radiograficas, consegue a penetração do buraco oval e portanto atingir-se o gânglio segundo uma angulação matemática. Tato mostra-se muito satisfeito com os seus resultados, tendo realisado a coagulação já muitas vezes sem o menor incidente. Uma vez introduzido o electrodo, estabelece-se a corrente elétrica; quando o gânglio se acha coagulado, a agulha automaticamente interrompe a corrente; em geral, a coagulação se dá entre 300 e 400 milampéres. A ponta da agulha, ao ser retirada, mostra o material do gânglio carbonizado. Afirma Tato que a coagulação da meninge circunvizinhante, na face anterior do rochedo, não tem a menor consequencia, não se refletindo no exame do liquido céfalo-raquidiano. No Hospital Espanhol, tivemos a ocasião de operar algumas amigdalas; verificamos que a manobra de Paulo Brandão no uso do Sluder, é bastante apreciada.
O Hospital Central do Exercito em Palermo, é a ultima realização na assistência médica na Republica Argentina. Enorme edifício, com 10 ou 12 andares e todos os requisitos modernos de conforto e eficiência. Reflete bem o progresso da metrópole portenha, que avança e evolue em todos os sentidos. Nestes ultimos anos, Buenos Aires transfigurou-se: novas avenidas foram rasgadas, demolições e construções vêm-se de todo o lado; é bem verdade de que a capital Argentina perdeu o seu aspécto um tanto francês que desfrutava; mas, em compensação, ganhou em modernismo. Não é só em seu aspécto material que progride a metrópole: a imprensa, os teatros, musicas, magníficos concertos, correspondem bem ao acelerado ritmo de evolução do pensamento argentino.
Tambem como no Brasil, na Argentina, a organização de assistência medico-social, se apresenta vantagens para a coletividade, tem entretanto contribuído para abalar e dificultar a posição dos profissionais. Como aqui, em resultado desta socialização, vai o medico perdendo o respeito e o prestigio que desfrutava outrora. Não se sabe bem onde iremos parar se prosseguirmos nesta direção, mas positivamente que não será um movimento proveitoso para o progresso da medicina, e só terá a perder com estes novos rumos. Póde-se estabelecer uma remuneração "standard" para o experimentador do laboratorio ou gratificá-lo pela sua perseverança no regimen do "full-time" ; mas cousa diferente é pretender organizar tabelas e ordenados para os sacrifícios da clinica. Foi mais uma impressão que tivemos no Sul, coincidindo este ponto de vista com aquele de um dos notáveis professores da Universidade de Buenos Aires.
BANQUETE NO HOTEL ALVEAR
Não devemos terminar estas impressões, sem manifestar os nossos agradecimentos pelo ambiente hospitaleiro e amigo a nós proporcionado por todos os colegas argentinos e uruguaios. A todos ficamos devendo finezas. Ao nosso grande amigo Dr. Tato, secretario da Rio-platense, que se multiplicou oficial e particularmente para a magnífica impressão que trouxemos de Buenos Aires, o nosso particular obrigado.
Ao representante brasileiro não passou Tambem desapercebida a especial fineza do Dr. Raul Becco, digníssimo Presidente da Sociedade Rio-platense, quando lhe convidou a assumir a Presidencia, na segunda Sessão, em companhia do Professor Alonso. No banquete de encerramento, no Hotel Alvear, de novo foi reservado um logar de honra para o nosso representante. Saudado e brindado pelo Presidente da Rio-platense, respondeu-lhe nos seguintes termos:
"Sr. Presidente da Sociedade Rio-platense de Otorinolaringologia. Meus caros amigos e colegas argentinos e uruguaios.
Serão de agradecimento as minhas primeiras palavras; partidas do coração, um desalinhado de expressões, mas que refletem toda a sinceridade no sentir do vosso amigo brasileiro, ao qual concedestes a honra insigne de cooparticipar no vosso conclave cientifico.. Podereis estar certos que, apenas chegado á minha terra, contarei aos meus patrícios o muito que aprendi em vosso convívio, darei o meu testemunho da ótima cultura medica do Rio da Prata, e externarei o meu sentimento de gratidão pela maneira gentil, cordeal e hospitaleira dispensada ao especialista estrangeiro, que outra credencial não tinha que não fosse ser filho de um paíz irmão e amigo.
E como não sermos nós amigos e irmãos, se em contáto temos muitos pontos de nossas tradições, se das mesmas fontes emanaram as nossas formações espirituais e se a nossa evolução política e cultural demonstra nitidamente o paralelismo das nossas aspirações, sempre obedecendo ao mesmo determinismo historico, oriundo das conquistas liberais do ultimo quartel do século XVIIII E assim, se poucos anos mediaram entre o Congresso de Tucumã e o grito vitorioso do Ypiranga, tambem San Martin e José Bonifácio muito não esperaram para que o povo do outro lado do Prata compreendesse o sentido das inspirações patrióticas de Artigasl E por isso, as nossas aspirações, os nossos estremecimentos, as nossas tristeza e a nossas alegrias, em pouco mais de duas décadas, culminaram e sublimaramse na independência
Depois, com cuidado, tratamos de sedimentar as conquistas então realizadas, centrifugando e expurgando tudo o que pudesse contaminar a pureza do precipitado nacionalista. Em verdade, não foi dificil este trabalho de consolidação nacional, porque se a Espanha e Portugal nos legaram os costumes, o sangue e a lingua, o mesmo Christo que, nos Andes, domina os desfiladeiros que serviram aos exércitos vitoriosos de San Martin, na capital do Brasil, do alto do Corcovado, protege e orienta a evolução do povo brasileiro.
Bem disse um dia um dos mais cultos e prestigiados dos especialistas argentinos, que o brasileiro é sempre um enamorado da sua terra. Como não ser eu um estasiado pelo meu paíz, si o meu berço foi embalado na Petrópolis risonha, e desde os albores da existencia fui acostumado a deslumbrar-me do alto da Serra dos Orgãos com a moldura maravilhosa da Guanabara?
Acreditai porém, meus amigos argentinos e uruguaios, que mesmo estasiado com as suas praias incomparáveis e as suas montanhas alterosas, o brasileiro do trabalho e do pensamento acompanha com todo o entusiasmo o progresso e a evolução dos seus irmãos do Rio da Prata, porque ele bem sabe do esforço e da cultura dos seus amigos do Sul. Acreditai mais que, si o povo das margens do Ypiranga aplaude a cultura, tambem acompanha com toda a simpatia o nacionalismo platino. Ele bem sabe que si na magnífica Montevidéo, fácil é de encontrar-se o monumento de Artigas a dois passos da Avenida 18 de Julho, na catedral da esplendorosa Buenos Aires, cidade-orgulho da civilização latino-americana, na Plaza de Mayo, o tumulo de San Martin, simboliza o espírito da Pátria, na Republica Argentina.
E nem será por menos, meus caros amigos e colegas, que oferecemos hoje ao mundo insatisfeito e convulso, o soberbo e magnífico espetáculo de consciência cívica das nacionalidades sul-americanas
Em nome dos nossos colegas e amigos brasileiros, faço votos pela prosperidade da Sociedade Rio-platense de Otorinolaringologia e levanto a minha taça á crescente fraternidade entre argentinos, uruguaios e brasileiros
Em nome dos especialistas uruguaios falou o Dr. Juan Oreggia que por sua vez saudou os colegas argentinos e brasileiros.
PRIMEIRO CONGRESSO SUL-AMERICANO DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA
Na sessão de encerramento do Primeiro Congresso Brasileiro de Oto-rino-laringologia; realisado no Rio de Janeiro em Outubro de 1938, deliberou-se, por aclamação, a realização em Buenos-Aires, em 1940, do Primeiro Congresso Sul-Americano de Oto-rino-laringologia.
O comitê executivo deste Congresso é o seguinte: Presidente: Prof. Eliseo V. Segura; Prof. Francisco Pérez (Fac. de Medicina de Rosário) ; Prof. Heriberto Walker (Fac. de Medicina de Córdoba) ; Prof. Pedro L. Errecart (Fac. de Medicina de La Plata) ; Prof. J. Layera; Prof. Antonio R. Zambrini; Prof. Santiago L. Aráuz; Dr. Humberto Bisi; Prof. Raul V. Becco; Dr. Dr. Alfredo R. Dodds; Dr. Jorge 1. Del Piano; Dr. Abel Prini; Dr. lago Franchini; Dr. Raúl Bergara. Secretario geral: Dr. Eduardo Casterán. Secretários adjuntos: Drs. Carlos P. Mercandino e Juan M. Tato.
A secretaria do Congresso já recebeu a adesão dos seguintes paizes: Uruguai, Paraguai, Brasil, Peru, Argentina e Venezuela. O Comitê resolveu que neste Congresso serão debatidos três temas unicos, subdivididos em oito relatórios oficiais, aceitando-se, entretanto, toda colaboração livre que verse sobre os mesmos têmas.
No momento, os Comitês regionais estudam a designação de um relator oficial para cada Paíz que aderiu ao Congresso. Os têmas oficiais e unicos são os seguintes:
As infecções dos seios paranasais e seu tratamento.
Têma I - As infecções do seio maxilar e seu tratamento.
II dos seios frontal e etmoidal e seu tratamento.
III do seio esfenoidal e seu tratamento.
A cirurgia conservadora do ouvido médio.
Têma IV - As indicações da cirurgia conservadora, etc. "
V - As técnicas operatorias e seus resultados.
VI - Os resultados funcionais imediatos e a distancia na cirurgia conservadora do ouvido médio.
A fisiopatologia do ouvido interno.
Têma VII - A fisiologia do labirinto anterior.
VIII - A fisiopatologia do labirinto posterior.
Os relatórios oficiais deverão ser entregues, á secretaria do Congresso, para fins de impressão, antes do dia 31 de Dezembro de 1939.
Os titulos das comunicações deverão ser enviados, á Secretaria, antes do dia 28 de Fevereiro de 1940, data em que encerrar-se-ão as inscrições.
Para informações e inscrições dirigir-se á Secretaria Geral, em Buenos-Aires - Calle Montevidéo, 696 - Republica Argentina.
VI CONGRESSO DA SOCIETAS OTO-RHINO-LARYNGOLOGICA LATINA
Sua proxima reunião em Utrecht. O programa oficial.
Como presidente do Comitê Brasileiro da Societas Oto-rhinolaryngologica Latina, recebeu o Snr. Dr. Raul David de Sanson, do secretario geral, Dr. F. Chavanne, o programa do VI Congresso, a reunir-se na cidade de Utrecht, na Hollanda, sob a presidencia do Professor Quix, que ainda o ano passado, realizou no Rio de janeiro uma serie de memoráveis conferencias.
O Congresso reunir-se-á do dia 28 ao 31 de Agosto do corrente ano, tendo sido convidado o presidente do Comitê no Rio de Janeiro, Dr. Raul David de Sanson, para fazer uma das três conferencias que contam do programa. O assunto designado foi "A cirurgia do seio frontal e suas complicações".
É o seguinte o programa do Congresso:
1 - Relatorio - O labirinto vestibular - Introdução pelo Professor Quix:
1.° - Anatomia - a) As vias nervosas do sistema vestibular - Prof. Broek, de Utrecht; b) Os centros vestibulares - Prof. Kappers, de Amsterdã; c) Anatomia e topografia dos elementos sensoriais do labirinto vestibular - Dr. Egmond. de Utrecht,
2.° - Fisiologia - a) Canais semi-circulares - Prof. Tullio, de Parma; b) Orgãos otoliticos - Prof. Tenaglia, de Milão; c) Centros vestibulares - Prof. Di Giorgio, de Florença.
3.° - Exame clinico - a) Canais - Dr. Helmortel, de Antuérpia; b) Otólitos - Dr. Moulonguet, de Paris.
4.° - Fraturas do labirinto e do osso pétreo - Dr. Ramadier, de Paris,
5.° - As vertigens auriculares - Drs. Bouchet, Aubry e Ombredanne, de Paris.
6.° - O enjôo - Prof. Larroudé, de Lisboa.
7.° - O mal da aviação - Prof. Matzianu, de Bucarest.
II - Discussão geral_ sobre os sulfamidos em O.R.L. A discussão será iniciada pelo Dr. Mendonça, de Lisboa.
III - Conferencias - 1.°) Dr. David de Sanson (Rio de Janeiro)
A cirurgia do sinos frontal e suas complicações. 2.°) Dr.Hautant (Paris): Os recentes progressos no tratamento do cancer.
O secretario geral solicita aos membros brasileiros, a fineza de remeter a quantia de 150 francos. As adesões e quotizações devem ser remetidas ao secretario geral, Dr. F. Chavanne. 5, Place des Cordeliers, Lyon, ou ao Dr. Raul David de Sanson. Rua S. José, 43, l.° - Rio de Janeiro.
CURSO DE BRONCO-ESOFAGOSCOPIA
A convite do Dr. J. M. Le Mee, chefe da Clinica Oto-rino-laringologica do Hospital Necker Enfants Malades, e do Dr. Braine, cirurgião dos Hospitais de Paris, Director da Escola de Anatomia dos Hospitais, o Dr. Chevalier Lawrence Jackson, professor de Bronco-esofagoscopia da Templo University, de Filadelfia, com a colaboração dos Drs. Fernand Eeman, de Gand, Da Costa Quinta, de Lisboa, J. Vialle, de Nice e A. Soulas, de Paris, antigos assistentes das Clinicas Broncoscópicas de Filadelfia, iniciará a 3 de Julho de 1939 um curso teorico-pratico de broncologia e esofagologia.
O curso será administrado em francês, inglês, português e espanhol; constará de 10 lições, encerrando-se em 13 de julho. As sessões teoricas e demonstrações clinicas serão pela manhã no Hospital Necker Enfants Malades (Pavilhão Blumenthal) e os trabalhos práticos á tarde, na Escola de Anatomia dos Hospitais (1 7, Rue du Fer à Molin). O numero de participantes é limitado á 21.
Inscrição: 3.800 francos (100 dólares).
Informações e inscrições com o Dr. Zha - 55, Rue de Varenne - Paris.
IV CONGRESSO INTERNACIONAL DE OTO-RINOLARINGOLOGIA
Amsterdã, 29 de Julho - 3 de Agosto de 1940.
Durante o IV Congresso Internacional de O.R.L., a reunir-se em Amsterdã, de 29 de Julho a 3 de Agosto de 1940, serão apresentados e discutidos os três seguintes têmas:
I - O movimento ciliar das mucosas das vias acres& superiores. Relatores: Prof. A. Hermann (Erfurt) : O movimento ciliar das membranas mucosas; V. E. Negus (Londres) : O movimento ciliar no laringe e bronquios; Arthur W. Proetz (St. Louis - U.S.A) : 0 movimento ciliar nas fossas nasais.
11 - Afecções alérgicas.
Relatores: Paul Kallos (Suécia): A alergia sob o ponto de vista geral; Prof. C. E. Benjamins (Groningen - Hollanda) Coriza dos fenos; French K. Hensel (St. Louis - U.S.A.): Alergia em oto-rino-laringologia e sua relação á outras manifestações.
III - O tratamento da doença de Méniere.
Relatores: Maurice Aubry, Marcel Ombrédanne (Paria): O tratamento cirurgico da doença de Méniere; Prof. Giorgio Ferreri (Roma): O tratamento não cirurgico da doença de Méniere.
O Comitê do Congresso encontra-se assim constituído:
Presidente: -T Prof. Burguer.
Tesoureiro: - Dr. M. J. Ten Cate.
Secretaries: - Drs. Kokkum e Marres.
Para informações: - Willemsparkweg, 31 - Amsterdã.
A respeito da participação da Secção de O.R.L. da Associação Paulista de Medicina á ultima reunião da Sociedade Rio-platense, recebeu o Dr. Ernesto Moreira, seu atual presidente, o seguinte oficio dessa Sociedade.
De nuestra consideración:
Las autoridades de la Soc. Rio-platense se complacen en manifestarle que todos los miembros de nuestra Sociedade han apreciado en su alto valor el honor que han hecho hacíendose representar en nuestra XIII. Reunión por la prestigiosa figura del Dr. F. Hartung cuyo relato, ali como sus frecuentes apartes en las discusiones han contribuído al brillo de este certamen científico. Como un homenaje al Brasil, a esa prestigiosa Asaociacón y a los méritos personales del Dr. Hartung esta Comisión le invitó a presidir una de las lesiones científicas en companhia del Prof. J. Alonso de Montevidéu,
EI Dr. F. Hartung, un declarado amigo de la amistad y confraternidad Sud-Americana, ha podido apreciar en que grado es simpática entre nosotros esa ides y como se aprecia al Brasil.
Con la seguridad de contar con el apoyo de esa Associación para el próximo Congresso sud-americana de O.R.L, que se reunira el próximo ano en Buenos Aires y al cual se ha adherido la Sociedad Rioplatense. Nuestros rnás cordiales saludos,
J, M. Tato - Secretario.
RAUL Becco - Presidente