Ano: 1933 Vol. 1 Ed. 6 - Novembro - Dezembro - (9º)
Seção: Revista das Revistas
Páginas: 487 a 511
REVISTA DAS REVISTAS
Autor(es): -
ARCHIVES OF OTOLARINGOLOGY Vol. 18. N.º 1. - Julho de 1933.
FREDERICIZ FIGI (Rochesfar). Sarcoma do laringe. - Pag. 21.
O sarcoma é um tumôr que se tem tornado raro na literatura do laringe. Este facto, naturalmente, não decorre da diminuição desta especie de tumores e sim porque os patologistas têm mudado o modo de interpretar os achados histologicos. Com efeito, muitos neoplasmas do laringe, antigamente considerados como originarios nos tecidos de sustentação, têm passado para a classe dos tumores de origem epitelial; dai a diminuição de seu numero. Para 713 casos de carcinomas do laringe, observados nas clinicas dos irmãos Mayo desde 1910, não encontramos mais de que 4 casos de sarcoma.
Como o carcinoma, o sarcoma pôde originar-se em qualquer porção do orgão; mas em geral começa tambem nas cordas vocais; com frequencia o tumôr tem tal estensão, que é impossivel determinar a arca de onde ele parte. Em geral é um neoplasma pedunculado, e pôde ser tambem lobulado; ordinariamente, não ha ulceração, em contraste com o que se dá com o carcinoma; a sua superficie é coberta com uma tenaz mucosidade, o que aparentemente dá a ilusão de haver um processo ulcerativo. Via de regra, é um tumôr unais localisado de que o carcinoma; e tem menos tendencia a infiltrar-se, muito embora possa ter maiores proporções de que aquele. Assim tambem as metástases são mais retardadas.
Os primeiros sintomas são devidos a interferencia mecanica com a funcção e dependem do tamanho e situação do tumôr. A rouquidão é o primeiro sintoma notado, que é invariavelmente seguida por dispnéa; dentro de um tempo naturalmente variavel; disfagia não é um sintôma proeminente; a menos que o tumôr tenha o seu ponto de inicio na epiglóte, ou que o seu tamanho faça protusão no hipofaringe. Dôr ou desconforto da garganta; tambem são elementos de grande relevo, talvez devido a pouca tendencia á infiltração. Como se vê, nenhum destes sintômas permite um diagnostico diferenciai, o que só é possivel mediante a biopsia.
O prognostico do sarcoma do laringe dependerá, como do carcinoma, dependerá de sua extensão e da radicalidade com que fôr retirado. Em geral, o sarcoma é de prognostico um pouco melhor de que o carcinoma; já que uma alta percentagem deles são pediculados, e que tem menor tendencia a infiltração e ás metástases. O autor passa depois a resumir 4 observações. Todos os doentes foram operados, um em 1917, outro em 1925, outro em 1927 e finalmente um ultimo em 1931, sendo que em dois houve associação de radioterapia. Todos estão vivos, menos o primeiro que aliás faleceu de gripe algum tempo depois de operado, e aparentemente sem recidiva do tumôr.
ORAM KLINE. (Camden). - Otorréa expontanea cerebro-espinal. - Pagina 34.
Esta comunicação refere-se a um muito interessante e raro caso de corrimento de liquido cerebro-espinal pelo ouvido de um homem de 30 anos. Este facto dá-se com frequencia nos casos de fractura da base do craneo, assim como tambem pôde acontecer em operações oticas. O caso do autor é completamente diferente: tratava-se de um paciente, com anamnése completamente negativa em relação ao ouvido, e que bruscamemente é assaltado na rua por um corrimento profuso do ouvido. O exame microscopico revelou o facto que se tratava de liquido cephalo-rachidiano. Cerca de uma semana depois, vem o doente a falecer; o corrimento que havia cessado, recomeçou outra vez ainda mais abundante depois de quatro dias, que rapidamente provocou a morte do paciente. E' de se assinalar entretanto, que houve tambem sinais de meningite, nas ultimas horas de vida.
Sumario do autor: A otorréa cerebro-espinal expontanea, é uma contingencia extremamente rara. A autopsia revelou a existencia de uma comunicação entre o espaço subdural e um sacco ou kisto no ouvido medio, assim como definiu perfeitamente a existencia de um processo de meningite, que se assestou no periodo final do acidente.
SAMUEL KOPTZSKY. (New York). - Problemas concernentes aos empiemas do apite petroso. - Pag. 47.
Faz o autor um estudo aprofundado das supurações da piramide do rochedo. Corre a literatura a respeito da pneumatisação desta parte do temporal, afim de explicar, o caminho da infecção. Assim ele resume estas vias: 1.º: Partindo do antro ou, do espaço epitimpanico, por cima ou por baixo do canal semicircular superior, seguindo a superficie postero-superior da piramide até a sua ponta, 2.º: Partindo das celulas peritubarias até a ponta de piramide. 3.º: Partindo das células peritubarias, directamente pelo canal carotidiano, ou atraves de deicencias da parede anterior do timpano, que dão para o canal carotidiano e deste comunicando-se cota o cavum de Meckel.
Em uma comunicação anterior, diz o autor protender fazer desaparecer uma noção errada até então existente; a respeito da patogenía do sindroma de Gradenigo. Segundo o seu modo de vêr, não deve a associação de dôr trifacial, paralisia do abducens e mastoidite, ser encarada necessariamente como sinal de supuração da piramide petrosa. Na comunicação presente, pretende demonstrar que; si a páralisía do abducens pôde estar presente na petrosite, entretanto, a sua ausencia não elimina a probalidade de lesão na piramide.
Passa depois a descrever a sintomatologia da petrosite. Uma mastoidite operada vae evoluindo regularmente, processando-se sem novidade a sua cicatrisação. Depois de tempo variavel, o doente começa a se queixar de dôr no lado da lesão; ao mesmo tempo aparece subitamente uma profusa descarga pelo ouvido; a ferida é examinada e, verifica-se que a descarga não provem da mastoide; muitas vezes, a mastoide já sarou completamente quando se dá o acidente. A temperatura sóbe e a dôr no globo ocular continua; é mais intensa á noite, com periodos de remissão durante a manhã; eventualmente a dôr torna-se continua. Aparecem ligeiros sintomas labirinticos; sensações de tontura e vertigem, ás vezes bastante fortes para produzir vertigens, além de nístagmo sem direcção fixa. As funcções vestibular e acustica ficam inalteradas. Os raios X demonstram distintas alterações na piramide petrosa. Si ha um film tirado na occasião da inicial mastoidite, quer dizer antes da operação na apófise mastoidéa, é mais facil perceber as alteraçóes na porção pétrosa. Quando não lia diagnostico de petrosite nesta ocasião, os sintomas podem desaparecer completamente com a operação inicial na mastoide; este periodo temporario de desaparecimento dos sintomas, é muito perigoso porque leva á uma falsa segurança das condições de vida do paciente, durante um tempo consideravel; os unicos meios de diagnostico, nestecaso serão a radiagrafia e a otorréa; quando falham estes elementos, este dramatico periodo termina por uma meningite generalisada.
Por isto tudo, podemos ajuizar qual é a importancia deste assunto.
O autor passa depois a descrever as diversas tecnicas cirurgicas para a trepanação da piramide petrosa, estabelecendo paralelos entre as mesmas.
H. HARA. (Los Angeles). - Tumores benignos das amígdalas. - Pag. 62.
Os tumores benignos das amigdalas são raros; em geral papilomas, angiomas, linfomas, adenomas, fibromas, lipomas, condromas, teratomas, e varias formas dê tumores mistos.
As amigadalas palatinas desenvolvem-se como dependencia da segunda fenda branquial; que, aproximadamente corresponde ao logar de encontro do epiblasto oral e hipoblasto intestinal. Assim, sob o ponto de vista embriologico, forma um logar favoravel para o desenvolvimento de neoplasias. A aparente disparidade entre as observações clinicas e o postulado embriologico, é explicado por Fox: o processo morbido nas amigadalas acorre principalmente nas primeiras idades da vida, enquanto que no adulto, ha um retrocesso do tecido linfoide, e as amígdalas tornam-se massas de tecido inérte.
O fiboma tonsillar é em geral sessil ou pedunculado; só é percebido quando interfére na deglutição ou na fala, ou mesmo em alguns casos, na propria respiração. Pôde haver tósse, salivação, tom nasal na voz e respiração pela boca. O tamanho varia desde uma ervilha até um ovo de perú, ou mesmo encher toda a cavidade bucal; é redondo, ovalar ou em forma de rim; geralmente é um só e limitado a um lado.
A idade do doente pôde variar, sendo que a menor idade encontrada pelo autor foi 7 a 5 anos; refere-se entretanto a uma observação de Eve, na qual o doente trazia um tumôr aparentemente congenito; foi só operado aos oito anos.
O tumôr tem uma côr rosea e é de consistencia mais ou menos dura. Como se vê, o diagnostico não oferece dificuldade, e o prognostico é ecelente.
O autor faz tambem uma estatística tirada da literatura, desde Robert em 1827 até os nossos dias; contem um certo numero de observações avulsas e trabalhos da clinica de Mayo.
NOTA DO TRADUCTOR. A respeito deste assumpto convem recordar um caso que tive ocasião de operar em 1926. Tratava-se de uma creança de quatro mezes para quem fui procurado, porque não podia mamar. Examinando a pequena doente, verifiquei na amígdala direita, a presença de um tumôr movel, pediculado, de côr rosea, e que em seus .movimentos obstruía o istmo da garganta, pois que tinha o tamanho de uma amendoa. Operei a creança; o resultado histologico revelou tratar-se de um fibroma. Não houve recidiva. Este caso foi apresentado :í Semana de Oto-Rino-Laringologia da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, em 1926. Não consta na estatística organizada pelo autor, do artigo acima resumido.
F. E. LEUJEUNE. (New Orleans) - Cinematografia em laringoscopia em suspensão. Pag. 70
Começa o autor fazendo o historico da laringoscopia, desde que Horace Green em 1846, teve a ideia de examinar o laringe, por meio de um espelho. Cita depois, Manuel Garcia, Killian, Bruening, Jackson, Ingals, Lynch, Hasslinger e Atkinson. Depois descreve a tecnica necessaria á cinematografia aplicada ao laringe, bem como os dispositivos especiais usados para isso. Por meio desta tecnica, estuda-se em detalhe, a rapidez dos movimentos das cordas vocais, assim como os movimentos do laringe e do hipofaringe. Tambem verifica-se a funcção das aritenoides na protecção do laringe, o mecanismo da fonação, da tósse e da nausea.
ARCHIYES OF OTO LARYNGOLOGY
Volume 18. - N.o 2. - Agosto de 1933.
SAMUEL IGLAUER - (Cincinnati) - Tínitus Aureum Objectivo - Pag. 145.
Apresenta o autor uma serie de quatro casos de ruídos objectivos do ouvido; o estudo é bastante interessante, porque é conhecida a raridade destes tipos de ruídos, que pódem tambem ser ouvidos pelo medico que examina. Em todos eles, os ruídos eram de tipo vascular, e com exceção de um, pareciam provir do bulbo da jugular do lado afectado. A causa dos ruídos não comportaram uma explicação rigorosa; em um deles entretanto o ruído coincidia com gravidez.
Nos quatro casos, os ruídos desapareciam com a rotação dia, cabeça em uma determinada direcção, produzindo torsão do pescoço.
O autor estuda a influencia da citada torsão sobre a pressão venosa na cabeça, apresentando experiencias á respeito da jugular externa; propõe a ligadura da jugular interna do lado afectado como tratamento em casos bem selecionados.
WILLIAM CHAMBERLAIN e THAYER PARRY - (Cleveland.) - Mucocéle como causa de proptosis. - Pag. 172.
Este artigo consta de sais casos de mucocele dos seios frontal e etmoidal, acompanhando as observações de descrições clinicas e da cirurgia adotada sempre com ótimo resultado; traz tambem fotografias antes e depois das operações.
Procede a um estudo diferencial entre o mucocéle e o piocele. Mucocéle caracterisa-se pela extrema lentidão do crescimento, ausencia de sintomas inflamatorios, ausencia de flutuação, firmeza á palpação, complicações orbitarias ligeiras, substancia mucoide pela punção e secreção esteril. Piocele caracterisa-se pelo rapido crescimento predominancia de sintomas inflamatorios, manifesta, flutuação, serias complicações orbitarias, pús á puncção e secreção infectada.
O processo cirurgico para solucionar os mucocéles, tem sempre de ser externos; o ponto essencial dependerá de uma larga drenagem para o nariz, sem o que a recidiva é certa. A deformidade, via de regra, é insinificante.
HENRY WIEDER (Filadelfia). - Tetania em anestesia local - Pag. 153.
A proposito de um acidente de anestesía de que foi victima um operado seu, borda o autor as considerações que se seguem.
Um ligeiro espasmo tetanico das extremidades superiores, pôde ocorrer na administração de anestesicos locais, antes ou durante a operação; os sintomas não parecem devidos ao anestesico propriamente, mas a outros factores.Hiperpnéa com alcalóse reduzida, parece explicar o fenomeno. Sensação de picada generalisada e torpôr, mas principalmente das mãos e das pés, precedem em geral os espasmos e são frequentemente presentes sem que haja tetanía; devem ter a mesma etiologia que a propria tetanía. Os ataques, em geral não são revestidos de gravidade, nem sujeitos a recurrencias e sequelas.
Logicamente, a profilaxia do espasmo, uma vez admitida a citada etiologia, será a administração de sais de calcio.
NOAH FOX e NOAH FABRICANT. (Chicago.) - Rinite hiperestetica, Pag. 181.
Começa o autor assinalando o grande numero de denominações que tem sido propostas para as rinites espasmodicas. E' assim que a turgescencia da mucosa, acompanhada de espirros, descarga de muco nasal e obstrucção respiratoria, é conhecida por rinite vasomotora, rinorréa paroxistica, rinite alérgica, rinite atópica, rinite idiopatica, espirro paroxistico, catarro neurotico intermitente, coriza nervosa, febre do feno, asma de cavalo, catarro de verão e ainda outros, que longo demais seria enumerar. Para simplificar, chama o autor de rinite hiperestetica, para demonstrar depois que nenhum destes nomes, a começar por aquele do titulo, que apenas indica uma hiperestesía, corresponde em sintese ao quadro clinico. Rinite vasomotora, por exemplo, apenas assinála o relaxamento dos vasos do nariz, mas nada diz a respeito de outros sintomas, como a obstrucção; {hay fever} apenas relembra o factor estação do ano; rinite alérgica e utopica ignoram os factores não alergicos.
O autor faz em seguida um estudo critico dos fenomenos de alergia nasal, afirmando que, si de facto, ha rinites vasomotoras ligadas a este estado constitucional, ha uma grande percentagem que nada tem que ver com estas concepções de patologia. Depois de um detalhado estudo microscopico, tanto do muco como da propria mucosa, conclue o autor que a rinite vasomotora está sempre ligada sinusite hiperplastica e, propõe que se adicione a esta denominação o sintoma que estiver predominando. E assim que haverá uma sinusite hiperplastica hiperestesica, quando predominar a hiperestesia, ao lado de uma sinusite hiperlastica alérgica, quando estiverem mais em cena os fenomenos de alérgía, e assim por deante.
Conclue o autor: os doentes que revelam uma sensibilidade nasal, terão que ser desensibisados; mas quando os sinus estiverem secundariamente afectados, eles deverão ser tratados como doentes não alergicos. Quando predominarem os fenomenos de hiperplasia, os metodos ortodoxos devem ser os indicados, quer dizer, abertura e ventilação dos seios.
LOIS GREENE. (Chicago) - Colesteatoma do conduto auditivo externo. - Pág. 101.
Já em 1850 Toynbee descrevia um processo de descamação cronica do conduto auditivo externo; em 1891, Hessler acusava 35 vezes o mesmo facto, em 7700 doentes que examinára. As causas que provocam o aparecimento da massa de colesteatoma são aquelas que provocam uma hiperemia cronica. Assim, os corpos estranhos pódem servir de nucleo pára a estratificação de cerumen, produzindo por isso uma irritação cronica e conduzindo á descamação do epitélio. A remoção das massas fornece um material com uma superficie perlacea, composta de celulas descamadas degeneradas, tendo no centro celulas de colesterol, celulas descamadas e cerumen. Nos casos avançados, pôde haver areas de granulação e reabsorção caracteristica da parede ossea do canal.
A obstrucção e a irritação do cerumen pódem não exigir corpos estranhos para o seu nucleo, pois á iniciação, pódem depender de seborréa ou de massas de cerumen desidratadas. Muitas vezes vêm-se juntar micoses.
ALBERT BRODERS, PORTER WINSON e PERK DAVIS. (Rochester.) -Hemangioma-endotelioma do esofago,-Pag. 168.
Em geral, os tumores malignos do esofago, são carcinomas. O sarcoma é raramente observado, e o hemangioma-endotelioma é quasi desconhecido nesta região. Além deste caso, só foi encontrado um outro na literatura, publicado por Carrara em 1910.
Trata-se de uma mulher de 76 anos, que foi acometida de disfagia e dôr subsesternal repentinamente; como não pôde se alimentar de alimentos solidos, limita-se aos liquidos ou a mingáus.
O exame roentgenologico revela um estreitamento na parte baixa do esofago. A esofagoscopia revelou uma infiltração invadindo ra parede esquerda da parte baixa do orgão. O lumen do esofago é consideravelmente, reduzido e ha uma pequena secreção purulenta provindo da lesão. Foram removidos pedaços de tecido para a biopsia, que revelou a estructura tipica de hemangioma-endotelioma.
Este caso, além do interesse pela sua raridade, tem tambem importancia, por ser producto de biopsia; o caso de Carrara referia-se a um achado de autopsia.
REVUE DE LARYNGOLOGIE, OTOLOGIE, RHINOLOGIE Vol. 54 - N.º 4, Abril de 1933.
CLAUDE DE MONTMOLLIN - As Indicações da Operação de Chiari nos Tumores da Hipófise. - Pagina 440.
O fim desse trabalho, feito na clínica O.R.L. da Universidade de Zurich (Prof. Nager), é de apreciar o valor de cada método de tratamento dos tumores da hipófise.
O A. salienta a necessidade da íntima colaboração entre o oftalmologista, o O. R. Laringologista, o neurologista, o radiologista e o clínico. Faz um pequeno histórico da terapêutica cirúrgica, mencionando os principais processos extra e intra-cranianos, apreciando as respectivas vantagens e desvantagens. A vida transfrontal dá melhor campo operatório e permite mais ampla exérese do tumor, principalmente do supra-selar. E', entretanto, mais longa e tratumatizante, apresentando perigos imediatos; por isso, inclina-se o A. pela técnica extra-craniana e, entre os diferentes processos (PreysingTiefenthal, Hirsch, Cushing), prefere o descrito por Chiar em 1912, o qual utiliza a via paranasal (transetmoido-esfenoidal) para acesso á hipófise. A visibilidade obtida por essa operação, através de uma brecha curta e larga, é muito superior a que fornece o método transeptal de Hirsch. Intervenção relativamente benigna, realizável sob loco-anestesia, tem a vantagem de poder ser repetida e de dispensar o tempo preliminar da ressecção do septo nasal.
A mortalidade post-operatória, nas vias extra ou intra-cranianas, é praticamente igual, oscilando em torno de 8 %. Cushing, mestre no assunto, detem os melhores resultados.
No capitulo Diagnóstico e Classificação das Afecções Hipofisárias, não se mostra Montmollin entusiasta da ventrículografia. Empregou-a em 50% dos seus casos, sem acidentes graves, mas repete a opinião de Stenvers, para quem na quasi totalidade dos casos uma boa radiografia, rigorosamente interpretada por um técnico afeito ás dificuldades da leitura radiográfica, deve bastar; juntamente com os exames clínicos usuais, para estabelecer o diagnóstico exator.
Como os tumores da hipófise não são visíveis na radiografia - salvo as concreções calcáreas da bolsa de Rathke as modificações que êles imprimem aos órgãos ósseos vizinhos são passadas em revista. Assinala o A. que os tumores intra-selares provocam precocemente tais modificações e que a via mais própria e segura para atingi-los é a nasal.
A questão, sempre debatida; da radioterapia é judiciosamente examinada. A's idéias de Béclere; que reserva para a cirurgia apenas os casos que sofreram evidente agravação sob a radioterapia; opõe o A. as opiniões de Bourguet; Mayo e Cushing. Esse último; em 258 casos expostos á ação pré-operatória dos raios penetrantes, nem uma só vez poude observar melhora notável. Frazier, por seu turno; declara que sómente pela cirurgia é possivel evitar, em 70% dos casos, a mais séria das complicações dos tumores da hipófise - a cegueira. Montmollin faz ressaltar que a aplicação dos R. X. supõe um diagnóstico exato, porquanto si ha tumores, como os adenomas, contra os quais a radioterapia, em alguns casos, tem em seu ativo resultados brilhantes, outros ha, como os quistos, em que a ação dos R. X. é nula; sinão nefasta. Uma operação relativamente benigna obtem, entretanto, a supressão, por vezes surpreendente, dos fenômenos compressivos. Exceptuados raros casos, muito demonstrativos; de tumores da bolsa de Rathke, só a biopsia nos pode proporcionar o conhecimento da natureza do tumor. Em outras palavras, a via operatória deve ser tentada, na impossibilidade em que estamos de selecionar os diferentes casos. Condena pois, e de modo formal, a radioterapia para tatear o terreno, mesmo porque não é arma inofensiva nos casos em que se torne necessário intervir pelos meios cirúrgicos. Persuadido da importância da radioterapia e dos progressos técnicos ultimamente realizados, o A. utilizou-a como tratamento complementar em 14 dos 15 casos cujas observações passa a relatar. Esse tratamento, entretanto, foi sempre posterior á operação.
Os resultados das 15 operações (12 op. de Chiari e 3 de PreysingTiefenthal, por via transpalatina) foram os seguintes:
a) Nenhuma morte atribuivel á intervenção;
b) Resultados favoraveis em 50 % dos casos, tendo os doentes reiniciado vida normal, em plena capacidade de trabalho;
c) Ação praticamente nula sobre os sintomas acromegálicos, porém muito eficaz e constante sobre as cefaléias e as perturbações oculares. Termina Montmollin recomendando a operação de Chiari e insistindo sobre a sua benignidade. Na clinica do Prof. Nager, vem ela sendo empregada ha quinze anos, com resultados muito favoráveis.
Bibliografia recente sobre a questão.
LOUIS DUCUING - A Curieterapia dos Cânceres do Esôfago. Técnica e Resultados. - Pag. 470.
E' um minucioso trabalho do Centro Anti-Canceroso de Toulouse que obteve o Prêmio Daudet da Academia de Medicina.
A situação profunda do esofago e as relações estreitas que apresenta com órgãos importantes constituem a principal dificuldade na terapeutica do câncer do esôfago. Alem disso, a radio-sensibilidade da célula normal do epitélio esofagiano é quasi igual á das células neoplásicas, donde a possibilidade de lesar gravemente os tecidos vizinhos do câncer.
As estatísticas cirúrgicas demonstram o pesado tributo pago á mortalidade pelos métodos de exérese sangrentos, mesmo em mãos de notáveis operadores. Na esofagectomia torácica; a percentagem de mortes post-operatórias chega a oscilar entre 95 e 100 %.
A curieterapia é preferível á roentgenterapia, porque esta não apresenta, em relação á célula cancerosa, a mesma eletividade. Os R. X., alem disso; agem muito menos ativamente e a discontinuidade inevitavel da roengenterapia obriga a perder um tempo precioso, durante o qual as células neoplásicas podem dar origem a células novas, rádio-resistentes.
Apesar de não ser o ideal, o radium oferece muitas vantagens sobre a cirurgia e algumas sobre a radioterapia profunda.
Vários métodos de tratamento pelo radium podem ser aplicados, quer isolada; quer combinadamente. Tres são os processos usados atualmente: endoradiumterapia,. radiumterapia transcutânea e teleradiumterapia.
A endoradiumterapia tem a vantagem de permitir a irradiação do câncer sem interposição de tecido são, por meio de um aparelho radifero introduzido pelas vias naturais. E' evidente que suas indicações são restritas aos pequenos tumores que não comprometem a permeabilidade do canal esofagiano. Sua indicação ótima é o câncer incipiente. Pode entretanto ser empregada nos casos adiantados, quando ainda permeavel a luz do órgão, afim de aumentar essa permeabilidade e permitir melhor alimentação.
Entre as precauções operatórias, insiste o A. sobre o mau hábito que o especialista deve combater do uso e abuso do leite por parte do doente. Não podendo ingerir sinão líquidos, o paciente, por um raciocínio simplista; escolhe entre os líquidos o que lhe parece mais nutritivo: o leite. Ora, esse alimento, estagnando na bolsa supra-tumoral, produz fermentações secundárias, causa de esofagite e essa; por sua vez, de espasmo. Antes de mais nada; deve-se aconselhar um regime alimentar apropriado, do qual é necessário prescrever o leite:
A radiumterapia transcutânea torna possível o tratamento das neoplasias estensas, não somente do esôfago, mas tambem da região peri-esofagiana. O método ainda é indicado quando o tumor, embora pequeno, impermeabilizou o canal, impedindo a irradiação cavitária. Permite uma irradiação total e homogênea da região. Necessita, entretanto, de um certo número de precauções e de aparelhagem especial, dada a topografia do esôfago e suas importantes relações anatômicas. A disposição desses aparelhos (em colar, em couraça), precisa obedecer a uns tantos princípios, afim de proteger os planos cutâneos superficiais e os tecidos interpostos entre á pele e a massa tumoral.
A teleradiumterapia permite realizar, ao máximo, a homogeneidade de distribuição; é menos perigosa e mais facil de suportar. Tem as mesmas indicações que o método anterior. Necessita, entretanto, uma grande quantidade de radium, cerca de 4 grs., o que constitue um impecilho para a sua vulgarização.
Depois de apresentar, pormenorizadamente, técnica e aparelhagem de cada um dos processos, o A. refere-se a várias estatísticas. Conclue que, de acordo com a quasi unanimidade dos resultados individuais e do inquérito internacional feito por Bérard e Sargnon, o tratamento do cancer do esôfago não dá nenhum resultado favorável, qualquer que seja o meio empregado. A radiumterapia não foge á regra e o mais que consegue é uma sobrevida relativamente curta.
Dr. Guedes de Mélo F.º
LES ANNALES D'OTO-LARYNGOLOGIE.
N.o 9. Setembro 1933
G. WORMS - A aspiração no tratamento dois abcessos do cerebro. - Pag. 1029.
Após a evacuação do conteúdo de um abcesso cerebral, qualquer que seja a técnica empregada, fica uma bolsa onde o pús continua a ser secretado e estagnado, determinando a inoculação do tecido adjacente. A questão dos cuidados post-operatorios tem, pois, uma importancia capital, a ponto de sé dizer que, em materia de abcessos encefalicos, a operação é nada, a drenagem é tudo.
Os meios mais diversos tem sido preconisados, todos passiveis de criticas mais ou menos graves. As irrigações e limpeza a sêco com gaze, traumatisam as paredes do abcesso,
Muitas objecções teem sido feitas aos drenos, qualquer que seja a substancia: vidro, borracha, guta-percha. Muitos cirurgiões teem preconisado mesmo a supressão do dreno. Diz o A. que o que a drenagem permanente por tubos não pode fazer, as aspiração imediata e repetida realisa.
A aspiração produz a evacuação perfeita dos liquidos, traumatitisando ao minimo a substancia cerebral, evitando a formação de Sócos de retenção. A literatura tem sido muda sobre esse assunto. E uma intervenção simples, benigna e de real eficacia. E particularmente indicada nos abcesso sub-durais nos abcessos cerebrais superficiais, de uma maneira geral, no abcesso de data recente, que não tenha sido invadido pelo processo de encefalite.
O A. apresenta 6 interessantes observações. Quatro doentes, nos quais a evolução das lesões parecia ser grave, curaram-se graças á aspiração. Tres casos eram de abcessoa do lobo temporo-esfenoidal, de origem otica. O quarto, um abcesso tardio do lobo fronto parietal de origem traumatica. O estado destes doentes era alarmante. Tres estavam quasi em coma, em estado de obnubilação acentuada, com bradicardia e dilatação pupilar.
Desde a abertura da dura-mater, seguida da aspiração do pús, nota-se a desaparição dos fenomenos de compressão cerebral. Repetida todos os dias ou duas vezes ao dia, a aspiração por meio de uma pipeta de vidro, introduzida entre os labios da ferida dural, nos permite obter rapidamente e com o maximo de segurança o que não se obtem senão lentamente, e com inumeros perigos. Dois outros casos, em gráu avançado de encefalite, terminaram por morte após melhoras transitorias.
Emprega o A. uma pipeta de vidro, a mesma que serve para colheita de materiais para analises bacteriologicas. Penetra pelo trajéto cerebral, ou quando se quér repetir a manobra no leito do doente através do dreno de borracha rigido. A pipeta é ligada a uma fonte de vacuo ou bomba electrica. Deve-se aspirar com delicadeza e precisão. O doente deve ficar sentado, a cabeça voltada para o lado são e procurar respirar profundamente para alargar ao maximo a cavidade.
Conclue julgando a aspiração um aperfeiçoamento interessante da tecnica no tratamento das colecções intracraneanas. As vezes ficam sequelas (crises epilectiformes), que são funcção da cicatrisação do tecido cerebral.
AUBRY e SCHIMITE - O problema diagnostico dos tumores do acustico. - Pag. 1039.
Tem muita importancia o diagnostico precóce dos tumores do angulo, permitindo a sua sintomatologia descrever quatro fases em sua evolução.
1.º - Uma fase precoce otologica, composta unicamente de perturbações cocleo-vestibulares.
2.º - Uma fase oto-neurologica, em que os sinais neurologicos e os sinais vestibulares centrais aparecem.
3.º - Uma fase mais tardia com sindroma de hipertensão intracraneana.
4.º - emfim, uma fase terminal menos interessante. O primeiro periodo, ou otologico, tem grande importancia, pois o prognostico post-cirurgico desses tumores seria muito melhorado por um diagnostico precoce. No 1.º periodo, a sintomatologia é de ordem troncular, devido a lesão do nervo. O diagnostico otologico será feito com todas as afecções que podem destruir o labirinto. Será dificil nas afecções cronicas a diferenciação, particularmente na sifilis auricular, certas intoxicações, perturbações vasculares do ouvido e na molestia de Méniere, que podem terminar com a destruição completa unilateral da ecitabilidade labirintica. As afecções angio-neuroticas, os estados de hipertensão endolabirinticas, certas intoxicações ligeiras, que não chegam até a abolição das funções, são menos sujeitas a erro de diagnostico. O diagnostico far-se-á por exame atento das perturbações labirinticas, sobretudo vestibulares. O A. estuda a sintomatología, resumindo os seus principais caracteres. E' no 2.º periodo quasi sempre que o doente vem consultar, sinais neurologicos novos surgem. Estes em geral facilitam o diagnostico, mas ás vezes o tornam dificil, pois certas afecções centrais simulam o quadro do tumor do angulo. O A. estuda esses falsos tumores do angulo, classificando-os em tres grupos: 1.º lesões infecciosas do neuronio; 2.º) lesões tumorais de outras localisações; 3.º) lesões do angulo de outra origem que não o acustico.
O A. estuda com detalhes o diagnostico diferencial com as afecções desses diferentes grupos.
DR. ARDOUIN (P.athney) - A adenopatía prelaringeana tuberculosa - Pag. 1048.
O A. teve ocasião de estudar 2 doentes com estado geral precario e com um tumor da região cervical anterior, verdadeira colecção pre-laringeana, tendo todos os sinais do abcesso frio. Depois de estudar as suas observações e citar os resumos de outras de autores diversos, Ardouin passa em revista os sintomas, o diagnostico e o tratamento da afecção. O A. conclue que a adenite tuberculosa desenvolvida a custa do ganglio descrito por Poirier, entre a membrana crico-tiroideana para traz, e os musculos sub-hiodianos para deante, é uma afecção relativamente rara. Ela pode existir com ou sem participação do laringe no processo bacilar. A adenite pre-laringeana individualisa-se por sua sintomatología um pouco especial: predominancia do sexo masculino; aspéto particular deante da bolsa volumosa; aderencia ao laringe, do qual ela segue os movimentos; fístualisação precoce devido aos micro-traumatismos frequentes desta região. O seu diagnostico deve basear-se sobre os sinais descritos, eliminando o quisto congenito tiro-hioideano, situado mais alto, menor e pediculado, e a pericondrite mais difusa, e não se acompanhando de bolsa ganglionar. Clinicamente elas se comportam como as adenopatías bacilares. Diagnosticadas a tempo e tratadas por puncções modificadoras, prudentemente auxiliadas por agentes fisicos, elas chegam a desaparecer sem cicatriz viciosa apreciavel.
G. DE PARREL (Pariz) - A reeducação nos otosclerosos. - Pag. 1060.
O A. explica o que entende por otosclerosos: doentes atingidos anquilóse óssea estapedo-vestibular com osteoscleróse da capsula labirintica. Com isto procura evitar a confusão desta categoria de surdos que em França denominam de otospongeosos, sendo que o autor reserva a denominação de timpano-esclerosos aos surdos devido á lesões do ouvido medio, após supurações ou catarros repetidos da caixa do timpano de origem rino-tubaria. O A. precisa estes termos nosologicos, pois a indicações, as formas e os resultados dos metodos de reeducação acustica e psico-visual são essencialmente diferentes, segundo se trata de timpano-escleróse ou oto-escleróse. O processo de reeducação denominado massagem sonora, que provoca a mobilisação passiva da cadêa dos ossiculos e do timpano, é indicado, nas timpano-escleróses post-catarrais ou post-purulenta rinógenas, sendo ineficaz nas otoscleróse.
Alem disso é necessario desenvolver a atenção auditivo-mental do surdo, o que se obtem por exercicios orais metodicos, cuja formula fonetica varia com cada idioma. Nos timpano-esclerosos, o esforço de acomodação dos orgãos moveis da caixa é eficaz; na otosleróse, o aparelho de acomodação sendo imobilisado, não se obtem um mesmo resultado.
Nos oto-esclerósos, é preciso uma outra formula de reeducação, que estabeleça o contáto destes surdos com seu ambiente familiar ou profissional. E a leitura pelos labios. A reeducação psico-visual é um metodo fisio-pedagogico que tem por fim ensinar ao surdo a traduzir mentalmente os movimentos visiveis dos orgãos fonadores e o jogo de fisionomia de um interlocutor, do qual ele apreende o pensamento sem: o socorro da audição ou com o socorro parcial desta. E a leitura sobre os labios.
Parrel mostra a utilidade do metoda, que terá valôr enquanto não surgirem elementos que deem ao surdo um auxilio no presente e uma garantia para o futuro.
Dr. Paulo Sáes.
ARCHIVIO ITALIANO DI OTOLOGIA, RINOLOGIA E LARINGOLOGIA.
Vol. XLIV. Fase. X. 1933.
PROF. PIETRO TULLIO e C. RIZZO BORGHESE (R. Univ. de Messina) - "Sobre a forma e a grafia das letras e das palavras". - Pag. 618.
E' um estudo de fisiologia experimental, rico,em graficos demonstrativos, estudo esse, que pela sua natureza, não pode ser resumido.
DR. PIER GIUSEPPE CANTEEL (Hospitais Civis Reunidos de Veneza) - "Lesões microscapicas tuberculosas da musculatura intrinseca laringeana. - Pag. 577.
O A. inicia o seu trabalho tratando em suas linhas gerais, da tbc. laringeana e lembra, que nesse territorio de diversos grupos musculares, os m. posteriores são os mais atingidos. Esch e Caliceti explicam diversamente essas localisações. Ao passo que Esch atribue uma grande importancia á frequente acção trauma-shctisante da tosse insistente dos tisicos, Caliceti dá maior valor á particular virulencia dos germens e das suas toxinas e ás condições de menor resistencia organica do paciente.
O A. trata depois dos estudos de Fraenkel sobre a tbc. laringeana, cujas observações podem ser consideradas classicas nesse assunto. Segundo esse autôr, na musculatura do laringe, são atingidos em primeira plana, as miofibrilas e o tecido conjuntivo endomuscular, e somente depois os nucleos das fibrocelulas musculares estriadas, ao passo que o sarcolema permanece inalterado.
O A. expõe a seguir, os resultados obtidos nos exames microseopicos executados em 26 tuberculosos falecidos nos Hospitais Civis Reunidos de Veneza exames esses que foram divididos em tres grupos para maior elucidação:
Ao l.º grupo, laringes aparentemente normais e tambem ao exame in vitam dos tuberculosos que nunca tiveram sianis claros de disfunção fonatoria.
Ao 2.º grupo, laringes de tisicos que apresentaram períodos mais ou menos longos de disfonía, sem ter porem, sinais graves de de alterações anatomicas.
Ao 3.º grupo, laringes com lesões típicas e marcadas de doentes que in vitam tiveram intensos disturbios funccionais.
Nas observações microscopicas o A. teve, em geral, ampla confirmação dos classicos estudos de Fraenkel.
O trabalho é ilustrado com 10 microfotografias dos casos exathrminados.
Dr. Braz Gravina.
ACTA OTO- LARYNGOLOGICA.
Vol. XIX - Fasc. 1 - 1933 (Stockolmo)
PRIV. DOCENTE DR. W. STUPKA - Histologia e patogenese de algumas malformações graves do nariz - Pag. 1.
O autor descreve 5 casos de anomalias graves do nariz e territorios anexos. No primeiro caso tratava-se de uma cheilognatopalatoschisis total seguida de outras anomalias graves. No segundo de um caso. de Arhinencefalia e fechamento completo de ambas as coavas. No terceiro de um caso de cheilognatopalatoschisis bilateral. No quarto de um caso de labio lepurino ciklopico e no quinto uma caso identico. Todos os casos foram meticulosamente estudados.
TORSTEN BLOMROOS - Contribuição á questão do tratamento das inflamações infecciosas agudas do ouvido interno -Pag.23.
Depois de discorrer sobre as doutrinas existentes sobre o modo de diagnosticar-se e tratar-se as meningites post otites - Lund, Barany, Neumann, Scheibe, Wittmoak, e outros, apresenta 46 casos observados na clinica de NEURMANN, de 1919 para cá. Estes casos, o autor divide em 2 classes: labirintites com otites agudas e labirintites com otites cronicas.
Estas ainda são divididas em 3 especies: a) -casos com labirintite e meningite evidentes, já na admissão ao hospital; b) - casos com labirintite sem irritação e c) - casos de labirintites post operatorias.
Ao primeiro grupo pertenciam 16 casos.
Destes 11 morreram, isto é, 68,75 %. Destes 14 apresentavam meningite antes de serem operados no labirinto.
O autor deduz que os casos de labirintites, em seguida á otite média agúda, devem ser operados logo que se observe uma tendencia á peora, mesmo quando ainda funcione o labirinto.
No grupo das otites cronicas com labirintite e meningite declarada, o autor menciona 9 casos. Destes 6 morreram, 66,6 %, e 3 curaram, 33,3 %.
Pela contagem celular dos que curaram 739 e 5.680 celulas por mm3, vê-se que estes casos de meningite complicada com uma otite média cronica podem ser curados mesmo quando da existencia de grandes pleocitosis.
Os casos em que foram encontradas baterias no liquido cefalo raqueano, tiveram, geralmente, curso desfavoravel. Estes casos devem ser operados imediatamente e a resecção do labirinto deverá ser feita.
No grupo dos casos de otite média cronica com labirintite e sem meningite, haviam 15 pacientes; destes 12 vão bem e sómente 3 morreram - 80 % e 20 %, respectivamente.
O autor aconselha para estes casos punções lombares diarias; se a contagem de celulas permanecer normal, o doente ficará em repouso tão sómente; si fôr superior á normal será praticada a labirintectomia imediata.
Finalmente entre os casos de labirintites post operação radical da mastoide, conta um numero de 6.
Na pratica radical, se a fistula existe, não deve ser tocada, mesmo quando revestida de granulações.
Descreve em seguida as diferentes vias de penetração do agente infeccioso em cada uma das modalidades descritas anteriormente. Diz que a meningite post labirintite afeta de preferencia a fossa posterior. Fala sobre a aplicação intensiva, nos tempos modernos, das punções lombares, como meio de tratamento das labirintites.
PROF. DR. ERICH RUTTIN - Sobre a clinica e operação das supurações da ponta da piramide e dos abcessos extradurais periapicais. - Pag. 55.
RUTTIN descreve, minuciosamente, um caso de sua clinica, portador de uma supuração da ponta do rochedo com abcesso, extradural peri-apical. Apresenta radiografias illustrativas, descreve o tratamento e tecnica cirurgica e diz que o paciente curou-se.
Entre as considerações que faz em; torno do caso, cita as seguintes: Os sintomas mais importantes foram: a) -as dôres de cabeça temporais; b) - as dôres perioculares sobre as quais NEUMANN tanto chama a atenção; c) -paralisia do abducens com diplopia; d) - os exames radiograficos positivos e e) - a persistencia, após a radical, de grande quantidade de pús especialmente vindo da caixa do timpano e não da mastoide.
HEMMING VIDEBECH - Agranulocitóse medicamentosa (Y) acompanhando-se de exantema. - Pag. 92.
Diz, o autor, que a maior parte das agranulocitoses são consideradas como de origem septica é que, a esta fôrma deve se juntar os casos produzidos: pela innoculação da malaria, pela vacinação tipica, pelas intoxicações, pelos diversos medicamentos, especialmente pelo Salvarsan e Bismuto, emfim, pela ação dos raios Roentgen e radium.
Estuda, sobretudo, a ação nociva dos benzoes sobre a constituição sanguinea, a ação das substancias hematoxicas, tanto nas industrias quanto no uso medicamentoso sintetico em que o constituinte benzol faz papel de primeira plana. As culturas dos tecidos necrosados, de tais pacientes, apresentando quasi sempre caracteres de associações microbianas secundarias, fazem pensar na origem toxica da molestia.
Apresenta um caso de agranulocitose complicado de exantema generalisado e terminando-se pela cura.
Já aqui, tambem, o Prof. W. Haberfeld apresentara á Sociedade de Medicina e Cirurgia, um caso identico de agranulocitose de origem toxica pelo 914.
PROF. DR. A. SEIFFERT - Sobre a extração de corpos estranhos da periferia dos bronquios - Pag. 99.
O Prof. Seiffert apresenta um' caso interessante de extração de um corpo estranho, metalico e alongado, de periferia dos brônquios. Este caso andou de mãos em mãos, e de profissionais amestrados na bronquoscopia, sem ter podido ser retirado. O Prof. Seiffert, que recebeu o paciente por ultimo, depois de estudar meticulosamente o caso, por meio de radiografias, concluiu pela dificuldade da extração pela bronquoscopia. Pensando em mobilisar o corpo estranho por intermedio de posições que favorecessem sua movimentação, conseguiu o seu intuito, colocando o paciente de cabeça para baixo, com a baciaapoiada no bordo dos pés da cama. Desta fôrma o corpo foi expelido pela tosse. Este processo tão antigo quanto apropria medicina dá resultados inumeras vezes, haja visto os casos em que corpos estranhos foram expelidos após viagens de estrada de ferro.
M. O. R.
MONATSSCHRIFT F. OHRENHEILKUNDE UND LARYNGO-RHINOLOGIE. (Viena). Vol. 67. Março 1933.
DR. JACOB TEMKIN (Moskow) - Os dânos causados ao ouvido pelo barulho e pela trepidação. - Pgg. 254.
A preocupação atual na Russia, de zelar pela classe proletaria, tem orientado os pesquizadores no estudo dos problemas concernentes aos acidentes do trabalho e da sua profilaxia, afim de estabelecer condições de trabalho subordinadas ao critério higienico nas profissões sujeitas aos dânos profissionais. O proprio governo soviético estimula esses estudos, como podemos aquilatar do fáto de ter sido a monografia, que ora resumimos, premiada no ano de 1931, pela comissão dos progressos das investigações (K.S.U).
Introdução: Assinála o A. que desde o advento da era industrial, vem preocupando aos otologistas e higienistas, a questão da influencia dos ruídos intensos sobre o aparelho auditivo. As primeiras pesquizas sistemáticas foram; feitas em 1890 por Habermann, em caldeireiros, tendo observado que um relogio de algibeira comum não era escutado por 2/3 dos operarios, é pelo 1/3 restante, só o era quando encostado á orelha. Constante tambem é a diminuição da audição para os diapasões e para a vóz, e presença de ruidos subjectivos em 50 %.
Outros autores ulteriormente se preocuparam com a questão, não conseguindo porem esclarecer o gráu e o caráter dos dânos conforme as diversas profissões. Habermann conseguiu verificar um substrato anatomo-patologico em córtes histologicos do rochedo de um caldeireiro, constantes em lesões atrofica-degenerativas do orgão de Corti, do neuronio e das células ganglionares. Vários autores interessaram-se pela questão, sendo trabalhos de maior valia, os de Wittmaack que, estudando experimentalmente em cobaias, a acção nociva dos sons persistentes sobre a cóclea; obteve resultados semelhantes aos constatados por Habermann, sistematisando-os em tres proposições, a saber: a) A irritação persistente dos orgãos auditivos por meio, de sons não muito altos, produz lesões degenerativas na cóclea, sob a condição do som ser contemporaneamente transmitido pelas vias aérea e ossea. b) Sons muitos agudos podem produzir alterações, mesmo agindo em curta duração, somente pela transmissão aerea. c) Os processos degenerativos principiam no neuronio auditivo, sendo o orgão de Corti atingido secundariamente.
Estas investigações deram curso a farta mésse de estudos experimentais e discussões cientificas, cujo resultado foi esclarecer-se ainda mais a questão. Assim Yoshii, pela demonstração de diversas series de preparados histopatologieos, conseguiu refutar a hipótese de Wittmaack, estabelecendo que as lesões degenerativas principiam pelo orgão de Corti, estendendo-se secundariamente pela via centrípeta. Suas experiencias comprovam que a simples condução aerea é suficiente para produzir lesões, e segundo esse autor, a localisação das alterações anatomicas na cóclea depende da altura do som. Esta hipótese foi ainda refutada por Marx, que, empregando um unico som puro, obteve degeneração de meia volta da escala coclear, e, pela elevação da intensidade do mesmo som, obteve degeneração de, mais meia volta. Siebemann chegou a obter graves alterações em toda extensão da cóclea, com um som unico produzido por sereia acustica.
Esta questão de localisação e da extensão das lesões, desempenha papel primordial no estudo da questão, e dentre todos, são mais dignos de menção, as exaustivas experiencias de Popow em ratos brancos, chegando a conclusão que o gráu e a extensão das lesões, não dependem somente da altura dos sons, mas tambem da sua intensidade e duração. Nas irritações longamente duradouras, até o proprio tecido osseo reage, e do endosteo dos espaços perilinfaticos, começa a desenvolver-se tecido conjuntivo, sobre o qual ulteriormente se depositam sais de calcio (osteíte hiperplastica cronica) Os estudos experimentais podem portanto ser resumidos nas seguintes proporções: 1) a acção de sons muito fortes, em experiencias de mais curta duração, pode produzir uma serie de alterações degenerativas na cóclea, as quais começam nas celular perceptoras do orgão de Corti, e se estendem em seguida aos feixes nervosos e celulas ganglionares. 2) o mesmo resultado se obtem com sons de menor intensidade, mas de longa duração. 3) os tons graves não produzem alterações quando transmitidos por via aerea; os tons altos possuem grande capacidade de danificar a cóclea. 4) o gráu e extensão dos danos na escala coclear, dependem não somente da altura, parem da intensidade e da longa duração do som. As maiores alterações se encontram circunvolução basal.,
O A. colocando-se em ponto de vista oposto aos que julgam finda a fase experimental desta ordem de estudos, sobre os dânos profissionais do ouvido, conclue pela necessidade de estreita colaboração entre a clinica e os trabalhos experimentais, bem como do estabelecimento de medidas profilaticas afim de poder-se chegar a solução de varios problemas até agora insoluveis, principalmente porque a presente éra é a da mais intensa industrialisação, sendo dever dos otologistas o saneamento do trabalho nos ofícios sujeitos á ambientes de ruído intenso.
O A. desenvolve o seu estudo, que é uma verdadeira monografia, dentro do seguinte sumario:
I) Introdução; II) Caráter dos ruídos e abalos nas diversas industrias. Medição dos ruídos e trepidações. III) Métodos de pesquizas clinicas. IV) Característicos clínicos de surdez profissional: a) As formas típicas entre os tecelões; b) As formas típicas entre os caldeireiros e outros operarios de industrias metalicas; c) operarios de fabrica de chocolate; d) experimentadores de motores de avião; e) dactilografos. VI) significação do fatôr pessoal: a) idade; b) interrupção do trabalho; c) molestias infecciosas; d) constituição e herança. VII) Sobre a funcção dos abalos nos meios de transporte. VIII) As alterações no aparelho de condução do som, e a sua influencia. IX) As alterações da acuidade auditiva no decorrer do dia de trabalho. X) Mecanismo da influencia do barulho e da trepidação. XI) Alterações do aparelho vestibular. XII) Medidas profilaticas.
C. BLUMER (Berne) - Sifílide tuber-ulcero-serpiginosa com aspéto carcinomatoso do introito nasal. - Pag. 300.
O A. descreve um caso de lesão luetica terciaria, cujo aspeto histologico era de um cancroide, e que sarou rapidamente com o tratamento anti-luetico. Esse fáto faz excluir a hipotése de um verdadeiro epitelioma.
Esta observação mostra o quanto é importante, em todos os casos de tumôr máligno, ao par de se fazer a biopsia, tambem atender ao resultado da reacção serologica da sifíle, pois, no caso desta ser positiva, póde-se esperar um resultado favoravel do tratamento especifico.
ADOLF GLASSCHEIB (Viena) - Achados histologicos em algumas glandulas endocrinicas na ozena. - Pag. 306
O A. relata a autopsia de uma ozenósa de 23 anos, falecida de tbc. pulmonar, cujo resultado é o seguinte: a) Hipófise: lóbo anterior atrofia incipiente com forte infiltração de basofilos; lóbo posterior: normal; b) Ovario: atrofico, com pontos adematosos e fócos fibrosos; c) Supra-renais: pobre de lipoides, tecido conjuntivo intersticial aumentado, infiltração peri-vascular de celulas redondas, largas zonas reticulares pigmentadas; d) Tiroide: normal; e) Pancreas: auto-digerido, pelo que nada se constatou. O A. liga a essa triade de orgãos atrofiados, a penuria de côlina no sangue dos ozenosos, substancia essa que, sendo nitidamente vagotrofica, explicaria a hipotonía parasimpatica.
FERDO E. FUCHS (Zagreb) - Sobre um caso de meningite difterica post-operatoria. - Pag. 310.
O A. fazendo resaltar a raridade da infecção difterica meningeana, relata um caso que observou. A paciente de 38 anos, que já tivéra difteria na infancia, queixava-se de pouca permeabilidade da fossa nasal esquerda, ande se viam polipos e púz. Puncção do antro, positiva. Operada radicalmente do antro maxilar e do etmoide, apresentou no dia seguinte fórte cefaléa e vomitos, Kernig, temperatura aumentada. Puncção lombar: pressão aumentada, liquor turvo. Cultura positiva para o grupo difterico. Exame da secreção nasal negativa, mas positiva na da garganta. Terapia: Sóro anti-difterico 10-20 mil unidades. Desaparecimento paulatino dos sintômas, e alta 40 dias após. Exame do liquor e da secreção nasal e naso-faringeana, negativo.
A via de infecção teria sido a linfatica, facilitada pelo trauma operatorio.
BENO RACZ (Budapeste) - As fracturas subcutaneas da traquéa. - Pag. 317.
O A., depois de assinalar a raridade desta lesão, (150 casos descritos), porque, alem de ser um orgão muito elastico, é protegido; pelo queixo, passa em revista as causas da factura, que, alem do traumatismo diréto, podem ser expontaneas. Como em acéssos violentos de tósse, ao tocar corneta, e mesmo intra-partum. O prognostico é geralmente reservado. Os sintômas subjetivos e objetivos são nitidos: dôr, tósse, escarros sanguineos, perturbações respiratorias (traquipnéa e face cianótica), enfisema subcutaneo, e possivelmente crepitação. O tratamento depende do grau da dispnéa e pôde ser a da espectativa armada, pois agravando-se a dispnéa, a traquéa deve ser logo exposta e feita a traqueotomia. Diminue-se o enfisema sub-cutaneo introduzindo-se agulhas de injecção.
BELA SZENDE (Budapeste) - Um caso de gravissima hemorragia 10 dias após operação do septo nasal. - Pag. 348.
Em aditamento a um caso ha pouco tempo referido pelo docente Kofler, o A. cita um de sua clinica particular. O sangue provinha da arteria esfeno-palatina e da etmoidal anterior. Como a hemorragia zombasse de todo tratamento local, foi necessario ligar a arteria carotida externa. Nem assim cessou, com quanto diminuisse. Esse fáto se explica pela razão das arterias etmoidais anterior e posterior provirem da carotida interna, a qual deveria ter sido ligada, e não a carotida externa. Resta portanto o ensinamento de quando se necessitar estancar grave hemorragia desse territorio, dever-se-á ligar a carotida interna ou a primitiva.
MONATSSCHRIFT F. OHRENHEILKUNDE UND LARYNGO-RHINOLOGIE. Vol. 67. Abril 1933
HUGO NEUMANN (Viena) Sobre tiros penetrantes e consecutivo envenenamento pelo chumbo, em comparação com outros tiros penetrantes e corpos estranhos, especialmente do nariz. - Pag. 402.
A questão do saturnismo nos casos mencionados, é ainda assunto não esclarecido, com quanto já verificado claramente, podendo o tempo de latencia dilatar-se por muitos anos (de 1 a 60). Como medida profilatica ou curativa, só existe a extracção cirurgica do, projétil, a qual não é isenta de perigos, como a exacerbação aguda da intoxicação ou sepsis. Os exames de laboratorio são negativos para a presença de sais de chumbo, em todos. os humores.
Um fáto apontado pelo A., é a possibilidade de expulsão espontanea longos anos após. Em síntese, os corpos estranhos do nariz, metalicos ou não, contendo chumbo ou não, apresentam os mesmos sintomas que no resto do corpo, sendo que, os que contêm chumbo, podem causar saturnismo.
M. MARITSCHEK e H. MARKOWICZ - Sobre um caso de hipersensibilidade ao quinino com purpura das vias aereas e digestivas. - Pag. 410.
Os AA. citam o caso de um paciente de 37 anos, que em 1917 tomára quinino preventivamente, e que alguns mezes após contraíra malaria, tendo então tomado doses altas de quinino, ocorrendo nessa ocasião fortes hemorragias nasais e petequias pelo corpo. Em 1932, por motivo de gripe, ingeriu capsulas contendo 0,30 de sulfato de qq. e outros medicamentos, sendo que 3 horas depois teve hemorragias gengivais, linguais e faringeais etc. Ao exame, foram encontradas nas bochechas, nas gengivas, no faringe, nas cordas vocais, e até na membrana timpanica, pequenas visiculas contendo sangue, tudo se normalisando 4 dias depois. Alguns autôres mencionam casos semelhantes.
K. M. MENZEL (Viena) - Sobre um carcinôma primario planocelular em um jovem de 17 anos, e descrição da gênese causal dos tumôres nasofaringeanos juvenis. - Pag. 418.
A proposito de caso observado e descrito, o A. passa em revista a etiopatogenia desses tumôres, chamando a atenção para os caracteristieos do lóbo anteroir da hipofise, pois uma parte dos tumôres nasofaringeanos provem provavelmente de restos embrionarios ectodermicos daquele orgão e situados no nasofaringe, tais como os fibroid2s basais, neoplasmas, especialmente carcinôma etc.
DR. RIEPELMEIER - Sobre um preparado derivado da camomila, Kamillosan, e sua utilisação em O. R. L. - Pag. 483.
O emprego da camomila é antiquissimo em medicina e tambem entre os homeopatas. Em doses altas produz perturbações varias, mas não em doses moderadas, e, sobretudo com o preparado Kamillosan, purificado e estandartisado.
As indicações no terreno da O. R. L. são multiplas e variadas. Sob a forma de pomada, atúa nos eczemas da orelha; sob a forma liquida, é um colutorio ecelente e cicatrizante. Serve para gargarejos e para as lavagens das criptas tonsilares, do atito, dos seios, das fossas nasais em ozena etc.
Dr. A. Vicente de Azevedo.
D I V E R O S O S
ALFRED LUHR e JOHN ECKEL - Nistagmo de fixação e voluntario. - Estudo clinico. - (Arch. of Ophtalm Vol. 9. Abril 1933. Pg. 625).
Os autores relatam a observação de 2 casos de nistagmo ocular, interessantes por sua raridade.
O primeiro, de nistagmo de fixação é, sobretudo, raro na literatura, não existindo na anglo-americana e sendo de menção escassa na germanica.
Um moço, cujo exame cuidadoso nada revela de anormal, apresenta um nistagmo, que aparece quando ele olha fixamente um objeto. As ocilações ritmicas são horizonntais e rotatorias, em numero de 400 a 500 por minuto, de cerca de 1 mm. de amplitude, e durante alguns segundos, terminando por um movimento de convergencia dos olhos, fechamento doloroso das palpebras e sacudidela da cabeça. O fenomeno se produz seja com os olhos abertos, seja com um deles tapado.
O segundo caso é o de uma mulher que, pela simples vontades de produzir a dança dos olhos, obtem um nistagmo de curta duração, com cerca de 300 ocilações por minuto. Quando pretende continuar a dança por algum tempo, sente os olhos cançados. O exame anamnesico e somatico não revelam a menor anormalidade, a não ser ligeira hiperopia bilateral.
Os autores fazem uma revista de outros casos da literatura, alguns dos quaes tinham os dois tipos (nistagmo de fixação e voluntario, combinados).
Continuando, abordam as teorias sobre a genese do nistagmo; ocular, as quaes podem se agrupar em duas escolas:
Segundo a primeira escola, o nistagmo seria uma resposta fisiologica a estimulos agindo sobre os musculos oculares em individuos nevropatas ou capazes de emitir um forte impulso nervoso, pensando na idéa de oscilação, ou ainda em pessoas com a musculatura ocular fatigada.
A segunda escola considera o nistagmo resultante de uma perturbação havida nos centros cordenadores dos musculos oculares. Os autores interpretam o seu caso de nistagmo de fixação como o resultado de um processo nervo-muscular, produzido pelo cansaço, sem intervenção dos centros coordenadores.
Pelo contrario, o nistagmo voluntario subentende a intervenção dos centros coordenadores, alem do elemento cansaço, que parece contribuir para o desequilibrio da sinergia muscular.
De qualquer maneira esses dois casos são produzidos por disturbios fisiologicos, sem lesão organica aparente.
WILLIAM L. BENEDICT - Nevrite retrobulbar e doença dos seios nasais acessorios. - (Arch, of Ophtalm. Vol. 9. Junho 1933. Pg. 893)
O autor, que pertence ao serviço de oftalmologia da Clinicia dos Irmãos Mayo, apresentou o presente trabalho á Academia de Medicina de Nova York, em Janeiro do corrente ano.
Principia com algumas palavras sobre o nervo optico, sua fisiología e patologia. Faz resaltar a ação dos toxicos exogenos - alcool, nicotina, etc. - ação esta admitida por todos os autores, em contraste com a ação das toxinas endogenas - toxinas da influenza, tuberculose, sifilis, etc., incluindo neste grupo os seios para-nasais. Em seguida passa a estudar minuciosamente o sindromo das nevrites retro-bulbares. Finalmente entra no problema da relação entre as fibras do nervo optico e os seios nasais acessorios. Os autores admitem que a doença possa ser transmitida ou diretamente, por extensão do processo, ou pela difusão de toxinas atraves dos vasos.
Passa, depois, a relatar a opinião dos autores sobre a relação em apreço:
Friedenwald, o notavel oftalmo-patologista da Universidade de John Hopkins, diz que não está provado haver relação de causa e efeito entre as doenças dos seios para-nasais e as nevrites retrobulbares.
Benedict cita De Grósz, que afirma que de 100 casos de nevrite retro-bulbar que examina anualmente, 15 são de causa nasal. O mesmo De Grósz cita, por sua vez, a oposição entre as idéas de Meller e de Hajek, o primeiro sustentando que se devem abrir os seios por indicação do oftalmologista, o segundo- mantendo o ponto de vista de que só se devem abri-los se o exame rinologico indicar a presença de lesões dos seios.
Wilmer mostra-se indeciso.
Gifford é favoravel á opinião de que as lesões sinusais possam dar nevrites retro-bulbares, sendo a incidencia de 3,5%.
Wiener é favoravel á existencia da relação entre os dois processos e cita a opinião de Sluder, que, como é sabido, dá grande importancia ás denominadas perisinusites.
Traquair é cético. Letchworth acredita na existencia da etiologia sinusal das nevrites retro-bulbares e chama a atenção para, o edema da circunvisinhança de um esfenoide cheio de pús, referindo que observou numerosos casos de nevrites opticas retro-bulbares nos quais os raios, Y revelaram estreitamento do buraco optico. Benedict lembra que os autores têm se preocupado mais com as lesões da mucosa do que comi as lesões osseas que podem dar a compressão do nervo pelas paredes do seio ou pela constrição do canal optico.
O autor alude a experiencias interessantes para verificar a direção dos linfaticos da mucosa dos seios e o poder de absorpção, da mesma mucosa.
Pessoalmente, o autor é muito descrente. Na Clinica Mayo os disturbios visuais por lesões dos seios para-nasais são em numero desprezivel. Em 225 casos de nevrite retro bulbar ha um de sinusite como causa.
Finalmente, o autor aborda o tratamento das nevrites-retro-bulbares, dividindo os processos terapeuticos em especificos (melhor seria dizer etiologicos), como sejam a abolição do alcool, do fumo, do trabalho com sais de Pb., etc.; e não específicos.
Nestes ultimos encara a vacina tifica, com a qual obteve excelentes resultados; os vaso dilatadores; a solução de iodo a 2 %, intra-nasal; os nitritos; a pilocarpina ;diaforeticos; e, finalmente a abertura dos seios para-nasais, que o autor considera terapeutica não especifica, agindo de um lado pela congestão produzida pelai coca-adrenalina (quando termina a sua ação isquemiante) e de outro lado pela reabsorpção do sangue, que agiria como verdadeira autovacinação.
Conclue que a abertura dos seios para-nasais dá, ás vezes, bons resultados:
A objeção principal reside no emprego de um processo inadequado e sem segurança, quando métodos melhores de tratamento são proveitosos.
O principal valor do trabalho reside no fato de constituir a opinião de um especialista de um dois maiores centros medicos do mundo.
Dr. Fabio Belfort.