Versão Inglês

Ano:  1933  Vol. 1   Ed. 6  - Novembro - Dezembro - ()

Seção: Notas Clínicas

Páginas: 475 a 477

 

Tratamento da agranulocitose pela Pentosenucleotid (*)

Autor(es): HEINRICH BRUOSCH
JOH. LAUTSCH

Os autores discorrem, a principio, sobre a gravidade da molestia e sobre as fôrmas de etiologia desconhecida com que, ás vezes, aparece. A base da afecção é a diminuição quasi total dos granulocitos e é devida a aplasia da formação celular na medula óssea e nos orgãos formadores de celulas sanguineas novas.

Comentam, em seguida; os tratamentos empregados até agora, todos tendo por fim excitar esta deficiencia formativa de granulocitos e de eritocitos, terapeutica de excitação dos ossos longos pelos raios X, cada 2, 3 dias 5 % H. E. D. em 2 grandes campos (pode-se aumentar). Apresentam uma estatistica de JACKSON que em 328 casos de agranulocitóse sem tratamento curaram 25 %, com transfusão sanguinea 37 % de curados, com os raios X 47 % de curas. Este ultimo processo ainda se torna peior, nos resultados, quando das recidivas da molestia, que não são raras.

Outros metodos foram empregados - albuminoides, o acido nucleinico e seus derivados.

JACKSON e seus colaboradores, depois de varias pesquizas, descobriram uma nucleotid que unido á pentose deve existir, normalmente, no sangue (como producto da destruição nuclear). Em concentração elevada conseguiram, assim como DOAN e outros, magnifico resultado nos casos de agranulocitóse. Em sua ultima publicação JACKSON em 69 casos tratados com, o nucleotid, em partes casos graves, conseguiu 74 % de curas, isto é, um resultado espantoso.

Os autores, em 4 casos, obtiveram com a Pentosenucleotid, 3 melhoras. E a seguinte a técnica do tratamento pela Pentosenucleotid: o preparado (da firma SMITH, KLINE AND FRENCH, de Filadelfia - (10 ccm. de uma solução de 7 %; de Pentosenucleotid = 0,07 g.), é injectado intramuscular com 1/2 mmg. de Atropina. As injecções devem ser feitas, 2 vezes ao dia, 3 horas após comer. Como, segundo as observações americanas, o resultado, nos casos graves, só aparece depois de 3 a 4 dias, o tratamento deverá ser continuado pelo espaço de 4 dias. As injecções podem ser suspensas por 2 dias, se o numero de leucocitos e o numero absoluto dos granulocitos se elevarem. Apareça novo abaixamento, novas injecções serão feitas. Controle obrigatorio do sangue do paciente, mesmo quando já são e pareça desnecessario. As injecções endovenosas só serão permitidas nos casos desoladores.

O medicamento é, em geral, bem suportado e, quando, feita a injecção sem atropina, ocasiona, algumas vezes, taquicardia e nauseas, que não impedem de serem continuadas.

O perigo de uma recidiva existirá sempre.

M. O. R.


CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DO ASPÉTO
CLINICO DAS ANGINAS MONOCITICAS

O aumento de frequencia com que, ultimamente, si observam casos de anginas monociticas de decurso especial, apresentando anginas ligeiras ligadas a um quadro de molestia de aspeto grave, torna momentoso o conhecimento da marcha clinica que acompanha estas anginas.

A sintomatologia pôde resumir-se assim: "a molestia começa, pouco a pouco, com um mau estar geral, complexo sintomatico de astenía nervosas, diz F. O. HORING (Munch. med. Wachr. 9 Junho 1933 - Pag. 883): cansaço, inapetencia, dôres de cabeça e nas costas ou dôres de estomago, sôno agitado. Os doentes procuram, eventualmente, os medicos para nervos ou o oculista. Neste periodo a temperatura quasi nunca é tomada, mas deve ser frequentemente, já, sub-febril. A's vezes surpreende o paciente o engorgitamento ganglionar do pescoço que dá, aos doentes inteligentes, a suposição de uma tuberculose ganglionar ou de uma linfogranulomatóse. Mais ou menos de repente tem lugar uma poeira rapida que faz chamar o medico: febre elevada com sensação de doença séria. Ainda neste ponto falta, frequentemente, um sintoma orientador, excéto o exame hematologico e o engorgitamento ganglionar que, no entanto, podem ser esquecidos, facilmente, pelo medico, sobretudo quando são ganglios de outras regiões os engorgitados, e não os do pescoço. O quadro clinico faz pensar em tifo: baço, aumentado, febre elevada e continua, taquicardia relativa, leucopenia, diazo-reacção positiva na urina; ou devido ás dôres nas costas ou um pequeno sedimento (cilindros, globos sanguineos), será diagnosticada uma pielite. Com o aparecimento da febre, sintomas caracteristicos podem já existir, que serão, no entanto mascarados pela falta da angina conduzindo a um falso diagnostico. Esta pôde tambem irromper por tal fôrma grave: dôres violentas, edema, mau cheiro, placas sobre o palato móle, etc. que o medico pensará numa difteria, ou quando da existencia de ulcerações crateriformes unilaterais, acompanhadas de dôres mitigadas, com associação fuso-espirilar positiva, numa angina Plaut-Vincent, muito embora o decurso fále contra.

Um outro sintoma que pôde ser observado mesmo antes da angina é o aparecimento de um exantêma intenso, da pele que poderá, tambem, ter lugar depois que a angina decline. Nestes casos a confusão com o sarampo ou com qualquer molestias que o produzam, é possivel. O exantêma roseoliforme já foi observado. Nos primordios da molestia GLANZMANN observou-o muito semelhante a rubeola. Localisação indeterminada.

O apogêo da molestia é caracterisado pelo engorgitamento generalisado dos ganglios, do baço e do figado, assim como pela grande leucocitóse apresentando um enorme coeficiente de fôrmas linfocitarias imaturas. A confusão com uma leucemía agúda pôde dar-se, sobretudo nos casos em que a angina aparece mais tarde com a quéda da temperatura em lysis, a saúde volta, por, completo mas, lentamente, em algumas semanas. Os engorgitamentos ganglionares, do baço e a linfotóse podem, ainda, ser observados durante mezes".

Esta sintomatologia e o quadro hematico não permitem erro diagnostico, em todo caso deve-se estar atento com a possibilidade de outras molestias:

a) - de outras especies de anginas;

b) - de outras molestias com hemogramas apresentando monolinfocitóse: febre ganglionar (molestia Pfeiffer) e a rubéola, que são, quasi sempre, molestias da infancia e de fôrma epidemica. Nestas, quasi sempre, as amigdalas não comparticipam. Molestias infecciosas: gripe; tifo, molestia Bang, lues podem, ocasionalmente, apresentar a monolinfocitóse.

Como diagnostico diferencial ha, ainda, os seguintes fundamentos:

1) - Apresenta-se, a angina monocitica, esporadicamente. Raramente mostra-se contagiosa.

2) - Não se observa, bacteriologicamente, senão raros espirílos sem bacilos fusiformes e nunca o estreptococus hemoliticus.

3) - A molestia ataca, de preferencia, pessôas entre 15 e 30 anos, sobretudo estudantes, tanto assim que LEHNDORFF afirma que os americanos denominam-na de "molestia de estudantes".

4) - Todos os fundamentos clinicos: a egualdade relativa do decurso da molestia e, ainda, a presença constante do sintoma "angina" que permite diferenciá-la de outras molestias.
M. O. R.




(*) Müeh. Med. Wschr. 30 Junho 1933 - Pag. 1014.

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