Versão Inglês

Ano:  1933  Vol. 1   Ed. 6  - Novembro - Dezembro - ()

Seção: Notas Clínicas

Páginas: 473 a 474

 

Nevralgia do plexo timpanico. Verdadeiro tia doloroso do ouvido ou a chamada Nevralgia do ganglio geniculado. Cura pela secção intacraneana do nervo glosso-faringeo. (*)

Autor(es): REICHERT, F. L.

O autor descreve detalhadamente um caso de nevralgía parcial do nervo glosso-farinaêo esquerdo, ou melhor, de tic doloroso do plexo de Jacobson. Tratava-se de uma telefonista, de 30 anos de idade, que sofria de fortes dôres no ouvida esquerdo. Ha 11 anos foi obrigada a suspender o serviço por algum tempo devido a dôres no mesmo ouvido, o ultimo ataque começou com sensação de repuxamento e desconforto, na parte superior do lado esquerdo da face que, gradualmente, extendeu-se das bochechas á região frontal e occipital. Ha 4 mezes passados, depois de um; forte coriza, dôres lancinantes: se assestaram no fundo do conduto auditivo externo esquerdo. Após uma injecção de procaina hidroclórica, no ganglio esfenopalatino, o paroxismo doloroso desapareceu por 12 dias. Decorrido este tempo as dôres voltaram e as injecções não deram mais resultado. A paciente sentia, tambem, coceira na parte superior da parede anterior do meato auditivo esquerdo, dôres na metade esquerda da face e do nariz, globo ocular, e na região parieto-occipital e ausencia de dôres na região da mastoide e pre-trageana. Os acessos dolorosos apareciam espontaneamente. Não havia salivação durante estes acéssos. Os focos infecciosos, que pareceram possiveis de causar os feno, menos nevralgicos, foram erradicados, sem resultado. Injecções no ganglio esfenopalatino, na cadeia simpatica do lado esquerdo, da 7.ª cervical até a 1.ª e 2.ª vertebras toracicas, falharam por completo.

O diagnostico pre-operatorio foi de nevralgia do ganglio geniculado ou tic doloroso do geniculado.

Sob anestesía local foram identificados, por via cerebelar unilateral, o 7.º, 8.º, 9.º e 10.º nervos. Manipulação cuidadosa cora os feixes contendo o 7.º e 8.º nervos produziam dôres, no conduto auditivo externo, localisadas na porção cartila ginosa da parede anterior do meato auditivo. Quando o 9º nervo era tocado, a paciente gritava de dôres. Por 4 vezes foi a manobra repetida, com este nervo, e nas 4 a paciente sentira as mesmas dôres, identicas ás do tic doloroso.

Depois da secção deste nervo a paciente poude dormir.

Quatro mezes após a intervenção a doente permanecia livre das dôres. A anestesia do ouvido esquerdo e do conduto auditivo externo deste lado, não poude ser demonstrada depois da operação.

A sensibilidade desapareceu na metade esquerda do palato móle e sobre a parede do faringe desde 2 cms. para dentro da trompa de Eustaquio até a extremidade da epiglóte e sobre o terço posterior da lingua em que o gosta, tambem, desapareceu.

Foram praticados estudos sobre a secreção salivar, neste caso, sobre 2 outros casos de secção intracraneana do 9.º ,nervo, e 4 casos com avulsão da córda do timpano distal do nervo facial. O autor está convencido que as fibras secretoras das glandulas salivares acompanham o 7.º e o 9.º nervos. Ele conclue pela existencia de, pelo menos, 2 tipos de nevralgia ou tic: dolorosos do nervo glosso-faringêo. O tipo mais comum é o caracterisado por acessos paroxismicos de dôres lancinantes que, usualmente, têm origem na região tonsilar ou na basca da lingua, frequentemente irradiando para o ouvido e, quasi sempre, acompanhada de salivação e produzidas pela alimentação, conversação, pelo engolir ou por outros movimentos do faringe e da lingua.

O tipo mais raro, como no caso relatado, é o da nevralgia do ramo timpanico do nervo glosso-faringêo e que antigamente era atribuida, erradamente, como sendo um tic das fibras sensitivas do nervo facial, comumente conhecida como nevralgia do ganglio geniculado.

Ella é caracterisada por paroxismos dolorosos do meato auditivo externo que se associam, quasi sempre, com outras dôres na face, na região post-auricular, porém' não são despertados pelos movimentos da lingua ou faringe e não são associados á salivação.

A secção intracraneana, do nervo glosso-faringêo, cura ambos os tipos.

M. O. R.




(*) Do Jornal da "American Med. Ass." 1933 - pg. 1744.

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