Ano: 1933 Vol. 1 Ed. 5 - Setembro - Outubro - (8º)
Seção: Revista das Revistas
Páginas: 419 a 436
REVISTA DAS REVISTAS - parte 2
Autor(es): -
DINTENFASS, H.- Punção do meato inferior "versus" cateterismo do orifício natural do seio maxilar. - Pag. 943.
A punção do meato inferior pode ser efectuada em qualquer vaso, e requer pouca prática. Determina, porém, grande incômodo e há perigo da embolia aérea, como de hemorragia, choque, dor, e enfisema das partes moles.
O cateterismo do orifício natural evita estas desvantagens, mas não pode ser empregado com tanta freqüência quanto a punção do meato inferior, parque a configuração anatômica do óstio não o permite. Exige, alêm disso, conhecimento acurado da anatomia da parede nasal externa, e certo grau de habilidade e de experiência. Aliás tal facilidade deixa a melhor impressão no paciente.
Dintefass acha, por isso, que nos diagnósticos das afecções dó seio maxilar, o cateterismo deve ser sempre tentado antes da punção do meato inferior. Salienta que o primeiro só é exequível em 70 a 80 % dos casos, na opinião de Meyerson e Lee Hurd.
GATEWOOD, W. L. - Substituto eficiente da cocaina e da novocaina em rino-laringologia. - Pag. 951.
O soluto da percaina a 2,5 % mostrou ser um ótimo anestésico ale embebição em operações como a ressecção sub-mucosa do septo; a etmoidectomia; a antrotomia intra-nasal; a conquectomia; e operações semelhante. O soluto em apreço determina anestesia pronta, eficiente e prolongada, sem sinais de irritação ou de intoxicação, geral.
Usada em soluto a 1 por mil com adrenalina, a percaina revelou-se tão enérgica quanto o soluto a 1 % de novocaina, na anestesia por infiltração para a amigdalectomia.
A percaina tem a vantagem de, quando injectada, determinar uma analgesia que é muito mais prolongada do que a obtida com a novocaina. Em conseqüência disso, a tendência do sangramento post-operatório é muito menor da que com a novocaina.
LORIE, A. J. e LUX, P. - Cisto congênito do laringe. - Pag. 957.
O cisto congênito do laringe é uma das afecções mais raras dêste órgão. Passando em revista a literatura do assunto, encontram-se referências apenas a 6 casos.
Os A. A. resumem sua observação no seguinte: Foi levado a seu serviço um menino de 4 e 1/2 mêses que, desde a idade de três semanas, vinha tendo acessos repetidos de dispneia, seguidos de regurgitação dos alimentos.
Pela anamnese apuram os A.A. que a criança nunca havia chorado claramente. Os acessos de dispneia tornaram-se mais frequentes havia dois mêses. Com êsses acessos vinha a vontade de chorar, o que causava cianose notavel.
Ao exame verificaram que o doentinho estava edemaciado, cianótico. Havia deformação evidente do tórace, com abaúlamento do peito. O exame superficial do laringe revelou edema considerável, obstrução do orifício laríngeo, cuja natureza não pôde ser precisada.
Em vista das condições do paciente, da incapacidade de chorar alto, do aumento notável da cianóse, da dispneia, os A. A. julgaram ser razoável fazer o diagnóstico de tumor endo-laringeo ou obstrução endo-laringea, e efectuar a traqueotomia, para melhorar as condições do paciente. Com esta, de fato, melhorou muito a respiração, e dias depois era levada a efeito, sem anestesia, a laringoscopia direta. Havia no laringe um grande tumor cístico, a obstuir quási por completo a cavidade. O cisto foi incisado e evacuado, dêle saindo um líquido mucóide. Nove dias depois era feito novo exame, verificando-se que o cisto estava, de novo, cheio. Por isso foi levada a efeito a laringo-fissura. Ao, serem afastadas as azas dá cartilagem tireóide, surgiu um tumor cístico, a cobrir inteiramente todo o lado esquerdo dos espaços glótico e sub-glótica. Pôde-se notar que se tratava de um cisto de implantação muito larga, provávelmente oriundo da epiglote. Foi feita a ressecção da massa, de toda a mucosa do lado esquerdo, e da metade esquerda da epiglote. Conseguiu-se assim a cura do doentinho em menos de um mês. Passam em seguida os A. A. a estudar a patogenia de tais tumores. A sede usual dêles é a base da epiglote, na dobra ari-epiglótica. A epiglote, na região do ventrículo, contém a maioria das glândulas de muco do laringe, e portanto tais tumores aí encontram um campo fértil para sua produção.
Várias hipóteses teem sido aventadas para explicar a origem dêsses cistos. Selneider julga-os uma espécie de excrecência do apêndice do laringe. Louys considera-os de origem branquial, a que Von Kostanecke e Muleki provaram não ser possível. Glas mostrou que a localização dos cistos embriogênicos do laringe é o ponto de encontro de várias camadas germinais. Beck é de parecer que êsses tumores originam-se de tecido do canal tireo-glosso.
Os A. A. frizam não ter encontrado um só semelhante a êste na literatura.
Dr. Mangabeira-Albernaz.
REVUE D'OTO-NEURO- OPHTALMOLOGIE
Tome XI. Ns. 4 e 5 - Abril e Maio, 1933.
J. REBATTU e P. MOUNIER KUHN, J. DECHAUME, P. BONNET e A. COLRAT (de Lyon) - Relatorio - As zonas cefálicas.
Minucioso e completo estudo sobre o assunto, ocupando dois numeros da revista, impossivel de ser resumido.
Tome XI. N.º 6, junho 1933.
MAURICE JACOD - (Lyon) - A proposito do cancer peritubario e de sua propagação endocraniana. - Pag. 412.
Rapido esborço historico chamando a atenção para os trabalhos do Autor sobre o assunto, ao mesmo tempo, afirma que as questões de prioridade são vans.
Distingue em dois grupos os tumores malignos da naso-faringe. Os. que partem da abobada do cavum, do feixe fibroso basilar atrás dos rebordos coanais, da encruzilhada etmoido-esfenoidal adiante e têm tendencia a se propagarem para as aberturas do cavum: orofaringe, fossas nasais, seios e cavidades orbitarias, transformando-se .em tumores naso-faciais. Os outros se desenvolvem no interior das aponevrósés que formam o sistema da trompa de Eustáquio. São inicialmente, tumores parietais e extra-cavitarios em relação ao cavam que tendem naturalmente a se tornarem baso-cranianos e a comprimirem os nervos cranianos ao nível de seus grossos troncos. Os sintomas iniciais destes tumores são unicamente auriculares e apresentam-se sob a forma banal de otite média subi-aguda tenaz com obstrução tubaria, de otite média exsudativa recidivante, ás vezes, e de uma otite média aguda supurada ou não. O A. apresenta a seguinte proposição clinica: Todas as vezes que um doente tendo passado os 40 anos apresenta ao mesmo tempo dóres profundas uni-laterais inexplicaveis e uma otite média persistente cuja tenacidade não possue causa manifesta, deve-se suspeitar tumor maligno tubario e submeter o paciente a exames repetidos do cavum. Em fase mais adiantada, estes tumores, principalmente os sarcomas, são canalizados pelos fascias aponevroticos na direção da base do cranio. Penetram na fossa cerebral média ao nível da união petro-esfenoidal que o Autor descreve com minucias, chamando de encruzilhada pétreo-esfenoidal. A associação neste ponto das paralisias tronculares dos II, III, IV, V -e VI pares granianos se traduz por uni conjunto de tres grandes sintomas, sensitivos motores e sensoriais: neuralgia uni-lateral do trigemeo do tipo gasseriano, oftalmoplegia, uni-lateral total ou sub-total, amauróse unilateral, a que Jacod chama de sindroma da encruzilhada petreo-esfenoidal. As paralisias do IX, X, X1 XII e do simpático, as vezes observadas nestes tumores são atribuidas a adenopatías distantes causadas por generalizações ganglionarés afastadas e não pelo proprio tumor.
G. WORMS - Hidropisia meningéa com hemi-síndroma cerebelar no decurso de uma otite catarral. - Pag. 418.
Realta observação dum doente que no decurso duma otite média direita, do tipo catarral, apresentou uma sindrome de hipertensão, intra-craniana (cefaléas, vertigens, vomitos recidivantes, edema papilar bilateral e obnubilação intelectual acentuada).
Em fase ulterior os acidentes se complicáram de sinais neurologicos caracteristicos duma hemi-sindrome cerebelar esquerda com desvio para a esquerda na marcha as cégas, hipermetria e dismetria no membro inferior e adiadococinésia no membro superior, hopotonia muscular das membros esquerdos e enfraquecimento do refléxo rotuliano esquerdo. Existia alem disso hiperexcitabilidade labirintioa direita e uma hipoacusia do mesmo lado do tipo da orelha média. Tais perturbações desapareceram após larga trepanação temporo-parietal bi-lateral, permitindo que o paciente, ha 18 meses exerça integralmente suas funções.
O A. atribue o quadro observado a uma reação meningéa do seroso (hidropisia meningéa) que evoluiu lentamente comprimindo os orgãos da loja cerebelar. A infecção auricular teria sido incontestavelmente a causa da reação menigéa.
J. NORDMANN e E. DUHAMEL - Molestia de Cronzon. -Pag. 422.
Os autores apresentam observação de um caso de molestia de Crouzon. Estudam o diagnostico diferencial entre a molestia de Crouzon e a oxicefalía. Na oxicefalía todo o cranio é distendido em altura, é o cranio em torre descrito por VVirchow. Na molestia de Crouzon a deformidade se apresenta sobre a parte anterior da abobada e da caixa craniana.
As duas afecções tem entretanto numerosos pontos comuns: os sintomas oculares são os que mais se assemelham. Afirmam os autores que a atrofia do nervo optico tanto na molestia de Crouzon como na oxicefalía é consecutiva a uma estáse por hipertensão craniana.
F. J. COLLET e R. MAYOUX - A proposito do mecanismo do sinal de fistula. - Pag. 427.
Duas hipóteses podem explicar o sinal de fistula.
A compressão determina um movimento do liquido nos canais semi-circulares; é a realização clinica da experiencia de Ewald; a excitação dos canais semi-circulares é a causa no nistagmo.
Para Mygind o sinal de fistula é unia reação otolitica.
Os casos onde o nistagmo muda de direção no mesmo doente tem sido cuidadosamente estudados. A hipótese de Herzog é classica. Paia se produzir uni movimento na endolinfa são necessarios dois pontos fracos: a fistula e a janéla redonda. Geralmente a compressão se faz ao nível da fistula e o nistagmo é dirigido para o lado doente. Si um obstaculo impede a compressão ao nivel da fistula ela age ao nivel da janéla redonda e o nistagmo se inverte. Os autores apresentam duas observações de sinal de fistula e concluem que as variações de sentido e de intensidade do nistagmo que observaram, determinando aspiração ou compressão ao nivel da fistula se explica facilmente pelo movimento da endolinfa nos canais semicirculares.
Dr. Grabriel Porto.
LES ANNALES D'OTO-LARYNGOLOGIE 1933 - N.º 7 (Julho)
F. J. COLLET e P. MOUNIER-KUHN (Lyon) - Osteite fibrosa da mastoide. Analogias com a molestia ossea de Reck-linghausen. -Pag. 773.
Apresentam os AA. uma interessante observação : Senhora de 65 anos com dôres na região 9retro-auricular direita, a principio, pouco intensas depois fortes, era unico, sintoma. Apareceu depois um corrimento do conduto, sem aliviar a dôr. Apiretica, conduto estreito, timpano visivel em pequena parte, sem perfuração apreciavel. Provas acumetricas: hipoacusía ligeira a direita, tipo transmissão. Radiografia em posição de Cottenot e de Hirtz: mastoide esquerda normal. A' direita estrutura normal desaparecida, osso opaco, tendo no centro uma cavidade. Intervenção: uma massa fibro-mucosa aderente aos planos profundos. Atraz seio lateral recoberto por um plano fibroso. Antro tambem invadido por tecido fibroso. Exposição da dura-mater. Ausencia de pús durante toda operação. Cicatrisação post-operatoria muito lenta. Depois da operação, desaparecimento das dôres. Foram praticados numerosos exames complementares. O exame histo-patologico revelou uma osteite rarefaciente, sem precisar etiologia.
Os AA. lembram as hipoteses patogénicas e etiologicas para o caso, eliminando a sifilis, a tuberculóse, a esporotricóse e neoplasma. Ficam entre duas: osteite fibrosa banal ou distrofia óssea de tipo Recklinghausen. Fazem interessante estudo comparativo e diferencial destas duas afecções, aplicando-o ao caso, que apresenta fatores que o aproximam de uma e fatores que o ligam a outra. O diagnostico dias distrofias ósseas depende de muita paciencia, sendo necessario esperar varios anos para se completar o quadro clinico.
MARCEL OMBRÉDANNE (Paris) - Ligadúra preventiva das carotidas no tratamento dos tumôres malignos da amigdalas. - Pag. 780.
Tres casos podem se apresentar: 1.º) Ligadura preventiva em vista de uma extirpação cirurgica do tumôr, para evitar acidentes hemorragicos graves. 2.º Ligadura preventiva em vista de um tratamento pelos agentes fisicos: diatermia ou irradiações. São ligaduras de prudencia. 3.º) Ligadura de necessidade: em presença de um cancer inoperavel que sangra, afim de evitar morte subita por ulceração de um grande vaso para-amigdaliano.
No 1.º caso, as indicações são: um epiteliôma amigdaliano já aderente aos pilares, invadiu o véo ou a base da lingua, parecendo fixado á parede lateral do faringe, ou um epiteliôma ulcerado, friavel, sangrando facilmente e que ao ser extirpado, se tema uma grande hemorragia.
No 2.º caso, a ligadura preventiva se impõe quando ao se extirpar o tumôr com bisturi diatermico, se receie hemorragia. Nas irradiações, a ligadura é indicado em casos especiais, pois em geral é util, e ás vezes nefasta.
Fazendo um estudo da escolha do vaso a ligar: carotida externa, as duas carotidas ou a carotida primitiva, acha o A. que a ligadura da carotida externa é suficiente na grande maioria dos casos (exerése cirurgica com bisturi ordinario ou agulha diatermica). A ligadura da carotida primitiva, que deverá se associar a da veia jugular interna para previnir isquemía cerebral, reservada seria aos casos de lesões extensas, cuja operação ameaçasse a carotida interna.
Estudam os acidentes: l.º) imediatos, que são raros. Ha os cerebrais, em que uns são mortais e outros transítorios e os oculares que são raros, amauróse transitoria. 2.º) acidentes tardios, mais frequentes, entre o l.º e 6º dias. São: a) cerebrais, uns serias (hemiplegia lenta etc.) e os outros são ligeiros (formigamentos, paresia facial, perturbações vaso-motoras, etc.). b) oculares, que podem ir de perturbações passageiras á cegueira.
Estudam a patogenia desses acidentes e lembram para prevenilos, podem ser ensaiadas duas manobras: 1.º) ligadura associada da veia jugular interna abaixo do buraco tiro-linguo-facial. 2.º) ligadura lenta e progressiva da carotida primitiva.
JEAN GUISEZ - Estenóses esofagianas não traumaticas nas creanças. pag. 810.
Estas entenóses não são raras nas creanças pois nas estatisticas ocupam um terço de todos os casos e na maioria tratam-se de estenóses ocasionadas pela deglutição de um caustico, de estenóses traumaticas que se classificam no grupo de estenóses cicatriciais.
Mas ao lado destas ha as estenóses que se manifestam desde a tenra edade, quando se substitue a alimentação liquida pela semisolida. Apresenta o A. 5 observações recentes; das 16 que fazem o total do A. E' de raridade aparente, pois talvez muitos casos de vomitos graves na creança, para as quais se incrimina o máo funcionamento do estomago, sejam devidos ao esofago. São creanças que apresentavam de ha muito perturbações da deglutição, que eram atribuidas ao estomago, e que mais tarde, com a disfagía completa, uma radiografia do esofago revela a estenóse. Tratam-se de estenóses incompletas valvulares na visinhança do diafragma. A presença desta valvula indica que a estenóse deve ser congenita: é o reliquat do periodo embrionario do esofago. Quando a valvula é completa, é incompativel com a vida. Tres dos dos pequenos foram enviados por corpos estranhos do esofago. Um tinha um pequeno pedaço de pão encravado na estenose no 1/3 inferior. Em outro, era um caroço de laranja, em outro pedaço de carne mal mastigada alojado em pequeno orificio estreitado. Pela esofagoscopia havia estenose valvular em tres casos. As vezes, essas estenoses, que na infancia dariam regurgitamento e vomitos de tempos em tempos, so na edade adulta se manifestam por disfagia grave. E´o caso do A., de 18 anos. Outro caso de homem de 30 anos, que tinha vomitos e regurgitamentos desde o aleitamento e que ao se alimentar com solidos, sempre sentiu uma especie de salto acima da regiao epigastrica. E´uma infecção grave e que aos poucos acarreta a parada da alimentação e morte por inanição. Outrora, o unico recurso era a gastronomia, grave na creança e insuficiente para o crescimento. O prognostico melhorou com a endoscopia. O tratamento endoscopico é o mesmo das estenoses graves do esofago. Primeiro procurar o pequeno pertuito nas dobras da mucosa, e depois caterisar com uma sonda filoforme e deixar o mais que possa suportar (4-6 horas). Quando ha valvula nitida, pode-se secciona-la com o esofagotomo, que tem inconvenientes, sendo mais eficaz a electrolise circular sobre as lesões.
M. ESCAT (Toulose) - Perigosas anomalias das carotidas internas - pag. 818
Anomalia bilateral no trajeto das carotidas internas foi descoberto em uma dissecação da face posterior do faringe. Tratava-se de uma flexuosidade anormal, bilateral e simetrica na parte do espaço retro-faringeo correspondente ao oro-faringe, entre as 1 e 3 vertebras cervicais. Essa anomalia ja tem sido encontrada por varios autores, mas tem grande interesse cirurgico. Pretenderam alguns que estas inflexões arteriais fossem devidas a arterio-escelrose, mas Fisher, Cairney e outros, demostraram ser congenitas. No vivo estas flexuosidades devem se traduzir por batimentos da parede posterior do faringe. Conclue afirmando não ser essa incursão da carotida interna muito rara, devendo-se pensar na sua possibilidade e agir prudentemente, atuando no plano sagital mediano, ao incisar um abcesso retro-faringêo.
H. P. CHATELLIER - Topografia da capsula labirintica - pg. 788
Trabalho longo e minucioso sobre o assunto, recomendavel para sua leitura na integra, para os que desejarem ter uma noção exata e completa sobre a topografia da capsula labirintica.
ARCHIVO ITALIANO DI OTOLOGIA, RINOLOGIA E LARINGOLOGIA
Vol. XLV. (4ªa serie) Fase IX. 1933.
DR. ACHILLE PERONI (Clínica O. R. L. da R. Univ. de Milão. Prof. Calamida) - As inflamações crónicas des seios para-nasais nas suas relações com a laringite crónica, com a broquectasia e com a asma.
Este trabalho (publicado por partes nos fascículos VII, VIII e IX) forma uma monografia, na qual o A. estuda em Ires capitutos diferentes, as relações entre os seios e as inflamações do laringe, bronquectasías, bronquites crónicas , e asma bronquica. O A. faz antes de cada capitulo, considerações gerais de fisiologia e de fisiopátologia dos seios. Ele sustenta que a existencia de uma inflamação crónica catarral dos seios, com hiperplasía da mucosa é muito frequente; esta afecção é frequentemente reconhecida e diagnosticada como catarro crónico do rinofaringe. Estuda em seguida os caracteristicos da drenagem das secreções normais e patológicas dos seios e da tendencia que têm essas secreções de se dirigem para o laringe.
No primeiro capitulo são descritos numerosos casos de lesões crónicas inflamatorias do laringe, causadas por sinusites ignoradas, do tipo catarral hiperplastico e cuja variedade mais frequente, é a laringite crónica posterior hipertrofica; estuda seus caracteres clinieos e anatomicos. Um outro tipo de laringite de origem sinusial descrito pelo A., é a ulcera de contacto do laringe, que ele descreve a anatomia patologica e a sintomatologia desta afecção, mencionada pela primeira vez por Ch. Jackson e caracterisada por uma ulceração do processo vocal das cordas.
Na segunda parte de seu trabalho, o A. trata de 115 casos de bronquectasía. Ele constatou que esses doentes, sobretudo creanças, eram portadores de afecções crónicas dos seios, do tipo purulento ou catarral. Depois de discutir as diferentes teorias sobre a origem das bronquectasias, ele admite a possibilidade de que, as sinusites tenham a mesma origem, ou mesmo que as bronquectasías tenham por causa uma deformação congenita dos bronquios. Seja qual for, o A. afirma a importancia das lesões sinusiais na reinfecção bronquica e na perpetuação do processo bronquectasico pela drenagem continua das secreções nós bronquios. Sustenta a necessidade da terapeutica das sinusites como coadjuvante da terapeutica bronquica.
Na terceira parte, depois de haver discutido as diferentes teôrias, que atribuem ás lesões nasais uma grande importancia sobre a gênese da asma, o A. se detem sobretudo sobre as correntes de idéas que atribuem ser a asma causada por uma alergia bactérica de origem nasal. Ele se ocupa longamente dessa origem alergica da asma simples e especialmente da asma de origem bactérica e estuda os diferentes aspéctos das lesões sinusiais na asma. Passa em revista grande numeros de doenças cuidadosamente estudadas, tanto no ponto de vista alérgico como no ponto de vista rinológico, com a intenção predominante de avaliar a importancia das lesões sinusiais no quadro geral da asma. No seu modo de vêr, as lesões dos seios, que encontrou em 80 % dos doentes, mesmo com ausencia, de lesões na cavidade nasal, não são mais que um processo hiperplastico proveniente da propria mucosa.
Este processo crónico, chamado erradamente de sinusite hiperplastica, origina-se da coparticipação frequente das mucósas do nariz aos ataques agudos da alergía. O A. sustenta que, tanto a hiperplasía da mucósa dos seios, como os polipos do nariz, não, são causadores da asma, mas constituem um sintôma secundario do processo alérgico.
A seu vêr, constitue um erro acreditar na frequencia das alergias de origem bactérica, sobretudo nas dos seios; de outro lado, é prudente operar somente as lesões que trazem obstaculo a função respiratoria.
DR. PIERO ZORZOLI (Diretor do Sanatorio Abetina di Sondalo - Laringites tuberculósas de aspécto catarral crónico. Pg. 568.
Neste artigo, o A. chama a atenção sobre determinada forma de tuberculóse do laringe, que, pela ausencia de lesões caracteristicas, pôde passar desapercebida ao laringologista mais traquejado, e sêr diagnosticada como laringite catarral crónica. No quadro clinico, sintôma principal, uma rouquidão persistente, acompanhada geralmente de tósse sêca, durando mêses e rebelde aos tratamentos usuais. Ao exame laringoscopico, nóta-se uma vermelhidão difusa de toda mucósa do laringe. Cordas vocais tambem avermelhadas, paresía dos musculos tensores. Ausencia de infiltração da epiglóte e da região aritnoidena; estado geral bom, não apresentando sinais claros de lesões especificas do aparelho pulmonar. Só posteriormente, com a evolução da infecção bacilar, é que as lesões do laringe tornam-se caracteristicas. Assinála o A. que essas formas discrétas são mais frequentes do que geralmente se julga.
H.C.
REVUE DE CHIRURGIE PLASTIQUE
Agosto de 1933
1) DANTRELLE - lncisões e suturas em cirurgia plastica -- P.75.
O A. focalisa certas noções praticas, de incontestavel valor, embora muitas vezes despresadas. As incisões, por exemplo, não devem ser executadas ao acaso, mas obedecer ás linhas dc tensão da péle. Uma boa incisão presupõe e exige bons instrumentos. O angulo de corte varia com a função do instrumento e, mais exatamente, com a dureza dos tecidos nos quais vae trabalhar. Uma tecnica precisa e rapida ensina a obter afiação perfeita.
Mais importante ainda é o estudo das suturas, preconisando o A. um metodo de sua creação, sem contacto.
Aconselha fazer curativos com o penghawar ou com o oxido amarelo de mercurio. Termina indicando os cuidados especiais de vigilancia sobre as suturas e meio de retira-las.
2) CLAIRE L. STRAITH - Uma tecnica de rinoplustia. - Pg. 109.
Na reparação dos de defeitos do nariz deve-se evitar a creação de defeitos secundarios, condenando o processo indiano e o francez. O metodo italiano, não defende contra a desigualdade de tessitura e de coloração.
Para reparar uma perda de substancia do nariz, lançou mão; da péle do pescoço, transportada na extremidade de um pediculo tubular previamente construido.
O disconforto da posição flectida da cabeça, mantida por um aparelho gessado, teve como compensação poupar o defeito secundario da face e tornar pouco evidente a zona reparada.
Dr. Rehello Nela.
REVISTA CUBANA DE OTO-NEURO-OFTALMIATRIA
Vol. II. - Maio-Junho, 1933.
GILBERTO CEPERO e LORENZO COMAS. - A diatermia na coriza. -- Pg. 136.
Os autores, que são oftalmologistas, sofriam, ha muito tempo, de corizas repetidos. Experimentando, após muitos tratamentos, a d'arsonvalisação diatermica preconisada por Bordier, verificaram, á primeira sessão, que todos os sintomas desapareciam imediatamente. Resolveram modificar o electrodo de Bordier, simplificando-o, e experimentaram o processo em 14 pessoas, em sessões de 20 minutos a meia hora. Relatam no artigo as 14 observações, sendo que em 11 se verificaram resultados esplendidos; em 1 foi assinalada melhora relativa em 1 caso o processo não deu o menor resultado; nos ultimo foram obtidas melhoras temporais e a observação não poude ser concluida.
Os autores terminam aconselhando, com entusiasmo, o emprego desse processo comodo, agradavel e de resultados imediatos, no tratamento das corizas, contra as quais os medicos não dispõem de agentes terapeuticos verdadeiramente eficazes.
Dr. Fabio Belfort.
MONATSSCHRIFT FUER OHRENHEILKUNDE UND LARYNGO-RHINOLOGIE.
Vol. 67 - Fevereiro 1933
KREINZ E KUMER (Innsbruck) - Tratamento pelo radio dos tumores malignos do esôfago - pag. 129
Os tumores malignos do esofago tem-se mostrado rebeldes ao tratamento cirurgico. Só pode ser aceitável sua ressecção, quando a localização e alta. A extirpação do neoplasma, por via endo-esofagena, como propõe Seiffert, não garante a cura, oferece certos perigos e na melhor das hipóteses é apenas paliativa. Por esses motivos, os tumores do esofago são apenas suscetíveis de tratamento. Os raios X não conseguiram até agora cura alguma duradoura. Resta pois a terapia pelo radio isolado, ou em combinação com os raios de Roentgen. A natureza dos tumores (carcinoma de epitelio chato, córneo ou anaplástico), radio sensiveis, oferece certa garantia ao tratamento.
E´a irradiação o processo terapeutico, que em todos os casos deve ser indicado, porque quase sempre alivia o doente, permite sobrevida grande em alguns casos, alem de não tirar a ultima esperança.
Quanto maior for a distancia tanto menor sera a ação do radio; não obstante, consegue-se agir com dose suficientemente elevada em pontos distantes do condutor de forma a não prejudicar o tecido são, visinho do radio.
O aparelho que o autor preconisa, consta do seguinte: o radio e o filtro são introdusidos em uma empola de borracha, ligada por um tubo capilar de cobre a um balão igualmente de borracha.
Colocada a empôla, em plena massa tumoral (sob esofagoscopia), é comprimido o balão externo que faz dilatar a empôla, mantendose esta, dessa forma, em posição permanente.
MARKUS SALZBERGER E ELCHANAN RABINOVICI - Sobre as relaçdes entre toxicose e otite media dos lactantes -Pag. 188.
Toxicose é o nome dado a perturbações nutritivas , que acometém as creancas no primeiro ano de vida. O material estudado pelos autores, corresponde a 99 casos de creanças de 2 semanas a 1 ano de idade, sendo que 10 atingem a 2 anos. O quadro clínico é sempre o mesmo: acometimento súbito com vómitos e diarréa, falta de apetite, elevação da, temperatura até 39 graus, raramente 40º, Ora apáticas, ora excitáveis manhosas, apresentam umas o choro caraterístico, grito da tosicuse (Toxicoseschreien). Olhos no fundo bem como as fontanelas, sinal de desidratação. No período terminal, convulsões tônicas e clônicas e vómitos em borra de cafê. Finkelstein, considerando as causas parenterais, da toxicose, diz:.
Dos 99 casos estudados pelos autores, apenas em 17, não foi encontrado sinal otológico. Em 16 houve unilateralidade do processo é nos outros 66, bilateralidade do acometimento auditivo.
As doenças dos ouvidos que os autores encontraram nos lactantes, subordinavam-se sempre áo grupo das otites latentes. Alexander divide as otites latentes em relativas e absolutas. Nas primeiras descreve os casos em que a doença é evidenciada á custa de exames repetidos e sistemáticos. Nos segundos enquadram-se as otites em que os exames resultam negativos. Os casos dos autores pertencem ao segundo grupo. O quadro otoscópico era quasi sempre o da otite aguda. Sempre praticou a paracentese. Na maioria das vezes, logo após a paracentese, sou no dia seguinte, apareceu supuração.
Os autores apresentam uma serie de casos que atacados em plena robustez de toxicose gravissima, voltaram em breve, após paracentese, ao seu estado de saúde anterior.
Em alguns casos foi necessario repetir a paracentese muitas vezes, piorando sensivelmente o estado do doente, quando a secreção do ouvido cessava.
Muitos tiveram a sua mastoide trepanada, sem que houvesse qualquer exteriorização de mastoide e não obstante, havia puz em quantidade em seu interior.
Os autores americanos com Alden, Syman e Mariott á frente, abrem sistematicamente todas as mastóides de doentes atacados de toxicase.
Salzberger e Rabinovici consideram a otite média como uma concomitância da toxicose, agravando-a e não como, agente responsavel da mesma.
Concluem os autores afirmando que sendo a otite concomitante mais facil de tratar que a toxicose, o otologista desempenhará sempre papel importante na regressão do mal.
DR. ALEXANDER liOROS1 - Eliologia da diferença pupilar - Pag. 207.
Encontra-se frequentemente a diferença pupilar, sem que se consiga esclarecê-la. O exame do ouvido resultou sempre positivo, para o autor, denunciando uma perfuração seca central ou total da membrana timpánica. Em 40 doentes examinados, que apresentavam perfuração seca, encontrou o autor o seguinte: mióse do mesmo lado que a perfuração em 15 casos; nos 24 restantes, não havia anisocoria.
O fundamento anatômico da miose na perfuração seca, reside na relação topográfica do ouvido médio, com as fibras pupilo-dilatadoras do simpático. Kleyn e Socin pesquisando sobre gatos, verificaram que todas as fibras pupilo-dilatadoras ramificam-se do ganglio cervical sup., pela carótida int., no ouvido médio. Aqui percorrem elas o promotorio e abandonam o ouvido médio pela trompa de Eustáquio. Posteriormente entram em contacto com primeiro ramo do trigêmio, para atingir o bulbo - com os nervos, ciliares. Se estas relações topográficas fossem exatas para o homem, estaria facilmente explicado o caso. O processo cicatricial consecutivo á cura da otite média, interromperia a condução das fibras nervosas, que estariam englobadas na mucosa do promontório.
O conhecimento da anisocoria na supuração do ouvido é de significação prática. Nos casos de miose em que são afastadas a lúes, anomalias de refração, ou doenças intra-craneanas, pode o exame do ouvido esclarecer-lhe a etiologia.
DR. K. SAWICZ - Pesquisas sobre a introdução; de agua salgada no ouvida, por nisto de inalação nasal -Pag. 226.
De suas pesquisas conclúe o A. que a salmoura penetra no ouvido embora em quantidade pequena, atravez das vias aéreas, mas suficiente para fim terapêutico. Nos casos em que havia pouca mortificação na anatomia do nariz e nos quais a trompa de Eustáquio era permeável, foi encontrada maior quantidade de sal na caixa do tímpano. Quando porem, o sal faltava, após a inalação, isso significava obstrução tubária.
Para prova da passagem, do sal inalado até a caixa, o A. Fez experiências em indivíduos portadores de perfuração ou destruição da membrana. Aplicava a inalação e a seguir dosava a quantidade de cloreto de sódio encontrado na caixa. Obteve, com o tratamento, resultados bons em' casos de catarro do ouvido e de supuração do ouvido médio.
Publicando suas pesquisas, espera o autor aumentar o interesse para com a cura pela inalação.
E. URBANTSCHITSCH. - Surdez verbal de origens central com conservação parcial de percepção, ao diapasão e inexcitabilidade do aparelhe vestibular, após encefalite.-Pag. 235.
A. W. 44 anos. Teve durante a guerra disentería e malária. Logo após a guerra sofreu de enjôos e vómitos de substância biliosa. Dores de cabeça violentas, que se irradiavam para os temporais. Vertigem rotatória, marcha incerta como se estivesse embriagado: Grande nervosismo. Ultimamente completa surdez. Ex. otológico bilateral: surdez verbal. Diapasão vibrado fortemente percebido de ambos os lados, principalmente á dir. a1, á esq. g1 até a1. Nenhuma condução óssoa. Romberg positivo. Queda com tendencia para a esq. Reação calórica negativa cai ambos os lados. Prova rotatória: 4 a 5 abalos nistag. Liquor: Pandy fortemente positivo, Nonne
Apelt fracamente. Wassermann: sangue neg., liquor 0,05 até 0,25 neg. O ex. neurológico deu o seguinte diagnóstico: processo encefalítico em relação com a fossa post.
Epicrise: trata-se de surdez verbal, na qual o ex. neurológico demonstrou um foco encefalítico antigo na fossa post. O interesse do caso reside o fato do paciente não ouvir a voz mesmo gritada e no entanto percebe a diapasão, enquanto que a reação vestibular mostrava-se absolutamente negativa. Sobre a causa da afecção cerebral, não se pode ter noção exata. Trata-se de encefalite de etiologia desconhecida. O processo prolonga-se por 7 anos, sendo que ha l ano o doente ainda ouvia um pouco; esta circunstancia fala contra a idéa de uma afecção meningéa no acometimento do ouvido.
ARISTIDES MONTEIRO - (Rio de janeiro) A laringoscopía diréta em suspensão. Modificação do aparelho de Seiffert. (O Hospital - Ano 5.o, no 6 Junho 1933, Pg- 493).
Esboço historico de laringoscopía. O autor que é assistente do Prof. J. Marinho no famoso serviço de otolaringologia do Hospital S. Francisco de Assis revéla-se adepto da iluminação distai (sistema Chevalier Jackson) em endoscopia, e expõe as vantagens do láringóscopio de Seiffert principalmente para o tratamento cirurgico dos papilomas do laringe. Pensando assim, Aristides Monteiro adaptou o sistema de iluminação de Chevalier Jackson ao aparelho ele Seiffert.
Dr. Gabriel Porto
RENATO -MACHADO (Rio de Janeiro) - Dacriocistorinostomía - Tecnica de Mosher-Toti) - (Revista Brasileira de Cirurgía - junho dc 1933).
O A. que é docente da Faculdade ele Medicina do Rio de Janeiro e um dos nomes mais acatados da oto-rino-laringologia nacional, principía fazendo algumas considerações de ordem historica, dando realce á importancia do assunto, principalmente para o oculista, embora reivindique o ato operatorio, em sí, para a. rinilogia.
Esboça a anatomía da região, sem se deter em minucias que não tenham relação direta com o assunto, estampando dois desenhos a cores e uma fotografia de excelente execução.
Em um estudo critico dos processos para resolver o problema da supuração do saco lacrimal, o A. se contenta em estudar o processo classico de Meller, o de Dupuy-Dutemps, o de West e o de Totí, modificado por Mosher. Limitado, assim, o seu campo, não entra em comentarios sobre os numerosos outros processos, como sejam o de Heyninx, o de Clark, o de Halle, o de Zarzycki, o de Arruga e uma quasi - infinidade de outros.
Na verdade, a primeira idéa da dacriocistorinostormia como se faz modernamente, parece ser devida ao Prof. Cirincione que, em 1904, a praticou por via endo-nasal (Spaeth-Ophthalmic Plastic Surgery - pag. 170). No mesmo ano. Toti realisou a operação por via externa, tendo sua tecnica, mais tarde, sido modificada e padronisada por Dupuy-Dutemps e Bourguet. A tecnica denominada de Mosher-Toti (em rigor deveria se dizer Toti-Mosher), muito se áproxima da Dupuy-Dutemps, combinada com a intervenção sobre as paredes da fossa nasal (resecção da cabeça do corneto medio, de cristas ou esporões osseos eventuais, etc.).
Após a critica dos processos, o autor descreve a tecnica da operação de Mosher, que combina as vias externa e interna. Ei-la, sumariamente:
Após correção de eventuais defeitos osseos e resecção da cabeça do corneto medio, que pode ser feita em tempo separado; anestesía comum ás intervenções sobre o saco, sendo apenas necessario completa-la para o lado do nariz por meio da aplicação de tampões de coca-adrenalina ou, rnelhor, de novacocaína-efedrina.
Incisão dos tecido superficiais, Deslocamento do saco. Resecção da parede ossea interna do canal lacrimo-nasal, com eventual curetagem de celulas etmoidais doentes. Incisão do saco, feita sob a vigilancia de uma sonda de Bowman nele introduzida. Adaptação dos retalhos e sutura com seda fina. Curativo compressìvo de gaze e esparadrapo.
Os diversos tempos são ilustrados por meio de 6 esquemas.
Após se deter nas indicações (casos cronicos, necessidáde de intervenções endo-oculares, etc.) e nas contra indicações (Cacriocisti e aguda, processos inflamatorios repetidos que alterem a anatomía da região), o A. passa , á relatar os resultados obtidos:
O proprio Mosher dá 90% de curas da supuração e 75 % da epifora. O autor praticou 35 intervenções e poude rever 13 casos. Destes ultimos, 2 foram operados com destruição mais ou menos completa do saco e uni está em observação. Os outros 10 ficaram curados, sem supuração nem epifora.
Por conseguinte, os resultados são muito animadores, senda de desejar que os oculistas, em colaboração com os rinologistas, tentassem sempre esse processo que, embora trabalhoso, é, positivamente mais logico que a extirpação do saco, praticada usualmente, tanto mais que esta ultima pode ser empregada, afinal, caso a dacriocistorinostomía não dê o resultado almejado.
DAVID SANSON - "Abcesso encefalico na região frontal" -(Extraido do "Mundo Medico". An. VII. N.º 312).
Relatou o Dr. David Sanson, na sessão da Academia Nacional de Medicina, um segundo caso de abcesso encefálico na região frontal, apresentando o seu operado em via de cura e aproveita a oportunidade para submeter novamente a apreciação dos presentes a seu primeiro operado que a Academia teve ocasião de ver na sessão de 11 de Maio do corrente ano, mostrando-o inteiramente curado, portador de uma cicatriz consolidada, em ótimo estado de saude.
Enquanto que no primeiro caso a sintologia classica de hipertensão craneana impoz uma intervenção imediata, foi, no segundo caso, possivel acompanhar toda a evolução do abcesso e intervir em ocasião oportuna.
Neste segundo caso, a causa inicial foi tambem uma sinusite frontal (unilateral no primeiro e dupla no segundo), tambem como no primeiro, por outro especialista operado, que teve por fase intermediaria um processo de osteo-mielite, muito mais extenso que o primeiro.
Além da remoção de toda a taboa externa do frontal, foi retirada grande parte da taboa interna, do lado esquerdo, e largamente exposta a meninge.
Os casos apresentam um duplo interesse cirurgico - a cura do abcesso encefaliao e a cura da osteo-mielite.
Em ambos a colecção purulenta atingiu um volume de 150 a 200 c. c. de puz.
O professor Sanson não afirma, mas acredita que na literatura nacional são estes dois casos unicos de cura de osteo-mielite e de abcesso encefalico de localização frontal.
Na sua estatistica de abcessos encefalicos operados, este ultimo ocupa o decimo primeiro logar.
A apresentação dos doentes a academia foi acompanhada de farta documentação.
Como amigos da familia, acompanharam de perto este ultimo caso os Drs. Paes Barreto e Fabio Sodré.