Ano: 1933 Vol. 1 Ed. 3 - Maio - Junho - (9º)
Seção: Revista das Revistas
Páginas: 230 a 252
REVISTA DAS REVISTAS
Autor(es): -
ARCHIVES OF OTOLARYNGOLOGY Vol. 17 - N.° 1 Janeiro de 1933
HAROLD I. LILLIE e JOHN H. CHILDREY. (Rochester, Minn.) - Efeito do nitrato de prata na mucosa nasal de coelhos. - Pág. i.
Com a aplicação de nitrato de prata na mucosa nasal de coelhos. verifica-se que o epitélio começa a se regenerar uma semana depois, e os cílios tendem a aparecer trez mezes mais tarde. Este epitelio não aparece normal; é pseudo-estratficado e contem um numero anormal de celulas em taça. A camada abaixo desta é fibrosa e espessa, apezar de conter glandulas que têm aparentemente sofrido regeneração; não é normal na aparencia, mas caracterisada por uma acentuada infiltração celular. E' de grande importancia com o estudo da rinite vasomotora o facto de as fibras nervosas apresentarem infiltração celular e ,vacuolisação. Estas mudanças no tecido nervoso podem explicar o beneficio obtido no tratamento da rinite vasomotora pela aplicação do nitrato de prata sobre a mucosa na região nasal. Acompanham o estudo varias fotografias microscopicas.
HERMAN PHILIPS. (New York) - Estudo radiologico dos seios paranasais. - Pag. S.
O autor é de opinião que ha muito erro na interpretação das radiografias dos seios paranasais. Por outro lado os filmes são com frequencia deficientes, de má qualidade e tomados com tecnica antiquada. A importante da precisão de tecnica não tem sido suficientemente avaliada e ha uma concepção de seios erradamente tomados como normais, tanto na mente dos radiologistas como dos rinologistas. O autor formula as condições seguintes para que um film possa ser aceito:
1.° - Ha necessidade mínima de seis posições, afim de permitir o estudo de cada seio, ou grupo de celulas pelo menos em tres projeções z.° - E' preciso ser demonstrada que não houve o menor movimento . em nenhum dos films.
3.° - Pelo menos um film preferivelmente fontoantral, deve ser tomado em posição créta, e nesta posição o soalho do antro não deve deve ser encoberto pela fossa craneana posterior ou pelo rochedo .
4.° - As projeções orbitais das celulas etmoidais são indispensaveis, porque são as unicas que fornecem vistas destas celulas sem serem adulteradas por outras sombras.
Em seguida o autor descreve cada uma das suas posições- em numero de seis, para depois comentar detalhadamente cada uma delas.
JOHN KERNAN e HENRY SCHUGT. (New York). - Abscesso submucoso primario de laringe. - Pag. 22.
O tipo mais comum é constituído por pequenos abcessos superficiais que se desenvolvem na mucosa do laringe; eles aparecem como uma inflamação edematósa e depois flutuante, geralmente situados na epiglóte e aritenoides. Inumeros casos deste tipo são descritos na literatura. Conhecem-se tambem pequenos abcessos das cordas vocais; em geral, são circunscritos, amarelados, inflamação ligeira, causando pouco sintomatologia. Pódem ser abertos com facilidade. O chamado abcesso prelaringêo é uma fôrma especial que se desenvolve após a infecção do nodulo linfatico prelaringêo. Ocasionalmente pódem aparecer em seguida á operações intra-laringêas, sobretudo em tubercolóse. O abcesso externo do laringe parece ser mas comum, desenvolvendo-se em seguida a laringites agudas submucosas, formando uma massa flutuante, palpavel na superfície da cartilagem. tiroide, quando a inflamação progride atravez desta cartilagem. Menos comuns, mas mais serios são os abcessos circunscritos no lumen do laringe, que frequentemente provocam perigosas estenoses.
Tais abcessos pódem formar-se tanto na tiroide como nas cricoides; em geral são difíceis de se tratar. A's vezes não mostram mais de que um ligeiro abaulamento na região subglotica, paralela ás cordas vocais. Ha tambem abcessos isolados na fossa piriforme, que realmente pertencem ao grupo dos abcessos superficiais; mas que ás vezes tomam grande extensão e profundida. Depois destas considerações téoricas os autores passam a descrever duas observações suas, concluindo pela necessidade que temos de muitas vezes fazer uma drenagem externa.
BENJAMIN KAT7_. (Los Angeles) - Erisipéla do faringe e laringe - Pag. 30.
O autor faz um estudo sumario de etiologia, natureza da infecção, origens e modo de infecção, anatomia patologica e depois passa a descrever os sintomas. A molestia começa sempre com febre acima de 38°, que sóbe com grande rapidez, algumas vezes depois de uma amigdalite e em outras invadindo primariamente o laringe. Desde que a infecção invadiu os linfaticos da base da lingua, esta se torna inflamada, causando disfagia. Quando a molestia se espalhou pelo laringe, a mucosa rapidamente cobre-se de um exudato seroso, torna-se intumescida e fôrma-se estenóse. A rapidez do processo é típico da erisipéla do laringe. Ha tres tipos de erisipéla da mucosa: i.° com rubor inflamatorio; 2.° com formação de vesículas; 3.° com a subsequente necrose. O. prognostico dependerá de tres fatores: perigo da erisipéla per se, que dá uma mortalidade de 10% ; perigo de estenose; complicações proprias da molestia; quando a molestia invade o pulmão, o prognostico é absolutamente fatal.
ANGELO, SMÌTH. (Yonkers. N. Y.) - Perfuração expontanea do seio sigmoidêo em seguida á operação de mastoide -' Pag. 43.
O autor relata tres casos de rotura expontanea do seio sigmoidéo depois da mastoidectomia; diz ele que todos os casos são resultados de flebites septicas envolvendo a parede do vaso. Todos os casos ocorreram em creanças entre 5 e 7 anos, sendo que em um dos casos o acidente foi bilateral. Depois da operação da mastoide a ferida continuou a supurar, o que foi atribuido a uma desusada virulencia por parte dos germens. No caso em que houve rotura bilateral, a. mastoidite havia sido precidida de escarlatina, sendo que o doente veio a falecer de meningite supurada: Conclue o autor que, quando ha uma virulencia muito exaltada por parte dos germens, pôde haver completa degeneração do tecido da parede do seio ou da dura mater, gerando assim uma pioemia ou meningite.
KURT KRIEGER. (Louisville. Ky) - Estenóse post-difterica do laringe. - Pag. 49.
Começa o autor passando em revista toda a literatura do assunto; é um estudo muito longo e bem feito. As estenóses post-diftericas pódem ser devidas a espasmos, panico e mais raramente a paralisias; as mais frequentes entretanto, são devidas a hipertrofias ou cicatrizes da mucosa. Os factores etiologicos são: intubação, traqueotomia, difteriá e infecções secundarias. Um outro fator que a maioria dos autores citados dá a maior importancia, é o uso da canula por um tempo exagerado; entretanto, na opinião de Jackson, a causa mais frequente da estenóse é a traqueotomia demasiadamente alta, havendo lesão da cartilagem cricoide, ou mesmo do primeiro anel da traquéa, tecnica que pôde levar com facilidade á pericondrite e a consequente estenóse; mesmo que a cricoide não tenha sido incisada, o simples fáto do contáto da canula, póde provocar a inflamação da cartilagem e subsequente estenóse; outro fátor de interesse será tambem um diametro exgerado da canula, em proporção com a incisão feita na traquéa. a sua introdução sem o uso da pinça de Trousseau, assim uma incurvação impropria da mesma. Entretanto, a difteria,, mesmo na ausencia de intubação ou traquéotomia pôde levar á estenóse, porque é uma molestia de cárater essencialmente necrotico, produzindo alterações aprofundas no laringe e na traquéa, em seguida a processos de pericondrite. Linah cita casos, que responderam com tanta rapidez ao sôro, que não necessitaram de intubação; sete a dez dias depois entretanto, aparece tal dispnéa, a ponto de tornar indispensavel que se intubasse. Finalmente, as infecções secundarias, na ausencia de intubação e traquéotomia é um fátor que entra em pequena escala na etiologia da estenóse.
Todos os doentes que são forçados a usar a canula, requerem um exame apurado das suas condições. Uma radiografia é muitas vezes necessaria para estudo da estenóse; oleos opacos pódem ser instilados no laringe parra este fim. Amigdalas hipertrofadas e adenoides precisam ser preliminarmente removidas. O tratamento em si, dependerá do tipo de processo que se apresente. Processos radicais de cura devem ser adiados o maximo possivel, não se tocando em creanças abaixo de 4 anos. No tipo supraglotico, no qual a estenóse consiste em simples hipertofia ou edêma, o uso de uma canela menor de intubação pôde dar o resultado que se pretende. Quanto ha hipertrofia acompanhada de tecido papilomatoso, a galvanocauterisação póde dar resulado. Em geral entretanto, é preciso primeiro fazer uma traqueotomia, porque assim podemos deixar descansar o laringe e evitar a irritação da canula de intubação. Depois disso então, iniciamos a dilatação com os dilatadores de Jackson, aumentando pouco a pouco o seu calibre. Quando se trata de estenóse subglótica. temos que começar pela traqueotomia, se esta ainda não foi feita. Si a estenóse é devida a uma alta traquéotomia, devemos fazer uma outra mais baixa, deixando dois ou tres aneis intátos, si possivel; antes de começar a dilatação, temos que esperar completa cicatrização da antiga.
Para dilatação, o uso do tubo de borracha, foi primeiro proposto por Killian, e de fáto, dá ás vezes excelente resultado. Iglauer descreveu um engenhoso processo para obter o mesmo fim. Um forte fio de seda é introduzido pela fistula da traquéotomia, até aparecer no orofaringe; este é puxado para fóra da boca e nele se amarra um tubo de borracha dobrado sobre si proprio, que depois é puxado para dentro do laringe; a extremidade de baixo é fixada á canina da traquéotomia. A pressão realisada pelai borracha, vae gradualmente realisando a dilatação sem provocar ulcerações, como acontece com os dilatadores metalicos. Quando a atresia do laringe é completa e os processos de dilatação não deram o resultado que se esperava, temos que recorrer a operações externas. A melhor tecnica é a de Schmiegelow, que depois de uma traquéotomia baixa realisa uma tirotomia; em seguida faz a excisão de todo o tecido cicatricial e coloca um tubo de borracha na cavidade do laringe. desde a canular até ás aritenoides. O tubo é mantido no lugar com o auxilio de um fio de prata passado atravez das azas da tiroide e as paredes do proprio tubo; ele é aí deixado tres mezes e depois retirado pela boca. A laringostomia que tem sido .preconisada por Killian, Cagnola, Sargon, Ballatier, Moure e outros só deve ser indicada, quando outros métodos vieram a falhar. Ha neste sentido uma modificação proposta por Jackson, e consiste em provocar a epidermisação da parte interna do laringe, mantendo-o aberto por longo tempo e com o auxilio de dilatadores de borracha:
JACOB MAYBAUM e JOSEPH GOLDMAN. (New York) - Trombóse primaria do bulbo da julgular. - Pag. 70,.
Como o seu nome indica, trata-se da formação de trombus primariamente no golfo da jugular. Como o avanço da molestia, pôde o trombus atingir tambem o seio sigmoidéo e mesmo o lateral. A mastoíde nestes casos, não é atingida por nenhum processo agudo; em geral, o osso mostra sinais de escleróse. A historia, em relação ao ouvido, pôde ser tão discreta a ponto de passar desapercebidá, sem perfuração da menbrana. Sintoma naturalmente de grande importancia é a flatuação da temperatura, com o seu carater septico, embora não seja sempre presente. A maioria dos doentes não tem um distinto calafrio, mas apenas um esboçô deles. Em treze de vinte doentes examinados, foram encontradas alterações de fundo de olho, persistindo estáse de papila por um tempo consideravel, depois da operação.
Os autores apresentam uma serie de vinte casos deste gênero de trombóse. Certos fátores anatomicos, como delgada separação óssea entre o golfo da jugular e o ouvido medio, predispõe a esta complicação, assim como possíveis deícencias. Em todos os casos citados pelos autores, o germen era uniformemente streptococo hemolitico.
ARCHIVES OF OTOLARYNGOLOGY Vol. 17 - N.° 2. Fevereiro de 1933
FRANK RODIN. (San Francisco) - Identicas lesões de audição em gemeas. - Pag. 179.
A observação trata de duas irmãs gemeas com igual perda de audição. O exame funcional demostrou praticamente a mesma perda de audição para a condução aérea. O Weber não era lateralisado, e o Rinne manífestou-se negativo para ambas; audiogramas praticamente identicos.
O diagnostico de otoscleróse foi feito em vista do tipo insidioso de surdez, sem nenhuma causa aparente nas duas jovens, um Rinne negativo e membranas timpanicas normais.
GEORGF SCHAUMBACH (Chicago). - Surdez progressiva em gemeas. - Pag. 171.
Duas mulheres gemeas de 31 anos apresentam lesões auditivas de extranha semelhança. Não ha historia de surdez na familia. Ambas haviam tido as molestias usuais da infancia, mas sem se refletirem no ouvido. A surdez apareceu em ambas ao mesmo tempo aos 17 anos, insidiosamente e sem tinitus, peiorando nos resfriados. O exame funcional deu resultados identicos em ambas, com ligeira diferença em relação ao grão de surdez. O resultado do exame funcional, revelou em ambas lesão primaria no nervo acustico. Em uma o Weber era lateralisado, e na outra indiferente. Condução óssea notavelmente diminuida. Rinne positivo para ambos ouvidos em ambos doentes.
O resultado do exame funcional, aliado ao fáto da surdez ter começado na segunda década da vida, leva a se pensar em otoscleróse. Apezar da importancia dia -hereditariedade, o fáto da surdez ter aparecido simultaneamente, tira um pouco o seu valôr.
HERMAN RUBIN. (Brooklin). - Pioemia em consequencia de afecções tonsilares agudas. - Pag. 183.
Cita o autor quatro observações de septicemias em seguida a infecções agudas da garganta, sendo que tres dos doentes vieram a falecer. Passa detalhadamente em revista toda a literatura do assunto, para chegar ás seguintes conclusões:
As septicemias consequentes ás inflamações da garganta, ocorrem em i a 2% de tais caso. Caracterisa-se por calafrios que aparecem 2 a 3 dias depois do começo da dôr de garganta; entretanto, as vezes o calafrio aparece uma a duas semanas depois da angina ter cedido; manifesta-se uma inflamação ao longo do bordo anterior do esternocleidomastoidêo ou sobre a região parotidiana. O diagnostico diferencial exige a exclusão de pneumonia, pielites e discrasias sanguineas, como agranulocitóse ou leucemia. Uma vez o diagnostico bem estabelecido, é necessario exploração imediata do pescoço. O processo flebitico pôde estenderse para baixo da veia tonsilar, envolvendo a jugular interna e as veias faciais, ou em direção oposto, atingir os seis cavernosos ou lateral. O estreptocus anaerobio é o microorganismo mais frequentemente encontrado. O espaço parafaringêo precisa ser exposto, a procura do lugar da infecção, e depois ligadura ou resecção da jugular e veias faciais. Si fôr impossive1 determinar o lado da infecção, Claus sugere a exposição\ de ambas jugulares. Ha diferenças de opinião a respeito de se operar as amigdalas ou :não, porque muitos cirurgiões entendera dever esperar melhorarem as condições gerais, antes de assim proceder.
W. WALTER WASSON. - Alterações das cavidades acessorias do nariz depois do nascimento. - Pag. 197.
Faz o autor um estudo minucioso da evolução dos seios paranasais nos primeiros mezes de vida extrauterina, principalmente dos seios maxilar e etmoidal. Acompanham o pormenorisado estudo, numerosas radiografias, de modo a tornar impossível um resumo sem conhecer os films. Limitamo-nos assim ás suas conclusões: I.) - A despeito do tamanho já apreciavel do antro de Highmore e das cavidades etmoidais no recem-nascido, o arejamento delas só se processa muito lentamente.; II.) - Os primeiros dois meies constituem um importante periodo de desenvolvimento, sendo que a fisiologia dos seios durante eles ainda é muito obscura; III.) - A interpretação de roentgenogramas nesta edade, exige muita experiencia e cuidado nas conclusões.
São as dôr(,-s oculares sinais de supuração das celulas do apice do rochedo, ou pódem ser devidas a uma irritação da divisão oftalmica do quinto par? Este é um problema a respeito do qual acha o autor que lavra a maior ignorancia. Ramadier, entre outros, é de opinião contraria Pergunta ele, porque só a divisão oftalmica do trigemeo é afectada, quando o fóco de osteite está tambem em relação com outros ramos do mesmo nervo. O autor faz um estudo anatomico deste problema, alem de apresentar tres observações clinicas, que descrevem casos de nevralgia vidiana, com dôres no canto interno do olho, irradiando-se para o globo ocular e região frontal; apenas em uma delas havia um passado em relação aos ouvidos. Nos tres casos foi aberto o esfenoide. As suas conclusões são as seguintes: I.) Os seus tres casos demonstram que a nevralga vidiana dependia de irritação do nervo no soalho do esfenoide. IL) As dôres orbitarias e oculares descritas pelos pacientes com supuração do rochedo tem a maior semelhança com estes casos de nevralgia vidiana.
ALFRED WACHSEMBERGER. (New York.) - Operação radical do antro por via endonasal. - Pag. 222.
Na opinião do autor, as operações do seio maxilar atravez da narina, apezar de não serem novas, não têm sido suficientemente conhecidas; pensa ele que o metodo classico de Caldwell-Luc requér muito mais dias de hospitalisação, além de que a porcentagem de casos favoraveis não está de acordo com os riscos operatorios; de modo que muitas (vezes ele prefere as operações por via endonasal. Ele segue a tecnica de CanfieldSturman, que passamos a uma descripção sumaria. A grande diferença entre esta ultima tecnica e aquela de Caldwedl-Luc, consiste em não haver incisão bucal. Esta é feita dentro da narina, partindo da inserção do corneto inferior, e dirigindo-se para baixo, vae terminar na crista piriforme; uma vez afastadas as partes móles, ficam expostas as paredes interna e anterior do antro. O antro é então aberto na sua parede anterior, com o auxilio de uma broca de Halle do maior tipo, em um lugar quanto possível afastada da crista piriforme. Este orifício é, então, depois alargado o quanto necessario para a curetagem; passa-se depois a fazer uma abertura da parede interna do antro, quer dizer, estabelece-se uma comunicação com o nariz; não se usa tamponagem.
EDWARD KING - Aspetos rinologicos da cirurgia do saco lacrimal. - Pag. 126.
Além das duas correntes - a dos oftalmologistas que preconisam a extirpação do saco lacrimal e a dos rinologistas adeptos do tratamento conservador existe uma certa divergencia entre os autores acerca do metodo terapeutico.
Depois de recordar noções de anatomia, de fisiologia patologica e diagnostico, aborda a questão do tratamento. A primeira questão é relativa á extirpação do saco, uma vez demonstrada que a infecção aí reside e que não está relacionada com uma labirintite etmoidal. Se ha o desejo expresso de drenar o fluxo das lagrimas para a cavidade nasal, dois tipos principaes operatorios se oferecem: o da drenagem endo-nasal de West e o combinado, de Toti. Esses dois tipos têm de comum a remoção da parede interna do saco e a creação de uma abertura suficientemente calibrosa onde ficará adaptada a parede remanescente do saco. Esses dois tipos têm sido modificados por varios autores entre os quaes se salienta Mosher o qual simplificou o processo de Toti procedendo uma incisão diferente e preconisando a não fixação do saco á mucosa nasal.
ALBERT B. MURPHF -- Da influencia de) si',tema nervoso simpatico sobre o ouvido interno. - Pag. 166
Estudou no homem e no animal qual o efeito exercido sobre o labirinto pela interupção da inervação do simpatico cervical. Em alguns casos seccionou o primeiro, segundo e terceiro ganglios toraxicos. Houve ausencia de fenômenos expontanéos para o lado do labirinto. Não foi possivel determinar variações normais pela ecitação do labirinto. Alterações gerais vaso-motoras traduzidas pela palidez e pela sudação foram as mesmas, sempre do lado ecitado. As variações mostraram-se mais sensiveis pelo aumento do tonus muscular das extremidades do que pela influencia labirintica. A inervação vaso-dilatadora do ouvido interno parece fazer parte do sistema autonomo craniano. O autor promete divular futuramente novas experiencias e o resultado das observações clinicas a respeito da influencia do sistema nervoso simpatico sobre o ouvido interno.
V. V. WOOD - Mastoidite aguda; operação grecose ou tardia? - Pag. 240.
O autor procura, com muita razão definir como considerar o termo precoce e o estabelece com este criterio: toda mastoidectomia feita até uma semana depois do sintoma inicial de mastoidite, deve ser considerada precoce., Acentua a dificuldade em reduzir a regras matematicas a conduta do cirurgião, havendo casos em que só deve decidir pelo seu tino, oriundo do tirocínio, da experiencia clinica. Mostra-se septico quanto ao auxilio do laboratorio, principalmente . quando os sinais clinicas, pela sua gravidade, impõem operação urgente.
As radiografias têm valor sobretudo, quando são seriadas, sendo muito mais seguro formular um diagnostico pela comparação dentre elas do que pela observação de uma unica chapa.
Os casos mais graves são aqueles em que a complicação mastoidéa sobrevem pouco prazo depois da otite, maximé quando está em jogo um germe muito destrutivo como o streptococo, o pneumococo 111, o bacilo da difteria.
Outro fator de. gravidade é a idade do paciente: ecepto em lactantes e em creança de tenra idade, as intervenções podem ser mais proteladas nas pessoas jovens.
As infecções localizadas em pontos bem limitados têm maior probalidade de ceder á intervenção do que as difusas, pela dificuldade em drena-Ias completamente.
Dr. Rebello Neto.
THE LARYNGOSCOPE
Vol. XLII - N.° 10 - Outubro, 1932
TH ALER, N. - A acuidade auditiva na hipercolesteremia - Pag. 741-748.
O colesterol é um alcool secundário não saturado, que existe no organismo sob duas formas: livre, no cérebro e nos glóbulos vermelhos do sangue, e, combinado com os ácidos altamente graxos como um ester, em todos os outros órgãos, inclusivé o plasma sanguíneo. A taxa normal de colesterol sanguíneo varia de 14o a 18o m. g. por 1co cc. Em certos casos :pôde haver aumento ou diminuição t.ansitórios.
Em 1932, Fineberg fez ver que o metabolismo do colesterol é um elo da cadeia formada' pela hipertensão essencial, a artério-esclerose, a aplopexia e a nefrite crônica. Observa-se, nêstes estados, notável aumento do colesterol sanguíneo. Aplicando tais ideias ao aparelho auditivo, admite Fineberg que os sintomas precoces de surdez dependem de alteração funcionais dos vasos labirinticos. Quando o estado perdurou por tempo algo longo, é possível demonstrar-se histologicamente uma contractilidade dos, Vasos sanguíneos, e a presença de depósitos de colesterol. O exame histológico, por êle feito, de 19 ossos temporais de pacientes com hipercolesteremia, revelou lesões uniformes da orelha interna. Havia infiltração lipoidica típica da membrana do tímpano, das articulações da cadeia de ossículos, da membrana basilar, do canal coclear, do ligamento espiral, do epitélio das estrias vasculares, de membrana vestibular, das células de Hensen e, em casos avançados, das células de Claudius. As artérias e capilares apresentavam alterações semelhantes ás da artério-esclerose. Concluiu Fineberg por admitir que o aumento da taxa de colesterol no sangue produz alterações lipóidicas na extremidade terminal periférica do orgão auditivo humano. Determinando artificialmente hipercolesteremia em coelhos, demonstrando ainda, praticamente, as mesmas alterações histo-patológicas.
O fim do A. é verificar se esta infiltração lipóidica da extremidade do órgão auditivo na hipercolesteremia, observada por Fineberg, determina ou não diminuição da acuidade auditiva. Afim de fazer tal verificação, escolheu o A. 30 pacientes em. cujo sangue se encontrava uma taxa elevada de colesterol. Representa então os audiogramas obtidos, nos quais se observa uma quéda pronunciada, embora variável, da acuideda auditiva. O A. compara seus casos com os de Bundh, de 353 pacientes que não sofriam do ouvido. De tal comparação resulta que a perda auditiva nos hipercolesterémicos e maior do que nos indivíduos normais. Bibliografia pequena.
VAIL, H. H. - Nevralgia do vidiano com especial referência ás dores oculares e orbitárias na supuração da ponta do rochedo. (Sociedade Americana de Otologia, 65.° sessão anual, 17-18 Máio, 1932) - Pag. 816.
O fim dêste estudo é saber se as dores oculares e periobitárias que se apresentam nos casos típicos de supuração da ponta do rochedo, são devidas á irritação do ramo oftálmico do trigêmio. O A. mostra que esta é a opinião dominante, e faz notar que não se tem ligado importancia ao nervo grande pétreo superficial. Estudo anatômicos teem,, no entanto, demonstrado a existência de relações muito intimas entre tal nervo e celulas da parte anterior do rochedo.
Relata então o A. três casos de nevralgia do nervo vidiano devidas a esfenoidites, chamando a atenção para a grande semelhança das dores oculares dêstes casos com as das supurações da ponta. São estas as conclusões de seu estudo:
1) Estudos anatômicos teem provado haver relações íntimas entre o nervo grande pétreo superficial e algumas células pneumáticas que podem existir de parte anterior do rochedo.
2) Já foi igualmente demonstrado que irritações viadas pelo nervo grande pétreo superficial podem chegar á órbita e daí passar ,aos filêtes terminais do ramo oftálmico ao trigêmeo, por intermedio da anastomose entre êstes filêtes e os ramos orbitários do ganglio. esfeno-palatino.
3) Três casos relata o A. afim de demonstrar que a irritação do nervo vidiano no soalho do seio esfenoidal determina dores oculares e orbitárias.
4) As dores oculares e orbitárias descritas por pacientes com supuração do rochedo apresentam grande semelhança com as encontradas em casos de nevralgia do vidiano.
5) O nervo grande pétreo superficial é extradural em todo seu curso. O ganglio de Gasser e suas divisões estão acima da dura-mater. Disso resulta poder haver uma inflamação da dura antes que o ganglio e seus ramos sejam atacados.
A questão apresentada no início do trabalho é respondida do seguinte modo: Parece que as dores oculares e orbitárias, tão típicas da supuração dia piramide em período inicial, não são devidas á irritação do nervo oftálmico, mas causadas pela do grande pétreo superficial, irritação esta ;produzida pela supuração do rochedo.
(N. do analista - As dores oculares e peri-orbitárias verificadas nas lesões, supuradas ou não, da ponta piramide foram atribuídas sempre ao trigêmeo e, principalmente, ao seu primeiro ramo, o nervo oftálmico. Friedmann discutindo um dos trabalhos mais exaustivos escritos acerca do assunto, o de Sears, lembra a hipotese - que Vail não menciona - de serem as dores produzidas pelo simpático. Partindo da verificação de ser o hespes excepcional nêstes casos, Friedman acha que lhe parece haver outra explicação ;para a dôr, alem da irritação do ganglio de Gasser ou do trigêmeo. Lembra que filamento do simpático acompanham a carotida e os ramos do trigêmeo, e julga que provavelmente nem lesão das fibras simpaticas é que é responsável pela dôr observada nêsses casos Estamos de facto, familiarizados -- diz ele -- com o aparecerem as Gores de origem simpatica em varias partes do organismo tendo por ponto de partida, uma lesão dos eferentes iricerais (camolgias).
Dr. Mangabeira Albernaz.
MONATSSCHRIFT f.OHRENHEILKUNDE u. LARINGO-RHINOLOGIE Vol. 66 - Novembro 1932
ERNEST UBRANTSCHITSCH - Sobre a questão da meningite á mucosos. Pg. 1.296.
O A. refere-se, de começo, a seus casos, já publicados, de meningite á mucosus, e em seguida, aos casos que pôde encontrar na literatura. Descreve mais um caso -de sua clinica que depois de operado á direita deu material esteril. Liquido esteril. A doente curou-se. Depois de repetidas culturas o pús da mastoide deu colorias de estreptococus mucosos, o que demonstra a necessidade da repetição destas em taes casos.
O A. aproveita a ocasião para dizer que nas creancinhas ele sempre pratica operação da mastoide em ambos os lados, não com fim profilatico, como aconselha Wirth, erradamente, mas porque o A. em numerosos antrotomias, por otite a Mucosos, em recem-nascidos, sempre encontrou lesão dupla, muito embora em proporções diferentes, e, ainda mais, porque a anestesia local, que sempre emprega, nenhum dano causa á criancinha. Ainda refere-se a um caso de Janulis, que foi operado de um lado por uma otite a mucosos e meningite, e que necessitou ser operada, tambem, do outro lado. Cita, mais um de seus casos, que perdeu por se ter guiado pelo bom aspéto de um dos timpanos. Desde este tempo o autor opera sempre as crianças, até, 2 anos, de ambos os ladoB e tem confirmado a justeza, do principio, com novos casos decorridos depois em que a mastoide do suposto lado são,, sempre tem sido encontrada doente.
DR. HAMM - Sobre o tratamento da oto-esclerose. Pg. 1.313.
Ultimamente varios metodos de tratamento têm sido aconselhados: medicação arsenical; injecção de suprarenina; tratamento cirurgico, etc. O A. apresenta mais um novo metodo: o da aplicação dos raios ultra-violetas, combinado com as ondas sonoras de alta frequencia. Aplicações, no mínimo, durante 4 semanas, que não necessitam ser diarias, mas 3 vezes por semana. Fumo e alcool devem ser diminuídos. Viagens em autos abertos proibidas. Viagens em estradas de ferro permitidas com a obturação dos ouvidos com algodão ou o paciente assentado sobre travesseiro de borracha. Com este tratamento as ideias do A. modificaram-se completamente sob a possibilidade da melhora da Oto-esclerose; assim pensa ele que ,. molestia em inicio é curavel por completo, a melhoria para os outros casas é real e para os desesperados o desaparecimento dos rui dos subjetivos é um fáto de valor para os doentes. O A. divide os casos em 3 classes:
1) - Na otoesclerose ligeira o Rinne é negativo, o cochicho e a voz natural são audiveis longe do ouvido;
2) - Na otoesclerose de tipo médio Rinne é absolutamente negativo, cochicho sómente no ouvido ou nada.
3) - Nos casos graves a voz falada só é audível no ouvido.
DR- LEOPOLD STEIN - Sobre o nodulo dos cantores e seu tratamento. Pg. 1.321.
O A. descreve a historia variada dos nodulos cantores e analisa os exames stroboscopicos que dá a razão da falsa aposição das cordas vocaes, motivo da formação dos nodulos. Dentre os tratamentos resalta a correção do defeito fonatorio por m cio da stroboscopia, que evitará o som defeituosamente emitido.
Pensa o A. que a cura do silencio não serve por não ser geralmente seguida pelo doente e ainda mais por não poderem, muitos deles, sustentar a conversação em cochicho,
DR. HANS BRUNNER - Contribuições para a patologia da amigdala palatina. Pg. 1335.
II - Sobre a estrutura das art terias e veias na capsula da amigdala. O A; depois de um minucioso estudo istologico das arterias e veias das capsulas das amigdalas palatinas, conclue:
1) - Os vasos arteriais das amigdalas são caraterisados por possuirem uma interna elastica espessa, coravel, por um corante do tecido elastico, que se deixa perceber mesmo nas paredes de seus mais finos ramusculos.
2) - Nas arterias maiores da capsula encontram-se nucleos, na intima, que não constituem estrutura uniforme e que existem quasi sempre nos adultos e raramente nas crianças,
3) - Nas amigdalas operadas encontra-se frequentemente nas grandes arterias da capsula artefatos que devem ser ligados á destruição operatoria da intima e da média.
4) - As veias da capsula dividem-se em. pobres e ricas em musculatura. As ricas em musculatura devem funcionar como as veias jugulares.
5) - Todas estas propriedades na estrutura dos vasos da capsula, estão ligadas ás grandes oscilações na quantidade de sangue e na circulação sanguínea no interior das amigdalas.
6) - Estas oscilações na irrigação sanguinea das amigdalas estão, de novo, em relação comi a flutuação no aparecimento de nodulos secundarios e com o crescimento etc., e com a involução das amigdalas.
7) - Encontra-se na capsula, aqui ou acolá, veias completamente trombosadas que deixam perceber fenômenos de irritação em seu derredor. Se estes trombos dão origem, a processos seticos é duvidoso.
8) - Como restos dos trombos obturantes encontram-se frequentemente nas grandes veias, faixas de tecido conjuntivo que atravessam o lume das mesmas.
DR. ERNEST BACHSTEZ - Sobre a nevrite retrobulbar. Pg. 1349.
O A, pensa poder resumir os resultados colhidos de seus dados estatisticos do modo seguinte: 8 dos casos, de seu material clinico, sobre o total de 58 pacientes, estudados, são de origem rinogenica. 2 destes casos tiveram origem em uma rinite agúda, em 5 encontrou pús, 3 destes tinham empiema, um era portador de pús na parede do faringe, um outro tinha pús no meato médio e foi tratado com adrenalina, assim não tendo conhecimento certo sobre o estado das cavidades anexas. O ultimo caso tinha a mucosa ehtmoidal espessada. Estes 8 casos perfaziam 13,7 %. Isto confirma o fáto de que um exame positivo d.o nariz pôde causar a nevrite retrobulbar rhinogenica. O sucesso ou insucesso da terapeutica intra-nasal, pó,de sómente ser considerado com grandes reservas como conclusão etiologica. Deve-se ser cuidadoso em ordenar o tratamento rinologico, conclusões deve-se tirar com grande cuidado, dos resultados. O A. não tira conclusões, tal como Meller, que não considera tão rara a nevrite retrobulbar rinogenica, sómente pelo efeito da terapeutica. Diz Melle em sua monografia com Hirsch: "Nós temos bem consciencia de ter deixado operar, ocasionalmente, um caso de arterioesclerose, quando exigimos do rinologista a operação". Emquanto o rinologista não nos puder dizer, com certeza, se as mucosas dos antros estão normais e for in~possivel determinar a causa' ou o momento causador da nevrite retrobulbar, emquanto tivermos pela radiografia erros e duvidas, procederão os oculistas, de accordo com a nossa conduta. Nos casos onde "tudo fôr obtida com os suadores, injeções de leite, adrenalina, deve-se pedir ao rinologista para operar. Mesmo quando se saiba que os casos riniogenicos sejam raros, mesmo muito raros; que o resultado da operação em taes casos seja duvidoso, ou muito duvidoso, mesmo assim deve-se, ainda, operar até que a proveniencia rinogenica, ou pelo menos uma boa influencia da operação, ainda não tenha sido afastada. E quando Hippel diz - ((quero vêr o medico que deixe abrir seu etmoide sem necessidade), responde-lhe o A.: <(Desejo conhecer o medico, que em sendo negativos todos os exames, e sem toda a terapeutica empregada, não deixe abrir suas cavidades anexas do nariz!", O A. denomina estes casos, influenciaveis pela operação, de rinotropicos. Etiologicamente existem, para o A., 3 fatores:
1) - Aqueles casos de Roenne e Hippel de bastante frequencia que pertencem ao tipo -de ~molestia descrito por Leber ou Jensen.
2) - A frequencia comum de nevrites retrobulbares de base tuberculosa, e para,cujo esclarecimento muito contribuiu a escola de Meller. 3) - Os quadros de nevrites retrobulbares que foram descritos nas molestias do lobo frontal e do chi asma.
Se juntar, aqui, as nevrites ocasionadas pelas perturbações vasculares, os casos de esclerose multipla, etc., mais resumidos serão aqueles de etiologia duvidosa.
Deste resumo o A. acha-se com o direito de quando encontrar uma nevrite retrobulbar, cuja etiologia não possa ser obtida e que não mostre tendencia á cura, empregar, de principio, o tratamento pela adrenalina, e quando esta não trouxer melhora, aconselhar a abertura dos seios da face.
DR. LEOPOLD MEHLER - Hemorragia devido a punção do seio maxilar. Pg. 1.383.
Constitue uma intervenção diaria a punção do antro maxilar. Durante muito tempo não se ouvia falar de um acidente após ou durante esta pequena intervenção. Desde que em 1907 Hajek e em 1913 Killian chamavam a atenção para perigos possíveis, dela decorrentes, começou-se a observar e a publicar-se casos semelhantes. Os primeiros foram os de embolia gazoza após a insuflação de ar na cavidade antral; e foram graves, pois, na maioria, ocasionaram a morte dos pacientes; em seguida aparecem casos de hemorragias.
O A. destes publica 6 casos em que após a punção do antro maxilar pelo meato inferior, sobreveiu hemorragia. Em 3 deles foi necessario praticar-se a ligadura da carotida externa; em 3 outros casos a hemorragia parou depois do tampona mento pelo metodo de Bellocq; sómente em um caso foi suficiente o tampona mento anterior. Na literatura encontrou o A. poucos casos identicos.
Duas perguntas tornam-se necessarias:
1) - Donde provirá a hemorragia numa punção do antro maxilar, pelo meato inferior?
2) - Como evitar-se um tal acidente?
Quanto á primeira pergunta deve-se descernir se a hemorragia provem do meato inferior ou do antro mesmo. Neste ultimo caso deve-se atribui-Ia a lesão do retículo venoso, da mucosa do antro, descrito por Gurwitsch.
Que vaso teria sido lesado quando da hemorragia do meato inferior? Zuckerkand diz serem ramificações da arteria nasal posterior, ramo da sphenopalatina, que fornecem a irrigação do corneto inferior por
3 ramusculos e tambem ao meato inferior. Cada arteriola é acompanhada de 2 veias. Além disto, o meato inferior é atravessado, no sentido sagital, por veias relativamente grossas.
As veias que transitam pelo canal lacrimal desembocam no meato inferior por meio de grossos troncos e é provavelmente daí que provoco a hemorragia.
Outra possibilidade do acidente está na punção praticada atravez do corneto inferior.
A resposta á segunda questão está dada com os cuidados decorrentes das causas descritas na primeira resposta, á primeira pergunta. As punções devem evitar d parte anterior do meato inferior e a travessia, pela agulha, do corneto inferior. Hajek aconselha praticar a punção, mais ou menos, a 3 cm. da cabeça do corneto inferior e na parte mais elevada do corneto.
MONATSSCHRIFT f. OHRENHEILKUNDE u. LARINGO-RHINOLOGIE Vol. 66 - Dezembro 1932
R. LOTHAR HOFMANN - Um caso de abcesso do septo nasal seguido de meningite e rotura de uma arteria cerebral. Pg. 1.409.
Uma menina de 4 anos de idade, adoece dum abcesso do septo nasal. Causa não determinada. Trauma negativo. Causa infeciosa provavel, pois a historia menciona uma difiteria; este diagnostico foi afastado porque o medico de crianças, chamado, só encontrou o abcesso. Pensa o A. em uma causa: idiopatica, que, infelizmente, não resiste á critica. Abcesso aberto por especialista Muito embora o processo cicatrizasse rapidamente, permanecendo uma deformidade, causada pela destruição da cartilagem, a inflamação caminhou na direção do cerebro, atravessou a lamina criada e ocasionou uma meningite. Esta marcha, para as meningeas, foi lenta; o unico sintoma visível era que, muito embora a cura completa do abcesso, persistiu temperatura febril. Os sintomas meningiticos apareceram 10 dias depois do inicio da molestia.
A infeção propagou-se, segundo os dados da autopsia, atravez das bainhas do nervo olfativo. A meningite era de inicio localisada na base e teria durado muito mais tempo se não se tivesse processado á rotura apopletiforme de um aneurisma micotico d.e uma arteria da base.
Este caso vem demonstrar a realidade, já descrita pelos anatomistas, da ligação linfatica da mucosa nasal, atravez ás bainhas do nervo olfativo, com as meningeas. Andrés e Zwillinger acham que a experimentação anatomica demonstrou que os linfaticos da pars respiratoria desaguam em outro territorio, e daí a explicação do fato, porque a maioria dos abcessos do septo não trazem lesões para o lado das meningeas.
DR. ANDOR ZAHLER - Um melano-sarcoma do nariz. Pg. 1.416.
Em resumo trata-se, no caso do A., de um melano-sarcoma primario da cavidade nasal direita, que mesmo depois de uma extirpação radical, repetiu-se depois de 6 annos, ria amígdala esquerda e nos ganglios do pescoço deste lado.
DR. WALTER SEGALL - Emfisema traumatico da orbita na rinite atrofica fetida. Pg. 1.419.
Trata-se de uma mulher, de 36 anos, que sofre, desde creança, de mau cheiro do nariz, rinite atrofica fetida, e na qual devido a um salto nagua, e consequente assoar, produziu-se uma emfisema da orbita e das palpebras com protusão do globo ocular. A causa do acidente foi a rutura da fina mucosa de revestimento da parede ossea divisoria entre a orbita e o nariz. Este caso recorda os de emfisema espontaneo da orbita, não tão raramente observados pelos oftalmologistas, geralmente ocasionados por uma violenta expiração. Esta especie de emfisema espontaneo, por ser de repetição, lembra o caso de Desmanes, que ao simples assoar, quando do defluxo, ocasionava um emfisema da palpebra com protusão ocular.
DR. B. GROSSMANN - Sobre o aparecimento de epitelio chiado na amigdala palátinà do homem. Pg. 1.423.
A superfície e as.criptas das amígdalas palatinas são em regra revestidas de epitelio chato. Excepcionalmente póde-se observar a existencia de epitelio chiado nas criptas das amígdalas. Poucos casos desta tencia de epithelio ciliado nas cryptas das amygdalas. Poucos casos desta especie são referidos na literatura. Renn, Hellmann, Dietrich (este nas crianças), mencionam casos deste genero.
O A. relata dois casos identicos.. A presença de um tal epitelio nas amígdalas palatinas é de difícil explicação. Provavelmente, como acontece para restante do trato do aparelho digestivo, trata-se de restos. Acha que a adenotomia, bem praticada, é quasi que sem excepção, suficiente. Si as perturbações catarraes não melhorarem com a adenotomia, geralmente, tambem não serão influenciadas com o tonsilectomia, Aqui entram outros fatores e a terapeutica deverá ser diversa.
Não haverá dificuldade nos casos de amygdalas apresentando modificações patologicas. Diferenciam-se 3 grupos:
1) -Hipertrofia das amigdaIas (como sintomas parcial da hiperplasia do anel linfatico), sem anginas recidivantes. As amigdalas apresentam coloração normal e são molles á apalpação. Nestes casos o A. sómente extirpa as vegetações adenoides. Sua observação posterior de taes casos verifica a melhoria dos encomodos e que as amígdalas diminuem de volume (mesmo antes do período de involução). Sómente muito raramente foi necessario operar tambem, as palatinas. Casos de hipertrofia exagerada, com perturbações respiratorias e fonatorias de que o A. prefere não dar os fundamentos, não se observam senão raramente.
2) - Hipertrofia das amigdaIas sem sintomas inflamatorios visíveis (reconheciveis), com algumas anginas agudas na anamnese. Nos intervalos nenhum encomodo de valor , mas sómente as usuaes perturbações respiratorias, defluxo e ás vezes, dureza de ouvidos.
Ainda nestes casos o A. é conservador, contentando-se com a adenotomia. A tonsilectomia só será praticada quando no decurso posterior novas anginas sobrevenham. Elle pensa que este procedimento raramente será necessario.
3)- Amidalite cronica típica - Hipertrofia, hiperemia difusa ou em fócos, secreção ou rolhas nas lacunas, faringite cronica. Anginas agudas frequentes na anamnese, sensação de pressão e mesmo de dôres passageiras nos intervalos.
Aqui a tonsilectomia será, em regra, indicada; o A. no entanto, não considera esta indicação tão forte quanto para os adultos.
Sua estatística compreende um periodo de 12 anos, 1919 a 1930, com a pratica de 688 adenotomias em crianças. Perturbações nas palatinas, foram encontradas em 219 casos, crianças na maioria, entre 6 e 9 anos de idade.
No primeiro grupo o A. teve 73 doentes, bom resultado em 58, regular em 8, e mau em 7. Ulteriormente operados 6.
No segundo grupo 46, bons 31 - regulares 3 - maus 12 - operados depois 11.
No terceiro grupo 36 - bons 16 - regulares 5 - maus 14 - operados depois 14..
De 154 pacientes a adenotomia curou 105 (68 %). Em 16 melhorou a molestia (10 %(.
Em 33 (21 %) os pacientes continuaram doentes, isto é, a adenotomia só não produziu efeito algum. Em 31 casos a tonsilectomia foi necessaria depois.
O A. tira de seu trabalho, as seguintes conclusões:
1) - Hipertrofia simples não fundamenta uma indicação para transilectomia (salvo quando muito grande).
2) -Nas faringo-amigdalites agúdas recedivantes, será praticada, de principio, só a adenotomia.
3) - Nas amigdalites cronicas, não existindo sintomas geraes (temperatura, etc.), ou á distancia (co ração, articulação e rins), experimentar, primeiramente, só a adenotomia.
DR. NAPHTALI SIEGMANN - Sobre a superveniencia de complicações inflamatorias das feridas operatorias após amigdálectomias. Pg. 1.458.
O A. divide, em 5 grupos, as complicações das feridas após amigdalectomias.
a)-Em 5 casos tratava-se de uma infiltração inflamatoria da superficie da ferida.
b)-Em 1 caso sobreveiu pneumonia além de infiltração inflamatoria da ferida e de uma otite média agúda.
c)-Em 4 casos deu-se a formação de um abcesso nos aredores da ferida com aspecto de um abcesso peritonsilar ou de um abcesso do soalho da bocca.
d)-Em 4 outros casos sobrevieram complicações gerais, infecções no territorio da parede do pharinge, formando-se um abcesso para ou retrofaringeano.
e)-Em 1 caso desenvolveu-se uma infiltração descendente do mediastino.
Estas complicações têm lugar entre o l.o e 15.o dia da operação.
O A. atribue a maioria destas complicações á erros praticados durante a anestesia: injeção atravez do tecido adenoide doente, penetração de germens na superfície, por meio da agulha, no tecido submucoso; deficiencia de esterilisação do liquido empregado. Aconselha a espera de, pelo menos, 4 semanas, depois do desaparecimento da infeção para que a amigdalectomia possa ser praticada.
DR. LEOPOLD RECHNITZER - A diatermia nas molestias do laringe. Pg. 1.473.
A diatermia do laringe tem sido utilisada, relativamente, pouco pelos colegas especialisados. Cita Bucky, Ferrari, Leroux, Lowenheim e Roznodowsky.
Bucky acha que a diatermia faz desaparecer a molestia e diminuir o tempo de tratamento.
Leroux fala sobre suas qualidades contra a dôr e emprega-a com bom resultado contra a laringites agudas e cronicas.
Lowenheim tratou 15 laringites com a diatermia e menciona resultados magníficos.
O A. trata, em seguida, da ação fisiologica da diatermia.
Entra na tecnica propriamente dita e diz que Bucky usa um eletrodo (Stanniol) na laringe e outro na nuca ou 2 grandes eletrodos, de tamanho igual, de um lado e outro do pescoço. A corrente variará de 0,3 a 0,6 Amp.
O A. observa que os pacientes gordos só suportam correntes fracas. Duração da aplicação entre 15 e 25 minutos em cada 2 dias. O A. acha que o otimo da ação diatermica, encontra-se entre 1/2 a 3 horas do tratamento. Ele a emprega nas laringites, fonastenias, disfonias espaticas, disfagias.
Apresenta seus casos com minucia e fala dos bons resultados obtidos em cada um deles.
M. 0. R.
REVUE D´OTO-NEURO-OPHTALMOLOGIE Tome Xl. N.° i. Janeiro, 1933
F. J. COLLET - Estudos estatístico e etiologico sobre a anosmia.
O assunto, vem dividido em 5 capítulos. No primeiro cuida o autor da anosmia de origem nasal. Entre as causas mais frequentes figuram a rinite atrofica ozenósa e a polipóse nasal. O segundo capitulo trata da anosmia traumatica e contem duas observações interessantes. A terceira parte do trabalho ocupa-se da anosmia em patología nervosa; no ultimo capitulo, Collet apresenta suas conclusões afirmando que a frequencia e a facilidade com que são lesados os filetes olfativos se devem á dois fátos anatomicos:
1) A tenuidade dos filetes olfativos atravessando a lamina crivada.
2) A presença do corpo celular dos neuronios olfatívos na propria mucósa nasal.
M. Heyninx (Bruxélas) - Fisiologia da olfação.
G. WEILL e J. NORDMANN - O calibre da pupila na hemianopsia homonima.
Um dos sinais mais apreciados pelos nervo-cirurgiões para localisar um procésso patologico intra-craniano é a hemianopsia que significa sempre lesão das vias opticas. Existindo hemianopsia bi-temporal conclue-se que a lesão está precisamente assestada no quiasma. Na hemianopsía homonima o procésso patologico encontra-se situado além do quiasma - na fita optica ou no centro cortical.
Deixando de lado outros sinais de menor importancia citam os autores, dois que permitem distinguir na hemianopsia homonima si a lesão localisa-se na fita ou no centro cortical:
a) Atrofia primitiva do nervo optico, caraterística da hemianopsia da fita.
b) Reflexo hemiopico de Wernicke (ausencia de reação fotomotora á iluminação da retina céga) demonstra quando positivo, hemianopsia da fita. A técnica de Behr ou Coppez facilita a pesquisa deste sinal. Alêm destes dois sinais existe o preconisado por Beher - da desigualdade pupilar: quando a pupila mais dilatada se encontra do mesmo lado que a hemianopsia trata-se de lesão da fita, si a pupila mais dilatada for a oposta a hemianopsia o procésso patologico será cortical ou sub-cortical. Os autores examinaram 11 casos de hemianopsía encontrando duas vezes as pupilas iguais e concluiram: Que é grande a frequencia da anisocoria na hemianopsia homonima recomendando um exame perimetrico em toda desigualidade pupilar não explicada. Pensam, entretanto que a anisocoria não possue valôr absoluto na localisação das lesões, por terem verificado nas (hemianopsias cortinais a pupila mais dilatada, ora de lado da hemianopsia ora do lado oposto.
G. PORTMANN e DELMAS MARSALET - A proposito de certas particularidades das reações labirinticas em tres casos de lesões temporais traumaticas.
Os autores apreciam rapidamente os resultados das provas labirintícas em tres casos de traumatismos na região temporal. Em duas observações verificaram que o desvio provocado da marcha após a prova giratória, se apresenta invertido.
J. SOUCHET e A. LACROIX (Rouen). -- Nevrite retrobulbar, diplopía com sinais de sinusite frontal. Intervenção. Ausencia de sinusite. 1Cura.
Observação: Mm. L., 52 anos, neurite retro-bulbar, paresia da motilidade externa do mesmo olho, paticularmente dos musculos elevadores, miopia espasmodica e ;passageira em ambos os olhos. Rinoscopia sem significação. Dôr a pressão na porção externa do seio frontal esquerdo. Radiografia: seio maxilar esquerdo velado; terço externo do seio frontal esquerdo velado (perisinusite de Worms e Hírtz).
Intervenção no seio frontal esquerdo por via externa sob loco-anestesia. Sinus frontal normal. Sequencias: desaparecimento das dôres frontais e das manifestações oculares, restabelecendo-se a visão.
Os autores acreditam que as alterações radiograficas do s. frontal fôram determinadas por um espessamento da mucosa e principalmente por uma reação da dura-mater atraz do seio e para fóra dele.
Dr. Gabriel Porto.