Ano: 1944 Vol. 12 Ed. 2 - Março - Abril - (7º)
Seção: Associações Científicas
Páginas: 151 a 153
ASSOCIAÇÕES CIENTIFICAS
Autor(es): -
SECÇÃO DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA PLÁSTICA DA ASSOCIAÇAO PAULISTA DE MEDICINA
REUNIAO DE 17 DE JUNHO DE 1943
Presidida pelo dr. Mário Otoni de Rezende e secretariada pelo dr. Sílvio Marone, realizou-se no dia 17 de junho de 1943, uma reunião ordinária da Secção de Otorrinolaringologia e Cirurgia Plástica da Associação Paulista de Medicina.
Por proposta do dr. Mauro Cândido de Souza Dias, foi lançado em ata um voto de pesar peLo falecimento do dr. Eduardo Williams de Sousa Aranha, tendo ainda a Secção oficiado à família.
Da ordem do dia constaram os seguintes trabalhos:
VACINOTERAPIA E SOROTERAPIA EM OTORRINOLARINGOLOGIA (1)
Dr. Jorge Fairbanks Barbosa
A vacinoterapia é a conduta terapêutica que permite o aumento das defesas orgânicas contra determinado agente patogênico pela estimulação do organismo com êstes agentes atenuados ou mortos.
Na soroterapia já introduzimos num organismo as defesas elaboradas por um outro, isto é, os anticorpos.
Pode-se fazer aplicação focal, perifocal ou telefocal de uma vacina.. No primeiro caso, para Besredka ela atuaria por um mecanismo de imunidade local; para outros estariam em jogo as fôrças gerais de imunidade apenas, agora, polarizadas para o ponto de introdução do antígeno.
Em Otorrinolaringologia quasi todos os processos infecciosos são mantidos por associações microbianas. Por esta razão deveremos dar preferências às vacinas polivalentes ou, melhor ainda, às autovacinas.
É preciso prudência na dose das vacinações. Além de um certo limite a quantidade de antígenos não mais estimula a produção de anticorpos. Após a introdução do antígeno segue-se uma fase negativa, cujos efeitos são nefastos ao organismo. A intensidade e extensão desta fase cresce com a quantidade de antígeno introduzida no organismo. Por isto, é sempre prudente iniciarmos com doses fracas afim de preparar o organismo para receber as mais fortes.
As vacinações encontram vasto campo de aplicação em otorrinolaringologia, tanto na profilaxia (diftería, tétano, coriza meningocócico, etc.) quanto na terapêutica (estafilococicas, estreptocotias, etc.).
À administração de um sôro podem seguir-se acidentes sérios, que o médico precisa conhecer: choque anafilático, choque alérgico, caquexia sérica, anafilaxia local, etc. Felizmente dispomos de meios para prevê-]os e contorná-los.
As tendências modernas preconizam a administração de sôro concentrado e em dose única. As doses repetidas são, cada vez, menos eficazes e mais perigosas.
Como curativo são numerosas e felizes as suas indicações em nossa especialidade (difteria, tétano, gangrena, estafilococicas, etc.).
COMENTÁRIOS:
Dr. Mário Otoni de Rezende. - Ao pedir ao dr. Fairbanks Barbosa para fazer uma conferência sobre êste assunto, foram duas as intenções: Primeiro para pôr a Casa a par do que se conhece de mais recente sôbre a vacinoterapia e em segundo lugar, para avivar minha memória e a dos colegas, no sentido de se dar atenção ao valor da vacinoterapia, principalmente em tempo de guerra. O soldado moderno parte à guerra só depois de vacinado pelo menos contra a febre tifóide, a varíola e o tifo exantemático. A vacinoterapia, depois do aparecimento da quimioterapia, parece ter caído em certo desuso, mas acredito que êste desuso será causado mais pelo desconhecimento do valor da vacina, do seu modo de ação em determinados casos, e do quanto se póde dela obter, pois é verdade, também que toda aplicação intempestiva de vacina é nociva aos doentes. Deve-se ter sempre em mente a dose e o tipo de vacina (auto ou héterovacina). Tudo isto entretanto, e um pouco aéreo entre os nossos clínicos.
Quanto à questão da soroterapia, é verdade que já está sendo deslocada pelo quimioterapia, só sendo, ainda, respeitada em certos casos, como na difteria, por exemplo, em que a quimioterapia não tem ainda uma eficiência igual à da soroterapia.
Esta substituição medicamentosa, em parte é muito boa, pois a soroterapia tem suas desvantagens (fenômenos
alérgicos) que podem causar sérios acidentes. Entretanto, acredito que também a soroterapia é muito mal aplicada entre nós, pois sabido é que ela só atua dentro de certos limites, relativamente pequenos, não sendo necessarias grandes quantidades.
Eram essas as considerações que eu desejava fazer.
Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião.
SEGUNDO CONGRESSO SUL-AMERICANO DE OTORRINOLARINGOLOGIA
Recebemos da Secretaria Geral a seguinte circular:
Presidente:
Vice-Presidentes: Prof. Dr. Justo M. Alonso
Prof.
Dr.
Prof. Dr. Elias Regules
Juan Munyo
Dr. Pedro Regules
Secretario Geral: Dr. Juan C. Oreggia
Secr. del Exterior: Dr. Julio C. Barany
Secr. del Interior: Dr. Héctor Rebagliatti
Secr. de RRRRedaceión: Dr. Jaime Sala López
Secr. de Exposición: Dr. Enrique Apoio
Tesorero: Dr. Elbio Nattino
"O Segundo Congresso Sul-Americano de Otorrinolaringologia há de realizar-se em Montevidéu na segunda quinzena do mês de Outubro dêste ano. Foram designados os seguintes relatores: ARGENTINA: Prof. Eliseo V. Segura; colaborador: Prof. Eduardo Casterán; tema: "Profilaxia da hipoacusia"; BOLIVIA: Prof. Fé1ix Veintemillas; tema: "post-operatório da mastoidite"; BRASIL: Prof. Plínio de Mattos Barreto; tema: "Broncoscopía como meio de diagnóstico e terapêutica; CHILE: Dr. Riesco M. C.; tema: "A importância do exame funcional do oitavo par nos tumores do encéfalo"; PARAGUAI: Prof. Crispin Insaurralde; tema: "Leishmaniose na Otorrinolaringologia"; PERU: Prof. Juvenal Denegri; tema: "O rinoescleroma"; URUGUAI: Prof. Justo M. Alonso; tema: "O câncer laríngeo".
Os relatos oficiais devem ser enviados à Secretaria Geral do Comitê organizador antes do dia 31 de Julho e as comunicações antes do dia 31 de Agosto.
A quota de inscrição é de 12 pesos uruguaios e os que desejarem aderir devem dirigir-se ao Senhor Presidente da Sociedade de Otorrinolaringologia do seu país ou ao Secretário Geral do Comitê Dr. Juan Carlos Oreggia."
Secretário Geral: Dr. Juan Carlos Oreggia, Yi 1491.
Secretário do Exterior: Dr. Julio César Barani.
(1) Trabalho publicado na Revista Brasileira de O. R. L., vol. XI, pág. 215, 1943.