Versão Inglês

Ano:  1951  Vol. 19   Ed. 5  - Setembro - Outubro - ()

Seção: Revista das Revistas

Páginas: 180 a 190

 

REVISTAS DAS REVISTAS

Autor(es): -

MELCHIOR R. - "Allergie et troubles vasoinoteurs de la muqueuse nasale et sinusienne". Acta Oto Rhino Laringologica Belga, Tomo 4. Fasc. 1, 1950.

Trata-se de um trabalho completo apresentado pelo autor no congresso da Sociedade Belga de O.R.L.

Começa fazendo o historico da alergia. Em seguida estuda a anafilaxia experimental, passando em revista as teorias (humorais e celulares) que explicam o choque anafilatico e alergico.

É dificil distinguir o que é alergia do que não é. Para se considerar alergia é necessario:

1) Que a reação não se produza sinão em presença do mesmo agente.

2) A sintomatologia das reações deve ser radicalmente diferente das reações farmacodinamicas do agente responsavel.

3) A reação em principio pode ser provada que tem por origem um conflito antigeno anticorpo.

Traços particulares da alergia humana. Aqui considera:

Hereditariedade.

Constituição humoral.

Psiquismo.

Fatores especificos não contingentes.

Sindromes vaso motores. Godin distingue 5 modalidades:

1) isquemia por vaso constrição global arterio capilar.

2) Vaso dilatação global arterio capilar.

3) Vaso constrição arterial com vaso dilatação capilar paralitica.

4) Vaso dilatação arterio capilar com vaso constrição venoso capilar.

5) Dilatação capilar venosa com arteriolas normais; por dilatação e retro estase venosa.

A mais frequente é a terceira forma, instalando-se então a hidrorrea sem obstrução.

Parece que as perturbações circulatorias e secretorias da mucosa nasal tem origem não por distonia generalisada mas uma alteração localisada do parasimpatico cefalico.

Caracteres da exsudação: elementos solidos na proporção de 3% - Calcio aumentado - pH alcalino.

A localização da alergia na mucosa nasal se explica pelo fato dos alergenos seguirem esse caminho. A infecção complica a alergia nasal. As alterações tissulares provocadas pela infecção facilitam as crises.

Elementos de diagnostico: antecedentes hereditarios (uni ou bilateraes) antecedentes pessoaes e sintomas (subjetivos e objetivos).

Certas pessoas têm sintomas muito frustos nos primeiros anos da doença. A obtrução é o sintoma mais constante. Nós :sintomas objetivos o exame deve ser cuidadoso, pois as vezes encontramos apenas edema do meato medio, enquanto que outras vezes aparece discreta atrofia das conchas medias.

Tests:

Test nasal: aspiração ou pulverisação.

Reação oftalmica: 1 gota de extrato de polem a 1/1000.

Cuti reação: extrato sobre 1 escarificação.

Intra derivo reação: 0,02 do extrato.

Indice leucopenico: contagem em jejum e após o repasto.

Tratamento: Preventivo.

Sintomatico.

Não especifico: corrigir a constituição humoral e tissular.

Especifico: Injeções intra dermicas cada 4 dias começando com 0,1 de uma solução da 1/100.000.

O autor usa com resultado a radioterapia. 4 vezes 25 r. com 2 dias de intervalo.

FABIO BARRETO MATHEUS

DUPONT-PAUL - "Tuberculose da laringe" - Ata Oto-Rino-Laringologica Belga - Tomo 4. Fasc. 5, 1950.

A laringoscopia direta ou indireta é sempre um elemento incompleto de diagnostico. A radiografia tem grande valor na avaliação da extensão e profundidade das infiltrações ou ulcerações tuberculosas. Devemos usar as posições lateral; antero posterior ou a de film conico introduzido na hipofaringe; ou então a tomografia.

Na pratica a laringite primitiva não existe. A via linfatica e vascular sub mucosa jogam um papel de primeira,plana na patogenia da invasão laringéa e esta impregnação em profundidade coincide com a marcha progressiva da lesão pulmonar.

Classifica as lesões seguindo uma ordem progressiva de gravidade em:

Monocardite.

Cordite bilateral.

Infiltração inter aritnoidea ou das aritenoides.

Eversão ventricular.

Infiltração e edema das falsas cordas.

Ulcerações superficiaes e profundas. Tratamento: Colapsoterapia muitas vezes dá resultado.

Inhalações, instilações, pulverizações são de resultado nulo.

A radioterapia é indicada naqueles casos infiltrantes, pseudo tumorais.

Galvano cauterisação para esclerosar as formas infiltro edematosas.

Metodo de Charpy - Saturação do organismo com vitamina D2.

Streptomicina dá resultados brilhantes nas lesões altas (forma hematogena) enquanto que nas lesões inferiores (contaminação diréta) os resultados são menos favoraveis.

O acido, para amino solicitico tem valor, principalmente quando associado à streptomicina.

F. B. M.

BRADEN. I. von - "Tumores benignos e madignos da laringe"- Ata Oto-Rino-Laringologica Belga. Tomo 4, Fasc. 5, 1950.

O autor chama a atenção sobre o diagnostico precoce do cancer; e as possibilidades terapeuticas.

Agrupa nos tumores benignos: nodulo vocal; papilomas, lipomas, paquidermia, polipos, hematoma, angiomas, fibro angiomas, condromas, cistos e leucoplasia.

O nodulo vocal tem como causa o trauma do bordo livre da corda, podendo se tornar fibroso. Deve-se extirpar e fazer reeducação da voz.

O papiloma pode sofrer transformações maligna; o tratamento de escolha é o cirurgico com traqueotomia previa.

Na paquidermia e polipos além da cirurgia afastar os toxicos e a infecção de visinhança.

Angiomas e fibroangiomas coagular em superfície.

Para o êxito do tratamento dos tumores malignos o diagnostico precisa ser precoce: lançar mão da laringoscopia direta e indireta, diafanoscopia; radiografia, tomografia e biopsia. É importante diferenciar os extrinsecos dos intrinsecos; estes ficam muito tempo sem metastase. A avaliação da gravidade do tumor repousa sobre 2 pontos: situação do tumor e criterio anatomo patologico.

Divide os epiteliomas em 3 espécies:

1) Vegetantes (se desenvolvendo para a cavidade laringéa)

2) Penetrantes (se infiltrando no estroma conjuntivo)

3) De Superfície (in situ).

Para o grau de malignidade usa a classificação de Broders.

Terapêutica - Actinoterapia gama ou X - Cirurgia - Cirurgia + Roentgen.

Acha que os casos evoluem quasi sempre mal com a actinoterapia

Para a laringectomia parcial usa a técnica de Jackson com modificações.

Na laringectomia total frisa que deve ser conservado o músculo estafilo laringeo, que ajudará depois o paciente na reeducação vocal. Este músculo é formado de duas camadas superpostas: 1 postero superior em V se inserindo no alto, sobre os lados do véo do paladar, e em baixo no rafé mediano; a 2." camada antero inferior em A invertido se inserindo em cima no rafé mediano e em baixo nos 2 lados da cartilagem tireoide. O músculo toma então a forma de X.

F. B. M.

FURSTENBERG A. G. - "Antibióticos no tratamento das moléstias do ouvido, nariz e garganta" (Antibiotics in the treatment of diseases of the car, nose and throat). - (Ann. Otol. Rhin. & Laryng. LVIII: 5-7, 1949).

Quase tôdas as infecções agudas dos ouvidos, nariz, sinus e garganta respondem bem à administração parenteral da penicilina. Quando a resposta favorável não fôr obtida em 72 horas, convém identificar o germe e sua sensibilidade à terapêutica.

Tratando-se de doenças graves, como meningite, institua-se a associação de penicilina e estreptomicina.

Deve-se utilizar dosagens máximas dos antibióticos (penicilina, estreptomicina ou aureomicina) associadas à quimioterapia, até que o germe e sua sensibilidade sejam suspeitados.

A penicilina para ser efetiva deve entrar e ficar em contato com o organismo infectante: a dificuldade de aplicação dêste principio nas vias aéreas superiores
explica os resultados desapontadores dos métodos populares de administração tópica.

O aerosol de penicilina é de pouco valor no tratamento da bronquiectasia, enquanto que a aplicação direta de soluções concentradas nas cavidades bronquiectásicas pelo broncoscópio dá resultados favoráveis.

A cápsula do abcesso é uma barreira para a penicilinoterapia, e o tecido necrótico torna a lesão resistente ao antibiótico.

Fatores semelhantes influenciam adversamente o bom efeito da penicilina na otite média e mastoidite supurativa crônica, na osteomielite do crânio e ossos da face, e nas afecções crônicas das cavidades paranasais. Estas entidades patológicas não são curadas por qualquer antibiótico moderno, seja por via parenteral, local ou associada, isoladamente.

Parece que a penicilina usada na ausência de infecção, seja prejudicial à flora normal da garganta, possibilitando desenvolvimento de germes patogênicos penicilino-resistentes.

Deve-se acentuar que a prolongada administração do antibiótico pode produzir germes resistentes que não responderão ao efeito terapêutico posterior, se necessário.

A estreptomicina é particularmente favorável na adenite cervical tuberculosa e lesões mucosas de origem tuberculosa.

A dihidroestreptômicina, livre de efeitos neurotóxicos, é preferivel na via parenteral, porém, é mais irritante por via intratecal.

A. CORRÊA

HYNES F. J. - "penicilinoterapia por aerosol nas sinusites". (Penicillin aerosol therapy in sinusitis). - (Ann. Otol. Rhil. & Laryng. LVIII : 189-199, 1949).

A técnica do aerosol tem por objetivo levar a penicilina em contacto com o
germe infectante, necessitando, portanto, penetrar nos sinus afetados é encontrar germes sensíveis o antibiótico. O A. usou o aparelho de Barach, fazendo uma inalação diária de 40.000 unidades de penicilina, com corrente de oxigenio. Foram tratados 212 pacientes, cujos resultados, nos casos possíveis, foram controlados por radiografias e culturas dos germes. O estado dos doentes foi classificado em ligeiro, moderado e grave, e o resultado da terapêutica foi dividido em cura clínica, melhora acentuada, melhora moderada, melhora ligeira e sem melhora. Foram considerados cura clínica aqueles em que desapareceram os sintomas e a rinoscopia tornou-se negativa. Nos 212 pacientes tratados obteve o A. os seguintes resultados: 58 - curas clínicas, 34 melhoras acentuadas, 45 melhoras moderadas, 19 melhoras ligeiras e 34 sem melhoras. Das 58 curas clínicas, 15 eram casos ligeiros, 37 moderados e graves: 17 pacientes mostraram melhora nas radiografias.

Quanto às culturas, a maioria dos pacientes continuou a mostrar o mesmo tipo de bactéria antes, durante e após o tratamento.

O aerosol de penicilina deve ser usado como auxiliar na terapêutica otorrinolaringológica, lembrando-se que o oxigênio sozinho pode inibir o crescimento de germes secundários.

Desde que haja coleção purulenta, e seja necessária a drenagem cirúrgica, o aerosol de penicilina não substituirá aquela terapêutica. O tratamento é contra-indicado na rinite alérgica, exceto no caso de alergia bacteriana provada, e sinusite secundária. Os resultados na rinite aguda (resfriado) são devidos ao tratamento local, geral e oxigenio. Na sinusite aguda (com ou sem complicações das vias respiratórias) os resultados dependem da presença ou ausência de pus no sinus, ou nas cavidades bronquiectásicas.

Na sinusite em crianças, fornece melhoras acentuadas com recorrências ocasionais, compatidas com vacina autógena. A exacerbação aguda da sinusite crônica foi controlada pelo acrosol de penicilina, com alguns casos de cura clinica pela associação com vacina autógena. Na sinusite crônica, ocasionalmente, podem ser obtidos resultados espetaculares, em casos de alergia bacteriana ou infecção anaeróbica.

A. C.

LOGE J. F. e KILBOURNE D. E. - "Tratamento da Faringite estreptocócica pela penicilina". (Penicillin treatment of Streptococcic pharyngitis). - (Ann. Int. Med. XXIX: 698-714, 1948).

Os AA. fizeram um estudo detalhado clínico e de laboratório, inclusive dosagem de anticorpos, em 127 casos, de uma epidemia de faringite a estreptococo hemolítico.

Divididos em grupos submetidos a terapêutica diferente, foi notada uma resolução mais rápida da moléstia, e menor número de complicação nos casos tratados por penicilina aquosa de 4 em 4 horas. Este tratamento suprimiu a formação de antiestreptolisinas, fazendo supor que poderá evitar a produção de outros anti-corpos sensibilizantes da febre reumática. A interferência da penicilina na produção de anti-corpos está relacionada com a remoção precoce do antígeno estreptocócico.

A. C.

MOFFIT J. O. P. e NORMAN W. B. - "A toxidez de estreptomicina para o labirinto". (Streptomycin toxicity to labyrinth) - (Ann. Otol. Rhin & Laryng. LVII: 999-1006, 1948).

Entre 900 casos de tuberculosos, tratados pela estreptomicim foram separados para observação grupos de 50 doentes que utilizaram 1,0 g, 2,0 grs. e 3,0 grs. diárias do medicamento.

Os exames da função labiríntica foram feitos antes do tratamento e depois do tratamento, em diferentes épocas. Os disturbios labirínticos foram proporcionais à dosagem e duração do tratamento. Entre a 4.ª e 6.ª semana 90% dos pacientes de 2,0 g. apresentava reações tóxicas evidentes no labirinto, enquanto que sómente 4% dos pacientes de 1,0 g era afectado com as mesmas reações. Foi utilizado, além do teste calórico, o teste galvanico para avaliação da integridade do nervo vestibular.

A recuperação da função labiríntica demonstrada pelos testes vestibulares é variável com a dosagem e duração do tratamento; em sómente um (1) dos casos de 2,0 g obteve-se recuperação vestibular parcial após 6 meses, enquanto que 64% dos pacientes de 1,0 g. teve recuperação parcial ou total.

Os estudos sugerem que a toxicidade da estreptomicina é labiríntica periférica. Não foram encontrados outros sintomas neurológicos e nem disturbios da função auditiva, com as doses de 1,0 e 2,0 g diárias.

Comentário do relator: - Outros trabalhos têm mostrado que as disfunções labirínticas na estreptomicinoterapia são mais frequentes nos casos que manifestam prejuízo na função renal; daí o contrôle da função renal quando o paciente estiver submetido a tratamento prolongado. Devido à possibilidade de manifestações alérgicas (edema, rash, eosinofilia), há AA. que indicam o uso de. Anti-histamínicos para prevenir as disfunções labirínticas.

A. C.

DEVINE K. D., WEED L. A., NICHOLS D. R. e NEW G. B. - "Rinoscleroma aparentemente curado com a estreptomicina" (Rhinoseleroma apparently cured with streptomycin). - (Proc. Staff Meet. Mayo Clin. XXII: 597-500 - Dez. 1947).

Uma mulher de 32 anos, russa, era portadora de rinoscleroma naso-faringo-laringeano, confirmado por estudos histopatológicos e bacteriológicos (Klebsiella).

Verificada a sensibilidade da cultura de Klebsiella à estreptomicina, foi tentado o uso do antibiótico na dose de 250 mg. cada 3 horas, por via intramuscular, completando 12,75 g na l.° semana. Verificada .a manifestação de reações tóxicas e alérgicas, descançou 12 dias e tomou a medicação por mais 43 dias consecutivos, completando 97,25 g, quando houve manifestações de disturbio vestibular. Com 18,0 g houve grande melhora nasal e laringeana e com 53 já havia lesão cicatricial tia mucosa faringeana. Com 95 g a paciente estava clinicamente curada, e confirmada esta cura 10 meses depois.

Dada a sensibilidade de "Klebsiella rhinoseleromatis" à estreptomicina, e si fôr confirmada a cura de outras casos semelhantes é de se admitir êste germe como o fator etiológico da moléstia.

SIMONTON K. M. - "Tratamento de ozena pela estreptomicina". (Sreptomycin treatment of ozena). - Proc. Staff Meet. Mayo Clin. XXIV: 337?340 - junho 1949).

Oito casos de rinite atrófica ozenosa foram tratados com estreptomicina; sendo obtido cultura de Klebsiella das fossas nasais de todos os casos.

O tratamento consistiu em injeções intramusculares diárias entre 1.000.000 e 2.000.000 de unidades, por um período de 5 a 14 dias. Obteve-se a negativação da cultura de Klebsiella e a melhora sintomática (desaparecimento das crostas, máu cheiro e cefaléia) por 8 a 40 meses em 7 casos.

Embora o número de casos seja pequeno, os resultados são encorajadores e mostram a importancia da Klebsiella na moléstia. Não se pode esperar que a atrofia da mucosa nasal volte às condições normais, porém, já há uma esperança de que o emprego da estreptomicina nos casos iniciais de ozena poderá prevenir a progressão da moléstia e conseqüente atrofia da mucosa.

A. C.

DAVIDSON F. W. - "Antibióticos e infecções dos sinus". (Antibiotics and sinus infections) - (Laryngoscope LX: 131-141, 1950).

O A. estuda a sensibilidade à penicilina, dos germes patogênicos sinusais nos últimos anos, verificando uma notável diminuição da sensibilidade terapêutica. Enquanto que em 1945, 8% dos germes paranasais gram-positivos eram sensíveis à 0,2 unidade de penicilina por cm3, em 1949 sómente 12% destes organismos eram sensíveis à mesma concentração.

Destes estudos deduziu o A., a necessidade de aumentar a dose terapêutica de penicilina e estroptomicina nas sinusites e sempre que possível determinar a sensibilidade dos germes patogênicos aos antibióticos usados.

A. C.

DAVIDSON F. W. - "Complicações orais e faringeanas da terapêutica pelo cloranfenicol". (Oral and pharyngeal complications of cloramphenicol (chloromycetin) terapy). - (Am. Pract. I: 897-900, 1950).

Durante a terapêutica pelo cloranfenicol em 200 doentes, foram notados que 12 casos (6%) apresentavam glossite, língua negra, estomatite, faringite e infecção da bôca e faringe por Monilia albicans.

Os sintomas das complicações orofaríngeas iniciaram-se entre o 4.° e o 6.° dia do início da terapêutica, tendo desaparecido numa semana após suspender o cloranfenicol.

As reações mais graves ocorreram nos pacientes que receberam penicilina ou estreptomicina associada ao cloranfenicol.

Parece que na mucosa nasofaríngea e orofaríngea existe normalmente um antagonismo bacteriano que, prejudicado pelo antibiótico, favorece o desenvolvimento de bactérias e fungos resistentes ao antibiótico.

A maior freqüência destas complicações com o cloranfenicol é explicada pelo maior efeito local dada a sua excreção pela saliva.

A. C.

HILGER J. A. - "Isquemia vasomotor labiríntica". (Vasomotor Labyrinthie ischemia). - (Ann. Otol. Rhin. & Laryng. LIX: 1102-1116, 1950).

O epitélio sensorial e os neurônios primários do nervo acústico, protegidos contra infecções e traumas, tem a desvantagem de uma circulação terminal para manter a sua integridade funcional e estrutural.

Anatomia - A artéria labiríntica dá um ramo coclear e um vestibular, estando os ramos principais na parede endosteal do labirinto ósseo, e a porção terminal (arteríola-capilar-vênula), no labirinto membranoso, sem colaterais.

A artéria espiral (cóclea) dá: (1) ramos para os gânglios espirais; (2) ramos radiais para a lamina espiral; (3) ramos radiais para a escala vestibular que suprem a estria vascular e o ligamento espiral. No vestíbulo e canais semicirculares os vasos terminais formam uma rêde fina nas máculas e nas cristas ampulares, e um rêde capilar nos ganglios vestibulares mais densa do que a dos gânglios cocleares.

A circulação venosa segue o canalículo coclear (cóclea e porção do vestíbulo) e o aqueduto vestibular (porção do vestíbulo e canais semicirculares).

Patofisiologia - O ouvido interno corno outros órgãos do corpo sem circulação colateral tem problemas clínicos de distúrbio da circulação terminal, e dada a sensibilidade labiríntica ao fenômeno de isquemia, pode-se focalizar clinicamente o nível do disturbio arteriolar.

O nível funcional vascular é a unidade arteríola-capilar-vênula; o espasme da arteríola provoca bombeamento do capilar por isquemia, hiposcia, lesão endoterial e refluxo venoso; há transudação determinando compressão dos linfáticos e completa-se a estase localizada. Não havendo circulação colateral a circulação só pode ser restabelecida pelo relaxamento do espasmo arteriolar, na unidade lesada.

Síndromes - As alterações neurais variam em gráu, extensão e duração da isquemia e transudação.

O espasmo nas arteríolas terminais do gânglio coclear resulta em sintomas discretos (tinnitus e hipoacusia) específicos para as células envolvidas, mais comum na zona dos agudos. Surdês catarral, neurite do acústico, etc).

A associação de vertigem com tinnitus e hipoacusia aguda está relacionada a espasmos no segmento arterial vestíbulo-coclear. Nas lesões dos gânglios ou segmentos periféricos, estando intacto o órgão sensorial terminal (corti), não há sensação de pressão aural, diplacusia e ausência do recrutamento de intensidade.

Os disturbios nos ramos arteriais da escala vestibular, favorecem uma hipertensão perilinfática, mais freqüente do que endolinfática, e acarreta sintomas vestíbulo-cocleares. A vertigem inicial tende a melhorar, o tinnitus é difuso na freqüência, haverá uma distorsão dos sons e pressão aural. A condução óssea é diminuída, e os tons agudos tendem a ser melhor ouvidos (limite superior paradoxal) devido à hipertensão linfática.

Na isquemia labiríntica total há soma dos sintomas cócleo-vestibulares, não se dissociando um elemento do outro.

Terapêutica - Tem por objetivo corrigir o vasoespasmo e reabsorver o transudato; agir sóbre a musculatura lisa arteriolar, a junção mio-neural e a célula ganglionar autônoma.

O método mais efetivo de facilitar a circulação sanguínea local é a desnervação simpática da região. O bloqueio contínuo do ganglio estrelado, pelo gotejar de cloridrato de procaina 0,1%, através um tubo de politeno, é efetivo. Também pode ser usada a instilação gota-a-gota na veia de solução a 0,1 ou 0,2% de procaina, (vaso-dilatador periférico e bloqueio neural). A adrenalina em concentração edequada é vaso-dilatadora e aumenta a atividade cardíaca, pelo maior volume sanguíneo periférico na unidade de tempo.

O A. usa em 1 litro de procaina, 0,0001 mg de adrenalina e 1,0 g de ácido ascórbico.

A dose é de 4 mg por quilo de pêso, em 30 minutos de infusão gota a gota. Nos casos de hipertensão perilinfática e endolinfática extrema, a reabsorção do transudato será mais difícil pela compressão das vênulas, a situação sendo comparável a do glaucoma.

A ação de bomba da arteríola funcionante é a melhor terapêutica. A restrição de sal e de líquidos, os diuréticos mercuriais e a glicose hipertônica auxiliam a reabsorção do transudato.

O tecido endotelial sujeito a isquemias repetidas apresenta.transudação fácil, e a sua restauração será auxiliada com ácido ascórbico, tiroide e esteroides.

Alguns fatores favorecem o disturbio neuro-vascular labiríntico e serão considerados: fatores psico-somáticos, fadiga, doença prolongada, menopausa, fumo, antecedentes neuro-vegetativos cranianos (cefaléia vascular, mialgia cervical, rinopatia vaso-motora).

Si nas primeiras crises labirínticas o tratamento é orientado e o paciente colabora na resolução dos seus problemas da vida,não será necessária a labirintotomia.

A. C.

LUNDGN A. E. - Estreptomicina em aplicação tópica no tratamento da otite média sapurativa crônica". (Streptomicina by topical application in treatment of chronic suppurative otitis media). - (Arch. Otolaryng. XLVIII: 118-129, 1949).

Vinte casos de otite média crônica supurada resistentes ao tratamento pelas sulfas, penicilina e preparações alcoólicas foram submetidos à aplicação tópica de dihidroestreptomicina. Foi usada uma solução de 50 g por cm3, em solução salina, 2 vêzes por dia, instilada pelo conduto auditivo externo. No fim de 1 a 2 semanas, 15 dos 20 casos estavam curados.

Tendo sido feita a identificação dos germes da caixa timpânica antes do tratamento, e a sua sensibilidade à estreptomicina, verificou-se que nos casos curados predominaram algumas das seguintes bactérias: Pseudomonas, Proteus intermedius e Morgagni, Aerobacter aerogenes, Escherichia Coli e Streptococus pyogens.

Nenhum dos pacientes acusou manifestações tóxicas ou reação local ao medicamento.

A. C.

NORTHONGTON P. - "Síndrome da paralisia vestibular bilateral pela estreptomicinoterapia". - (Syndrome of bilateral vestibular paralysis and ist ocurrence from streptomycin therapy). - (Arch. Otolaryn. LII: 380-396, 1950).

Foram observados 56 pacientes, que receberam uma dose diária de 2,5 mg a 3,20 g e tiveram manifestações neurotóxicas na segunda semana, enquanto que de 50 outros, com dose diária de 1,0 mg por 75 dias, sómente 1 apresentou neurointoxicação.

O quadro comum é o seguinte: - algumas horas após o aparecimento de um ou mais sintomas (vertigem, cabeça cheia, zoadas, cefaléa, náuseas e. vômitos) o paciente mostra incapacidade para manter a postura, a marcha, e acusa movimentação visual dos objetos distantes. Os sintomas aumentam de intensidade durante alguns dias, e depois regridem, mesmo com a continuação da estreptomicinoterapia, sendo que diversos mêses decorrem na cura gradual e lenta da marcha, da postura, da visão e da vertigem.

A hipoacusia tipo percepção, com tinnitus constante e intenso, só foi verificada em 6 casos. A cefaléia, tipo generalizado, desaparece com o período agudo mas, em alguns casos, durou mêses, e era pouco sensível aos sedativos. A náusea e os vômitos foram raros, só no estado agudo, e sem relação com o gráu de, vertigem. O nistagmo expontâneo, visto em raras ocasiões, foi horizonto-rotatório no olhar lateral.

A vertigem não era do tipo rotatório, comum nas lesões vestibulares unilaterais Há uma sensação de movimento falso, de sentir-se compelido a movimentar-se na direção e sentido em que a cabeça foi inclinada ou, em que a marcha estava sendo conduzida. O esforço para manter a postará é semelhante ao dos pacientes intoxicados pelo álcool. Devido à perturbação visual, os objetivos à distância parecem movimentar-se e a visão perde detalhes, não sendo encontrada anormalidade no fundo de ôlho, na acuidade visual, no equilíbrio muscular e na acomodação.

Os disturbios da visão, da postura e da marcha são associados à vertigem e à areflexia vestibular na generalidade dos casos.

Quando há resposta vestibular esta é do tipo normal e mais ativa lia prova calórica do que rotatória; em alguns pacientes submetidos à prova galvânica, a reação é paralela ao teste calórico.

A cura dos pacientes com permanência da paralisia vestibular bilateral se dá por compensação dos outros órgãos do equilíbrio, permitindo atividades comuns, porém, com deficiência do equilíbrio no escuro e na natação.

Revendo a fisiologia vestibular o A. cita a conclusão de De Kiein e Magnus - "todos os reflexos labirínticos examinados, persistem inalteráveis após a extirpação do cerebelo". Das observações experimentais deduz-se que o mesmo disturbio da postura e da marcha pode resultar de lesões dos órgãos vestibulares terminais, dos núcleos vestibulares no tronco cerebral, ou no cerebelo; não há todavia prova de que a injúria limitada ao cerebelo prejudique o reflexo vestibular ocular na prova rotatória ou calórica ou prejudique a audição.

Os estudos patológicos sôbre a estreptomicinoterapia sugerem que há um efeito destrutivo específico sôbre os neuronios dos núcleos do VIII par, especialmente nos núcleos ventrais cocleares e vestibulares inferiores, e suficientes em alguns casos para explicar a disfunção vestibular e a hipoacusia, além das lesões degenerativas do epitélio sensorial das cristas ampolares e das máculas; são também citadas alterações nos gânglios vestibulares. Parece não haver dúvida de que a estreptomicina pode determinar lesões disseminadas do sistema nervoso central e periférico com eletividade para as células nervosas das vias vestibulares.

Comentários: - A cura da ablação cirúrgica dos labirintos é mais rápida do que nos disturbios pela estreptomicinoterapia, e nestes casos, não há perda permanente do reflexo vestíbulo-ocular, e não há paralelismo entre o desequilíbrio e o deficit do reflexo vestíbulo ocular.

Outro achado usual é a areflexia à prova rotatória e normo-reflexia à prova calórica nas neurointoxicações pelo estreptomicina.

Em nenhum paciente foi verificado nistagmo expontâneo ou nistagmo induzido com alterações qualitativas, como é comum nas afecções vestibulares centrais.

A síndrome de paralisia vestibular bilateral pela estreptomicina pode ser causada por lesões periféricas ou centrais.

O prejuízo do reflexo vestíbulo-ocular ocorrendo regularmente e do reflexo coclear, ocasionalmente, permite a exclusão do cerebelo como foco principal.

A desordem visual comumente verificada é prova de que a integridade do reflexo vestíbulo-ocular é da maior importância na fixação visual dos objetos. Há um severo disturbio do equilíbrio, na estreptomicinoterapia, mesmo quando não há perda total de um fator do equilíbrio como o vestibular. Há casos de boa compensação e precoce, em doentes com grande perda das reações vestibulares, enquanto outros apresentam compensação lenta e reações vestibulares relativamente boas. Conclue-se que os processos de coordenação e integração dos impulsos aferentes cm termos de atividade muscular são prejudicados, pela estreptomicina, e, que a integridade dos componentes vestibulares centrais é mais importante para manter o equilíbrio do que os sistemas sensoriais aferentes.

A. C.

OCHS I. L. - "Uso do vinagre como antibiótico no tratamento da otite média crônica" (Use of vinegr:r as an antibiotic in the treatment of chronic middle ear discase). (Arch. Otolaryng. LII: 935-941, 1950).

Apesar das sulfas e antibióticos, existem otites médias crônicas purulentas resistentes à terapêutica, devido a germes tais como Pseudomonas aeruginosa e Proteus vulgaris, e a focos de necrose óssea.

O vinagre é um produto bacteriano, antagonista de outros organismos, portanto um dos primeiros antibióticos conhecidos; a sua ação correria por conta do ácido acético, existente na média de 5 por cento.

Na literatura há uma série de trabalhos mostrando que o ácido acético, em solução de 1/2 por cento, inibe não sómente o crescimento de germes gram negativos como também de muitos gram positivos.

O A., tratou 38 pacientes com otorréa crônica, verificando um efeito rápido e efetivo em 30 casos.

O método consiste em limpar os ouvidos com curativo sêco e úmido (água oxigenada), em seguida instilar o vinagre doméstico, e colocar um tampão que também será umedecido. Retira-se o tampão em 48 horas e repete-se o tratamento, si necessario. Nenhum paciente, dos 30 casos curados, requereu mais de 3 curativos.

Oito, pacientes, falharam na resposta à terapêutica e as culturas destes casos revelou Streptococus hemalyticus, Staphilococus hemolyticus, Staphilococus aureos, Proteus, e diphteroides.

A. Corrêa

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