Versão Inglês

Ano:  1940  Vol. 8   Ed. 6  - Novembro - Dezembro - ()

Seção: Editorial

Páginas: 375 a 384

 

NÚMERO COMEMORATIVO DO JUBILEU PROFESORAL DE JOÃO MARINHO

Autor(es): ARISTIDES MONTEIRO

A direção da "REVISTA BRASILEIRA DE O.R.L.", pediu-nos para este numero jubilar duas coisas: o curriculum vitae e a fotografia do Professor João Marinho. Uma difícil de fazer, outra facil em conseguir. Procuramo-lo para que nos pudesse orientar sobre os diferentes fatos que ocorreram em sua vida científica e social antes de 1920, época em que tivemos a ventura de conhecê-lo, não o perdendo mais.

História, seja qual fôr, só se faz à luz de dados e apontamentos, verbais ou escritos. Nessas duas ultimas décadas, em que temos vivido ao lado do querido Mestre, tudo lhe conhecemos; antes delas porém, um ou outro fato ouvido em confidência do autor ou de participantes, tudo ignoravamos. Insistimos que nos ajudasse a desobrigar-nos do compromisso que assumíramos para com os distintos colegas Drs. Mario Ottoni e Homero Cordeiro, dignos diretores desta Revista.

- Dados, disse-nos um dia o Mestre, vais ver, terás melhor que isso. E calou...

Passou-se o tempo. Aproximava-se a semana dos seus festejos jubilares, que foram talvez a maior demonstração de cordialidade, carinho e afeto a que temos assistido. Nada lhe faltou, porque em todos os átos, quer públicos, em Academias e Sociedades Médicas, quer nos particulares de suas enfermarias e outros serviços especialisados, predominava sempre a veneração e o acatamento com que todos reverenciavam o Mestre da Oto-Rino nacional. No ultimo dia recebemos de sua própria mão a autobiografia que se segue, vivida, sentida e escrita pelo próprio autor. Não seria possivel dar-lhe colorido mais nítido. Não estariamos a altura de escrever a história do nosso Mestre. Fez-nos mais esse favor. Quanto lhe agradecemos por isso.

O mais interessante nos periodos descritos, são os primeiros anos da sua formação cirúrgica, o convívio com as grandes figuras médicas dos ultimas anos do século passado. Ha muito que aprender em todas as passagens de sua leitura.

De 1920 para cá, todos que o lemos, conhecemos um pouca de seus trabalhos científicos e atos públicos.

Tudo o que se vai lêr referente a sua vida, servirá de padrão para muitos dos jovens especialistas que estão espalhados por esse Brasil imenso. Conseguiu na vida tudo o que quiz, pelo seu preparo geral e filosófico acima do comum. Professor catedrático da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; fundador e primeiro chefe de serviço da clinica oto-rino-laringologica do Hospital São Francisco de Assis, berço da afamada escola cirúrgica especializada do Rio; orientador e presidente do l.° Congresso Brasileiro de O.R.L. e idealizador do 1.° Sul Americano, é esse o homem a quem a "REVISTA BRASILEIRA DE O.R.L." neste momento homenageia, dedicando-lhe um número especial em que colaboram os mais eminentes nomes nacionais e sul americanos; homem de quem se póde dizer, sem favor, que dividiu a história da moderna especialidade no Brasil, em duas fases distintas: antes e depois dele.

ARISTIDES MONTEIRO


Meu caro amigo Aristides Monteiro.

Dados? ...

- Não há; ou quasi. Aí vão. Verá.

1891 - Bacharel em Ciências e Letras pelo Ginásio Nacional, nome dado pela República, recém-nascidas, ao Colégio de Pedro II, voltado agora ao antigo título, o novo regimem expiando com nobreza seu pecado de haver tentado o impossível de interromper a filiação histórica.

1892-97 - Estudante de medicina. Interno adjunto da Santa Casa de Misericórdia. Nomeado em 28 de abril de 94. Efetivo em 95. Era então Provedor o Conselheiro Paulino José Soares de Souza, Visconde de Uruguay. Entrou à vida de ver doentes no Consultório de cirurgia a cargo do Dr. Guilherme Afonso de Carvalho, prof. de inglês do Colégio Pedro II e médico por distração da Santa Casa. Desce ao pormenor e à reflexão, para agradecer-lhe os primeiros rudimentos da arte de ver doentes. Ao aprendiz, no começo, tudo lhe parece grande à classe ignorância. Pouco depois, passava a interno do irmão, Dr. Pedro Afonso Franco de Carvalho, êsse, agora, sim: o afamado operador em plena glória de clientela, Barão de Pedro Afonso. Dele saiu para o internato do Visconde de Saboia, já aposentado de professor, mas ainda profissional ativo na 18.ª Enfermaria da Santa Casa, a em que veiu a suceder-lhe o Professor Augusto Brant Leme. Por indicação do Visconde passou a interno da l.ª Cadeira de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina, remunerados a 100$000. Uma riqueza, alcançada um ano atrás, no Congresso pelo Dr. Brício Filho, deputado por Pernambuco. Pouco mais, 500$000, ganhavam os professores graduados da Escola de Medicina e os do Colégio Pedro II. Não podem, pois queixarem-se dos dois contos e pico de hoje... Aí serviu até 1896, com interrupção de mês e meio (15 de janeiro a 30 de março), passados no internato do Hospital S. Sebastião, onde teve oportunidade de assistir a última das nossas grandes epidemias de Febre Amarela. Pela lancha das 7 ¹/2, aí aportavam, no cáis, que era uma ponte coberta, Chapot Prevost e Miguel Couto. Aí demoravam-se a manhã inteira, o Dr. Chapot no empenho de descobrir o germe infetuoso da doença. De suas ânsias e anelos deixou, em carta fechada, na Academia Nacional de Medicina, memória que será de valor histórico apreciável; Miguel Couto, já grande, todavia incomparavelmente menor do que veiu a ser depois, de suas observações no vivo controladas pela verificação no morto, em farta experimentação expontanea, oferecia por doença, que matava, quando pouco, 30% dos atacados. Daí data o fundamento da memorável lição de Miguel Couto, guardada à posteridade na Enciclopédia de Nothnagel.

A princípio, havia o afamado professor alemão convidado unicamente o Dr. Azevedo Sodré. (A êsse tempo, ainda não tinhamos o costume de lhes fazer preceder o nome do título de professor). Respondeu, lembrando a autoridade, ainda pouco conhecida de Miguel Couto para colaborar. Não se contentou em pedir-lhe notas, em informações à puridade, do que andaria a fazer na ponta do Caju o seu colega e amigo íntimo, já afamado entre profissionais, mas ainda pouco conhecido fóra. Quís juntar a previsível glória o mérito de quem tambêm a merecia. Que gente de prol que não eram!

Uma tarde, interno de Miguel Couto, ou antes interno de tôdas as enfermarias do Hospital, e éramos três a nos entrecruzar-nos na assistência aos doentes depois que os médicos deixavam o hospital, teve um dos três ocasião de observar caso de gangrena de marcha rápida-na febre amarela. Mal sabia a raridade do que via. Publicou-o por intermédio do seu companheiro de ano, Moncorvo Filho, o eminente pediatra que depois veiu a ser, quasi menino ao tempo, mas já muito sério, da mesma austeridade e nenhum sorriso que conservou por tôda a vida. Saiu no Brasil Medico. Duas linhas em meia coluna escassa, sem pretensão de ensinar aos outros o que também sabem ler pelos compêndios. Só narrou o que vira, e quanto vira, e poucos até então teriam visto, segundo veio a saber depois, divulgado por Miguel Couto no seu trabalho da Enciclopédia... E nela cita o nome de seu interno. E nunca lhe disse nada. Veiu a sabê-lo dez anos depois, quando em companhia do Dr. Adolfo Lindenberg, hoje professor da Faculdade de S. Paulo, visitaram o Instituto Koch, em Berlim. Aí, amável e pouco conhecido assistente, Wassermann (êsse mesmo ... ), descendo da estante o volume, indagou se um dos visitantes seria o mesmo apontado na observação de tão raro caso. Era assim que Miguel Couto dava a mão aos pequenos, desde pequeninos.

Da Febre Amarela, voltou à cirurgia de Oscar Bulhões, operador saído de antigo anatomista, citado com louvor por Pereira Guimarães em seu compêndio, de companhia com Gonçalves da Silva, Pedro de Magalhães, Criciúma e Monet, "que conhecem e cultivam a Anatomia com verdadeiro entusiasmo". O passageiro interno de Miguel Couto assombrou, (onde isso vai! já não há vitupério) de volta, o seu mestre pelo quanto lhe vinha firme em anatomia, praticada em exercícios de medicina operatória no montão de cadaveres, sempre renovado, descidos às dezenas das enfermarias ao necrotério. Figueiredo Rodrigues, o da nossa Saúde Pública e, deputado, pelo Ceará, de antes torcer que quebrar, lembrar-lhe-á, frequentador diário da mortuária; lá demorava, auxiliar de peito de Chapôt Prevost, e lá ficavam, não raro até ao anoitecer.

1898 - Doutor em medicina, aprovado com distinção em defesa de teses. A ninguém admire a nota. Presidia a banca, o seu mestre, Oscar Adolpho de Bulhões Ribeiro, com o segredo de ensinar no muito que sabia e no muito mais que ralhava, o que fixa mais... Fora da Enfermaria era uma dama. O seu ex-interno, na madureza dos anos será capaz de explicar a contradição. Tem-na assentado. Fica para outra vez.

Deixou-lhe o internato, um ano antes de formado, para acompanhar o Serviço de clínica ginecológica do Dr. Carlos Teixeira, na 24.ª enfermaria dessa Santa Casa da Misericórdia, tôda vida a exercer duas espécies de caridade, de assistência à miséria da doença, e ao ensino médico de Escola de Medicina a escandalizar a eternidade, por nunca despertar do pesadelo de faz não faz Hospital de Clínicas. Também, pra quê? Santa Casa paga a despeza. Sempre pagou, e continua.

Não lhe era o Dr. Carlos Teixeira nenhum extranho, pois a sua enfermaria confinava com a 17.ª. Em diária, prolongada convivência, aí travou conhecimento com meia geração mais velha que a sua, Daniel de Almeida, Vieira Souto, Carvalho Azevedo, Honório Vargas, lindo homem de lindas sedosas barbas côr de anú, grande como um gígante e manso como um cordeiro, cedo desaparecido; João de Barros Barreto, sabio higienistas, como o filho, o atual, do mesmo nome. Na Casa de Saúde CataPreta, Marinho e Werneck, experimentou a influência direta do grande cirurgião, Dr. catapreta, de prática extensiva à toda cirurgia. Fazia tôdas as operações da época, inclusive a de catarata, aprendida com o seu mestre Manuel Feliciano.

Com o Dr. Furquim Werneck - Francisco F. W. de Almeida, discípulo de Lawson Tait, aprendeu e, pouco depois, o filho Hugo, mais tarde afamado clínico e professor em Belo Horizonte, a operar fibromas uterinos, com hemostasia só com ligarlhes as uterinas no pedículo vascular, o que Carlos Teixeira fazia por esmagamento com o clampe de Bilroth, horrivelmente traumatizante e necrosante; instrumento esquecido de há muito, mas ainda corrente em Viena ao tempo em que por lá estudara o divulgador das laparotomías entre nós. De apendicite não se cogitava. Só entrou na preocupação médica, como afecção distinta, depois da memorável operação sofrida pelo príncipe de Gales, futuro Eduardo VII, por volta de 1897, ou 1898. Em compensação, muito falado, o "volvo", atestado nos doentes morridos do que depois tornou-se trivial, a peritonite apendicular. Os escapos, porquê de tudo se escapa espontaneamente, davam em "abcessos da fossa ilíaca", de que os cirurgiões tinham acabada experiência e diagnosticavam de relance pelo sinal da abdução do pé e, os clínicos, pela frequencia das "tiflites e peritiflites", casos gravíssimos, que êles bem sabiam o final da marcha clínica de muitos no tal volvo...

Pelo método Furquim Werneck, o estudante recém-formado operou alguns fibromas. Documenta um, na Santa Casa de Juiz de Fóra. O Dr. Leocádio Chaves, magnífico clínico extraviado em Secretário do Instituto Oswaldo Cruz, muito jovem então, Diretor da Saúde Pública da Cidade, e detentor de Serviço clínico de medicina no Hospital, participou na intervenção.

Com o seu professor Oscar Bulhões aprendeu, entre operações menores, a da cura radical da hérnia inguinal pelo processo de Bassini, trazido pelo Mestre de recente viagem à Europa. Antes, o Visconde de Saboia ensinara o de Lucas Champonière.

Pelo de Bassini, corrente ainda hoje, seriam as primeiras realizadas entre nós. Tôdas na Santa Casa. Também o discípulo... Talvez caiba-lhe prioridade na primeira realizada em clínica particular. Publicou o feito, ou África, no Jornal do Comércio, segundo costume dos cirurgiões da época, nas colunas de honra das "Notícias Várias". Lá estará, entre 1899, ou 1900. Anotese a fonte. A vaidade profissional, iludida pelo desejo, às vezes escapa-lhe contar histórias.

Para se fazer idéia do quanto se consideravam de alta cirurgía tais intervenções, lembre-se a triste recordação ainda recente de vinte anos atrás, do mal êxito ordinário das laparotomias, por insuficiência de assepsia. O primeiro autoclave montado na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro foi trazido da Europa pelo Professor Bulhões, e era mais marmita de Papin, de onde lhe veiu a sugestão, que autoclave propriamente ao geito dos de hoje. Montaram-no, no corredor de passagem entre a 17.ª, e a 24.ª enfermaria, com hesitações fáceis de imaginar, o Dr. Eduardo Moscoso, a Irmã Paula.. ., essa mesma, e o tal interno.

Em agosto de 1900, há 40 anos, publicou, nos Boletins da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, caso de amputação total da mama, em anestesia local por, infiltração intradérmica pelo método de Schleich, que, volta agora de novo à baila, com mais fundamento anátomo-fisiológicos, que o do simples empirismo de outrora.

1905 - Até êsse ano foi, como muitos da época, médico operador e parteiro, não só na pretenção, como na placa posta a entrada de casa. E a Polícia não prendia nenhum. Nem hoje...

Contudo, o público tinha o médico em muito mais conta, que na atualidade, quando curam com a mesma consciência, mas com outra segurança, que os de outrora.

Começava a cirúrgia a tornar-se demasiada extensa para caber na idoneidade profissional de um só. Percebendo-o, o moço escolheu a de Oto-Rino-Laringologia, até então, mais médica, ou de pincelagem e seringatórios, que cirúrgica. Não por deficiência dos profissionais, sim por insuficiência da Arte. "Ninguém faz medicina do futuro", disse em uma de suas sentenças, a pedirem livro, Miguel Couto.

Estudou-a quatro anos, em Berlim, Viena, na idade propícia à inteligência para especializar-se ou o que vem a ser o mesmo, para passar do geral ao particular. Sem mais nada que fazer, senão estudar, por muito que se vadie, sempre alguma coisa fica.

De volta, encontrou o meio médico fluminense, eram uma meia duzia apenas, a espera de quem fôra estudar Especialidade reformada em folha.

Nessas condições, qualquer, com tempo repousado à aprendizagem em arte nova, chega, dá na vista; cria fama, de tanta maneira o bom êxito depende do merecimento ajudado da oportunidade. Muito merecidamente sem oportunidade dá com os apóstolos na fogueira. Enforcaram ao Tiradentes. Oswaldo Cruz, por um tris. .. Ameaçaram-no que em lampião de rua. O meio não os entende.

Muita oportunidade, e nem precisou do merecimento, deu em otorrinolaringologista célebre do dia para noite. Esse mesmo, vinte anos mais tarde, com merecimento ido buscar à experiência, mas, por lhe haver faltado oportunidade às idéias por demais avançadas, levam-no pela rua da amargura, quando, em cargo de alta responsabilidade administrativa, orienta a construção de Hospital de Clínicas pelo sistema de "monobloco". Demais disso, com repartições para comportar dentro Escola de Medicina. Daí, o lhe haver posto nome Hospital Escola. Hoje... até o nome deu no gôsto.

1909 - Fundador, sob a direção de.Fernandes Figueiredo, do Gabinete de Oto-rino-laringologia do Hospital de Crianças da Santa Casa de Misericórdia; o atual Hospital José Carlos Rodrigues, bemfeitor, que para custear-lhe a construção trocou sua famosa Brasiliana com o dinheiro de outro benemérito, o Dr. Júlio Otoni, que, logo a seguir, doou-a à Biblioteca Nacional. O Hospital aí está, a livraria a bom recato e beneficio público, a memória dos doadores, persistente na veneração geral. Ao lado de Figueira, permaneceu seis anos.

1915 - Nomeado, por concurso, professor substituto da Escola de Medicina, pediu logo demissão de médico do Hospital de Crianças. Enquanto viveu Fernandes Figueira, nunca mais acabava consigo deferir-lhe o pedido de demissão. Sem embargo, se lhe aparecia a intervalos ao Hospital, jamais, depois de professor, fê-lo como médico, pois desde então firmara o princípio de incompatibilidade de um só médico poder servir a contento mais de um serviço clínico.

1918 - Promovido a Catedrático por aposentadoria do Professor Hilário de Gouvêa, instituidor da Cadeira em nosso ensino médico e seu primeiro ocupante, como antes havia sido da de Oftalmologia.

1922 - Nomeado em Novembro chefe de Clínica do Hospital S. Francisco, Hospital Geral de Assistência do Departamento Nacional de Saúde Pública. Tomou logo posse do serviço, que aí aparelhara e para onde transferiu-se a Clínica Oto-rino-laringológica da Faculdade de Medicina. Aí tem servido até hoje, com interrupção de ano e meio quando exerceu o cargo de Presidente da Assistência Hospitalar do Brasil.

1927/29 - Presidência dessa malograda instituição. Nomeado em 22 de agosto de 1927, dias depois embarcava para os Estados Unidos, e volta em janeiro do ano seguinte, depois de breve passagem pela Europa, onde, como previra, nada encontrou de novo para aprender em matéria hospitalar. Serviu o cargo até 30 de abril de 1929.

Em livro intitulado "Ocasião Perdida", procurou reduzir a termos a confusão resultante do progresso a tratos com a ordem.

E' sócio efetivo, desde a formatura, da Sociedade de Medicina e Cirúrgica do Rio de Janeiro, sendo mais tarde elevado a categoria de benemérito. Em 1919, eleito membro titular da Academia de Medicina, onde ocupa o lugar, que lhe é particularmente caro e querido, de Daniel de Almeida; presidente de honra da Sociedade Médica do Hospital S. Francisco; também da Sociedade de Oto-Rino-Laringologia do Rio de Janeiro; sócio benemérito do Hospital Políclina Luis Barbosa (ex-Políclina de Botafogo), sócio correspondente da Sociedade de Medicina de S. Paulo e, depois, honorário; honorário da de Petrópolis e do Instituto Penido Burnier, de Campinas. Membro honorário da Sociedade de Otorrinolaringologia do Uruguai; correspondente estrangeiro da Academia Nacional, de Medicina de Buenos-Aíres.

Publicações científicas - Artigos e artiguetes, folhetins de entreter a curiosidade pública, ou chamar atenção dos clínicos gerais sôbre pontos por demais particularizados da Especialidade, andam por aí esparsos. Tão pouco apreço lhes dá que já não sabe por onde andam. De algum sainete original, talvez a Tese de concurso ao cargo de professor. Posto seja lição de Braun, desenvolve pontos de anatomia incomportaveis nas generalidades do Mestre. Terá valor histórico. Escrita em 1915, a êsse tempo em nenhum país do mundo era a anestesia troncular empregada na Especialidade. Em nenhum, salvo em raros serviços da Alemanha. Em Viena, ainda usavam a anestesia geral no domínio das grandes operações da Otorrinolaringologia. Em 1920, demonstrou o novo metodo anestésico na Argentina.

Nesse ano, publicou, nos Anais da Faculdade de Medicina, reflexões que punham em dúvida a famosa teoria da "neurorecidiva". Vaticinou-lhe, com demonstração, o mesmo esquecimento em que principiava a cair a teoria das "cadeias laterais", do mesmo autor. O futuro aí está amortalhando-as no desinteresse geral.

Descreveu em 1934, com o nome de "miringite reflexa, sinal precoce da
meningite", hiperemia da membrana do timpano indicativa de meninge irritada, de patogenia idêntica a da hiperemia da papila ótica, sinal já confirmado por mais de um observador nacional e estrangeiro. Em 1918, publicou, no Formulário Santos Moreira, razões demonstrativas da frequencia da difteria bem maior do que se pensa, encoberta pela evolução benigna, passada despercebida em casos subclínicos. Posteriormente, outros observadores e europeus, norte americanos, caíram no ponto, conforme verificação do preclaro Diretor Geral da Saúde Pública, Dr. Barros Barreto, em trabalho vindo à luz, dois anos atrás, em nos Arquivos de
Higiene. Todos aparecidos depois da publicação brasiliense.

Designado pela Sociedade de Otorrinolaringologia do Rio de Janeiro para relatar o tema oficial proposto ao Brasil, "das fronto-etmoidites e seu tratamento", aí terá subscrito algum parágrafo, acaso de tal ou qual originalidade. Cedo ainda para se apreciarem, lá ficam em letra de fôrma a espera de Juizo definitivo.

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