Ano: 1971 Vol. 37 Ed. 3 - Setembro - Dezembro - (23º)
Seção: Notícias e Comentários
Páginas: 407 a 423
Noticias e Comentários - parte 2
Autor(es): -
X Congresso Mundial de Otorrinolaringologia
Veneza 21-25 de maio de 1973
O Décimo Congresso Mundial da especialidade será realizado em Veneza na Itália de 21 25 de maio de 1973. A comissão organizadora é a seguinte:
Presidente: Michele Arslan. Vice-presidente: Ettore Bocca e Fausto Brunetti. Secretários Gerais: Vittorio Bötner e Vincenzo Ricci.
A agência oficial para reserva de hotéis e de passagens é a: American Express Company S. A. I. 14-74. S. Marco (San Moisé) - 30.124 Venezia (Italy). P. O. Box 276 Telégrafo: Amexco.
O Congresso será realizado na Fundação Giorgio Cini, ilha de San Giorgio Maggiore, Veneza, Itália. Haverá tradução simultânea em quatro línguas durante as sessões científicas (inglês, francês, alemão e espanhol). Tôda a correspondência sôbre a organização científica deverá ser dirigida ao Prof. V. Ricci. Box Otocongress 35.100 Padova (Itália).
Os temas propostos são os seguintes: Traumatologia em ORL, Resultados no tempo do Carcinoma de Laringe, Doenças Vasculares do Ouvido Interno, Ensino e Treinamento em ORL, Fisiologia do Nariz, Paralisia Facial, Imunologia clínica: orientação ORL, Quimioterapia e Carcinomai Problemas Audiológicos, Microlaringoscopia, Virologia em ORL, Doenças Profissionais em ORL, Estandardização das Provas Vestibulares, Zumbidos, Cirurgia do Ouvido Interno, Electronistagmografia, Timpanoplastias, Aplicação de Computadores em ORL, e outros temas. A programação social é variada, com excursões pelas ilhas de Veneza, serenatas nas gôndolas, festas de início e encerramento no Palácio Ducal.
A Sociedade Brasileira de Otologia está entabulando gestões no sentido de realizar uma grande excursão com participação dos sócios. Brevemente serão enviados boletins sôbre "este assunto. Mais informações podem ser obtidas com os editores da revista.
Instituto Kresge de Audição da Universidade de Michigan
A. Alexandre de Souza *
O Instituto Kresge de Audição é o centro das atividades otorrinolaringológicas da Universidade de Michigan. A parte básica da especialidade é feita neste Instituto, completamente independente da parte hospitalar e de ambulatório que são feitas nos serviços médicos da faculdade. O Instituto é mantido por doações da Fundação Kresge e ocupa um edifício de seis andares.
No primeiro andar se encontram as acomodações para os animais usados nas pesquisas em Otorrino; no momento da minha visita ali existiam 16 macacos (squirrel monkey) em gaiolas individuais, além de grande número de gatos, cães, cobaios, ratos brancos, chinchillas, etc. No segundo andar existem as oficina onde os aparelhos eletrônicos e instrumentos cirúrgicos não só são consertados como também delineados, projetados e fabricados. Êstes dois primeiros andares são usadas também para tipografia e outras oficinas de necessidade secundária para as pesquisas.
Laboratório Vestibular Humano:
Neste laboratório estão sendo feitas pesquisas para tentar descrever quantitativamente os acontecimentos associados (biológica mente) com as provas calóricas; isto inclui avaliação de novas técnicas estimulantes como perfis periódicos de temperatura, estudo quantitativo da transferência de calor nos humanos, cálculo dos gradientes de pressão endolinfática e determinação de nistagmo verso o tempo resultante do estímulo calórico. Um código neural (neural coding) no sistema vestibular durante estímulo calórico está também sendo estudado nos neurons de primeira ordem dos macacos (squirrel monkeys).
Laboratório de Exposição ao Trauma Sonoro:
Também situado no 3.0 andar, êste laboratório possui um salão contendo uma câmara de som e equipamento eletrônico para produção de dissonâncias (random noise), ruídos nas faixas de oitavos (octave-band noises), ou sons puros em nível até 120 db SPL (sound pressure level). Estudos de diminuição da audição, temporária ou permanente, causada por trauma sonoro são feitos ali em animais experimentalmente.
Câmara Anecoidal (sem eco)
Esta também fica situada no 3.º andar; 99% dos sons gerados no seu interior são absorvidos pelas paredes e portanto não são refletidos. O efeito é comparável a sons em grandes espaças abertos e portanto a câmara pode ser usada quando se deseja conhecer exatamente a natureza de um som num campo em que não existem ecos contaminantes. E usada em estudos de fenômenos de localização do som por sêres humanos e na calibração de microfones sem interferência de ecos. Na antecâmara se encontram os instrumentos cinematográficos usados concomitantemente com as experiências feitas na câmara; êstes instrumentos são muito modernos, providos de registro e re-registro (re-recordin) dos sons, parada automática da projeção e da continuidade sonora, redação sincrónica da fotogafia e do som e projeção cinematográfica.
Laboratório de Fisiologia Laringeal:
Os seguintes estudos estão sendo feitos presentemente neste laboratório: identificação dos efeitos relativos do uso de tons (pitch) atípicos e níveis de intensidade de fonação na qualidade da voz; ao mesmo tempo as diversas qualidades vocais são estudadas usando técnicas de escalas psicofísicas e investigação espectrográfica da voz normal e patológica. A ação do músculo cricotiróide na produção do tremor vocal também está sendo investigada, assim como a função dos músculos palatinos na produção de fonemas nasais e não-nasais. Outra investigação interessante é a das alterações dos movimentos de deglutição associadas com defeitos de equilíbrio entre a maxila e a mandíbula, com experiências feitas em macacos.
Laboratório de Eletrofisiologia:
Um estudo da função dos músculos do ouvido médio está sendo feito neste, laboratório. Os dados colectados serão usados na formulação de um modêlo de função de transferência do ouvido médio o qual incluirá as mudanças na transmissão do som causadas por contrações dos músculos timpânicos. Uma experiência também sendo feita atualmente é para determinar as características da transferência do som do ouvido médio ao ouvido interno, no cobaio; um parafuso eletromecânico é usado para aplicar vibrações controladas diretamente na platina do estribo.
Neste laboratório estão sendo feitos estudos sôbre audição normal, surdez experimental, métodos de medir sons elevados (loudness) e recrutamento de sons elevados (recuperação) nos primatas não humanos. No Salão 4 existe uma câmara de som consistindo de um sistema controlado por computadores em que um processso semelhante a audiometria de Békesy é usado para determinar o limiar auditivo do macaco. Êste é colocado numa cadeira imobilizadora com apenas as mãos livres: a mão direita pode manusear um botão que serve para dar sinal de que o animal ouviu o som; se êle apertar o botão quando ouve um som, um fragmento de iguaria cairá na mão esquerda e é o prêmio oferecido pela sua ação; se êle apertar o botão quando o som não foi apresentado, êle receberá um choque elétrico. Fones especiais são colocados nos ouvidos e ligados a um audiômetro que originará os sons estudados. Assim é fácil tirar um audiograma do macaco; estudos dos efeitos do trauma sonoro e dos antibióticos antitóxicos no limiar auditivo estão sendo feitos presentemente. No Salão 3, os fenômenos de sensação de sons de alta intensidade (loudness phenomena) são investigados usando tempo-reação para medir a função sensorial. A experiência é controlada por um computador e outros aparelhos eletrônicos. O processo reação-tempo é usado na derivação das funções de sons iguais de alta intensidade e no estudo das modificações do som de alta intensidade produzidos por exposição a sons puros. O Salão 2 é usado para o treino inicial dos animais destinados a processos audiométricos antes da transferência para o Salão 3 ou 4. O Salão I está sendo usado no estudo do comportamento vocal dos macacos e nas mudanças eletrofisiológicas observadas nos núcleos auditórios subcorticais após exposição prolongada a trauma sonoro.
Laboratório de Microscopia:
As pesquisas neste laboratório são relacionadas principalmente com as mudanças patológicas produzidas no ouvido interno humano e de outros animais por envelhecimento, medicamentos ototóxicos, trauma sonoro, doença e defeitos genéticos. Para estudos com o microscópio comum o método usado é o da microdissecção e exame fase-contraste das preparações superficiais. Especimens são fixados em solução de paraformaldeído e colorido com tetróxido de ósmio. A cápsula ótica é adelgaçada por trepanação e então aberta com instrumentos usados em estapedectomia. O órgão de Corri e outras estruturas do ouvido interno são sistemáticamente removidos e montados em glicerol para estudos microscópicos. Partes dêste material são fixados em araldite e seccionado para estudos com o microscópio comum e com o microscópio eletrônico. Presentemente estão sendo feitos estudos nas mudanças microvasculares e celulares no ligamento espiral, estria vascular e outras estruturas que aparentemente precedem a perda de células ciliadas e outros processos degenerativos no órgão de Corti. Além dos microscópios comuns, êste laboratório possue dois microscópios eletrônicos simples, dois esterco-eletrônicos (scanning), um mircroscópio polarisante, um de fase de contraste (phase contrast), um microscópio de interferência, um microscópio ultra-violeta e um microscópio raia-x. Novamente lembro ao leitor que êste material é para uso exclusivo do Departamento de Otorrino.
Laboratório de Microcirculatório:
A finalidade primária das pesquisas neste laboratório é a determinação das causas da surdez através de estudos das funções fisiológicas do ouvido. Um dos estudos de mais interêsse atual é o da microcirculação nos capilares do ouvido interno em relação com o órgão de Corti. Os diminutos vasos sanguíneos do ouvido interno são expostos cirurgicamente e a circulação no seu interior é registrada cinematogràlfícamente como também em televisão de circuito fechado. A finalidade da televisão de circuito fechado é prover um meio de observar a continuidade da circulação capilar durante as fases da pesquisa. Estas fases consistem na alteração da circulação por meios mecânicos ou por drogas a medida que a função do órgão de Corti é medida eletrofisiològicamente. Todo êste trabalho é efetuado no interior de uma câmara a prova de som, contendo uma mesa de operação delineada especialmente para evitar qualquer vibração e contendo a aparelhagem necessária para manter o animal imobilizado. Dentro da câmara se encontram as câmaras de televisão, os aparelhos geradores de som e outros instrumentos eletrônicos.
Laboratório de Neurofisiologia:
Este laboratório usa métodos modernos eletrônicos com exames por meio de computadores no estudo da atividade elétrica que pode ser observada nas várias partes do sistema nervoso em presença de um estímulo auditivo ou vestibular. O aparelhamento existente permite ao pesquisador escrutinizar os cérebros dos animais experimentais com microeletrodos, desenvolver os dados bio-elétricos obtidos e fazer um exame histológico completo do tecido experimental. De especial interêsse é a quantificação acurada do estímulo e da resposta a êle. Presentemente o estudo sendo- feito é relacionado com o corpo geniculado mediano.
Laboratórios de Psico-Acústica Humana:
Mecanismos fundamentais de funções auditivas normais e anormais são estudadas com técnicas comportamentais (behavioral) neste laboratório. Localização do som, sons de alta intensidade e mascaramento foram estudados aqui mas a finalidade primária da pesquisa continua a ser a de problemas relacionados com a fidelidade do ouvido. Experimentação intensa já demonstrou o mascaramento de um tom (tone) por outro. Nesta situação de mascaramento de tom por tom, um pesquisador observa a resultante de uma distorção gerada no ouvido em presença de um sinal acústico da mesma freqüência. De tais dados a natureza básica da distorção aural está sendo quantificada e elucidada. Estes resultados podem no futuro lançar luz nos problemas funcionais importantes entre pessoas com vários tipos de desordens auditivas.
Laboratório do Osso Temporal:
Este laboratório tem por função preparar tecidos ósseos ou cartilaginosos para exame histológico. A grande maioria do material preparado aqui é osso temporal mas o laboratório também faz preparações de laringe, pele, tecido nervoso, etc. Dois técnicos de laboratório trabalham ali dando tempo integral. Devido às dimensões dos tecidos empregados a maioria as fixações é feita em celoidina em vez de parafina que é o material comumente usado para montagem do tecido mole. Grande percentagem do tecido ósseo precisa ser descalcificado o que necessita aproximadamente 6 semanas. O material usado ali para fazer a descalcificação é a preparação Heidenhain-Susa.
Laboratório de Cultura de Tecidos:
O projeto que presentemente está sendo realizado neste laboratório é o desenvolvimento de uma técnica para crescimento e desenvolvimento de células cancerosas, humanas e de outros animais, in vitro. Por métodos mais ou menos semelhantes aos usados em bacteriologia, discos com drogas cancerocidas são colocados em câncer de crescimento ativo e a morte da célula tumoral é calculada medindo ã zona de inibição de crescimento em redor de cada disco.
Laboratório de Anatomia Cirúrgica:
Este laboratório é constituído de um salão com 14 carteiras especializadas em cirurgia anatômica otorrinolaringológica. Cada carteira tem um microscópio cirúrgico Zeiss, bombas de sucção, trepanos e tôda instrumentação necessária para qualquer operação em Nariz, Ouvido e Garganta. Aqui os residentes se reúnem diàriamente não só para fazer dissecções em tôdas as áreas da especialidade como também para ensinar aos estudantes de medicina a fazer endoscopia em cachorros, traqueotomia em gatos e outros animais disponíveis. Os residentes são encaregados de número considerável de aulas teóricas e práticas dadas aos estudantes de medicina. 0 Departamento conta com 16 residentes, 4 em cada ano; anualmente uma média de 15 médicos se condidatam às 4 posições que pagam uma média de 500 dólares mensais.
* A. Alexandre de Souza, M. D. 201 Ferris Avenue Waxahachie, Texas 75165
A Previdência Social nos Estados Unidos da América
A. Alexandre de Souza
A situação financeira do médico americano depende grandemente dos seguros de saúde, hospitalização, medicare, medicaid, etc. Nas zonas rurais mais ricas, de 85 a 90% da população póssue algum tipo de seguro de saúde. Nas cidades maiores esta percentagem é muito menor. O tipo de seguro varia extraordinàriamente com o prêmio pago pelo segurado. Quando êste pertence a um grupo como por exemplo empregado de firma industrial, repartição pública, grande firma comercial, bancos, etc., o seguro de saúde fica a cargo de uma companhia de seguro escolhida por votos da maioria dos componentes da organização; êste seguro de grupo (group insurance) é muito bom e paga quase 100% das despesas médico-cirúrgicas e hospitalares. Algumas organizações como Correios e Telégrafos, associações de ministros protestantes, etc., possuem companhias de seguros de saúde próprias e geralmente oferecem benefícios bastante vantajosos para o segurado e para o médico. As universidades contratam uma companhia de seguro para proteção não só dos estudantes como também do corpo docente e família; o segurado para um prêmio bem razoável e tem tôda a proteção necessária.
O indivíduo que não pertence a um grupo bastante numeroso para se candidatar a um seguro de grupo poderá comprar uma apólice de seguro de saúde de qualquer companhia de seguro. A Blue Cross (seguros hospitalares) e Blue Shield (seguros médico-cirúrgicos) se especialisam exclusivamente em seguro de saúde; pessoalmente não gosto muito delas porque oferecem um número muito grande de planos, todos êles de prêmio variado e naturalmente, os benefícios variam com o prêmio; e cada vez que o indivíduo usa o seguro, a companhia aumenta o prêmio. Não tenho muita experiência com as outras companhias, como segurado; mas por muitos anos tive apólices com a Blue Cros-Blue Shield e tive que usá-las em duas ocasiões; cada vez que isto aconteceu o prêmio foi aumentado. Presentemente tenho um seguro de grupo, com a Texas Medical Association; em caso de necessidade, pago os primeiros 300 dólares das despesas mas a companhia de seguro pagará 100% do restante. Em vez de 300 dólares, eu poderia pagar 100 ou 50 dólares, mas o prêmio seria muito maior.
Geralmente as companhias de seguro não pagam visitas ao consultório a menos que algum processo cirúrgico seja feito. Por exemplo, consulta é sempre por conta do segurado, mas se durante a consulta foi observado que êle necessita uma miringotemia, polipectornia, biopsia, etc., e esta foi feita, a companhia de seguro paga ao médico. Mas raia-x, exames de laboratório, etc., só serão pagos se o indivíduo fôr hospitalizado. Algumas companhias pagam ao especialista mais do que pagam ao clínico geral (general practitioner, GP); por exemplo, algumas companhias pagam no máximo 80 dólares a um GP por uma amigdalectomia, mas pagam 125 a 135 dólares quando a mesma operação fôr feita por um otorrinolaringologista certificado. Naturalmente as companhias economisam alguns milhões de dólares fazendo isto porque, como disse nas minhas "Observações" (Rev. Brasil. Otorrinolarig. 36:285-290, 1970) os GPs fazem 50% das amigdalectomias realizadas nos Etados Unidos.
Depois que a companhia aceitar o indivíduo como segurado, êste poderá escolher o médico de sua predileção e naturalmente o hospital. Existem algumas situações em que o seguro não é válido, por exemplo, partos antes de 9 meses de decorrência da apólice, amigdalectomias antes de um ano, etc. Qualquer situação pré-existente, isto é, existente prior a aquisição da apólice, poderá ser contestada pela companhia de seguro. Algumas companhias parecem que procuram sempre por condições dêste tipo afim de não pagar os benefícios. Naturalmente os benefícios não são pagos em caso de cirurgia plástica do tipo rinoplastia, otoplastia e outras situações relacionadas, isto é, cirurgia com finalidade exclusivamente estética raramente é paga pelo seguro. Algumas companhias de seguro pagam diretamente ao segurado em vez de ao médico; por isto é conveniente fazer com que o cliente assine um documento autorizando a companhia a pagar diretamente ao médico. Tive dois casos em que isto não foi feito, o cliente recebeu o cheque e tivemos um pouco de dificuldades em receber o que nos era devido.
A situação do Medicare é um pouco diferente. O governo federal paga 80% de tôdas despesas médico-cirúrgicas e hospitalares de indivíduos de mais de 65 anos de idade; mas os primeiros SO dólares, anuais, são pagos pelo cliente. O programa é organizado e dirigido pela Blue Cross e Blue Shield, aqui no Texas. Tôda documentação é dirigida para aquelas companhias que se encarregam também dos pagamentos aos médicos e hospitais. Nos primeiros anos do programa houve muito abuso e explorações por médicos que estavam em situação favorável a exploração; o govêrno teve que investigar diversos casos suspeitos, diversos médicos perderam o privilégio oferecido pelo Medicare e presentemente qualquer médico que receber mais de 10 mil dólares anuais em pagamentos, poderá ser investigado. O protocolo, da documentação do Medicare é a mesma de qualquer outra companhia de seguro.
Existem diversas agências governamentais que pagam ao médico por cuidados prestados a indigentes ou indivíduos incapazes de pagar ao médico. Os que são registrados como indigentes, bastam ir a agência do Welfare Department onde receberão uma autorização para cuidados médicos; esta é entregue no consultório e o médico fará as recomendações necessárias. O departamento pagará a consulta e qualquer cuidado cirúrgico que fôr necessário. O departamento de rehabilitação, agência estadual, paga por cuidados médicos prestados a indivíduos desempregados. A rotina é a mesma do Welfare Department.
Os indivíduos das fôrças armadas geralmente são providos de cuidados médicos nas bases onde estão estacionados. Mas se adoecerem quando de férias, longe da base, poderão procurar qualquer médico existente na localidade que um seguro especial se encarregará da, despesas. Ëste mesmo seguro protegerá a família dêle se êle fôr transferido para país distante. Aqui no Texas a companhia encarregada dos indivíduos nas fôrças armadas e suas famílias é a Mutual of Omaha. Caso um filho de um soldado precise uma amigdalectomia, o medico faz a recomendação e a companhia avisa quanto pagará pela operação; se o médico aceitar o que é oferecido, êle terá que assinar um documento em que se compromete não tentar receber importância excedente da família. Geralmente a importância oferecida pela companhia é bem razoável. Indivíduos que serviram nas fôrças armadas geralmente são tratados em hospitais para veteranos, mas se eles viverem em local em que não existe uni dêstes hospitais, êles bastam escolher um médico e solicitar autorização para ser tratado por êle; o médico é pago diretamente pela organização de veteranos.
Acredito ter falado na grande maioria dos casos de seguro de hospitalização, medicare, etc. Devido a minha mudança de Plainview para Waxahachie, não tive a oportunidade de freqüentar os cursos ou simpósios oferecidos êste ano. Desde que desisti da idéia de voltar ao Brasil para trabalhar, que resolvi morar num local próximo !a uma cidade. Não quero morar em cidade grande devido aos problemas de transporte e outras dificuldades. Mas morar num local como o que estou presentemente, é ideal. Waxahachie é uma das cidades satélites de Dallas; dentro de 15 minutos posso chegar dentro da cidade usando o "free way", super estrada de rodagem com 6 pistas que passa a pouca distância da minha casa.
Desisti de voltar ao Brasil para trabalhar porque só me interessava voltar para ensinar em alguma instituição. Não me interessava clinicar. Escrevi para diversas instituições ai e nem resposta recebi. Dei o meu nome na Embaixada do Brasil dizendo que me interessava voltar para qualquer cidade com a condição que pudesse me dedicar exclusivamente ao ensino; a questão do ordenado não seria problema porque tenho minha renda própria que seria suficiente caso não fosse viver em cidade muito grande onde o padrão de vida é muito alto. Quando vi que estava perdendo tempo, resolvi me fixar por aqui definitivamente. Soube que esta comunidade estava sem otorrino pois dos que possuia, um tinha se aposentado por motivo de saúde e o outro por ter atingido a idade de 82 anos. Resolvi limitar minha clínica a nariz e garganta, sem a parte cirúrgica de câncer; abandonei a otologia cirúrgica e mesmo assim a clínica otorrinolaringológica me mantém bastante ocupado.
Recebi algumas cartas daí sôbre as "Observações" que mandei para a Revista e que foram publicadas no Vol. 36, N.0 3, 1970. Tive a impressão que os colegas não leram o que escrevi pois entre as informações pedidas constaram: pré-requisitos para entrada de estudantes na Faculdade de Medicina, situação dos médicos e professôres, como êles são empregados, atividades do recém formado e do profissional especializado, assuntos êstes que mencionei com alguma minúcia. Penso que a discrição que fiz das observações nas reuniões otorrinolaringológicas foi um pouco monótona e cortou o interêsse do colega antes de êle chegar à parte que lhe interessava. Qualquer coisa que o leitor desejar saber daqui pode me escrever que tentarei obter a informação desejada.
Necessidade de Escotas Médicas Padrão
(Excertos de um artigo de Carlos Raváglia publicado no Estado de S. Paulo 24/10/71)
Mas, a par de seu aspecto entusiasmante, a procura de instituições de ensino como a de Pinheiros, principalmente de parte de nossos conterrâneos, tem motivos mais sérios além das necessidades normais de aperfeiçoamento e especialização.
Não há quem desconheça uma dura realidade. Em matéria de escolas médicas, sabemos possuir diversas de boa qualidade e algumas de ótimo nível, mas a maioria delas estão mal aparelhadas, pobres em instalações, em instrumental, e em docentes. Muitas já o eram antes de sua desordenada multiplicação. Agravou-se de muito o conjunto com a instalação afoita, desorientada, de muitas outras, no último lustro. Instalaram-se escolas de medicina da noite para o dia, sem a menor preocupação por qualidade.
Ali não há convívio professor-aluno, há muita pressa, pouco dinheiro, pouco saber. Sobretudo, o aluno ali respira um ar que é exatamente o negativo do ideal universitário. Porque, ainda que se aceite a modestia de instalações e de aparelhagem, numa instituição universitária o aluno deve ter quando menos, nos mestres e no ambiente, um modêlo vivo de concepções e de trabalho. Se não houver grandeza de meios, deve haver peio menos seriedade nos mestres, nos currículos, nos exames.
.A Medicina como ciência e arte, nasceu, cresceu e se agiganta em esplêndida harmonia de ciências aplicadas com arte e com amor a um mundo de problemas e aspectos da vida humana. Ela é a imensa fronteira das ciências exatas com as ciências especulativas, no esfôrço universal para fazer o Homem melhor na mente e no corpo. O futuro médico deve sentir êste espírito na escola, eis porque esta deve oferecer-lhe um mínimo de tranqüilidade, de currículos, de instrumental, de instalações e, sobretudo, um convívio com mestres que tenham a dar-lhes saber, capacidade de pensar, e uma sólida noção da Medicina como missão humana e social.
Sabemos que boa parte de nossas escolas médicas, e principalmente das últimas trinta ou quarenta, está longe de um mínimo aceitável. Bastaria atentar para o recrutamento do pessoal docente, feito ao arrepio de um mínimo de exigências. Aceitam-se ou convidam-se os recém-formados, os mal sucedidos na carreira universitária, os desocupados da clínica e da cátedra, enfim, muita gente que não pode ensinar porque ainda não aprendeu. Ao critério secular da carreira docente, contrapcem-se a improvisação. Os quadros são preenchidos, simplesmente, com o primeiro que aceita e com o último que sobra. Há exceções, e mesmo alguns grandes nomes, mas êstes são apenas mestres visitadores que ali passam algumas apressadas horas.
E os alunos? Apenas os superdotados, os excepcionais por berço e por dotes pessoais podem sair-se bem de tais ambientes. A maioria sairá como está saindo, profissionais inseguros, frustrados, sombras de médicos e de cidadãos. Sobretudo, socialmente inúteis.
Lembramos que o que um bom profissional resolve em uma consulta, um mau médico não enxergará nem em dez. Numa época em que estamos tão preocupados com. custos, percebe-se como é grave pulverizar nossas disponibilidades universitárias no dôbro de escolas em número, quando bem poderíamos apurar a qualidade dos nossos esculápios corrigindo êste desperdício insensato.
É sabido que os Estados Unidos passaram por situação comparável no comêço dêste século, quando atingiram o número de quatrocentas escolas médicas para uma população que era, então, de setenta e cinco milhões. Eis os totais de estudantes de medicina, lá existentes, nos anos de 1941, 26.417; em 1967, 33.423.
Lembramos que a população daquele país triplicou, neste século. São números que falam, como fruto de uma política enérgica e sadia, de restrição numérica com intenso apuro em qualidade.
Mais do que um consôlo, seria um exemplo a seguir. É exatamente o que nos cabe fazer, nos próximos anos, já que estamos com quase o dóbro de escolas em relação ao que necessitamos.
Eis porque, também enquanto estas distorções não forem sendo, aos poucos corrigidas, mais necessária se faz a manutenção de nossos melhores padrões, dentre elas a FMUSP.
Classificação T N M dos Tumores da Laringe
Recomendado pelo Jaint Commitee on Concer Staging
T: Tumor ou lesão primária e sua extensão.
N: Linfonodos da região e sua condição.
M: Metástases à distáncia.
DESCRIÇÃO ANATÔMICA (T)
SUPRAGLÓTICO - Face posterior da epiglote (incluindo a ponta) prega ariepiglótica, aritnóide, bandas ventriculares (falsas cordas), cavidades ventriculares (direita e esquerda).
GLÓTICO - Cordas vocais verdadeiras (direita e esquerda) comissura glótica anterior.
SUBGLÓTICO - Região subglótica exclusive a face inferior das cordas verdadeiras.
T1 - tumor confinado a um lugar anatômico dentro da laringe.
SUPRAGLÓTICO - Tumor laríngea da epiglote ou uma prega ariepiglótica ou aritnóide ou uma cavidade ventricular ou uma banda ventricular.
GLÓTICO - Tumor confinado a uma corda vocal e a mobilidade normal.
SUBGLÓTICO - Tumor limitado por um lado da região epiglótica exclusive a face inferior da corda.
T2 - Tumor confinado a urna região anatômica dentro da laringe
SUPRAGLÓTICO - Tumor envolvendo a epiglote extendendo-se para as cavidades ventriculares ou bandas.
GLÓTICO - Tumor envolvendo ambas as cordas com mobilidade normal, ou tumor de uma ou ambas as cordas com fixação de cordas.
SUBGLÓTICO - Tumor extendendo-se aos dois lados da região subglótica exclusive a face inferior das cordas.
T3 Tumor extendendo-se além de uma região anatómica. mas, confinada a laringe.
SUPRAGLÓTICO - Tumor da epiglote e, ou, ventrículos ou bandas ventriculares, e extendendo-se por cima das cordas.
GLÓTICO - Tumor extendendo-se desde as cordas para região subglótica ou para região supraglática Lé., para as bandas ventriculares ou ventrículos.
SUBGLÓTICO - Tumor envolvendo a região subglótica e extendendo-se por cima das cordas.
T4 Tumor extendendo-se além da laringe.
SUPRAGLÓTICO - Tumores com T1, T2 OU T3, mas com extensão direta para o forme região da cricóide, valécula ou base da língua.
GLÓTICO - Tumores com T1, T2 OU T3 mas com extensão direta através da cartilagem para a pele, para o seio para região cricóide.
SUBGLÓTICO - Tumores com Tl, T2 ou T3 mas com extensão direta para traquéia, pele ou região posterior da cricóide.
METASTASES EM, LINFONODOS (N e M)
N0 Linfonodos cervicais não clinicamente palpáveis (metástases não suspeitadas).
N1 Linfonodos cervicais clinicamente palpáveis, não fixados (suspeita de metástases).
N2 Linfonodos clinicamente palpáveis, fixados (suspeita de metástases).
N0 Metástases não distantes.
M1 Clínica e/ou evidência radiológica de metástases exceto para os linfonodos regionais.
SUMARIO DOS ESTADIAMENTOS GRUPAIS
Estágio I
T1, NO, MO
Estágio II
T2, NO, MO
T3, NO, MO
T4, NO, M0
Estágio III
T1, N1, MO
T2, N1: MO
T3, N1, MO
Estágio IV
T4 N1 MO
T1 NZ MO
T2 N2 MO
T3 NZ MO
T4 N2 MO
T4 M1
T1 M1
T2 M1
T3 M1
T4 M1
Bleomicina (BLED) no tratamento do Carcinoma da Cabeça a do Pescoço*
Yosonobu Suzuki, Jo Ono, Hirosati Miyake a Yutaka Sokamotot**
A Bleomicina a uma nova substancia antibiótica a antitumoral que foi isolada no Japão em 1965 pelo Dr. Hamao Umezawa o descobridor da kanamicina. A Bleomicina tem demonstrado efeito seletivo sôbre o carcinoma de células escamosas (epidermóide). Os autores utilizaram a Bleomicina no tratamento dos tumores da cabeça a pescoço durante os anos de 1967 a 1968. O método da injeção foi a via intravenosa Para atuação sistêmica e a via arterial para infusão local. A pressão intra-arterial, praticada comumente no Japão, é realizada pela introdução de um caráter na artéria temporal superficial do lado atingido. A dose usada diariamente 6 de 10, 15 ou 30 mg durante 20 dias. A dose total 6 de 300 mg. No quadro abaixo vemos os resultados obtidos segundo a via de administração da Bleomicina:
Segundo o local do envolvimento do carcinoma os autores tiveram os seguintes resultados:
Os carcinomas tratados por via venosa não têm tão bom resultado como aquêles tratados pela via arterial. A Bleomicina não tem os efeitos colaterais dos agentes artiblasticos. É bem tolerado e os efeitos secundários desaparecem após a supressão do medicamento.
* Proc. Ninth Int. Congress - 85.3 : (1970 - México.
** Department of Otolaryngology, School of Medicine, Keio University, Tokyo, Japan.
Comunicação do Dr. Ramón Del Villar (México) ao Dr. Meirelles Vieira
México, D. F:, a 21 de junio de 1971
Estimados Colegas Brasileiros:
Eu el Hospital Infantil de México y en Servicios Pediátricos de hospitales del Seguro Social, se observó desde hace tiempo el cuadro denominado "Becegeitis del oído medio y el mastoide en lactante". Se ha tratado de una otitis media supurada que aparece en los primeros meses de la vida, que en algunos casos há conducido al absceso subperióstico o a la mastoiditis crónica. E1 común denominador en todos esos casos ha sido la vacunación oral por B.C.G., dentro de las primeras 72 horas del nacimento. Como he sabido, en América Latina, la vacunación oral por B.C.G. solo se ha llevado a. cabo en forma masiva en ese su gran país, Brasil, y en el nuestro, México; por tanto es en nuestros países donde debemos buscar el proceso patológico que nos ocupa.
En un servicio pediátrico fueron observados 22 casos de ese tipo de otitis media supurada del lactente reportados todos al especialista entre una edade de 5 días y 11 meses; todos habían recebido el B.C.G. oral, se supone que con la cuidadosa técnica marcada para su administración y sin embargo, se piensa que por vía directa, tal vez por la posición que guarda el lactante, y por regurgitación, pudo pasar producto infectante a través de la trompa de Eustaquio. En unos casos fué uno solo el. infectado en outros ambos. Todos fueron vistos con varios días o semanas de evolución; solo en uno de ellos se pudo demonstrar la presencia de BAAR, en los otros solo gérmenes
de asociación muy diversos; pero, como hecho interesante, todos ellos secaron los oidos en un tiempo variable, con terapêutica específica antituberculosa (Hain y Etambutol de Cyanamid) en alguno también Estreptomicyna, que no se empleó más por temor de lesión al VIII par y en todos ellos además asociación del antibiótico de acuerdo con el antibiograma. En todos los casos, la lesión dejó cicatrices adherenciales con la consecuente hipoacusia.
Como ustedes ven, distinguidos colegas, el asunto es de gran interés, talvez estamos descubriendo el Mediterráneo y ustedes ya lo han descubierto antes, posiblemente conocen perfectamente estos cuadros y los han estudiado a fondo y quizá. han encontrado solución más efectiva al padecimiento; si és así nosotros estamos ignorantes de ello y deseamos saberlo y les pedimos que nos ilustren com sus conocimientos y ,experiencia; en caso contrario, ésto e una llamada de atención para que hagan las observaciones pertinentes y nos las conmuniquen, lo cual se los agradeceremos de todo corazón, en bien de la niñez Brasileira y Mexicana.
Se despide de ustedes cordialmente
Professor -Dr. Ramón del Villar M. Jefe de Otorrinolaringologia del Hospital Infantil de México, Miembro Honorario de la Sociedad de Río de Janeiro.
Enderêço: Hospital Infantil do México Rua Marquez n.° 162 - México 7, D.P.
Nota: Os editores enviaram carta ao Dr. Villar com separatas do trabalho "Otite Tuberculosa Primária" - Lang, R., Letti, N., Saffer, M. RBO Vol. 36 (2) 1970 junto com o enderéço do Dr. A. Cadar em Belo Horizonte para solicitação de seu trabalho "Otite Média Tuberculosa na Infância".
Estéreo Microscópio Eletrônico (S.E.M.)
O microscópio eletrônico que permite a visualização estereoscópica (SEM) foi recentemente aplicado ao estudo de estruturas biológicas entre os quais o ouvido humano. Certamente êste será o microscópio do futuro para certos tipos de cirurgia, principalmente na orelha interna.
Pease e Hoyes Barber e Boyde, Morzalek e Swall, Lim e Lane, Engstrom e Marovitz foram os primeiros a estudar os aspectos morfológicos de estruturas visto sob microscópio eletrônico esterescópico. Permite um aumento de até 20 mil vêzes e não requer descalcificação para o estudo de estruturas intra-ósseas. Com êste microscópio já foi estudada a platina do estribo com otoesclerose (Lim) e o órgão de Corti. Mostraram os estudos aspectos interessantes e diferentes sabre a estruturação dêstes órgãos.
Filatelia e Medicina
Ary Antonio Pinto*
A História da Medicina é farta em preciosos ensinamentos, pois revela a vida de homens, que lutaram, muito sofreram, morreram.
Certo dia, para bem estudá-la, apelei para a imagem, uma memória eterna. Velho provérbio chinês, nos ensina que "uma imagem vale mais do que mil palavras".
Assim nasceu em 1962, minha temática filatélica: EFIGIES DE MÉDICOS. Vi Esculápio, o Deus da Medicina, que segundo a lenda era filho de Apolo e da ninfa Coronis, mas que também parece ter sido um médico de carne e osso, como Imhotep, um deus egípcio. Um deus arquiteto, que ao tempo da III.ª dinastia, cêrca de 3.000 anos antes de Cristo construiu a Pirâmide Escalonada de Ménfis. Vi Higia, a protetora da Saúde Pública. Vários selos gregos de Higia, e um bonito da Rumania, nos mostrando Esculápio e sua filha cruzando de barco o Aqueronte.
Vi seu filho Macáon, médico particular de Menelau durante o cêrco de Troia. Segunda Homero, foi êle um dos voluntários do Cavalo de Pau. Selo turco, com o famoso animal.
Encontrei o feiticeiro (sélo de Angola), o primeiro médico da História, afugentando os maus espíritos provocadores das doenças. Em Ariège, na França, caverna dos Três Irmãos, foi descoberta uma pintura representando um feiticeiro daquelas longínquas eras, do homem Cro-Magnom. Pintura, que muito se assemelha ao feiticeiro negro angolano.
Descobri o Papa-Médico. Antonio Maria Zaccaria, graduou-se na Universidade de Pádua, em 1523.
Tão-sòmente atendia enfermos indigentes, e foi canonisado! Já Petrus Julianus Lusitanus, um lisboeta, formado em medicina pela Universidade de Montpellier, que foi o Papa João XXI, foi esquecido por seu Vaticano.
Também descobri o Santo-Médico. São Lucas, o médico do apóstolo Paulo, mereceu um sêlo suíço.
Os irmãos gêmeos, Cosme e Damião, formados na ;Síria, ainda esperam sua "figo rinha". Outro esquecido: São Pantaleão, médico de câmara do imperador Maximiliano, que em 305 da era cristã, foi decapitado em Nicodemus. Conta uma lenda que foi denunciado-cristão por colegas invejosos de suas curas...
Ainda encontrei rainhas médicas. Elizabeth, da Bélgica, doutorou-se na Universidade de Leipzig.
Seu pai, o duque Sarl Theodor da Baviera, também era médico. Oftalmologista. Helena, de Montenegro, trocou sua profissão por um trono. Tornou-se, rainha da Itália.
Vi, selos de Presidentes de Repúblicas, e também de ferozes ditadores.
Achei o médico filósofo, arquiteto, arqueólogo, teólogo, literato, jornalista, poeta, missionário, geólogo, naturalista, político, pioneiro, mineralogista, químico, botânico, astrônomo, guerreiro, revolucionário, navegador, explorador, músico, geógrafo, filologo. Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, era médico.
Conheci um médico-pirata, Dr. Thomas Dower, que a 22 de janeiro de 1709, na ilha Mas à Tierra das Juan Fernandez, viu o mui ramoso Robinson Crusoe.
Nesta longa jornada filatélica, encontrei médicos idealistas e puros, maus médicos, ainda médicos loucos e assassinos. Também pensei ver todos os heróis e deuses da medicina. Porém, tive bem amargas desilusões, pois, um penoso silêncio filatélico desceu sôbre muitos médicos, que jamais poderiam ser esquecidos. Há esquecimentos imperdoáveis. Há esquecimentos que são crimes. Francisco de Castro, Paes Leme, Nuno de Andrade, Torres Homem, Miguel Couto, Moura Brasil, Penido Burnier, Carlos Chagas, Manoel de Abreu, foram esquecidos.
E, em nosso Pais, bem freqüentemente são emitidos selos postais com efígies de homens que nada fizeram pela grandeza do Brasil, pelo bem-estar de nossa gente, de nossa Terra. Bem pelo contrário. Semearam ódios e rancores. Doutrinas exóticas. Corromperam a alma ingénua das crianças com maus exemplos. Malgastaram o ouro da Nação. Foram maus.
Tais homens jamais mereciam imagens filatélicas.
Também "países bem desenvolvidos", esqueceram seus grandes médicos. Galeno, o médico grego da Grande Roma, Miguel Servet, o descobridor da circulação pulmonar, Thomaz Sydenham, o Hipócrates inglês. Malpighi e Morgagni, anatomistas famosos, Jenner, o primeiro triunfador da medicina preventiva, Beaumont, o primeiro a observar o interior do estômago humano em funcionamento, Charles Bell, com seus nervos raquianos motores e sensitivos, Pierre Charles Potain, Graefe, o criador da iridectomia no tenebroso glaucoma, His, o pioneiro no estudo da condução auriculo-ventricular, Paul Broca, com suas localizações cerebrais foram esquecidos.
Dieulafoy, o Príncipe da Medicina Francesa, Jackson, cujas concepções geniais revolucionaram a medicina, Gowers, um dos fundadores da medicina britânica, James Mackenzie, um dos pioneiros da cardiologia, Pean, que marcou uma época na história da cirurgia, Koiler, com sua cocaina anestésica, Minot, com seu fígado milagroso, Neisser, com seu diplococo, Schaudin, com seu espiroqueta, Loicr, com seu bacilo, também foram esquecidos...
Guilherme Einthoven, com seu electrocardiograma, Banting, o descobridor da insulina, Hans Burger, com a sua electro-encefalografia, Cushing, o criador da neurocirurgia moderna, Leishman, um dos pioneiros da medicina tropical Werner Forsmann, com seu cateter cardíaco, Goldenberg e Eijkman, os terapeutas da pelagra e do beriberi, Fleming, o descobridor da penicilina, Waksmann, da estreptomicina, Buckholder, da cloromicetina, Szent-Gyorgy, com sua vitamina C, Karrer, com a vitamina A, Dam, com sua vitamina K, Kendall, com a cortisona, Lipmann, com o coenzima A, Bovet, com seus antihistaminicos sintéticos, ainda foram esquecidos...
Heinrich, Neumann, Kilian, Politzer, Moure, Escat, Laurens, Segura, Justo Alonso, também esquecidos. Infinita é a ingratidão humana e nós médicos bem a conhecemos.
Tão-sómente Grécia, Pérsia, Síria, Yemen e Austrália, lembraram-se do grande médico de Kós, Hipócrates, cognominado o "Grande" por Aristóteles, "Divino", por Apolonio. Hipócrates foi o fundador da Medicina. Deu-lhe espírito científico, deu-lhe observação diagnóstica, deu-lhe tratamento. Também ideais éticos. Fundou o método da cabeceira-de-cama...
A mui famosa Escola de Medicina de Alexandria, onde pontificavam Herophilo e Erasistrato, foi esquecida pelos nacionalistas do Nilo... Ambos eram gregos... Herophilo distinguiu os nervos motores dos sensitivos, a Erasistrato, o primeiro a dissecar um cadáver humano.
William. Harvey, 6 considerado o Pat da Medicina Britinica. No entanto, os senhores inglêses nunca emitiram um sêlo com sua efígie, ou algo que recordasse suas grandes descobertas. Apenas Rússia a Argentina, lembraram-se do descobridor da circulação sanguínea a de seu axioms: Omne vivum ex ovo.
Philippe Pinel, que arrancou as grilhetas dos insanos de Bicêtre a Salpetribre, deveria ser mais lembrado. Unicamente a Franca, emitiu um sêlo com efígie do filho ousado E nos lúgubres porões de tôda a Terra, viviam como animais, dormiam como animais, os desprovidos da Razão. Pinel demonstrou o que se pode obter com a doçura!
Tão-sòmente, at, agora, 1971, um pais da Terra, emitiu um sêlo com uma efígie do grande Edward Jenner - Republica de Guiné. E, no século 18, a variola era uma praga maldita. Ceifava milhões de vidas. For que esqueceram Jenner? Por ser um simples médico de província de zona rural?...
Agassiz, o descobridor das "idades do gêlo", não mereceu de sua pequenina Suíssa, um solo postal. Porque se havia naturalizado norte-americano. 'Como se a ciência tivesse fronteiras... Apenas Franca a Argentina, lembraram-se de Claude Bernard, o mago da Fisiologia, que tinha como laboratório, um antro. E Bernard fundou a "Ciência da Vida".
Ignaz Semmelweis, foi ridicularisado, escarnecido. Milhões de vidas eram ceifadas pela tenebrosa infecção puerperal. Semmelweis tinha razão. Venceu, mas morreu louco. Tão-sòmente a Hungria a Austria recordaram-se do lutador herdico.
A malária é uma doença universal. Charles Laveran, deveria merecer muitos solos. A descoberta de seu hematozoário, foi de um enorme significado.
Carlos Juan Finlay, que já em 1881 havia proclamado ser o mosquito o agente transmissor a inoculador da febre amarela, foi batisado de "velho louco". Apenas Cuba e Panama, emitiram selos com a efígie de Finlay.
Carlos Porlanini, foi criminosamente esquecido por sua Itália, bem prodiga em selos de reis a de funesto ditador. Únicamente Bélgica, lembrou-se do criador do benéfico pneumotórax.
O auto-sacrificio de Daniel Carrion Garcia inoculando-se com a verruga peruana, Para provar que a febre de Oraya era a primeira fase da enfermidade, ab foi premiada com um sêlo do Peru, Bus, pátria. Como L dura a ingratidão dos homens.
Muitos selos com generaes napoleônicos, porém nenhum de Nicolau Renato Dufride, Bardo de Degenettes, médico-chefe do exército, que em Jaffa, inoculou-se voluntóriamente com o "virus da peste", para evitar o desespêro dos soldados franceses, incutindo-lhes coragem.
Outro esquecido. James Lind, cirurgião naval inglês, que em 1763, escreveu um livro, no qual afirmava que o tenebroso escorbuto poderia ser eliminado, com apenas suco de limão, de laranja, de lima tamarindo, bergamota...
Uma das provas mais evidentes em favor da teoria de Lind, foi a 2.ª viagem de James Cook 1772-177-5, aos Mares do Sul. Nenhuma morte por escorbuto.
Emil von Behring, o criador do soro antidiftérico, tem apenas três selos postais, e a difteria era uma das doenças malditas. Até parece que a enfermidade é unicamente alemã!
E Gerhard Domagk, que procurava encontrar um bom germicida para matar germes, como o salvarsan fazia, dentro do corpo vivente, então descobrindo em 1932, o mui famoso "Proutosil" que passou para as manchetes dos jornais, na qualidade de Droga Milagrosa, foi (filatèlicamente, completamente esquecido.
Juius Wagner Jauregg, o conquistador da paralisia geral, é apenas lembrado por sua Áustria. Os homens esqueceram que a sífilis cerebral amolecia corpos e almas em todos os povos da Terra. Truncava vidas preciosas.
Os Estados Unidos da América, esqueceram o "Pai Mayo". Um doutorzinho de origem inglêsa, que com imensos sacrifícios, formou os dois famosos "Irmãos Mayo". A efígie do velho Mayo, entre os dois filhos, seria mais um agradecimento da Nação Americana.
Algumas curiosidades médicas. Na madrugada de 1." de novembro de 1918, nosso colega tenente médico Paolucci, numa "mignatta", isto é, um torpedo humano, afunda no pôrto de Pola, o couraçado austríaco "Viribus Unitis". Paolucci, volta ileso ao seu ponto de partida. Um sêlo austríaco do capitãnea.
Borys Jegormv, foi o primeiro médico que atingiu o Cosmo. Nos dias 12 e 13 de outubro de 1964, Jegorow tendo por companheiros Feoktistow e Komarov, no foguete Voshkod, efetuou 16 voltas em redor da Terra. Um sêlo russo do colega.
Guido Guida, é o Médico dos Sete Mares, o fundador do Instituto Rádio-Médico Internacional. Quando um navio precisa de socorro médico, transmite a chamada MEDRAIDCRIM. Há sempre um médico no Instituto para atender a estes chamados de emergência, pois há inúmeros navios, que sulcam os mares da Terra, sem médico.
Nosso colega, Sun Yat Sen, o primeira presidente da República Chinesa, era médico, e falava português. Clinicava em Macao, tendo aí nascido. A efígie de Sun Yat Sen, aparece em mais de 600, selos postais. Em tôdas as côres e tamanhos. Talvez, mais do que êle em filatelia, Cristóvão Colombo, o genovês melancólico.
Médicos, muito engrandeceram, dignificaram sua arte. No entretanto, muitos homens a mulheres, sem serem médicos, aclararam mistérios e sobremodo concorreram para o bem-estar de seus semelhantes. Eis o porque de suas imagens, nesta temática, filatélica.
Leonardo da Vinci, o maior gênio da Terra, foi ainda anatomista. Injetava cêra nos órgãos antes de dissecá-los. Bem estudou a anatomia do coração e dos pulmões. Viu as válvulas venosas. Dissecou nervos craneanos. Também músculos. Observou a constituição do globo ocular.
Galileu Galilei, valorizou a experiência como meio de pesquisa. Antony von Leewenhoek, possuído pela mania de tornar visível o invisível aprendeu a lapidar e polir lentes. E constrói seu microscópio, muito superior ao do Padre Athanasius Kircher. De 1665 à 1718, êste singular negociante, encheu 7 volumes com suas investigações microscópicas,
Benjamin Franklin, em 1784 inventa as lentes bifocais, isto é, "seus óculos duplos". Charles Michel, o Abade da Espada, fundou à sua custa uma escola para Surdos-Mudos, mais tarde transformada pela Assembléia Nacional Francesa, em Instituto de Surdos-Mudos Foi o criador do método de comunicação por sinais, para os surdos-mudos.
Antoine Laurent Lavoisier, foi o descobridor do mistério da respiração e da famosa lei de conservação da matéria. Por ser fidalgo foi guilhotinado a 8 de maio de 1794. A Revolução Francesa não precisava de sábios, e como prêmio filatélico uma bem modesta e inexpressiva figurinha.
Alessandro Volta, descobre a sua pilha, que prestou reais serviços, à Química e a Medicina.
Valentin Hauay, criou em 1784, um Instituto para crianças cegas. Isaac Newton, foi o mago da luz. Fazendo incidir sôbre um prisma um raio de sol, desvenda o mistério da luz branca, e as curiosas perturbações cromáticas, entram para a Oftalmologia.
Braille, o cego genial, deveria ser mais lembrado, pois, milhões de cegos já aprenderam a ler com sua escrita em relêvo. Braille também publicou uma aritmética para cegos, e ensinou música por intermédio de um sistema bem simples.
O brasileiro, Bento Dias Pacheco, o "Padre Bento", toma conta do Leprosário de Itu. Reconforta infelizes hansenianos. Parece que nunca contraiu a lepra, mas ao morrer pede para ser enterrado no cemitério dos leprosos. Muitos "leprinhas" brasileiros.
Assim como Harvey, assim como Jenner, assim também Florente Nightingale foi esquecida filatèlicamente por sua Inglaterra. Que fêz a nobre florentina? Salvou milhares de vidas na Guerra da Criméia. Em retornando, funda em plena Londres, inúmeras obras de beneficência. Nightingale, é a famosa Dama da Lampada" de Longfellow.
Gregor Mendel, é o criador da genética clássica. Mendel colocou em bases experimentais o problema da herança. Louis Pasteur, apesar de não ser médico, dividiu a medicina em duas eras: "ANTES E DEPOIS DE PASTEUR". Um sêlo com a efígie do sábio francês, não deslustraria nosso País, pois milhares de brasileiros, a êle devem suas vidas.
Jean Henri Durant, o Apóstolo dos feridos, após a sangrenta batalha de Solferino (1859), funda uma das grandes organizações humanitárias da Terra: Cruz Vermelha. É doloroso, mas um zero filatélico brasileiro para o grande e nobre Henry Dunant.
O belga, Joseph de Veuster, que se transformaria em "Padre Damião", reconfortando leprosos, morreu leproso na longínqua ilha de Molokai.
Wilhem Sonrad Roentgen, em 1895 descobre seus famosos Raios X, que desvendariam segredos do corpo humano, e abririam ao mundo científico nôvo e incomensurável horizonte de descobrimentos no domínio da física nuclear.
O fisiólogo francês, Charles Richet, descobre a curiosa Anafilaxia. Antoine Henri Becquerel, em 1896, descobre a radioatividade dos sais de urânio.
Pierre e Marie Curie, em julho de 1898 descobre o polônio. A 26 de dezembro de 1898, o casal de sábios anuncia a existência na pechblenda de um segundo elemento químico radioativo, para o qual propuzeram o nome de RADIUM. Em 1902, os Curies anunciam o nascimento do radium. Marie Curie faz a determinação de seu pêso atômico. E a radioatividade nascida em França, breve conquistaria a Terra. Um doloroso zero filatélico brasileiro para os sábios Curie.
Jean Frederic Joliot, em 1934 produziu os primeiros isótopos radioativos artificiais. Provou experimentalmente a emissão de neutrons na fissão nuclear. Em 1948, Joliot construiu a primeira pilha nuclear. No entretanto, por "pensar diferente", foi destituído pelo govêrno francês, dos cargos que ocupava no Centro Nacional de Pesquisa Cientifica e Energia Atômica. Apenas selos dos países da "Cortina de Ferro"...
Alguns também foram esquecidos filatèlicamente. Edme-Gilles Guyot. surdo e atormentado por zumbidos infernais, após ter lido as obras de Bartolommeo Eustachi, anatomista italiano, constroe um cateter de estanho, o introduz pela bôca no orifício faríngeo da trompa, e o liga a um reservatório munido de duas bombas, acionadas por uma manivela. E assim o nosso agente postal de Versalhes, em 1724, curou-se. Perante a Academia de Ciências de França, Guyot fêz uma demonstração com seu aparelho. Parece-me que um sêlo sobre a descoberta de Guyot, não deveria faltar em uma História da Medicina.
Outros criminosamente esquecidos. Horace Wells e William Morton, os dominadores da dor. Em 1844 Welles se féz arrancar um dente com gás hilariante. Nenhuma dor sentiu. Em 1846, Morton, usando eter como anestésico geral; permitiu que o Dr. Warren extirpasse um tumor da glândula sub-maxilar, sem o mínimo sofrimento. Nenhum gemido foi emitido pelo paciente, Gilbert Abbott. Era a grande descoberta do século!
E finalmente, um último esquecido. Manuel Garcia foi o criador da laringoscopia indireta. Em 1845, o espanhol Garcia, professor de canto no Conservatório de Paris, com luz solar e um espelho dentário, viu seu próprio laringe.
Viu os movimentos da glote, uma preciosa contribuição para a fisiologia da respiração e da fonação. Um ano depois comunicava sua observação à Sociedade Real de Londres. Manuel Garcia também merecia um bonito sêlo.
* Médico Otorrinolaringologista - Pôrto Alegre - R. G. Sul.
Dor de Ouvido
A dor de ouvido é um sintoma que ocorre em tôdas as idades, sendo no entanto mais freqüente nas crianças. É necessário inicialmente conceituar um aspecto de real importância a criança está efetivamente com dor de ouvido (otalgia), ou ela simplesmente chora por outro motivo qualquer e se atribui à uma hipotética otalgia a causa de seu sofrimento? O diagnóstico diferencial sòmente poderá ser feito mediante o exame da membrana timpânica pela inspeção direta (otoscopia). Como na otoscopia o aspecto da membrana timpânica é o que vai permitir o diagnóstico final, é imprescindível não existirem outros fatores que interfiram no exame. Em nosso meio é freqüente o hábito de colocar gôtas otológicas ou azeite môrno antes de um exame acurado. No entanto, o uso de gôtas macera o epitélio que recobre a membrana timpânica e modifica completamente o quadro, dificultando por vêzes o diagnóstico preciso. Por conseguinte, sem um diagnóstico etiológico não devem ser usadas gôtas otológicas em crianças.
Quando se trata de crianças que já estão em idade de localizar o seu sofrimento, ou de adultos, o fundamental é saber se a causa da dor de ouvido é otológica ou não. Duas são as causas de uma dor de ouvido de origem otológica: otite externa, seja por furúnculo ou inflamação difusa no conduto auditivo externo, e a otite média, na qual a inflamação se localiza na caixa do tímpano. Na otite externa a dor é mais superficial e basta tocar na orelha ou no orifício do meato para que se desperte a dor. Esta geralmente provém do hábito de limpar os ouvidos com tôda espécie de objetos, causando traumatismos que se infectam. Já na otite média a dor é mais profunda, causando imediata diminuição da audição e geralmente aparece após os resfriados. Dá uma sensação de ouvido tapado, o que também pode ocorrer na otite externa quando por edema, cêra ou descamação, obstrui-se a luz do meato acústico (conduto auditivo).
A surdez progressiva, tanto na pessoa jovem como nas idosas, não produz dor de ouvido. A infecção crônica de ouvido também não costuma provocar dor, a não ser num surto de agudização.
Nas causas extra-auriculares, isto é, lesões à distância que provocam otalgia, as mais comuns são as cáries dentárias, molares inclusos e defeitos de articulação têmporo-mandibular. Nesta última, geralmente a dor está por diante do ouvido e se exacerba durante as refeições. As disfunções na articulação têmporo-mandibular com freqüência produzem apenas sintomas otológicos.
Vários tipos de lesões, tanto inflamatórias como tumorais de garganta, rinofaringe e mesmo do laringe, produzem freqüentemente otalgia, sendo êste às vêzes o primeiro sinal de uma afecção.
Com ocorrência bem mais rara encontramos perturbações neurológicas do simpático, glossofaríngeo e trigêmeo como causas de otalgias. Seja qual fôr a causa da otalgia é preferível medicação analgésica por via oral ou parenteral antes do exame, principalmente em crianças que ainda estão em idade de não saber precisar seus sintomas.
Seminário de Filmes em Otologia
A Los Angeles Foundation of Otology organizou a produção anual de 10 filmes de 1 hora de duração cada um, sôbre tema de otologia. Os primeiros filmes são: Otosclerosis, Temporal Bone PathoIogy, 2 de Tympanoplasty technique, Accoustic Neuroma, Phisology of the Ear, Glomus Tumor, Hearing Aids, Meniére's Disease e Otologic Heritage. Cada um dêstes filmes foi produzido por autoridade mundial em seu setor. Estes filmes são alugados nos Estados Unidos por 1.000 dólares para cada grupo de colegas que poderão ficar com êles 1 semana. O Dr. William House coordenador do programa, escreveu para o Dr. Rudolf Lang propondo a criação de grupos na América
Latina e cederia os filmes pelo preço de 5.000 dólares. Foram organizados 10 grupos assim constituídos:
1) Fundação Venezuelana de Otologia - Dr. Edgar Chiossone - Lares - Caracas.
2) Dr. Jorge Garcia Goméz - Bogotá - Colombia.
3) Prof. Juan Manuel Tato-coordenador de 3 grupos em Argentina.
4) Dr. Rudolf Lang - Pôrto Alegre.
5) Dr. Otacilio Carvalho Lopes F.° - São Paulo.
6) Dr. Roberto Martinho da Rocha - Rio de Janeiro.
7) Dr. Nicodemos José Alves de Souza - Belo Horizonte.
8) Dr. Nelson Caldas - Recife.
Cada coordenador enviará 500 dólares para os Estados Unidos. Cada grupo terá 5 subgrupos com 10 colegas. Assim sendo a contribuição individual será de 10 dólares para os 10 filmes. Este programa será anual e novas adesões poderão ser feitas com os coordenadores.