Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-660

TÍTULO: TUBERCULOSE OROFARÍNGEA: RELATO DE CASO

AUTOR(ES): THIAGO BOTELHO AFFONSO , FABIANA ROCHA FERRAZ, PAULIANA LAMOUNIER E SILVA, DENISE SILVA CALVET, LUCAS ARANTES BRAZ, IVAN CARLOS ORENSZTAJN, LUCIANA NOVELLINO PEREIRA

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAÍ

INTRODUÇÃO

A tuberculose é uma infecção causada pelo bacilo de Koch (BK) que afeta principalmente o pulmão e, secundariamente, trato geniturinário, órgão hematopoiético, sistema nervoso central e vias aero-digestivas superiores. 

As lesões faringo-laríngeas são geralmente secundárias à tuberculose pulmonar e constituem (excluindo-se a meningite tuberculosa), juntamente com o escrófulo e a otite média, as afecções tuberculosas mais comuns em cabeça e pescoço (2).

Os locais de envolvimento oral incluem gengivas, língua, amígdalas palatinas, palato e assoalho da boca. Apesar do acometimento oral normalmente ser secundário a tuberculose pulmonar, evidências de envolvimento pulmonar estão presentes em menos de 20% dos pacientes com tuberculose faríngea (3).

No acometimento da orofaringe, que apresenta dois picos de incidência, aos 30 e 60 anos, o compartimento amigdaliano é o mais afetado (5), sendo freqüentes a disfagia alta e a odinofagia, muitas vezes constituindo as únicas queixas do paciente (1).

A forma faringolaríngea primária ainda constitui uma raridade, com poucos casos descritos na literatura (6).

Geralmente o tratamento tem êxito com os esquemas clássicos de tratamento para a tuberculose pulmonar (4).

 

RELATO DE CASO

ID:RB, 31 anos, homem, branco, trabalha como motoboy, residente em Santa Tereza, RJ.

QP: dor de garganta

HDA: Paciente relatava início de “dor de garganta” em janeiro de 2008, com odinofagia associada, apresentando piora progressiva.  Refere também que há quatro meses surgiram dois “caroços” no pescoço, e associa perda de 10 kg neste período, com febre intermitente.

EXAME FÍSICO:

Oroscopia: lesão granulomatosa em palato mole.

Palpação cervical: linfonodo de 2 cm de diâmetro bilateralmente em cadeia cervical superficial, móvel, indolor a palpação, de limites bem definidos e consistência fibro-elástica.

Foi realizada internação do paciente, realização de biópsia da lesão sob anestesia local, sorologia para HIV (negativa), rx de tórax (fig. 2), e exame de escarro.

O diagnóstico foi feito pela pesquisa direta do bacilo por coloração de Ziehl-Neelsen e por cultura do escarro em meio de Löwenstein-Jensen. Ambos positivos para o Bacilo de Koch

O paciente retornou ao ambulatório após os seis meses de tratamento, sem qualquer queixa, apresentando resolução completa do quadro.

DISCUSSÃO

A tuberculose extrapulmonar corresponde, segundo diferentes autores, de 11 a 23 % dos casos de infecção pelo bacilo de Koch (2).

A tuberculose faríngea e a laríngea constituem, na maioria dos casos, uma evolução da tuberculose pulmonar. As vias de acometimento destas localizações apresentam hipóteses variadas, sendo a hematogênica a mais comum e aceita. 

Freqüentemente ocorre odinofagia intensa (9). Isso, nos casos em que exista comprometimento isolado ou simultâneo da faringe ou quando as lesões ocorrem a nível do áditus da laringe.

A manifestação clínica mais comum da tuberculose oral é uma lesão ulcerada e dolorosa na mucosa acometida (11).

O bacilo de Koch localizado na mucosa oral pode passar para os linfonodos cervicais e ser a causa das massas cervicais frequentemente presentes nesses pacientes.

Úlcera traumática, úlceras aftosas, actinomicose, úlceras sifilíticas, Granulomatose de Wegener e carcinomas, são os diagnósticos diferenciais que devem ser considerados (12).

O tratamento para os casos de Tuberculose faríngea é baseado no esquema RIP, com o paciente apresentando excelente resposta ao tratamento.

CONCLUSÃO

Nas áreas endêmicas para Tuberculose, é importante manter um alto grau de suspeição sobre lesões atípicas de via aérea superior.

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