Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-657

TÍTULO: TUBERCULOSE DA ORELHA MÉDIA

AUTOR(ES): THIAGO DOS SANTOS FERREIRA , LAÍZA ARAÚJO MOHANA PINHEIRO PINEIRO, WALTER ADRIANO BIANCHINI, ARTHUR MENINO CASTILHO, JORGE RIZATTO PASCHOAL

INSTITUIÇÃO: UNICAMP

Caso Clínico: mulher, 27 anos, queixa de hipoacusia, plenitude auricular e otorréia intermitente esquerda há 5 meses, progressiva. Negava queixas na orelha direita, antecedentes de doenças otológicas ou sistêmicas.  Anteriormente tratada com antibióticos e gotas otológicas sem sucesso.

À otoscopia, a orelha direita sem alterações e membrana timpânica esquerda opaca com retração posterior e aspecto descamativo. Este material foi coletado e enviado para anatomopatológico, evidenciando processo inflamatório inespecífico. Exame endoscopico das fossas nasais e rinofaringe sem alterações.

A audiometria da orelha direita normal e, à esquerda, com disacusia mista, incompatível com achados de uma otite secretora.

Na tomografia (CT) das orelhas, havia tecido de densidade de partes moles preenchendo toda orelha média, sem erosão óssea ou comprometimento da cadeia ossicular.  Optou-se então por uma abordagem cirúrgica: timpanomastoidectomia exploradora.

Cirurgia e pós operatório: No intra-operatório, observou-se presença de tecido com aspecto granulomatoso aderido na região do promontório, envolvendo toda cadeia ossicular que já se encontrava erodida, não sendo possível identificar o estribo. A cadeia foi removida, sem tentativa de reconstrução no mesmo tempo cirúrgico. O canal de falópio estava íntegro. O material foi enviado para congelação(inconclusiva) e anatomopatológico.

O resultado do anatomopatológico mostrou bacilos BAAR positivos. No 35º dia pós-operatório, a paciente apresentou paralisia facial periférica esquerda. Foi iniciado imediatamente terapia anti-tuberculosa com esquema I. A CT de crânio solicitada para descartar tuberculose intracraniana encontrava-se normal. A paralisia entrou em remissão com sete dias de tratamento e teve resolução completa em 35 dias. A audiometria pós operatória mostrou cofose à esquerda e limiares normais à direita. A paciente mantém seguimento ambulatorial, assintomática, sem otorréia e em tratamento com esquema anti-tuberculose.

Revisão bibliográfica: O quadro clínico clássico inicia com tuberculose ativa em alguma parte do corpo que evolui com otorréia, múltiplas perfurações timpânicas e paralisia facial; manifestações como otalgia, perda auditiva precoce e severa, condutiva e/ou neurossensorial, zumbido e vertigem podem ocorrer.  A otoscopia, que pode evidenciar exsudato, tecido de granulação e componentes necróticos, não é efetiva para diferenciar a otomastoidite tuberculosa de outros tipos de otite média crônica.

A CT pode evidenciar preenchimento completo da cavidade timpânica sem erosão óssea que pode evoluir com destruição da cadeia ossicular e esclerose óssea da mastóide. Na histopatologia, este preenchimento contém granulomas com células gigantes multinucleadas de Langerhans podendo lesionar o canal do nervo facial, tuba de eustáquio e ocasionar seqüestro ósseo.

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