Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TESE

P-654

TÍTULO: TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL UNIVERSAL: ASPECTOS ATUAIS

AUTOR(ES): FRANCIANE REGINA VARGAS , WILIAN MADUELL DE MATTOS, RENATA OLIVEIRA ALMEIDA, GISELI REBECHI, CÍCERO MATSUYAMA

INSTITUIÇÃO: INSTITUTO CEMA

INTRODUÇÃO: Entre os distúrbios já rastreados ao nascimento, a perda auditiva é mais prevalente. Esforços têm sido feitos para identificação e tratamento precoces por meio de programas de triagem auditiva neonatal (TAN). OBJETIVO: Apresentar os aspectos atuais da triagem auditiva através da revisão de artigos. METODOLOGIA: Pesquisa e revisão de artigos. DISCUSSÃO: A audição é um sofisticado sentido do ser humano, uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento da fala e da linguagem. Alterações da audição podem privar a criança de estímulos necessários para o seu desenvolvimento, causando prejuízo no seu desenvolvimento emocional e intelectual. A perda auditiva é considerada o distúrbio sensorial mais comum nos humanos. Percebe-se sua alta prevalência e a necessidade de implementação de programas de triagem auditiva neonatal em nível nacional. Tendo em vista a magnitude dos prejuízos causados pelas perdas auditivas, há muito vêm se defendendo a importância da detecção precoce e da correta intervenção terapêutica, pois é conhecido que a maturação das vias auditivas acontece nos primeiros 18 meses de vida, é dependente de estímulo acústico adequado e é neste período, chamado de “período de plasticidade neuronal”, que ocorrem os melhores resultados no processo terapêutico. Foram organizadas diretrizes em diversos países para a detecção e intervenção precoce de perdas auditivas por meio de programas de triagem auditiva para todos os recém-nascidos, devido ao benefício do tratamento precoce na capacidade de desenvolvimento normal da linguagem, sobretudo quando é feito antes dos seis meses de idade. A intervenção nas crianças com diagnóstico de perda auditiva através da triagem neonatal seja por aparelhos auditivos, reabilitação ou implante coclear, deve ser realizada preferencialmente até o sexto mês de vida. Os métodos preconizados para a realização da triagem de rotina são as emissões otoacústicas, os potenciais evocados do tronco encefálico e técnicas comportamentais, conferindo uma sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo elevados. Estudos sobre os custos da triagem concluem um menor custo com as otoemissões, porém com maior taxa de crianças que não passam no primeiro exame, necessitando retorno para novos testes, diferente da triagem realizada por potenciais evocados. Já os dois testes em combinação apresentam uma melhor relação custo-benefício. As principais fraquezas dos programas de triagem auditiva são as dificuldades de implantação, elevado número de resultados falso positivos e crianças sem seguimento.  É sugerido que as crianças com o primeiro teste de EOAT alterado, indicador de risco, e/ou ausência do RCP, sejam encaminhadas para o reteste em ambulatório a fim de manter o acompanhamento adequado. O curto período de internação hospitalar após o nascimento pode elevar a taxa de exames falso-positivos. Os programas de TAN necessitam da atuação conjunta do médico otorrinolaringologista para diagnos­ticar alterações auditivas, principalmente as alterações de orelha média, que podem futuramente levar a alterações de processamento auditivo e, consequentemente, interferir no aprendizado escolar. CONCLUSÃO: A divulgação para a comunidade por meios de comunicação, o alerta da necessidade de se fazer a busca de déficit auditivo o mais precoce possível e o envolvimento de todos os profissionais da área de saúde em nível primário, durante o pré-natal e durante o atendimento de puericultura, são estratégias para se informar aos pais a importância da triagem auditiva. Os pais podem se tornar fiscais da efetividade do programa, do modo como ocorre atualmente com o “teste do pezinho”. Sem dúvida a ação governamental tem papel fundamental no sucesso dos programas de triagem universal. A perda auditiva causa sério impacto na cognição e na projeção sócio-econômica da criança. Portanto, são importantes a detecção adequada e o tratamento precoce para viabilizar um desenvolvimento adequado.

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