Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-648

TÍTULO: TRAJETO ABERRANTE DE CARÓTIDA INTERNA NA ORELHA MÉDIA – RELATO DE CASO

AUTOR(ES): WILIAN MADUELL DE MATTOS , ANA CAROLINA CARDOSO DE REZENDE, ANA MARGARIDA BASSOLI CHIRINÉA, THIAGO PONTES EUGÊNIO, ANDY DE OLIVEIRA VICENTE

INSTITUIÇÃO: INSTITUTO CEMA

INTRODUÇÃO: O fenômeno da artéria carótida interna com trajeto anômalo na cavidade timpânica é raro, com incidência estimada em 1% na população geral. O quadro clínico geralmente é pobre, podendo se manifestar com zumido pulsátil, vertigem, plenitude auricular e hipoacusia ou perda auditiva progressiva, apresentando maior incidência no sexo feminino e do lado direito.

OBJETIVO: Os autores apresentam caso de uma paciente com queixa de zumbido unilateral que na investigação radiológica revelou artéria carótida interna ectópica.

RELATO DE CASO: A.W.S., 69 anos, sexo feminino procurou o ambulatório de otologia do Instituto CEMA, referindo hipoacusia a zumbido unilateral à esquerda há 10 anos. Refere o zumbido tipo motor contínuo, por vezes pulsátil, apenas à esquerda, negando história de patologias otológicas ou trauma.

Ao exame de otoscopia apresentou área de aspecto violáceo em região postero-inferior da membrana timpânica à esquerda. Demais exames sem alterações dignas de nota. A audiometria revelou perda auditiva mista bilateral moderada. A tomografia computadorizada de ossos temporais revelou continuidade entre o conteúdo do canal carotideo e orelha média.

DISCUSSÃO: Trajeto aberrante da artéria carótida interna é extremamente raro na literatura, estimado em 1% na população geral unilateralmente e, bilateralmente, foram encontrados apenas dois casos descritos desde 1961, sendo o último em 1993, por Glasscock. A variação anatômica aparece principalmente em mulheres, em proporção de 5:1 em relação aos homens, e no lado direito em relação de 2:1 com o esquerdo.

A carótida penetra no osso petroso, via canal carotídeo, medialmente ao processo estilóide, separado da veia jugular interna apenas pela bainha carotídea. O segmento inicial da artéria é vertical e anterior à cóclea, e separado da orelha média por uma fina camada óssea de 0,5 mm de espessura, em média. Estudos encontraram 1% de deiscência desta fina placa óssea, explicando a origem do quadro; Outros autores defendem que, com a idade, ocorre um alongamento dos vasos podendo levar a deiscências totais ou parciais, pois ocorreria uma diminuição da camada adventícia da artéria na porção petrosa do temporal, tornando a placa óssea que separa a mesma da cavidade timpânica mais susceptível à pulsação do vaso.

Trajeto aberrante da artéria carótida é um evento raro na população geral, estimado em cerca de 1%, mas deve ser sempre lembrado quando o paciente apresentar sintomas de zumbido – especialmente de caráter pulsátil – e vertigem; este diagnóstico é especialmente importante pois uma vez confirmado evita intervenções cirúrgicas e erros inadvertidos intraoperatórios; o tratamento é controverso, devendo ao máximo ser evitado, haja vista os grandes riscos do procedimento e suas consequências.

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