Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-646

TÍTULO: TONSILECTOMIA FARÍNGEA E PALATINA: AVALIAÇÃO CLÍNICA E POLISSONOGRÁFICA DE CRIANÇAS COM EVOLUÇÃO DESFAVORÁVEL.

AUTOR(ES): MARCOS MARQUES RODRIGUES , MÁRCIA PRADELLA-HALLINAN, GUSTAVO ANTONIO MOREIRA, GABRIELA ALVES, ISRAEL ROITMAN, BEATRIZ BARBISAN, SÉRGIO TUFIK

INSTITUIÇÃO: DEPARTAMENTO DE PSICOBIOLOGIA. DISCIPLINA DE BIOLOGIA E MEDICINA DO SONO. UNIFESP

Introdução

A apnéia obstrutiva do sono (SAOS) foi descrita em crianças por Guilleminault em 1975. A tonsilectomia faríngea e palatina (A+A) é bem sucedida na eliminação da obstrução de vias aéreas em 85% a 95% de crianças com SAOS. A avaliação polissonográfica para avaliar a efetividade da A+A em crianças é recomendada pela Academia Americana de Pediatria em todas as crianças principalmente as crianças com risco de falha da A+A.

Objetivos

Avaliação da incidência de SAOS e alterações polissonográficas em crianças submetidas a tonsilectomia faríngea e palatina.

Materiais e Métodos

Estudo retrospectivo feito através da revisão de prontuário de 11097 crianças no período de fevereiro de 2003 a dezembro de 2008. Todas as crianças foram submetidas a polissonografia noturna, precedida questionários aplicado aos pais das crianças sobre a qualidade do sono, sintomas noturnos, comorbidades, hábitos de sono e higiene de sono. Desse total, 347 fizeram polissonografia como controle do pós-operatório de A+A por apresentarem evolução clínica desfavorável.

Resultados

Dentre as crianças no pós-operatório de A+A a média da idade foi de 7,34 ± 2,3 anos e 200 (53,2%) crianças eram do sexo feminino. Entre as crianças estudadas 283 (75,6%) apresentavam roncos, 147 (45,2%) relatavam sonolência diurna e 93 (24,8%) com dificuldade de aprendizado. Ao estudar as crianças que apresentavam dificuldade de aprendizado 76 (81,72%) apresentavam ronco habitual (p<0,001).

A média do IMC foi de 19,81 ± 6,02 no grupo operado contra 19,7 ± 18,4 no restante da amostra (p=0,891). O IAH médio foi de 1,86 ± 5,89 nas crianças submetidas a A+A contra 3,43 ± 10,74 (p=0,001). Entre as crianças estudadas após A+A 84 (21,92%) mantiveram o IAH compatível com SAOS.

Discussão

A cirurgia de tonsilectomia é o tratamento mais efetivo para SAOS em crianças. É efetiva em cerca de 90% dos casos. Em nossa casuística formada de crianças com polissonografia no pós-cirurgico 75% apresentavam roncos e em 21% apresentavam SAOS, ou seja, apesar do ronco ser bastante freqüente a SAOS apresenta um prevalência menor. O ronco primário é mais freqüente que a SAOS nesse subgrupo de pacientes. O sobrepeso não foi um importante fator causal de SAOS no pós operatório de tonsilectomia.

É importante notar que a sonolência diurna foi relatada em quase metade dos pacientes operados, a fragmentação do sono nesses casos pode ter como fator causal diferente da SAOS nesses pacientes. Observamos que cerca de ¼ dos pacientes apresentaram dificuldade de aprendizado. Sendo que a maioria dos pacientes com dificuldade de aprendizado apresentam ronco habitual.

Conclusão

A avaliação polissonográfica é indicada em crianças com evolução clínica desfavorável após a tonsilectomia. A presença de ronco primário é mais comum que a SAOS nesse subgrupo de crianças. O segmento pós-operatório a longo prazo é altamente recomendado nas crianças submetidas a tonsilectomia.

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