Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-645

TÍTULO: TONSILECTOMIA EM CRIANÇA DE 8 MESES DE IDADE COM SAHOS DOCUMENTADA POR POLISSONOGRAFIA.

AUTOR(ES): LUCIANA PIMENTEL OPPERMANN , MOACYR SAFFER, RENATA LOSS DRUMMOND, CHÊNIA BLESSMANN GARCIA

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTÔNIO-COMPLEXO HOSPITALAR SANTA CASA/UFCSPA

INTRODUÇÃO: A apnéia obstrutiva do sono, inicialmente descrita por Guilleminaut et al. em 1975, constitui uma desordem da respiração no sono, com obstrução prolongada parcial e/ou intermitente completa da VAS, que interrompe a ventilação normal e os padrões normais do sono.  Estudos mostram que em crianças ela pode relacionar-se com prejuízo do crescimento, complicações cardiovasculares e alterações neurocomportamentais.

A idade pré-escolar, de 3 a 5 anos, apresenta maior incidência de SAHOS. A prevalência em pré-escolares e escolares é estimada em 1 a 3%. Não há dados sobre essa prevalência no Brasil.

A etiologia da SAHOS em crianças é multifatorial, mas está principalmente relacionada à hipertrofia adenotonsilar. A tonsilectomia ou adenotonsilectomia (AT) é eficaz em eliminar a obstrução da via aérea em 85% a 95% de crianças com SAHOS sem outras comorbidades.

Estudo realizado por Werle et al. com 94 pacientes entre 12 e 23 meses de idade submetidos à AT por SAHOS demonstrou ser a AT um procedimento seguro nessa faixa etária, embora com risco maior de complicações pós-operatórias e internação prolongada.  Há raros relatos na literatura de AT por SAHOS em crianças abaixo de 12 meses.

 

RELATO DE CASO: M.S., 6 meses, branco, atendido por neurologista por roncos e apnéias relatados pela mãe, com sono agitado, dificuldade para dormir e choro excessivo à noite. Aos 6 meses realizou polissonografia noturna (PSG), demonstrando Índice de Apnéia-Hipopnéia (AIH) de 7,6 EV/h, com apnéias obstrutivas e 3 centrais, SatO2 mínima de 89%, respiração bucal durante 73% do tempo dormido, tiragem inspiratória durante o sono, eficiência do sono diminuída em 68,8%, dificuldade em iniciar e manter o sono, com conclusão dos achados de SAHOS e DRGE. Ressonância Magnética Nuclear sem alterações, exceto obstrução parcial de orofaringe por hipertrofia de tecido tonsilar. Aos 8 meses, foi avaliado pela equipe de otorrinolaringologia do Hospital da Criança Santo Antônio. Apresentava hipertrofia tonsilar significativa (grau IV), sem outras alterações ao exame. Indicada tonsilectomia, realizada por dissecção a frio. As tonsilas apresentavam 2,5cm2 e 2,7cm2 respectivamente à esquerda e direita. Após 48h em regime de internação hospitalar, recebeu alta clinicamente estável, com via oral mantida. No pós-operatório tardio(3 meses) encontra-se com 12 meses de idade e assintomático, segundo a mãe.

 

DISCUSSÃO: Wiatrak et al. demonstraram que a AT em crianças abaixo de 3 anos de idade apresenta uma incidência  aumentada de complicações pós-operatórias, com dessaturação de oxigênio e obstrução transitória de VAS, além de desidratação precoce por vômitos, exigindo monitoração intensa. Sabe-se, entretanto, que o retardo no tratamento da SAHOS acarreta aumento da morbidade ao paciente. Estudos revelam conseqüências como falha de crescimento, cor pulmonale e alterações na cognição. Nosso relato mostra que a tonsilectomia realizada com técnica cirúrgica adequada e cuidadosa monitoração pós-operatória em criança menor de 12 meses, pode trazer resolução sintomática da SAHOS devido à hipertrofia tonsilar, com baixa morbidade pós-operatória.

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