Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-642

TÍTULO: TIMPANOESTAPEDOPEXIA: SERIA ELA UMA TIMPANOPLASTIA TIPO 3 NATURAL?

AUTOR(ES): LETÍCIA PETERSEN SCHMIDT ROSITO , FABIO ANDRE SELAIMEN, MAURICIO NOSCHANG DA SILVA, CRISTINA DORNELLES, INESANGELA CANALI, SADY SELAIMEN DA COSTA

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE

INTRODUÇÃO

A otite média crônica caracteriza-se pela presença de alterações teciduais irreversíveis na fenda auditiva. Envolvidas nesta definição estão as retrações da membrana timpânica de graus moderado e severo que determinam erosão da cadeia ossicular e, conseqüentemente, perda auditiva condutiva. Estudos sobre as retrações timpânicas, no entanto, são escassos e muitas dúvidas ainda existem sobre a sua patogênese, seu prognóstico e, especialmente, sobre seu manejo. A timpanoestapedopexia é pouco freqüente e estudos sobre a intensidade da perda auditiva que ela ocasiona inexistem. Acreditamos que em muitos casos o seu funcionamento seria similar ao de uma timpanoplastia tipo 3.

OBJETIVO

O objetivo do presente estudo é determinar a prevalência de gaps aéreo-osseos significativos nas timpanoestapedopexias.

METODOLOGIA

Foram analisadas, prospectivamente, videootoscopias de 1091 pacientes com diagnóstico de otite média crônica entre agosto de 2000 e junho de 2010. As imagens digitais foram, posteriormente, analisadas, sempre pelo mesmo examinador, para diagnóstico. Foram analisados os dados de via aérea, de via óssea, gap e média tritonal (média da via aérea em 500, 1000 e 2000). Os dados coletados foram analisados no SPSS 12.0. Foram utilizadas tabelas de freqüência simples.Consideramos gaps aereo-ósseos significativos aqueles maiores ou iguais a 30 dBs.

RESULTADOS

Dos 1091 pacientes com OMC avaliados, apenas 36 tinham timpanoestapedopexia em pelo menos uma das orelhas. Destes pacientes, 55,6% eram do gênero masculino e 50% eram crianças. A média de idade dos pacientes incluídos foi de 26,69 anos.Quando avaliamos os gaps aéreo-ósseos, observamos que em todas as freqüências mais de 70% dos pacientes tinham gaps menores ou iguais a 25 dB. Quando consideramos a média nas freqüências da fala, 80,6% das orelhas com timpanoestapedopexia apresentavam  gaps menores ou iguais a 25dB.

CONCLUSÃO

A timpanoestapedopexia determinou gaps clinicamente não significativos na grande maioria dos pacientes avaliados. Vista apenas pelo ponto de vista funcional, uma timpanoplastia com reconstrução da cadeia ossicular  nesses casos não se justificaria, pois estas retrações se comportariam como uma timpanoplastia tipo 3 natural. Outros fatores  não avaliados nesse estudo como grau de progressão, capacidade de auto-limpeza e estado de orelha contralateral devem ser levados em conta na tomada de decisão.

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