Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-634

TÍTULO: SURDEZ SÚBITA BILATERAL: RELATO DE CASO

AUTOR(ES): RENATA MADDALENA MONTEIRO , ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO NETO, ALEXANDRA TORRES CORDEIRO LOPES DE SOUZA, JÉSSICA GUIMARÃES GOMES SILVA, CAROLINA FONSECA JARLETTI, IGOR S. LUCENA, MARÍLIA VELOSO SARAIVA

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO

Introdução: Surdez súbita é conceituada como uma perda auditiva neurossensorial maior ou igual a 30 dB em três freqüências contíguas, ocorrendo em um período de até três dias. Sua ocorrência é, na grande maioria dos casos, unilateral, sendo bilateral em 1 a 2% dos quadros (1). Acomete em média indivíduos entre 40 a 54 anos, não tendo preferência por sexo (2).  

Relato de caso: RNR, sexo masculino, 64 anos, compareceu em nosso ambulatório com quadro de hipoacusia bilateral, em evolução há 12 dias. Referiu que no início apresentou disacusia em orelha esquerda com normalidade em orelha direita. Procurou um serviço de Otorrinolaringologia em outro nosocômio, onde se realizaram audiometria tonal e vocal e impedanciometria, diagnosticando anacusia em orelha esquerda e normoacusia em orelha direita. Foi  prescrito  corticoterapia e vasodilatador orais pelo período de 14 dias. Após cinco dias do início dos sintomas evoluiu com hipoacusia em orelha direita. Como comorbidades possui Hipertensão arterial, Diabetes mellitus e Retocolite ulcerativa, estando em acompanhamento, em uso de Sulfasalazina. Em nosso ambulatório apresentava hipoacusia neurossensorial bilateral, vertigem e zumbidos, sendo acrescentado ao tratamento antiviral aciclovir e anti- vertiginoso betaistina dicloridrato, solicitado Ressonância Nuclear Magnética de mastóides com gadolíneo, uma nova audiometria e exames laboratoriais. Na Ressonância Magnética não apresentou alterações, afastando possibilidade de massas em região de ângulo ponto cerebelar. Na audiometria apresentou hipoacusia do tipo neurossensorial de grau severo a profundo em orelha direita e profundo em orelha esquerdal. Nos exames laboratoriais possuía todas sorologias negativas, inclusive anti-Borrelia, porém aumento em Proteína C Reativa (12,54) e na glicemia (310 mg/dl). Após quatro meses do início do quadro referiu discreta melhora em orelha direita, já conseguindo discriminar 60% dos sons em resultado obtido em novo exame audiométrico. Orelha esquerda mantém-se em anacusia.

Discussão: O fator infeccioso corresponde em geral à infecção viral, principalmente por Herpes vírus. Como causa vascular podem ocorrer trombose, embolia, isquemia ou vasoespasmo. A ruptura de membrana intracoclear cria um estado de hidropsia endolinfática ou produz surdez por descontinuidade da membrana intracoclear. No processo auto-imune podem ocorrer vasculites ou hidropsia endolinfática. No presente relato temos como possíveis causadores os fatores vascular e auto-imune, já que o paciente é portador de Hipertensão arterial, Diabetes mellitus e Retocolite ulcerativa na fase não ativa. A investigação foi baseada na anamnese, exame físico e audiométrico, exames laboratoriais e exames de imagem. O tratamento proposto foi corticoterapia e anti-virais, sem uma grande resolução do quadro. Ainda temos vasodilatadores, agentes hemorreológicos e diuréticos, oxigenoterapioa hiperbárica, dexametasona intratimpânica e timpanotomia exploradora em busca de fístulas perilinfáticas. Pode-se tentar também protetização e Implante Coclear.

Comentários Finais: A surdez súbita ainda constitui um grande desafio diagnóstico e terapêutico dentro da Otorrinolaringologia, permanecendo como uma urgência médica sem uma compreensão científica para suas causas e sem um tratamento baseado em evidências.

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