Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-631

TÍTULO: SULCO VOCAL: EVIDÊNCIA DE HERANÇA AUTOSSÔMICA DOMINANTE

AUTOR(ES): TATIANA MARIA GONÇALVES, REGINA HELENA GARCIA MARTINS, ELAINE LARA MENDES TAVARES, ROBERTO BADRA DE LÁBIO, DANILO MORETTI-FERREIRA, RENATA MIZUSAKI IYOMASA

INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP/ DISCIPLINA DE OTORRINOLARINGOLOGIA

Introdução - Sulco vocal é lesão laríngea rara, apresenta-se como depressão linear sobre a mucosa, estendendo-se ao longo de sua superfície vibratória. Tem profundidade variável e pode ser uni ou bilateral. A etiologia dos sulcos vocais é controversa, podendo ser adquirida (secundária a processos inflamatórios, seqüela iatrogênica ou atrofia) ou congênita (defeitos embrionários). Descrevemos a presença de sulco vocal em quatro indivíduos de uma mesma família, evidenciando a origem congênita e genética da lesão. Casuística e Métodos - O projeto foi aprovado pelo do comitê de ética. Foram atendidos quatro indivíduos de uma mesma família com disfonia, submetidos à videolaringoestroboscopia, à analise vocal perceptivo-auditiva (escala GRBASI) e vocal acústica (software Multi-Dimensional Voice Program-MDVP). Caso 1 – MLM, 54 anos, rouquidão desde a infância, piora nos últimos quatro anos. Nega fatores predisponentes,intubação ou cirurgia laríngea. Exame videolaringoscópico mostrou sulco vocal em prega vocal direita. Avaliação fonoaudiológica: G1R1B1A0S1I1. Análise acústica – Fo (197.627); % shimmer (2.777, % ); jitter (0.955); e NHR (0.148).Caso 2 – AM, 30 anos, rouquidão desde a infância. Nega fatores predisponentes,intubação ou cirurgia laríngea. O exame videolaringoscópico mostrou sulco vocal bilateral. Analise fonoaudiológica: G2R2B2A0S2I1. Análise acústica - Fo (190.807, %); % shimmer (2.484); % jitter (0.852); NHR (0.112).Caso 3 –LM, 12 anos, rouquidão desde criança. Refere abuso vocal, nega fatores predisponentes,intubação ou cirurgia laríngea. G2R2B2A0S2I1  Análise acústica - Fo (217.035); % shimmer (5.041); % jitter (0.737); NHR (0.121) .Caso 4 - DTM, 4 anos, rouquidão desde o primeiro ano de vida, sem fatores predisponentes. Refere abuso vocal esporádico. Exame de laringoscopia direta identificou sulco vocal em prega vocal direita e nódulos vocais bilaterais. G1R0B1A0S1I0. A análise acústica: Fo (313.412); % shimmer  (3.514); % jitter (1.838); NHR (0.093). Discussão - Sulcos vocais são classificados em: tipo I, ou fisiológico, tipo II ou estria maior (vergeture) ou estria menor e tipo III ou sulco bolsa. Nos subtipos II e III a disfonia é marcante, como evidenciado nos pacientes deste estudo, especialmente quando bilaterais, responsáveis por fendas glóticas e diminuição do movimento mucoondulatório. A etiologia dessas lesões é controversa. Norteia a hipótese congênita a descrição dessas lesões em gêmeos monozigóticos e em vários membros de uma mesma família, além de sua associação com outras lesões congênitas da laringe como cistos, pontes e microwebs. Neste estudo, os sulcos vocais foram detectados em quatro indivíduos de em três gerações de uma mesma família, o que sugere tratar-se de herança autossômica dominante. Todos os casos apresentavam rouquidão desde a infância, fortalecendo a hipótese de sua origem congênita. Conclusões - Apresentamos quatro familiares de três gerações de uma mesma família com diagnóstico de sulco vocal. Salientamos a importância da investigação genética e da avaliação videoendoscópica detalhada para confirmação diagnóstica.

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