Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-610

TÍTULO: SÍNDROME DE EAGLE: RELATO DE CASO

AUTOR(ES): FRANCIANE REGINA VARGAS , ANDREA GOMES CARREIRA, ANA MARGARIDA BASSOLI CHIRINÉA, THIAGO PONTES EUGÊNIO, CLÁUDIO TREVISAN JUNIOR, ANDY DE OLIVEIRA VICENTE

INSTITUIÇÃO: INSTITUTO CEMA

INTRODUÇÃO: A Síndrome de Eagle é o alongamento do processo estilóide, ou ossificação do ligamento estilo-hióideo, causando desconforto inespecífico na garganta, sensação de corpo estranho, disfagia ou dor facial. O diagnóstico diferencial inclui doenças inflamatórias da faringe, tumores, disfunção da articulação têmporo-mandibular e neuralgia do trigêmio e glossofaríngea. Esta síndrome deve ser considerada em todo paciente com sintomas cérvico-faríngeos crônicos, conduzindo a avaliação clínica completa, incluindo a palpação da loja tonsilar e estudo radiológico para pesquisa de alongamento do processo estilóide associado.

 

RELATO DE CASO: R.C., 39 anos, feminina, queixa de otalgia à esquerda associada a odinofagia. Há seis meses, quando iniciou a queixa, havia sido submetida, a tratamento clínico de disfunção da articulação temporomandibular, sem melhora. Como a paciente apresentava progressão dos sintomas, foi reavaliada em nosso serviço e ao exame físico de palpação da loja tonsilar esquerda, notou-se endurecimento da tonsila esquerda com aumento de volume e protrusão da mesma. A paciente foi encaminhada à cirurgia sendo indicada tonsilectomia.

No procedimento cirúrgico foi realizada tonsilectomia e abertura da loja tonsilar com ressecção de musculatura para exposição do processo estilóide. Foi visualizada saliência óssea que se projetava para loja esquerda - o alongamento da apófise estilóide. Remoção desta no mesmo ato operatório, e diagnóstico retrospectivo de Síndrome de Eagle.

No pós operatório, a paciente relatou remissão completa dos sintomas. O exame anatomopatológico das tonsilas removidas não mostrou alterações. 

 

DISCUSSÃO: O Processo estilóide do osso temporal é uma projeção óssea que varia de 25-30 mm, que serve de inserção para os músculos estilofaríngeo, estilo-hióideo e estiloglosso e dá origem a dois ligamentos: estilomandibular e estilo-hióideo. Localiza-se antero-medialmente ao processo mastóideo, situando-se entre as artérias carótidas interna e externa.

A Síndrome de Eagle foi descrita pela primeira vez em 1937, sendo dividida em duas categorias: clássica e artéria carótida-processo estilóide. A clássica ocorre em pacientes tonsilectomizados que apresentam dor na faringe, irradiada para a região da mastóide e exacerbada com movimentos de deglutição; e a síndrome da artéria carótida-processo estilóide ocorre em pacientes com ou sem tonsilas palatinas que apresentam dor cervical persistente, irradiada ao longo do território carotídeo.

A incidência de alongamento da apófise estilóide e/ou calcificação do ligamento estilo-hióideo é maior em mulheres,  idade superior a 30 anos e não há predisposição para uni ou bilateralidade.

O diagnóstico é baseado na história clínica associado ao achado de projeção óssea pontiaguda no exame físico de palpação da loja tonsilar, ou radiológico, principalmente tomográfico, de alongamento do processo estilóide maior que 30 mm. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. O tratamento clínico, com infiltração de corticóide ou anestésico na loja tonsilar fica reservado para pacientes com comorbidades que impeçam a cirurgia. O tratamento mais efetivo é a ressecção cirúrgica do processo estilóide, seja por via externa ou intra-oral. A via intra-oral é a mais rápida e não deixa cicatriz externa, porém não possibilita visualização completa das estruturas adjacentes ao processo estilóide, e apresenta maior risco de contaminação. A via externa, por cervicotomia alta, determina melhor exposição, e menores índices de morbidade, sendo relatada como via de escolha para tratamento cirúrgico da Síndrome de Eagle.

 

CONCLUSÃO: A síndrome de Eagle deve ser considerada em todo paciente com sintomas cérvico-faríngeos crônicos, deve-se conduzir com avaliação clínica completa e estudo radiológico. O tratamento cirúrgico é a melhor forma de conduzir os casos e tem resultado eficaz e definitivo.

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