Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-601

TÍTULO: SEGUIMENTO E CONDUTA EM CRIANÇAS TRAQUEOTOMIZADAS

AUTOR(ES): REBECCA MAUNSELL , LAÍZA ARAÚJO MOHANA PINHEIRO, MARCELO BRANDÂO, AGRÍCIO NUBIATO CRESPO

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL ESTADUAL DE SUMARÉ - UNICAMP

INTRODUÇÃO

Com o evolução dos cuidados em UTI neonatal e um aumento na sobrevida de crianças prematuras extremas, com distúrbios congênitos,  patologias neurológicas e displasias pulmonares  tem se observado um papel crescente para o otorrinolaringologista na equipe cuidadora deste tipo de paciente.  Parte destes pacientes evoluirá com distúrbios de vias aéreas superiores necessitando de avaliações e intervenções variadas. A traqueotomia continua sendo um procedimento freqüente porém com seguimento não padronizado, tornando confusas a interação entre as especialidades médicas envolvidas no tratamento destas crianças e as informações recebidas pelos cuidadores. Este estudo descreve o perfil de crianças traqueotomizadas acompanhadas no setor de otorrinolaringologia (ORL) do Hospital Estadual de Sumaré (HES) com o intuito de discutir padronizações de condutas diagnósticas e terapêuticas que contribuam para uma melhor qualidade de vida destes pacientes.

METODOLOGIA

Foram estudados retrospectivamente os protocolos de atendimento otorrinolaringológico preenchidos a cada consulta e/ou intervenção de todas as crianças traqueotomizadas  acompanhadas no período de novembro de 2002 a junho de 2010. Analisou-se dados da patologia respiratória e tratamento proposto e ainda dados gerais como idade, sexo, presença de co-morbidades , tempo de entubação, patologias concomitantes, condições de deglutição, conduta, evolução e estado atual da criança.

RESULTADOS

Foram estudadas 34 crianças traquetomizadas com idade de 3 meses a  10 anos no início do acompanhamento. Oito pacientes apresentam neuropatia em graus variados desde paralisias cerebrais (pós anóxia de parto, seqüela de encefalite) até malformações como meningoencefaloceles. Dez são crianças nascidas pré-termo sendo 5 prematuros extremos. Seis pacientes são sindrômicos  e outros sete apresentam  malformações múltiplas sem diagnóstico genético estabelecido. Nove pacientes são portadores de estenose subglótica sendo três severas (grau III e IV) e 6 grau II. Dez crianças foram decanuladas até o momento sendo que 6 necessitaram de pequenos procedimentos endoscópicos como ressecção ou redução de granulomas supra-estromais e dilatações. Foram realizadas 2 reconstruções laringo-traqueais e uma ressecção cricotraqueal.  Das 34 crianças, 24 foram submetidas a traqueotomia por quadros de laringite pós-entubação. O tempo de entubação variou de 17 dias a 3 meses. As complicações traqueais foram colabamentos supraestromais, granulomas peri-estromais  e traqueítes. Os motivos mais comuns de retardo ou impossibilidade de decanulação foram: descompensações recorrentes de quadros pulmonares de base, ineficiência de toilette pulmonar devido a quadros neurológicos, previsão de procedimentos cirúrgicos por outros motivos.

CONCLUSÃO

Ao longo destes oito anos, o estabelecimento de um  protocolo de avaliação regular com exames endoscópicos,  trocas de cânulas e discussão multidisciplinar permitiu uma melhor integração da equipe de ORL com a UTI neonatal e pediátrica possibilitando o conhecimento do perfil dos pacientes submetidos a traqueotomia e a familiaridade com as complicações inerentes às suas comorbidades. Esta interação permitiu também discussão precoce pacientes com potencial para desenvolver quadros de obstrução de via aérea. Consideramos hoje que estas são condições imperativas no seguimento destes pacientes e principalmente na escolha criteriosa do momento de considerar uma decanulação.

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