Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-592

TÍTULO: RITIDOPLASTIA PARA TRATAMENTO DE PARALISIA FACIAL EM NEUROFIBROMATOSE TIPO-2

AUTOR(ES): JÚLIO CÉSAR GARCIA DE ALENCAR , FELIPE BARBOSA LIMA, RAFAELA MAGALHÃES VILLAS BÔAS, SUYANE BENEVIDES FRANCO, FLÁVIUS VINÍCIUS CABRAL SOARES, SARAH HANNA DE CARVALHO ANDRADE, DÉBORA JUAÇABA CAVALCANTE

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INTRODUÇÃO: O primeiro relato de neurofibromatose tipo 2 (NF2) ocorreu em 1821 por Wishart. Atualmente, é conhecido o caráter genético da doença: uma mutação no braço longo do cromossomo 22, que provoca a inatividade de genes de supressão tumoral. A NF2 é uma desordem genética rara de herança dominante, com incidência de 1 para 50000 indivíduos, e apresenta manifestações variáveis. A patologia afeta o sistema nervoso central (SNC) e caracteriza-se pela presença de tumores do cérebro e da medula espinhal, tais como: meningiomas, gliomas, shawannomas, neuriomas do acústico, que podem causar paralisia facial, distúrbios de visão como catarata, alterações cutâneas conhecidas como manchas café-com-leite e perda da audição e do equilíbrio. Freqüentemente, apresenta manifestação tardia, especificamente durante a puberdade ou em adultos jovens, progredindo gradativamente.

RELATO DE CASO: Paciente masculino, 51 anos, pardo, procedente de Fortaleza, diagnosticado com NF2, queixa-se, desde a infância, de paralisia facial (lesão do III par craniano), levando à assimetria facial e flacidez à esquerda. Paciente relata que aos cinco anos de idade sofreu paralisia facial, relata também a presença de tumores e ‘caroços’ por toda a pele. Refere cefaléia tipo pulsátil, com aumento de intensidade à noite, associada a oftalmoplegia esquerda, lacrimejamento e fotofobia. Já foi submetido a duas cirurgias plásticas: implante de prótese de silicone em 2000 (retirado posteriormente) e enxerto dermogorduroso devido a craniotomia prévia, por aneurisma cerebral causando déficit ósseo e afundamento da região têmporo-frontal. Ao exame físico constatou-se: assimetria facial esquerda, afundamento temporal/frontal à esquerda, maior flacidez de face à esquerda, entrópio e ptose esquerda, desvio da comissura labial para a esquerda e abdução do olho esquerdo. O hemograma completo e o sumário de urina, bem como TP e TTPA, não apresentaram alterações. Analisando o caso, optou-se por uma ritidoplastia à esquerda, com novo enxerto dermogorduroso do abdômen na região malar e temporal.

DISCUSSÃO: A ritidoplastia é uma cirurgia plástica da face realizada para melhorar a flacidez, eliminar rugas causadas pelo envelhecimento ou para tratamento de traumas e alterações congênitas. Aborda cirurgicamente segmentos da face até o pescoço para corrigir deformidades na fronte, nas pálpebras, nas bochechas, no contorno da mandíbula, no mento e no pescoço. De uma forma ampla, a cirurgia visa restabelecer a harmonia da face, resgatando a forma natural e promovendo rejuvenescimento. Os enxertos dermoadiposos para o tratamento de deformidades da face são bem indicados em ocasiões em que há perda moderada de tecido, no entanto, é sabido que pode haver absorção parcial da gordura. A evolução em longo prazo, descrita na literatura, de pacientes que se submeteram ao uso de tecido autógeno para a correção de deformidades da face, é preferível à evolução de pacientes que se submeteram a implante sintético, pois aqueles apresentaram textura, contorno e expressões faciais mais naturais. O enxerto dermogorduroso foi realizado para estabelecer um contorno facial próximo ao normal da área afetada após ressecção de aneurisma e perda pós-trauma.

CONCLUSÃO: O uso da ritidoplastia e do enxerto dermogorduroso proporcionou a correção da flacidez facial e do afundamento da região temporo-frontal, promovendo resultado estético satisfatório, sob o ponto de vista médico e do paciente.

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