Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-590

TÍTULO: RINOSSINUSITE FÚNGICA INVASIVA: ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO EM HOSPITAL TERCIÁRIO DE CAMPINAS

AUTOR(ES): EDER BARBOSA MURANAKA , ALEXANDRE SCALLI MATHIAS DUARTE, ALEXANDRE CAIXETA GUIMARÃES, MARCELO HAMILTON SAMPAIO, ERICA ORTIZ, EULÁLIA SAKANO

INSTITUIÇÃO: DISCIPLINA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CABEÇA-PESCOÇO DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL

INTRODUÇÃO: A Rinossinusite Fúngica Invasiva na sua apresentação aguda (RFIA) é uma infecção, que acomete principalmente indivíduos imunossuprimidos, com rápida e desastrosa evolução clínica e alto índice de mortalidade.  A condução diagnóstica e terapêutica adequada e rápida é primordial para a sobrevida.

OBJETIVO: Verificar o perfil clínico, epidemiológico e microbiológico dos pacientes com RFIA no Hospital de Clínicas – UNICAMP e comparar os dados obtidos com os da literatura atual.

MÉTODO: Avaliação retrospectiva de dados obtidos dos prontuários de 19 pacientes (14 homens e 05 mulheres) com diagnóstico histopatológico de RFIA, entre janeiro de 1995 e junho de 2010. Os parâmetros avaliados foram: sinais e sintomas, doença sistêmica, espécie de fungo, sítio nasal acometido ao exame físico, nasofaringoscopia flexível, tomografia computadorizada de seios paranasais, terapêutica e sobrevida.

RESULTADOS: Todos os pacientes foram submetidos ao debridamento cirúrgico e ao tratamento com antifúngico sistêmico. Os fungos encontrados foram Aspergillus sp (68%) e Fusarium sp (32%). Dos 19 pacientes avaliados, todos apresentavam alguma patologia sistêmica imunossupressora, cujo período inicial pós transplante de células tronco hematopoiéticas parece ser a patologia mais associada a rinossinusites fúngicas invasivas. Os sintomas iniciais mais frequentes foram a rinorréia unilateral (84%), obstrução nasal (73%) e febre (47%). Os achados tomográficos mais constantes foram o espessamento mucoso (94%) e o velamento de um ou mais seios paranasais ispilaterais às queixas (94%). À nasofaringoscopia, o edema mucoso e a palidez intensa (100%) associados ou não a áreas sugestivas de necrose (73%) e a rinorréia (84%) foram os achados mais freqüentes. Os sítios mais acometidos foram concha média (68%) e etmóide anterior (36%). A taxa de mortalidade foi de 36%.

CONCLUSÃO: Devido à rápida evolução e alta mortalidade da RFIA, o pronto diagnóstico e tratamento são os fatores primordiais para a recuperação do paciente. As alterações tomográficas iniciais são na grande maioria inespecíficas e a avaliação minuciosa da cavidade nasal se faz necessária, assim como um alto grau de suspeição diagnóstica. Além do debridamento cirúrgico imediato, o uso de antifúngico sistêmico com ação fungicida  para Aspergillus sp  é necessário; e , na região de Campinas, uma especial atenção deve ser dada a possível presença de Fusarium sp.

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