Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-588

TÍTULO: RINOSSINUSITE FÚNGICA EM SEIO FRONTAL

AUTOR(ES): FERNANDA RESENDE E SILVA , RODRIGO SILVA OREM, ANA PAULA FIUZA FUNICELLO DUALIBI, FÁBIO TADEU DE MOURA LORENZETTI

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA DE SOROCABA - BOS

Introdução:

Rinossinusite fúngica (RSF) é um processo inflamatório e infeccioso da mucosa de revestimento nasossinusal, com etiologia fúngica. Sua incidência e prevalência estão em crescimento com diversificação dos organismos patogênicos, sendo os mais comuns os da família Moniliaceae (Aspergillus sp) e Dematiaceae (fungos pigmentados).

Sua classificação é baseada na relação imunológica entre fungo/hospedeiro e no grau de invasão da mucosa. A forma invasiva pode ser aguda (fulminante) ou crônica (indolente) e as formas não-invasivas são diagnosticadas como bola de fungos, infestação saprófita ou rinossinusite fúngica alérgica.

A fisiopatogenia da RSF envolve uma resposta imune alterada do hospedeiro contra o fungo e uma aeração comprometida dos seios acometidos. Os mais atingidos são os maxilares, seguidos pelos esfenoidais, frontais e raramente os etmoidais. O objetivo deste estudo é apresentar um caso de sinusopatia frontal atípica, cujo seguimento mostrou tratar-se de rinossinusite fúngica.

Apresentação do Caso:

Paciente J.R.S., 77 anos, sexo feminino, natural e procedente de Sorocaba-SP, foi admitida no PS do nosso Serviço, com queixa de dor e edema peri-orbitário esquerdo (E) há 20 dias. Referia também cacosmia leve, obstrução nasal em báscula, rinorréia amarelada e lacrimejamento ocular (pior à E) neste período.

Há 1 ano apresentava leve cefaléia frontal, freqüente, que cedia com analgésico. Negava outras queixas nasossinusais. Paciente referia ser hipertensa controlada, sem outras comorbidades e sem nenhum vício.

Ao exame físico apresentava hiperemia em olho E, associado a lacrimejamento e ptose palpebral, sem alteração visual. Na rinoscopia, notou-se hipertrofia e hiperemia de conchas nasais inferiores e presença de secreção purulenta em fossa nasal E. A endoscopia nasal confirmou que a secreção drenava de meato médio E e recesso esfeno-etmoidal E, além de mostrar desvio septal leve à direita (D). O RX de seios paranasais (SPN), evidenciava  opacificação de seio frontal E. Foi iniciado tratamento com Amoxicilina (14 dias), corticóide tópico e lavagens nasais com soro fisiológico, com melhora parcial dos sintomas.

Solicitada tomografia de SPN, que evidenciou velamento de seios frontal, etmoidal e maxilar bilateralmente, com erosão do assoalho de seio frontal E e comprometimento supra-orbitário ipsilateral. A RNM detalhou uma imagem de contornos regulares em seio frontal E, medindo 2,0x1,2x1,5cm, em continuidade com outra imagem semelhante em região supra-orbitária E. As hipóteses diagnósticas foram de mucocele, rinussinusite fúngica ou neoplasia, sobretudo leiomioma e rabdomiossarcoma.

Devido à localização lateral da lesão, foi proposto tratamento cirúrgico por via combinada (Lynch modificado+endonasal). O procedimento ocorreu sem intercorrências e foi possível remoção de toda a lesão frontal, assim como a abordagem endoscópica dos outros SPN.

O exame anatomopatológico confirmou a presença de Aspergillus. Houve resolução dos sintomas referidos e o resultado estético cicatricial foi muito bom. A paciente está em seguimento ambulatorial em nosso Serviço.

Comentários Finais:

A história e o exame físico dificilmente são conclusivos para diagnóstico de RSF não invasiva. Os exames de imagem auxiliam na suspeita da patologia e no diagnóstico diferencial, porém a confirmação é dada pelo anatomopatológico e histopatologia positiva para fungos. O acesso cirúrgico combinado é uma ótima alternativa para abordagem lateral do seio frontal.

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