Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-573

TÍTULO: RESULTADOS AUDIOLÓGICOS E COMPLICAÇÕES DE TRÊS IMPLANTES COCLEARES EM CÓCLEAS MALFORMADAS

AUTOR(ES): LUCAS RODRIGUES CARENZI , TASSIANA LAGO, CAROLINA BROTTO AZEVEDO, ALINE PIRES BARBOSA, HENRIQUE AUGUSTO CANTAREIRA SABINO, EDUARDO TANAKA MASSUDA, MIGUEL ANGELO HYPPÓLITO

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP

INTRODUÇÃO: O implante coclear (IC) é considerado um método de reabilitação auditiva em perdas auditivas neurossensoriais profundas. Pacientes com malformações cocleares (MC) estão inclusos nesta gama de pacientes.

Este estudo apresenta 3 pacientes com MC que foram submetidos ao IC, e tem o objetivo de avaliar a resposta ao IC, bem como as possíveis complicações operatórias.

MATERIAL E MÉTODOS: estudo retrospectivo em que foram revisados os prontuários de três pacientes com MC que foram submetidos ao IC entre de 2006 a 2007. A idade variou entre 3 e 5 anos. Foram analisadas as repostas quanto a percepção sonora e também as complicações operatórias.

RESULTADOS: encontramos dois pacientes com malformação do tipo Mondini. O terceiro paciente apresentava ausência de espiras cocleares. A melhora da resposta à percepção sonora foi evidente nos dois primeiros pacientes, mas não no terceiro. A complicação mais encontrada no intra-operatório foi o "gusher", que ocorreu em todos os pacientes. A exposição de duramáter ocorreu em um paciente, sem fistula liquórica. Não houve lesão do nervo facial. No pós-operatório, os pacientes não apresentaram complicações neurológicas.

DISCUSSÃO: A deformidade descrita por Mondini está associada a perdas auditivas sensórioneural. Apresenta uma frequência de 45% a 55% dentre as MC e pode envolver uma ou ambas as orelhas, ocorrer sozinha ou associada a outros distúrbios.

A "cavidade comum" apresenta uma frequência de aproximadamente 16%. Nesta deformidade, o labirinto anterior e o posterior formam uma única cavidade ampla, sendo maior chance de fístula liquórica espontânea. Artigos de revisão sobre IC em pacientes com MC mostram que o procedimento é seguro, além de obter bons resultados. No entanto, a presença de malformações gera desafios. O "gusher", complicação frequente, deve ser tamponado prontamente com fáscia, veia ou outro tecido. Foi encontrado em 100% de nossos casos. A derivação lombossacra ou reabordagem dificilmente é necessária. A anatomia do nervo facial deve ser estudada exaustivamente, pois a chance de ocorrência de possíveis anormalidades em seu trajeto é alta. Além disso, em pacientes com cavidade única, há ainda a possibilidade de lesão do nervo facial dentro do canal auditivo interno pelo próprio implante, que pode se extender até o interior do canal. Em pacientes com MC, o malposicionamento do implante coclear é comum, podendo a tomografia computadorizada intra-operatória ser utilizada para visualização da correta posição dos eletrodos. O nosso tempo de follow up destes pacientes foi de 12 a 24 meses, havendo portanto, a necessidade de um seguimento maior desses casos para avaliação a longo prazo.

CONCLUSÃO: A MC severa foi associada a uma pior resposta à percepção sonora ao IC, aumentando também a taxa de complicações operatórias.

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