Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-565

TÍTULO: RELATO DE CASO: RINOSSINUSITE FÚNGICA INVASIVA COM ACOMETIMENTO ORBITÁRIO

AUTOR(ES): MARCO AURÉLIO FORNAZIERI , LUISA NASCIMENTO MEDEIROS, VÂNIA GARCIA W SANTOS, DIEGO MALDONADO VEGA, FÁBIO REZENDE PINNA, RICHARD LOUIS VOEGELS, RICARDO GUIMARÃES

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INTRODUÇÃO: A rinossinusite fúngica invasiva é um quadro com alta morbimortalidade, que acomete geralmente pacientes com imunossupressão ou diabetes mellitus. O quadro clínico é composto de obstrução nasal, cefaléia e rinorréia, porém pode ser inespecífico em algumas situações. Ao exame endoscópico nasal, pode-se observer comprometimento da mucosa com áreas de necrose e é importante atentar também para sinais de acometimento orbitário e intracraniano. O tratamento consiste em debridamento cirúrgico extenso das lesões necróticas e terapia farmacológica com Anfotericina B intravenosa. A anfotericina B na sua forma lipossomal tem se apresentado como uma boa alternativa em pacientes com função renal alterada e, mais recentemente, o uso de Posaconazol via oral constitui uma nova opção terapêutica.

RELATO DE CASO: N.V, 58 anos, sexo masculino, portador de diabetes e hipertensão, em pós operatório há dois meses de transplante renal em uso de imunossupressores, procurou o pronto Socorro do HCFMUSP com quadro de 4 dias de rinorréia e obstrução nasal. Apresentava também proptose à direita há um dia, além de abolição da mobilidade ocular extrínseca, diminuição de acuidade visual e parestesia em região supra-orbitária. Ao exame endoscópico apresentava extensa área de necrose em fossa nasal direita. Feita tomografia computadorizada (TC) de seios paranasais que evidenciou velamento de células etmoidais e de seios maxilares com discreta densificação pré-septal à direita, junto à topografia do saco lacrimal. Realizada sinusectomia endonasal e descompressão de lâmina papirácea à direita, com debridamento de mucosa necrótica, e introduzida Anfotericina B lipossomal intravenosa (creatinina sérica no início do tratamento: 0,88 mg/dL). Também foram reduzidas as doses de imunossupressores. Exame anatomopatológico revelou processo inflamatório intenso com necrose e hifas fúngicas, cultura de material positiva para Rhizopus SP. Após cinco dias houve piora do exame nasal, com novas áreas de necrose e piora da proptose, realizado novo debridamento cirúrgico com ampliação da abertura endonasal da lâmina papirácea e introduzido Posaconazol via oral. Durante todo o período de internação foram feitas endoscopias nasais com remoção de crostas e secreção, três a quatro vezes por semana, com melhora progressiva do aspecto da mucosa. Após um mês de internação houve manutenção do acometimento orbitário, evidenciado em ressonância nuclear magnética (RNM) por edema e intensidade heterogênea de estruturas intraconais, e quadro clínico mantido de paralisia da musculatura ocular extrínseca e ausência de percepção luminosa. Optado por nova abordagem cirúrgica via endonasal, com abertura da gordura periorbitária e acesso às estruturas intraconais, que estavam dentro dos limites da normalidade. O tempo total de internação foi de setenta dias, e o paciente recebeu alta com programação de continuar o tratamento antifúngico intravenoso e via oral em regime de hospital dia (creatinina sérica no momento da alta: 1,3 mg/dL), ainda por tempo indeterminado.

CONCLUSÃO: O controle da infecção fúngica invasiva nesse paciente pode ser atribuído ao debridamento focal das lesões associado ao tratamento antifúngico dirigido e ao controle radiológico seriado.

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