Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-556

TÍTULO: RELATO DE CASO SOBRE ABORDAGEM CLÍNICA E CIRÚRGICA DE MIÍASE.

AUTOR(ES): RAÍSSA VARGAS FELICI , FAUSTO ANTÔNIO DE PAULA JUNIOR, MELÂNIA DIRCE OLIVEIRA MARQUES, FERNANDO CÉSAR FRANÇA ARAÚJO, ANNA MILENA BARRETO FERREIRA FRAGA, JANE MARIA PAULINO, MARCOS MARQUES RODRIGUES

INSTITUIÇÃO: IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE LIMEIRA.

INTRODUÇÃO: A incidência de miíase é maior em países subdesenvolvidos e regiões de clima tropical. Normalmente, afeta pacientes doentes, idosos e deficientes mentais, mas pode ocorrer em pacientes tróficos e saudáveis. Há duas formas de miíases: a primária e a secundária. Na miíase primária, a larva da mosca invade o tecido sadio e nele se desenvolve. Na secundária, a mosca coloca seus ovos em ulcerações na pele ou mucosas e as larvas se desenvolvem nos produtos de necrose tecidual. Seu tratamento consiste na retirada manual das larvas, muitas vezes impossível em regiões cavitárias.

RELATO DE CASO: M.A.S., 38 anos, sexo masculino, negro, pedreiro, morador de Limeira, SP. Referiu dor e sangramento nasal bilateral há 14 dias com história prévia de sinusite crônica, sem tratamento adequado ou seguimento ambulatorial. Ao exame clínico foi encontrada a presença de grande quantidade de larvas em fossas nasais, sangramento difuso e perfuração septal. O tratamento inicial consistiu em internação hospitalar com retirada de larvas e administração de ivermectina tópica e oral. A tomografia evidenciou invasão larvária em seios da face, sem comprometimento ocular ou de parênquima cerebral. Após 48 horas o paciente evoluiu com dor ocular à esquerda, sendo abordado cirurgicamente. Durante o procedimento cirúrgico, apesar da medicação, encontramos larvas vivas com erosão de corneto médio bilateral, septo posterior e palato. Optamos pela realização de uma antrostomia maxilar, etmoidectomia e esfesnoidectomia bilateral onde encontramos também grande quantidade de larvas.

DISCUSSÃO: Este relato mostra o diagnóstico e o manejo de um caso de miíase nasal abordada por meio de tratamento clínico e cirúrgico em paciente jovem com doença nasal prévia (sinusite crônica). Enfatizamos as dificuldades encontradas em retiradar todas as larvas da cavidade nasal sem a exploração cirúrgica dos seios paranasais e também a possibilidade de resistência das larvas ao uso de ivermectina na dosagem utilizada 200µg/Kg. No paciente em questão a intervenção cirúrgica mostrou a presença de larvas ainda vivas.  

As espécies das moscas que causam miíase variam de acordo com as regiões geográficas. São citadas larvas do gênero Cochliomya macellaria, Chrysomia bezziana, Oestrus ovis, Cochliomyia hominivorax, entre outras. A principal delas são as larvas do gênero Cochliomyia hominivorax (mosca varejeira), que deposita de 20 a 400 ovos nas bordas de arranhões e feridas. A miíase ocorre com mais freqüência em pacientes com lesões necróticas cavitárias, como colesteatomas na orelha média, tumores ou doenças úlcero-granulomatosas nasais (leishmaniose, hanseníase etc.) tumores orais, assim como lesões da pele.

A doença é igualmente prevalente em ambos os sexos e geralmente é observada em pessoas acima dos 50 anos e baixa condição sócio-econômica. Os pacientes usualmente se apresentam com epistaxe, obstrução nasal, rinorréia, odor nasal fétido, dor facial e cefaléia.

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